UMA ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA DA ATUAÇÃO PSICOLÓGICA DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7993914


Gustavo Pereira Macedo


RESUMO-  O trabalho teve por objetivo geral é Investigar como a atuação psicológica está sendo desenvolvida nesse período de transformação social. Os objetivos específicos foram: Apontar os impactos e tendências mais sentidos na atuação desses profissionais; Elucidar sobre as possibilidades advindas das Tecnologias da Informação; Abordar quais os principais ramos da psicologia estão sendo mais acionados nesse período. O trabalho foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica sobre a literatura recente sobre a pandemia e o trabalho psicológico. Os resultados da pesquisa evidenciaram que a atuação psicológica está sendo muito exigida nesse momento, sendo que ela própria está se adequando ao trabalho realizado via internet. Mesmo que o estudo desse assunto não seja recente, ainda há alguma desconfiança quando a eficácia desse tipo de atuação, principalmente quando se considera o vínculo, por mais que tenham estudos que apontem para o oposto, além disso, percebe-se que algumas áreas psicológicas recentes estão possibilitando um suporte maior durante essa fase, e diante disso, desenvolvem-se em conjunto e tornam a psicologia mais vasta de conhecimentos, destacando-se a psicologia positiva. Nesse sentido, o que se percebeu é que a atuação psicológica precisou se adaptar ao cenário, tornando o meio virtual a porta de acesso para alcançar as populações em sofrimento psíquico, contudo, ainda é preciso refletir sobre essa nova constituição da psicologia, no intuito de elaborar mais intervenções e técnicas que possam ser propostas para as novas demandas e apostar no desenvolvimento de áreas que tiveram um desenvolvimento significativo nesse período, como a psicologia positiva.

PALAVRAS-CHAVE: Covid-19. Psicologia. Pandemia. Intervenções Psicológicas

1 INTRODUÇÃO

Próximo do final do ano de 2019 e início de 2020, surgiu, na província de Wuhan, na China, em um mercado de peixes, uma estranha doença que estava causando uma série de hospitalizações e era de grande preocupação para as autoridades locais, pois, estava em grande processo de disseminação na localidade e causando uma série de infecções e mortes na população chinesa (PEREIRA et al, 2020).

Via-se o surgimento inebriante do vírus Covid-19, e, para tentar frear os contágios e a disseminação, foi tentado a implementação de medidas como a restrição estabelecimentos, a utilização de máscaras, álcool em gel, o distanciamento social e o isolamento social, contudo, mesmo com todas essas medidas esse vírus conseguiu escapar para outro países e causar uma das maiores pandemia já enfrentadas pela humanidade, assim, em 11 de Março de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS), declarou a Covid como sendo uma pandemia (DAZMANN et al, 2020; PEREIRA et al, 2020).

Segundo dados encontrados na pesquisa de Faro et al (2020), até meados de Abril de 2020 um número expressivo de mais de dois milhões de casos e quase um total de cento de cinquenta mil mortos eram contabilizados nos números do avanço do vírus, sendo os Estados Unidos (EUA), infelizmente, os líderes na quantidade de óbitos (a qual se mantêm até a data desse trabalho); Já no Brasil o cenário não foi muito diferente, uma vez que se tinha a dificuldade de realizar os testes necessários na população, e assim como outros países, estava na necessidade de conseguir adequar o Sistema Único de Saúde (SUS) no combate dessa patologia.

Ainda segundo o autor supracitado, a taxa de mortalidade da Covid-19 tem se mostrado, e ainda se mostra, como superior se comparada com outros tipos de gripes como a Influenza, não obstante, os sistemas de saúde por todo o globo começaram a ter problemas para conseguir suportar a nova onda de contaminados que vinham se apresentando, e sem uma vacina para amenizar o quadro, aliado as restrições que trouxeram consigo barreiras socioeconômicas e a propagação intensa de informações que nem sempre eram verídicas, as chamadas Fake News, contribuiu para o desenvolvimento de problemas de ordem física e psicológica, tendo em vista que a rotina de todos os seres humanos foi alterada.

