UMA BREVE ABORDAGEM DO ENSINO DE FÍSICA NO CONTEXTO INTERDISCIPLINAR DAS CIÊNCIAS AMBIENTAIS E DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10703046


Glauber Moraes Silva
Daniel Tobelém Maués Ferreira
Ana Gabrielle de Carvalho Rodrigues
Milleno Ramos de Souza
Ronnes de Azevedo Dias


RESUMO

Neste estudo, aborda-se brevemente o ensino de física no contexto interdisciplinar das ciências ambientais e educação ambiental. O presente estudo possui como objetivo geral descrever a importância do ensino de física em caráter interdisciplinaridade das ciências ambientais e educação ambiental em ambiente escolar, revelando assim os benefícios no processo formativo dos alunos e como objetivos específicos: analisar o ensino de física conforme o currículo da disciplina; identificar como se dá o processo interdisciplinar do ensino de física nas ciências ambientais, tendo a educação ambiental como suporte nesse processo; evidenciar a relevância dessa interdisciplinaridade em sala de aula. O estudo possui como fundamentos metodológicos a abordagem de caráter bibliográfica baseada em autores especializados em educação, leis e documentos. De acordo com o que foi abordado neste trabalho, tendo o ensino de física em um contexto interdisciplinar com as ciências ambientais e a educação ambiental, observa-se a necessidade que se tenha uma dialogicidade dos atores escolares em seu âmbito do institucional.

Palavras-chave: ciências ambientais; educação ambiental; física; interdisciplinaridade.

INTRODUÇÃO

Neste estudo, aborda-se brevemente o ensino de física no contexto interdisciplinar das ciências ambientais e educação ambiental, onde essa prática interdisciplinar entre às áreas do conhecimento se torna amplamente difundida atualmente, sejam nos ambientes profissionais ou ambientes escolares, sendo os ambientes escolares o objeto deste estudo.

Ao adentrarmos a discussão do ensino de física no contexto interdisciplinar das ciências ambientais junto com a educação ambiental em seu âmbito escolar, se faz necessário descrever de onde surgiu a palavra “física”, onde está área de estudo que se estende nas escolas desde o Ensino Fundamental II até o Ensino Médio, assim sendo, o termo “física” tem como origem no grego da palavra “physis”, o qual possui como significado natureza, portanto, está ciência é de grande relevância para a humanidade, onde trata-se de estudos da realidade e do cotidiano das pessoas.

Na interdisciplinaridade do ensino de física no contexto das ciências ambientais e da educação ambiental, vale destacar a importância da física como sendo uma ciência que possui em seu princípio, a busca por melhores condições de vida da sociedade no que tange ao meio ambiente, ao se conseguir entender o ambiente que nos cerca e com esse entendimento, prever e dar respostas a eventos adversos causados por fenômenos naturais.  

Na atualidade o ensino de física no âmbito escolar vem sofrendo alterações e modificações em seu currículo nas últimas décadas, onde com essa modificação observa-se uma maior aproximação do estudante a eventos do seu cotidiano, e é nesse contexto que há uma convergência do ensino de física com as ciências ambientais dentro e fora da sala de aula.

No decorrer dessas alterações do currículo de física, buscar-se-á organizar o processo pedagógico da disciplina a fim de se formar um cidadão para a sociedade, mais crítico e conhecedor dos seus deveres em seu meio socioambiental.

Neste enfoque, buscaremos responder a seguinte problemática: Como o ensino de ensino de física no contexto interdisciplinar das ciências ambientais e educação ambiental nas escolas possui relevância para uma melhoria da sociedade quanto a problemáticas ambientais?

O presente estudo possui como objetivo geral descrever a importância do ensino de física em caráter interdisciplinaridade das ciências ambientais e educação ambiental em ambiente escolar, revelando assim os benefícios no processo formativo dos alunos e como objetivos específicos: analisar o ensino de física conforme o currículo da disciplina; identificar como se dá o processo interdisciplinar do ensino de física nas ciências ambientais, tendo a educação ambiental como suporte nesse processo; evidenciar a relevância dessa interdisciplinaridade em sala de aula.

Como justificativa do presente estudo, buscaremos contribuir para que futuras dificuldades vivenciadas por professores e estudantes em sala de aula durante o ensino de física sejam superadas ou amenizadas com o processo interdisciplinar das ciências ambientais e educação ambiental, e que os alunos se tornem cidadãos críticos e capazes de fazerem a diferença no meio socioambiental a qual fazem parte e consequentemente estão inseridos.

METODOLOGIA DA PESQUISA

O estudo possui como fundamentos metodológicos a abordagem de caráter bibliográfica baseada em autores especializados em educação, leis e documentos referentes ao tema deste trabalho, onde buscou-se o embasamento teórico para solução e esclarecimentos na literatura existente.

 Segundo Fachin (2006, p. 119): “A pesquisa bibliográfica é, por excelência, uma fonte inesgotável de informações, pois auxilia na atividade e contribui para o conhecimento cultural em todas as formas do saber”.

