A SYMBOL CALLED MANDALA
REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/pa10202408111201
Rosilene Leal Gomes1
Resumo
A presente pesquisa enfatiza o significado da palavra mandala que é um círculo ou esfera da essência em sânscrito, uma língua ancestral da Índia, e suas definições externa como uma representação visual do universo e interna como um guia para várias práticas espirituais que ocorrem em diversas tradições asiáticas, incluindo a meditação. Nas culturas religiosas como do budismo e hinduísmo existe uma crença de que ao entrar numa mandala e se direcionar ao seu centro, a pessoa é guiada para um processo cósmico de transformação do sofrimento em alegria e felicidade. Para essas duas religiões esse maravilhoso círculo auxilia na concentração da prática meditativa e são encontradas nos seus templos, simbolizando o universo e a mente humana. Na cultura dos povos indígenas norte-americanos, como os Sioux, esse incrível círculo é chamado de filtro dos sonhos e tem o poder de proteção dos maus sonhos e espíritos malignos. Já no cristianismo as mandalas são símbolos da cura e são vistas nos vitrais das catedrais góticas. Os desenhos de mandalas podem ser encontradas também nas artes, objetos de decoração, na natureza e até nas edificações. Assim o objetivo de estudo tende a analisar as ideias práticas das confecções de mandalas de todos os tipos e práticas espirituais, tais como: de Chakras que envolvem energia vinculadas as cores e símbolos; de animais totêmicos ligadas as figuras de lobo, urso, cavalo e outros; de Yoga que auxiliam na meditação e mantras; de Geometrias sagradas que são compostas por formas geométricas complexas como Sri yantra, cubo de metatron ou flor da vida; de Arte abstrata que varia as criações de acordo com criatividade do artista; de Crianças sendo mais simplificadas e compostas por elementos do mundo infantil; de religiosidades que são confeccionadas com cruz cristã, OM hindu, estrela de Davi e outros. Enfim a pesquisa será de campo e metodologia em estudo de caso, num universo de realidade multidimensional e multicultural. Portanto as mandalas vão além da construção de uma arte, envolve no momento da criação individual ou em grupo uma demonstração de sentimentos e o que está dentro de cada um, a fim de promover o autoconhecimento, emocional e equilíbrio mental e ajuda liberar emoções retraídas, e cada indivíduo envolvido no processo pode expressar pensamentos, emoções e sentimentos de maneira não verbal, ajuda assim a restaurar a harmonia interna, aliviando a ansiedade, depressões, melhorando a saúde mental.
Palavras-chave: Mandala, Simbologia, Cultura Religiosa e Círculo.
1 INTRODUÇÃO
Vivenciamos num mundo de imagens, formas e símbolos que são encontradas nas artes, objeto de decoração, natureza e até nas edificações.
A palavra Mandala tem como significado um círculo em Sânscrito, que é uma língua ancestral do Nepal e da Índia.
Com o pensamento voltado nessa perspectiva surge a presente pesquisa, em busca de analisar o significado da mandala, uma forma ligada a variadas culturas religiosas.
Essa forma fascinante tem enorme importância como símbolo da cura, da espiritualidade, e aparece muitas das vezes nas expressões artísticas. Elas são utilizadas também, como simbologia religiosa no Budismo, Hinduísmo, na cultura das tribos indígenas norte-americanas, como os Sioux e presente também no Cristianismo.
Para os hinduístas e budistas, a mandala ajuda na concentração da prática meditativa e é comum encontrá-las nos templos dessas religiões, simbolizando o universo, a mente humana e bastante utilizadas nas práticas espirituais.
Entre os povos originários norte-americanos, adotam esse incrível círculo como proteção dos maus espíritos e os chamam de Filtro dos Sonhos, já no cristianismo eles são utilizados para fins de cura e são bastante vistos nos vitrais das catedrais góticas.
Neste sentido, problematizamos como objeto de investigação, neste projeto, o entendimento de todos os envolvidos, sobre o significado de uma Mandala e as relações com as diversas religiões.