Diante dessa alteração, segundo as ideias de Lima (2020), em uma situação de epidemia é muito comum que as pessoas sejam mais afetadas por efeitos psicológicos negativos, a saber, humor rebaixado, irritabilidade, raiva, medo, insônia, as quais duram por muitos períodos, do que pela própria patologia e mesmo com um quantitativo alto, elas não possuem o devido acompanhamento psicológico, agora… trazendo esse mesmo cenário para esse período de Pandemia, compreende-se que essa mesma amostra, aliado com o distanciamento e isolamento social, pode ter efeitos ainda mais alarmantes e perigosos, caracterizando esse momento como a “pandemia de medo e estresse” (p.01). 

Nesse sentido, o objetivo geral desse trabalho é Investigar como a atuação psicológica está sendo desenvolvida nesse período de transformação social; Com relação aos objetivos específicos, destaca-se: Apontar os impactos e tendências mais sentidos na atuação desses profissionais; Elucidar sobre as possibilidades advindas das Tecnologias da Informação; Abordar quais os principais ramos da psicologia estão sendo mais acionados nesse período.

Entende-se que esse tema é muito importante de ser realizado, tendo em vista que a maioria dos países do mundo não estavam preparados para um cenário como esse, e mesmo com todos os avanços desde a última grande pandemia, ainda assim é possível encontrar falhas e despreparo que dificultam as ações em períodos que necessitam de uma atuação mais eficaz, e por consequência, contribui para o número de mortos continue a crescer.

Para a realização dessa pesquisa, optou-se por utilizar da pesquisa bibliográfica, uma vez que ela possibilita fazer uma verificação das obras já publicadas, permitindo um conhecimento mais aprofundado de um determinado tema, sendo necessário ao pesquisador a leitura, a reflexão, a escrita, a seleção e a dedicação para com os conteúdos necessários ao andamento do trabalho científico (SOUSA et al, 2021).

2 DESENVOLVIMENTO

A Organização Mundial da Saúde (2020) define o termo “Saúde Mental” como sendo um estado de bem-estar do indivíduo no qual ele possa realizar suas atividades, lidando com o estresse cotidiano e sendo capaz de trabalha de forma produtiva, contribuindo com a comunidade a qual ele está inserido (PEREIRA et al, 2020).

Nesse sentido, no trabalho de Abad e Abad (2020), ou autores vem a retratar que as pandemias são marcadas por serem momentos de urgência, confusão e incerteza, onde se faz necessário que as autoridades possuem uma comunicação clara e precisa das informações para que as mesmas possam subsidiar as ações mais efetivas possíveis e possam criar vínculos de confiança visando a minimização das incidências de problemas de várias ordens.

Contudo, o que se vê durante essa pandemia é justamente o contrário desse paradigma, pois, devido às restrições que foram impostas, praticamente todas as instâncias sociais tiveram que modificar suas formas de atuação, ou seja, as empresas precisaram, ou fechar suas portas ou mudar para o estilo remoto, impactando os trabalhadores e consequentemente as famílias destes, uma vez que, segundo os dados estimados da Organização Internacional do Trabalho (OMT) o desemprego global está estimado, no cenário mais baixo, 5,3 milhões, e no cenário mais alto, pode chegar a incríveis 24,7 milhões de trabalhadores (ABAD e ABAD, 2020).

Do ponto de vista educacional e social é possível apresentar dois cenários que se sitam no mesmo ambiente, assim, devido aos fechamentos as escolas precisaram mandar seus alunos para suas famílias, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância, constatou que por volta de 95% das crianças e adolescentes da América Latina e Caribe estavam sem frequentar a instituição educacional devido a Covid-19, e, como o prazo para a volta se estendeu mais do que o estipulado inicialmente, o cuidado dessa demanda passou a ser de forma integral, incidindo em um cenário de maior vulnerabilidade para essas pessoas devido a baixar tolerância dos pais e o consequente aumento da violência familiar (SCHMIDT et al, 2020).