Trivinos (2012, p. 110) afirma que: “a maioria dos estudos que se realizam no campo Ciências Humanas e Sociais é de natureza descritiva e que exigem do pesquisador uma série de informações sobre o que se deseja pesquisar”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

“Se a intenção é que os alunos se apropriem do conhecimento científico e desenvolvam uma autonomia no pensar e no agir, é importante conceber a relação de ensino e de aprendizagem como uma relação entre sujeitos, em que cada um, a seu modo e com determinado papel, está envolvido na construção de uma compreensão dos fenômenos naturais e suas transformações, na formação de atitudes e valores humanos” (Brasil, 1997, p. 33).

Atualmente o ensino de física em sala de aula, seja no ensino fundamental do 5º ao 9º ano ou ensino médio, baseiam-se no processo de transmissão de informações, sendo o ensino desta disciplina, exclusivamente como curso preparatório para o ingresso deste aluno no ensino superior.

O ensino médio conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional comumente chamada de (LDBEN), possui outra finalidade, sendo diferente do posto em prática pelos professores em sala de aula.

O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador. Educa-se para arquivar o que se deposita. Mas o curioso é que o arquivado é o próprio homem, que perde assim seu poder de criar, se faz menos homem, é uma peça. O destino do homem deve ser criar e transformar o mundo, sendo o sujeito de sua ação (Freire, 2003, p. 38).

Com a atual LDB (lei 9394/96) o ensino médio adquiriu contornos, pelo menos no texto legal, que vão além de um simples estágio propedêutico:

Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:

I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III – a compreensão dos fundamentos científicos-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

                                             A lei estabelece diretrizes para o currículo a ser praticado:

Art. 36. O currículo do ensino médio observará (…) as seguintes diretrizes:

I – destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência e das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;

II – adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes;

§ 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre:

I – domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna;

II – conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;

Com a LDB, o ensino médio, pelo menos na teoria, deixou de lado o modelo tradicional que consistia apenas na transmissão de informações, não havendo assim uma troca de conhecimento e saberes, passando para um novo cenário, onde cabe ao ensino desta ciência, promover a integração sociocultural do cotidiano do aluno com ferramentas tecnológicas a fim que este educando exerça sua cidadania.

Hoje, não são só os nossos reis que não sabem matemática, mas também os nossos filósofos não sabem matemática e, para ir um pouco mais longe, são também os nossos matemáticos que não sabem matemática. Cada um deles conhece apenas um ramo do assunto e escutam-se uns aos outros com um respeito fraternal e honesto. […] O conhecimento científico hoje não se traduz num enriquecimento da cultura geral. Pelo contrário, é posse de comunidades altamente especializadas que se interessam muito por ele, que gostariam de o partilhar, que se esforçam pôr o comunicar. Mas não faz parte do entendimento humano comum… O que temos em comum são os simples meios pelos quais aprendemos a viver, a falar e a trabalhar juntos. Além disso, temos as disciplinas especializadas que se desenvolveram como os dedos da mão: unidos na origem, mas já sem contacto (Oppenheimer, 1955, p. 55.)

Com esta nova realidade pode ser entendida como inovadora no processo educacional do educando, ocasionando numa clara mudança do currículo de física, onde ao se propor uma nova abordagem, alternando ou unindo a teoria e a prática, onde tendo anteriormente apenas como diferencial as aulas laboratoriais, com isso, passa a ser proporcionado ao aluno uma visão crítica da realidade que o rodeia. Entretanto, ela não demonstra com clareza a eficiência prática, ao menos na extensão da proposta.

“A tendência inercial do sistema social para resistir à mudança promovendo a aceitação do discurso transformador precisamente para garantir que nada mude” (Guimarães, 1998, p. 16).

Nos últimos anos, temas relacionados as ciências ambientais vêm ganhando destaque sob diferentes perspectivas, seja em caráter nacional ou internacional, sob esse olhar, a preocupação com meio ambiente cresce dia a pós dia no mundo contemporâneo, e a pluralidade de diferentes perspectivas convergem para a área educacional e seu ambiente escolar.

As ciências ambientais é uma área de estudo de caráter interdisciplinar, envolvendo ciências como física, biologia, geologia, química e ciências sociais, sendo, portanto, um campo de estudo muito vasto e com inúmeras problemáticas a serem estudadas no brasil e no mundo.

A perspectiva ambiental consiste num modo de ver o mundo no qual se evidenciam as interpelações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida. (Brasil, 1997a, p.173).

A origem da interdisciplinaridade está nas transformações dos modos de produzir a ciência e de perceber a realidade e, igualmente, no desenvolvimento dos aspectos político administrativos do ensino e da pesquisa nas organizações e instituições científicas. Mas, sem dúvida, entre as causas principais estão a rigidez, a artificialidade e a falsa autonomia das disciplinas, as quais não permitem acompanhar as mudanças no processo pedagógico e a produção de conhecimento novos (Paviani, p. 14, 2008).

A interdisciplinaridade com todo o seu aparato e com o seu viés pedagógico, pode ser entendida como sendo:

Interação entre duas ou mais disciplinas. Essa interação pode ir da simples comunicação de ideias à integração mútua dos conceitos diretores da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da organização referente ao ensino (Fazenda, 2002, p. 27).