Portanto, em busca por respostas plausíveis aos nossos problemas de pesquisa, traçamos meios investigativos a partir dos questionamentos a seguir: Qual o significado da palavra Mandala? Quais são os tipos de Mandalas? Quais culturas religiosas utilizam esse símbolo? Uma Mandala pode ser confeccionada de quais formas? Quais benefícios de confeccionar e pintar esse importantíssimo símbolo religioso?
Assim o presente trabalho, não terá a intensão de demostrar uma verdade vigorosa, mas a possibilidade e a diversidade de variadas leituras de cada indivíduo ou grupos, sugerindo outros caminhos de pesquisa, ampliando as discussões numa dimensão nacional e numa perspectiva mais ampla, em âmbito até internacional.
2. QUADRO TEÓRICO – METODOLÓGICO
As mandalas consiste em muitos significados, de forma externa como uma exposição visual e de forma interna como instrumento de variadas práticas que acontece em inúmeras tradições asiáticas, tal como a meditação, concentração e cura.
As mandalas são símbolos espirituais nas religiosas hinduísmo e budismo, assim, nessas culturas, existe uma crença, de que ao entrar numa mandala indo em direção ao seu centro, no momento de sua confecção, as pessoas são direcionadas para um processo de transformação individual, de sofrimento em felicidade. Para essas religiões, os desenhos em forma de círculo, demonstram a ideia de que a vida nunca acaba e tudo está interligado, ou seja, conectado, podendo representar também o universo e a jornada espiritual de cada ser humano, com o objetivo de remover pensamentos inconvenientes, e deixar que a criatividade funcione livremente, a fim de centrar a mente e o corpo.
Existem variados tipos de mandalas, que são encontradas em diversas culturas e utilizadas para muitos propósitos, tanto espiritual como artísticos, podendo ser pintada em tecido, papel ou desenhadas em um solo cuidadosamente preparado com fios coloridos e brancos, e/ou com pó de arroz, moldadas em bronze e até confecionada em pedra.
Assim o centro desse circulo é um ponto partida e sem dimensão, demonstrando o início da devoção ao divino. A partir desse ponto são confecionadas linhas e formas geométricas que demonstram o universo envolvido por um círculo externo que significa a natureza periódica da vida. Enfim, existem alguns modelos, objetos e significados que são inseridos numa mandala, tais como:
- SOL: Representa o universo, as vezes com significados ligados a energia e a vida.
- FLOR DE LÓTUS: Para o budismo um símbolo sagrado, tem a simetria que representa o equilíbrio. Tal qual a lótus emerge da água atrás da luz, ocorre o mesmo com uma pessoa em busca de espiritualidade e iluminação.
- SINO: Representa abertura ou esvaziar a mente a fim de permitir que a sabedoria e clareza entre em sua vida.
- RODA DE OITO RAIOS: Um símbolo de nobre caminho óctuplo do budismo, que indica oito passos para chegar a iluminação, incluindo a compreensão, forma de falar, ação, modo de vida, atenção, esforço e até mesmo a concentração, liberdade e renascimento.
- TRIÂNGULO: Os triângulos quando estão virados para baixo, simbolizam a busca por conhecimento e a criatividade, e quando virados para cima simbolizam a energia e ação.
Nas decorações as mandalas são bem utilizadas para enfeitar os ambientes, porém com alguns significados, a fim de proporcionar um local relaxante, esse circulo é bastante utilizado. Elas podem ser pintadas nas paredes, combinado com as paletas de cores ou aparecer nos tapetes, quadros, enfeites e etc… Usando a imaginação para uma decoração que transmita paz e harmonia. Ao criar seu próprio desenho a pessoa deve demonstrar o que sua alma esta sentindo, ou seja, recriar o que está vivenciando naquele momento. Por ser uma experiência individual bastante enriquecedora, a pessoa quando olha para dentro de si mesmo, produz as formas, cores e padrões que realmente representam o seu estado de espírito, podendo chegar em muitas das vezes, aos seus desejos mais íntimos.
Diversas culturas pelo mundo afora utilizam essas pinturas em suas práticas espirituais, pois ao criar sua própria mandala o ser humano pode usufruir de uma liberdade única de escolha de formas e cores que expressam sua real identidade e realidade,sendo criativo ao confeccionar um desenho exclusivamente seu.