Ainda nesse ponto, salienta-se que a violência familiar estende-se para as mulheres e os idosos, motivadas pelo maior tempo de convívio com estes, sobrecarga das tarefas domésticas e possivelmente por já existir alguns indícios de uma relação que já era abusiva, em conjunto com a menor disponibilidade dos órgãos públicos que poderiam dar o suporte adequado para esse quadro devido as restrições, como foi evidenciado em países como a China e a Itália (LIMA, 2020; SCHMIDT, 2020).

É importante mencionar que a ênfase não é a de descartar as orientações de prevenção, mas, apenas demonstrar que existe esse o outro lado da história. Assim, para além dos fatores já descritos Além desses fatores descritos, ou ponto extremamente importante para se destacar é sobre os transtorno psicológicos desenvolvidos durante esse fase, tendo em vista que, segundo Pereira et al (2020), durante uma pandemia é normal que o medo atua como um intensificador, tanto da ansiedade como do estresse em sujeitos considerados sadios, assim como, proporciona o aumento dos que já possuíam algum transtorno mental pré-existente, assim, é comum a experiência de emoções e reações comportamentais que podem evoluir para transtorno como, ataques de pânico, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), sintomas psicóticos, depressão até chegar ao suicídio, principalmente em pessoas que estão sob o Isolamento Social (PEREIRA et al, 2020).

Sob as ideias do autor supracitado, estima-se que mais de um terço da população do mundo possua algum tipo de transtorno psicológico, os quais serão influenciados pelas ações governamentais desenvolvidas no combate no decorrer da pandemia, dessas informações, ressaltam-se duas ações que foram achadas dentro da literatura desse tema, e que contribuíram para informar e orientar a população: A primeira encontrada foi um guia idealizado pelo governo com bases nas orientações da OMS sobre como lidar com as facetas Psicossociais e de Saúde Mental, sendo dividido em 03 partes; Já o outro é foi elaborado pela Fiocruz através do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (CEPEDES) e se constitui como uma série de cartilhas destinadas a informar a população, desde temas mais amplos até os conteúdos mais específicos, ademais, a mesma instituição também está utilizando dos recursos tecnológicos com o auxílio das lives e dos podcasts (PEREIRA et al, 2020; LIMA, 2020).

A ATUAÇÃO PSICOLÓGICA NA PANDEMIA DA COVID-19: IMPACTOS E TENDÊNCIAS

Corroborando com o que foi relatado anteriormente, é importante mencionar que, segundo Dazmann et al (2020), nem a população brasileira ou mesmo o Sistema Único de Saúde estavam prontos para essa pandemia e suas sequelas sociais, diante disso, entende-se que não é somente necessário ter os recursos para chamar atenção do público, mas também é importante ter as pessoas que mais são treinadas para lidar com o sofrimento humano em um nível mais profundo da psique, nesse sentido, destaca-se a essencial atuação de profissionais como os psiquiatras e, mais especificamente por serem o foco desse trabalho, dos psicólogos que estão sendo chamados para atender as demandas psicológicas que estão surgindo nesse momento de pandemia, através da disponibilização de  um lugar de diálogo e acolhimento para com as pessoas que se encontram confinadas em suas residências, assim, a coube aos profissionais de saúde mental estarem, mais do que nunca, em estado de alerta para colocar seus conhecimentos a prova e disponibilizarem o atendimento tão necessário.

Nesse sentido, é importante destacar como os profissionais da área de saúde mental estão realizando suas atribuições, tendo em vista que o fazer psicológico pautado na clínica precisou ser remodelado para o ambiente virtual, estando respaldado através das resoluções nº11 de 11 de Maio de 2018, a qual regulamenta o atendimento online desde que tenha um registro prévio junto ao Conselho Federal de Psicologia (CFP), e da nº4 de 26 de Março de 2020 que ocorre uma suspensão dos artigos 3º, 4º, 6º, 7º e 8º da resolução geral do CFP, que demonstra a impossibilidade de atendimento online em cenários de urgência, emergência e desastres, disso, o psicólogo pode começar sua atuação de forma online desde que ele faça o cadastro nessa modalidade (Plataforma E-psi), até o momento da emissão do parecer final do CRP (DAZMANN et al, 2020; OLIVEIRA, 2020).