Dessa forma, é importante destacar na prática o contexto interdisciplinar, assim sendo:

Explicita-se uma necessidade de coerência acerca da definição, conceito e aplicabilidade da interdisciplinaridade. Uma mesma linguagem é necessária. Compreender a formação interdisciplinar em seus aspectos práticos, avaliativos e da construção do conhecimento mostra-se imprescindível para uma vivência coerente e amplamente enriquecedora (Lima, 2013, p. 109).

A interdisciplinaridade do ensino de física nas ciências ambientais junto com a educação ambiental em âmbito escolar, passe pelo contexto de criação da educação ambiental no Brasil, onde a EA a partir da Constituição Federal de 1988, é estabelecido que a EA se dá nos mais diversos espaços, sejam formais ou informais, como escolas ou outros espaços, a fim de orientar a sociedade a diretrizes internacionais, nacionais, regionais e locais.

A EA no Brasil possui como marco legal, além da CF 88, a Lei de criação sob nº 9.795, de 27 de abril de 1999, nascendo assim todo o seu aparato legal de criação e implantação, portando, como parte do processo educativo, todos têm direito à educação ambiental.

A Política Nacional de Educação Ambiental deve ser desenvolvida na educação em geral e na educação escolar, favorecendo assim o caráter interdisciplinar entre o ensino de física e as ciências ambientas através da educação ambiental.

“Para articular e organizar os conhecimentos e assim reconhecer e conhecer os problemas do mundo, é necessária a reforma do pensamento. Entretanto, esta reforma é paradigmática e, não, programática: é a questão fundamental da educação, já que se refere à nossa aptidão para organizar o conhecimento. A esse problema universal confronta-se a educação do futuro, pois existe inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre, de um lado, os saberes desunidos, divididos, compartimentados e, de outro, as realidades ou problemas cada vez mais multidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais e planetários” (Morin, 2000, p. 35-36).

O ensino da EA possui como cerne o pensamento crítico e inovador do educando, a fim de promover uma transformação e construção do meio socioambiental a qual está inserido, portanto, o propósito do da EA consiste em formar cidadãos críticos em relação ao meio ambiente, seja em âmbito local ou global.

O ensino é de fato uma relação assimétrica, mas não em sentido único. O contrato que liga o professor ao aluno comporta uma reciprocidade essencial, que é o princípio e a base de uma colaboração. Contribuindo para a realização parcial do projeto do aluno, o professor continua a aprender; ele é verdadeiramente ensinado pelos alunos e, assim recebe deles ocasião e permissão de realizar o seu próprio projeto de conhecimento e de saber (Ricour apud Aquino, 1996, p. 40).

De acordo com o que foi abordado neste trabalho, tendo o ensino de física em um contexto interdisciplinar com as ciências ambientais, observa-se a necessidade que se tenha uma dialogicidade dos atores escolares em seu âmbito do institucional.

Tão importante quanto o ensino dos conteúdos é a minha coerência na classe. A coerência entre o que digo, o que escrevo e o que faço. É importante que os alunos percebam o esforço que faz o professor ou a professora procurando sua coerência. É preciso também que este esforço seja de vez em quando discutido na classe (Freire, 2002, p. 116).

Para se obter êxito no processo interdisciplinar em sala de aula, se faz necessário um maior comprometimento do professor com as outras disciplinas, objetivando assim um maior sucesso no rendimento dos educandos, tendo em vista, que o ensino de física em sala de aula, por si só já é de difícil entendimento por grande parcela dos alunos, e ao haver essa interdisciplinaridade da física dentro das ciências ambientais, acaba por dificultar o processo de ensino aprendizagem do aluno, muitas vezes por conta da má formação do educando nos anos anteriores.

Pois conforme abordamos, a interdisciplinaridade pode acontecer com inúmeras temas, assim sendo:

Interdisciplinaridade é o processo que envolve a integração e engajamento de educadores, num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos, a fim de que possam exercer criticamente a cidadania, mediante uma visão global de mundo e serem capazes de enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual (Luck, 1995, p. 64).

CONCLUSÃO

Como resultado de aprendizagem ao término dos estudos, os alunos saem com deficiências, o que dificulta o processo de formação do educando, nessa contramão, mesmo com todas as dificuldades em sala de aula, não diminuí a visão mais abrangente de mundo e de sociedade ganha com a interdisciplinaridade, e que em muitas vezes por mais que o ensino seja repassado de modo não contextual e interdisciplinar conforme a LDB e a Política Nacional de Educação Ambiental estabelece, essa dificuldade do educando não diminui de forma efetiva conforme o esperado.

 Desta forma, conclui-se que o ensino de física no contexto interdisciplinar das ciências ambientais e a educação ambiental ainda carece de maiores debates da comunidade científica, visto a dificuldade de implementá-las com maior eficiência em sala de aula.

REFERÊNCIAS

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FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. 24 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

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LÜCK, Heloisa. Pedagogia interdisciplinar – fundamentos teórico-metodológicos. Petrópolis: Vozes, 1995.

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