Construir esse incrível círculo, a pessoa tende a transmitir para os envolvidos uma experiência de meditação e calma. E para isso são necessários alguns objetos como: lápis de cor, marcadores, canetas coloridas, lápis, régua, compasso, papel e tinta entre outros.
Existem alguns passos para criar sua própria mandala:
- Primeiro: Faça um círculo pequeno no centro de um papel utilizando um compasso;
- Segundo: Partindo desse ponto, construa círculos em sequência maiores ao redor do primeiro;
- Terceiro: Após desenhar esses círculos, faça uma linha horizontal e vertical no centro do papel;
- Quarto: Repetindo o terceiro passo, desde que os tamanhos sejam os mesmos, formando uma grade de marcação para se orientar, sendo estas linhas apagadas posteriormente;
- Quinto: Desenhe desde o centro formas geometricas que deseja, dentro do primeiro espaço, repetindo as mesmas formas ao lado, assim de forma sucessiva, girando o papel de acordo com o avanço;
- Sexto: Sempre trabalhando utilizando círculos e linhas como guia, isso auxilia na simetria de sua mandala. Com desenhos contínuos de mesma forma em cada parte, indo para fora quando completar um círculo inteiro;
Todos os envolvidos podem desfrutar desse momento para relaxar e se desprender de críticas durante suas pinturas. Faça sempre a opção de desenhar num lugar calmo e tranquilo, a fim de se libertar das listas de medos, preocupações, compromissos ou horários do quotidiano. O intuito é entrar num estado de fluxo de criatividade. Portanto, no momento, ouça uma musica relaxante, podendo até acender algumas velas ou um incenso, respire fundo várias vezes e deixe a criatividade fluir enquanto você desenha.
Ao colorir uma mandala a pessoa adquiri vários benefícios para sua saúde física e mental, auxiliando a reduzir o stresse, a depressão e a ansiedade. Ajuda ainda na concentração e aflora sua criatividade, além de ser um excelente exercício para as mãos, olhos e na coordenação motora.
2.1. Marco Histórico
A arte existe na vida do homem desde sempre, seja na maneira de pintar o corpo para ir caçar, na comunicação, para demonstrar suas emoções, ou seja, a arte está sempre presente em diversos aspectos do ser humano. Colorir é uma forma de demonstrar criatividade e liberdade e uma forma de expressão, demonstrando assim que a pintura não é apenas um passatempo para crianças.
Historicamente os primeiros desenhos de mandalas são datadas a partir do século VIII, na Índia e posteriormente foram vistas no Japão e na China.
Mandala é um tipo de pintura bastante antiga e muito usada no continente asiático, principalmente no Tibete, pelos monges do Budismo como auxílio na concentração e meditação. Com o passar do tempo, puderam ser vistas também no Hinduísmo e no Taoismo.
Foram encontrados vários indícios dessa pintura no continente americano, utilizadas como símbolo nos cultos religiosos, relacionado sempre a cura. Apareciam nas igrejas católicas, entre os séculos XVI e XVIII, enfeitando as paredes e os vitrais das catedrais.
2.2. Marco teórico-conceitual
O papel da confecção da mandala como forma de meditação é usada até a atualidade no hinduísmo, budismo, tantrismo e na yoga, na busca pela calma e procura interior.
No budismo os devotos utilizam seus desenhos de forma a mentalizar o divino. Então eles entendem que a mandala revela o todo e pode representar de forma artística o homem e o universo, simbolizando a existência e a relação com o mundo ao seu redor.
Nessa cultura religiosa, usados por muitos e muitos anos, os monges tibetanos formam um pequeno grupo, com o intuito de produzir uma verdadeira obra de arte em forma de mandala, num projeto minucioso e que pode levar dias ou semanas, dependendo da complexidade e dos detalhes a serem executados. São utilizadas, nesse trabalho, areias coloridas, funis metálicos, varinhas, réguas, compasso e outros objetos a fim de garantir uma simetria perfeita de cada parte.