Mesmo que essas resoluções possam ser novidades no âmbito psicológico, estudos realizando por outros autores como Pieta e Gomes (2014) citado por Oliveira (2020), retratam que esse tipo de atendimento já vinha sendo estudado em períodos passados, principalmente no exterior, e vinha apresentando resultados que seriam importantes para quem sabe implementar essa nova modalidade de atendimento, e, mesmo sendo precária nas diretrizes de investigação, os autores trazem que essa modalidade poderia contribuir para aumentar o alcance da psicologia e com isso melhorar as ações de cuidado em saúde mental estando de acordo com as exigências do ambiente, como corroborado pelo citação no autor supracitado

A procura pelo atendimento psicológico é um modo possível de restabelecer a tessitura cotidiana rompida. Para isso, a existência lança mão dos meios que lhe estão disponíveis. E para muita gente atualmente a internet é o meio mais à mão para comunicar-se (p.04)

E é justamente nesse cenário onde se poder destacar dois pontos interessantes, pois, ao mesmo tempo que essa modalidade se constitui como uma tendência ao processo terapêutico, ela ainda é vista como um impacto para a área, gerando desconfiança, principalmente quando se observa a luz de alguns princípios que norteiam o trabalho do psicológico, destacando como um dos principais, o Vínculo Terapêutico. Seguindo as ideias do trabalho de Dazmann et al (2020) é demonstrando que esse é um ponto muito polêmico nesse período, uma vez que, o vínculo pode ser encarado como um elemento crucial para a efetividade do trabalho sendo formado desde o contato inicial entre terapeuta e paciente, assim, a questão acerca desse elemento é que muitos profissionais não acham possível o estabelecimento dele pelo atendimento remoto, como também, que o sigilo não seria possível, contudo, o outro lado apresentado demonstra que seria, sim, possível realizar todas essas questões com toda segurança e acolhimento necessários.

A questão principal que propõe explicitar é que as Tecnologias da Informação Comunicação (TIC´s) são instrumentos que podem expandir o universo de atuação, não só para a psicologia, mas, para diversas áreas afins, contudo, uma ressalva que precisa ser considera, e pode ser encarada como um desafio, é que ele também pode promover o desenvolvimento de transtornos mentais, tendo em vista o excesso de informações que são disseminadas pelas redes sociais, as quais nem sempre possuem o respaldo verídico, dificultando saber quais as informações que poderão ser úteis ao período em questão, diante disso, é essencial que o processo de informação nesse período precisa ser claro e preciso para tentar diminuir os efeitos que ela causa sobre as pessoas (VIEIRA e VELASCO, 2020).

Outra tendência que foi implementada durante esse período se constitui como uma subárea de atuação da psicologia de nominada de “Psicologia das Emergências e Desastres”, a qual é denominada como uma área nova no contexto psicológico, tendo como objeto de estudo o comportamento das pessoas em situações de acidentes ou desastres e cuja área de atuação passa por uma atuação preventiva que alcançam o pós-trauma, contribuindo com intervenções que possam ajudar os indivíduos a conseguirem superar traumas (BRUCK, 2007).