Os monges realizam uma cerimônia de abertura, com cânticos de mantras e músicas ritualísticas. A confecção da mandala se inicia com os monges ao redor de um círculo, fazendo pequenas vibrações nas varinhas que cada um carrega, contendo areias coloridas e despejando-as pelo funil até o círculo, e os desenhos vão aparecendo de forma lenta e cuidadosamente perfeita, com calma e tranquilidade. Nesse local, várias pessoas podem assistir a confecção dessa verdadeira obra de arte, porém após o término acontece um novo ritual, ou seja, todo o trabalho é desfeito e essas areias que foram usadas para colorir as mandalas, são dispersas num rio, que automaticamente são levadas para o oceano e dos oceanos para o mundo inteiro, a fim de demonstrar o desapego as coisas materiais e a inconstância da vida. É dessa forma que cada desenho toca os corações de várias pessoas, de uma forma profunda e espiritual. A contemplação por essa arte, foi criada pelo próprio Buda e seus ensinamentos são utilizadas até hoje.
No hinduísmo a mandala representa a evolução do universo e da regressão, partindo de um ponto central. As mandalas tântricas, na Índia, são bastante comuns e podem representar outros objetos, seres e figuras diversas. Normalmente são confeccionadas no chão como um ritual de demonstração de iniciação e meditação. As mandalas chegaram ao hinduísmo através do budismo e tradicionalmente tem forma quadrada e de cada lado aparece uma abertura, envolvida por um círculo que inclui um dos deuses hindus.
Para os povos originários norte-americanos, a mandala tem o poder de proteção e pode afastar os espíritos malignos e os sonhos ruins, por esse motivo elas são chamadas de Filtro dos Sonhos. Já no Cristianismo elas são utilizadas para fins de cura e podem ser encontradas nas rosetas dos vitrais das catedrais góticas e traduz a ideia de perfeição, que os seres humanos tanto almejam.
3 METODOLOGIA
No presente estudo a metodologia utilizada foi a de pesquisa bibliográfica, buscando retratar a importância das mandalas nas diversas culturas e religiões pelo mundo e como objetivo de aperfeiçoar e atualizar os conhecimentos. Portanto foram usados artigos, livros, sites de internet e outras variadas fontes. Com o intuito de analisar as obras científicas que retratam as temáticas relacionadas as Mandalas.
Para Gil 2, A pesquisa bibliográfica” (…)” é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.
Por meio de pesquisas bibliográficas baseados em resumos de dados, leituras, selecionado apenas os assuntos pertinentes do estudo, por meio de recolhimento de hipóteses.
Esse formato de estudo contribui para o aprendizado do tema tratado, a forma e perspectiva e /ou enfoque sobre o assunto apresentado nas bibliografias envolvidas.
4 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em virtude de tudo que foi apresentado, chegamos ao encerramento da apresentação sobre o fascinante mundo das mandalas. Foi debatido sua origem antiga, seu significado espiritual, variados benefícios, seja no psicológico ou na prática.
Vivemos num mundo acelerado em que o caos na corrida pelo dinheiro, sucesso e fama, direciona as pessoas para atividades desgastantes físicos e psicológico do cotidiano, acarretando muitas das vezes depressões, angústias, decepções, materialismo entre outras transtornos do dia a dia. Visto isso, devemos buscar por uma vida mais tranquila e equilibrada e a confecção de mandalas pode auxiliar na meditação e tranquilidade.
Portanto, o estudo demostrou que ao colorir uma mandala, a pessoa entende que esse ato significa mais que um desenho, pode melhorar a criatividade, imaginação, estimular novas ideias e soluções para os problemas vivenciados no cotidiano. Pode ajudar melhorar a coordenação motora, concentração, relaxamento, senso de responsabilidade, ferramentas usadas nos estudos, trabalho e em várias situações de vida. A coloração é uma excelente maneira de controle a ansiedade e diminuir o estresse, podendo ajudar a desacelerar o ritmo frenético do dia a dia.
Assim podemos perceber que as mandalas podem ensinar que cada parte é importante, tudo está conectado, nos ajuda a entender a si próprio e o mundo em toda sua plenitude.
2 GIL, ANTÒNIO CARLOS. Pós-Doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP), Doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e Professor Titular aposentado de História da América da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Como elaborar projetos de pesquisas (GIL, 2002, p.44)
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1Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões da Faculdade Unida de Vitória, e-mail: leal.gomes@hotmail.com