Contudo, esse campo ainda não é muito explorado e possui alguns déficits, principalmente nas intervenções psicológicas sobre alguns temas, além de urgência e desastres, incorpora-se outros como morte, luto e atendimento online, atuando geralmente após a ocorrência de um determinado trauma, no sentido de tentar amenizar os efeitos póstumos e propondo um sentido aquela determinada experiência, todavia, não era nessa função que o psicólogo deveria pautar sua atuação, tendo em vista que a o processo de crise não é um todo indivisível, mas sim, passa por estágios os quais demandam ações distintas (DAZMANN et al,  2020; BRUCK, 2007; FARO et al, 2020)

Segundo as ideias de Faro et al (2020), durante o período de Pré-crise, o objetivo principal é a elaboração de um planejamento, no qual precisam ser incorporadas as informações que serão passadas para a população como a forma de transmissão, os sintomas da patologias e as consequências advindas do adoecimento; Ainda nesse período processos cognitivos como o otimismo irrealista e emoções negativas (tristeza, medo e angústia) podem ser desenvolvidas; Já no período da Intracrise, chamada de Fase Aguda, a ênfase é em propor estratégias para tentar frear o avanço da doença e é o momento onde percebe-se que as consequências da patologia se estendem para além do fenômeno biológico; Por fim, tem-se o Pós-crise, que poderia ser definido como um período de reconstrução e como um momento de pensar sobre as sequelas desenvolvidas nesse período, que além dos transtornos, destacam-se a discriminação, o isolamento e a estigmatização (FARO et al, 2020).

Diante disso, entende-se que a atuação de psicólogo é essencial para tornar esse momento o mais eficaz possível, ademais mesmo apresentando-se com algumas inconsistências que representam um desafio a sua atuação, segundo Vieira e Velasco (2020), a Psicologia para Desastres e Emergências ainda é um campo novo que precisa de mais fundamentação técnica e teórica, mas que vem se mostrando como um elemento importante nesse período de pandemia, justamente pelas diretrizes que pautam sua operacionalização e pela possibilidade de contribuir nesse período de crise humanitária.

A CONTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS PSICOLÓGICAS NO CONTEXTO DA PANDEMIA

Nesse ponto se faz importante destacar quais áreas psicológicas tiveram mais respaldo no período da pandemia, assim, a primeira a se falar é uma área que pode ser considerada como uma tendência, tendo em vista suas diretrizes as quais estão sendo implementadas na tentativa de minimizar os danos causados pelo isolamento e distanciamento social, assim, discorre-se a respeito da Psicologia Positiva, uma vez que ela vem trazer algumas investigações sobre a experiência subjetiva positiva, traços individuais positivos e instituições positivas, sendo caracterizada através de seu foco pelas virtudes, forças de caráter e potencialidade dos seres humanos (ZANON et al, 2020; SILVA et al, 2020).

Diante disso, compreende-se o porquê dessa subárea ser considerada como uma tendência e por consequência de estudos tanto em cenários clínicos como não-clínicos, desenvolveu-se a Psicoterapia de Positiva, a qual realça as forças e virtudes dos pacientes, no intuito de ajuda-los a enfrentar várias situações, contribuindo para redução do sofrimento e o desenvolvimento de uma vida com mais sentido e satisfatória, utilizando-se da incorporação de valores como Resiliência, Autocompaixão, Criatividade, Otimismo, Esperança, Bem-estar subjetivo, aliado com técnicas trabalhadas da Terapia Cognitiva-Comportamental, como o Midnfulness (ZANON et al, 2020).

No intuito de elucidar o potencial que essa abordagem trouxe para o cenário atual, destaca-se um projeto realizado no trabalho de Silva et al (2020), no qual os autores realizaram 18 lives, sendo as nove primeiras atreladas a 1º Geração do Instagram e as outras nove foram realizadas na 2ª Geração onde a plataforma escolhida foi o Youtube, com temas diversos. Os resultados desse projeto conseguiram extrapolar as expectativas dos autores, gerando, além de um envolvimento de pessoas de outros países como Chile, Portugal, Uruguai e Espanha, possibilitando assim um total de material audiovisual de mais de 22 horas, assim como, a criação de um e-book gratuito e de livre para o público, demonstrando que mesmo em uma pandemia é possível experimentar questões benéficas.

Outra abordagem que foi amplamente difundida durante a pandemia foi a Psicologia Hospitalar/Saúde, tendo em vista que os hospitais foram preenchidos por, não só, pacientes com covid-19, mas também, por um misto de sensações e emoções positivas e negativas já que a atuação no contexto de uma pandemia pode ser algo novo e implicando em dificuldades, no caso, dos Psicólogos Hospitalares, o seu foco está dividido entres os profissionais da linha de frente, os pacientes e os familiares que os acompanham, sendo assim, é preciso que esse profissional possa estar reforçando a atenção para a saúde mental nesse contexto, além disso, somente em último caso eles devem realizar o atendimento psicológico ao paciente de forma presencial, utilizando-se do dispositivos tecnológicos para tal feito (DAZMANN et al, 2020).

Já com os profissionais da saúde, os quais em várias ocasiões precisaram ser os que decidiam quem iria viver ou morrer, é preciso que os psicólogos hospitalares proponham estratégias como o acolhimento dos sujeitos, trabalhar em como controlar a ansiedade, auxiliando na reestruturação do profissional da linha de frente com o auxílio de técnicas como o relaxamento e a meditação; Com relação a Psicologia da Saúde, não se encontram diferenças significativas para com a PH, assim, é importante acrescentar que essa área psicológica tem sua validade ampliada nesse momento, oferecendo, para além do apoio psicossocial, a criação de grupos de apoio que buscam a prevenção de sintomas que apontem para o surgimento da depressão, ansiedade e do estresso pós-traumático (DAZMANN et al, 2020; VIEIRA e VELASCO, 2020).

Por fim, destaca-se outra abordagem que foi bem difundida durante a pandemia, servindo como uma aliada das duas já mencionadas ao proporcionar técnicas que pudessem ser implementadas em seus arcabouços teóricos, a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), utilizando essencialmente da técnica da “Psicoeducação” para ajudar o paciente/cliente a com a sua doença física ou mental, assim como, utilizando do relaxamento e da respiração para controlar a ansiedade (PEREIRA et al, 2020).         

3 CONCLUSÃO

O intuito desse artigo foi, através de uma revisão bibliográfica da literatura sobre a pandemia, investigar como a atuação psicológica estava sendo implementada no contexto da Covid-19, destacando aspectos como os impactos e tendências, o contexto virtual e as abordagens que mais estão sendo exigidas nesse momento, sendo assim, é possível ressaltar que os objetivos foram alcançados e através deles entendeu-se como o trabalho psicológico está sendo realizado.

Esse período de intensa transformação social está contribuindo para o adoecimento da saúde mental da população em todas as suas faixas etárias, uma vez que todas as rotinas precisaram ser revistas e adaptadas, assim, o maior tempo em casa, aliado com os estressores biopsicossoais estão se tornando propiciadores para o surgimento de transtornos mentais de várias gravidades, assim, como favorecendo mais e mais casos de violência doméstica contra crianças, mulheres e idosos.

Então, diante de um quadro de adoecimento geral, a ciência psicológica nunca se fez tão necessária, e atuação de profissionais como os psiquiatras e os psicólogos está sendo mais acionada para auxiliar as pessoas que estão em sofrimento psíquico, contudo, devido às restrições impostas pelo governo a tradicional clínica psicológica precisou se reinventar e passar a atuar em outros meios que não sejam os presenciais, nesse sentido, o atendimento virtual se fez tornou a porta de entrada para alcançar essas pessoas e mesmo alguns profissionais não achando que poderiam trabalhar por esse mecanismo, é inegável pensar em uma atuação, hoje em dia, que se desvincule complemente desse do virtual em várias áreas afins.

Diante disso, é preciso pensar em como tornar o âmbito virtual mais prático para que os psicólogos possam alcançar a máximo de pessoas que der, sem que o processo de vínculo seja atingido, além disso é importante pensar em novas intervenções que se sejam interligadas com as demandas da atualidade, além de que se tenham mais pesquisas utilizando das áreas da psicologia que estão sendo mais exploradas e que contribuem para tornar a área psicológica mais rica em conhecimentos, como a psicologia positiva.

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