AN EPIDEMIOLOGICAL STUDY OF LEPROSY IN THE MUNICIPALITY OF GOIANÉSIA DO PARÁ
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410102036
Isis Oliveira da Silva1;
Benedito do Carmo Gomes Cantão2
Resumo
A hanseníase é uma doença negligenciada que esta presente em várias cidades e municípios do Brasil, e Goianésia do Pará, um município no interior do Pará não é diferente, por conta deste fato uma pesquisa epidemiológica é necessária para compreender o número de casos e outras variáveis que podem auxiliar a entender outras necessidades que podem não ser observadas, como por exemplo: idade, classificação multibacilar e paucibacilar, sexo, bairros residenciais afetados, grau da doença, método de saída do sistema. Dessa forma, essas averiguações indispensáveis são para constatar os problemas que antes não eram vistos, para que assim a população desse município paraense seja assistida em sua totalidade.
Palavras-chave: Hanseníase; Município; Investigação epidemiológica.
1 INTRODUÇÃO
Hanseníase, uma das doenças mais antigas da humanidade e, em tempos anteriores havia registros dela no livro sagrado daqueles que acreditavam em Cristo. E posteriormente no ano de 1873 foi identificada a etiologia da mesma, pelo norueguês Amaure Hansen, que encontrou o patógeno Mycobacterium leprae. Ademais é um bacilo álcool-ácido resistente, parasita intracelular com preferência pela célula de Schwann e pele. No qual, não pode ser cultivado, mas existem modelos animais utilizados no seu estudo e reprodução, como o tatu e camundongos timectomizados e irradiados. (Araújo, 2003)
A identificação dessa enfermidade é através das manchas hipocromias, diminuição da sensibilidade, mãos em garra, espaçamento de neurônios, alopecia, anidrose, além de outras formas de manifestações de sinais e sintomas do paciente, (Lastória et at.,2012). Atualmente no Brasil são utilizada duas classificações para diferenciar os tipos de hanseníase, as quais são a de Madri (Congresso Internacional de 1953), e a de Ridley e Jopling. A classificação de Madri é dividida em dois grupos que são: instáveis (indeterminada e dimorfa) e estáveis (virchowiano e tuberculóide), já a de Ridley é mais utilizada em pesquisas e tem a necessidade do exame histopatológico, sua subdivisão é em forma tuberculóide (TT), os casos borderline ou dimorfos que são subdivididos em dimorfo-tuberculóide (DT), dimorfo-dimorfo (DD) e dimorfo-virchowiano (DV), virchowiano-subpolar (VVs) e virchowiano (VV). (Araújo 2003).
O diagnóstico é feito de forma clínica com teste de sensibilidade térmica, tátil e dolorosa e uma avaliação neurológica simplificada, há também exames laboratoriais que auxiliam para fechar o diagnóstico, como por exemplo: histopatologia, ultrassom, baciloscopia entre outros. No tratamento, o Ministério da Saúde faz uso da identificação da quantidade de manchas pelo corpo que tem os seguintes critérios: multibacilar (MB) mais de cinco lesões e paucibacilar (PB) menos que cinco lesões, essa observação é essencial, pois cada tratamento é diferente. O procedimento de cura da hanseníase é através de medicamentos que são disponibilizados de forma gratuita para a população, sendo esses: rifampicina 600mg e dapsona 100 mg (forma paucibacilar) seis meses fazendo a utilização, rifampicina 600mg, dapsona 100mg e clofazimina 300mg dose meses fazendo a utilização.
Essa enfermidade é encontrada mais comumente nos países subdesenvolvidos e pobres, como por exemplo: Índia, Nepal, Moçambique, Madagascar, entre outros, como diz (Miranzi et at.,2010). Atualmente o Brasil é o segundo país no ranking dos mais afetados pela mesma, isso porque é uma doença muito presente em regiões carentes, pois a falta de saneamento básico está entre os fatores que contribuem diretamente para a sua proliferação. Por conta disso, é uma das endemias mais graves no nosso país. Devido a esses pontos apresentados, surgiu o interesse de pesquisar a sua epidemiologia no município de Goianésia do Pará, que se situa no interior do Estado do Pará, e levantar questões como: Quantos casos são registrados por ano? A maioria dos enfermos são multibacilares? Dentre outros aspectos.
Tendo em vista que a hanseníase é um problema de saúde pública, o Ministério da Saúde criou um programa de tratamento contra hanseníase e tuberculose, que são doenças que afetam a maioria das pessoas que vivem nas mazelas. Mas mesmo com seus esforços, essas doenças nunca foram erradicadas do Brasil, e uma das causas dessa situação é o mau preenchimento das fichas de notificações da hanseníase, como explica (Façanha et. at 2006) que em sua pesquisa afirma que a falta de preenchimento das filhas de notificação, foi uma das causas da subnotificação dos casos de hanseníase no Ceará. Por conta disso se faz necessário traçar o perfil epidemiológico de forma correta, para que se saiba o quantitativo exato de pessoas com esta enfermidade.
O Município de Goianésia do Pará, que é composto por uma população com o total de 41.678 pessoas e com uma área territorial de 7.023.948 km² (IBGE 2022). Tendo em vista que, os moradores pertencentes ao município de Goianésia do Pará, vivem em uma região endêmica, de acordo com (Magalhães, 2007) a região norte é uma das mais acometidas por essa doença, principalmente no Estado do Pará, e como o município em questão se situa nesta localização entende- se que há elevados números de incidência. Por conta disso se tem a necessidade de produzir este presente estudo, que irá acontecer com uma coleta de dados adquiridos da Vigilância Sanitária, e terá como foco traçar o perfil epidemiológico da hanseníase durante os anos entre 2019 a 2023.
2 METODOLOGIA
O estudo será formado por uma pesquisa de campo, que de acordo com (Severino, 2007) “Na pesquisa de campo, o objetivo/fonte é abordado em seu meio ambiente próprio”, ou seja, os dados coletados desta pesquisa serão de natureza direta, significa que o autor irá em campo buscar as informações necessárias, sem a interferência de terceiros. Desta forma, os dados retirados da fonte, são fidedignos, diferente de uma pesquisa bibliográfica, por conta disto o autor optou por uma pesquisa de campo.
Outro ponto a se ressaltar, é que a pesquisa terá uma abordagem quantitativa descritiva, pois o estudo terá uma coleta de informações de uma determinada população, e por conta desse objetivo central da pesquisa é que se optou por essa abordagem. Para (Severino ,2007) a pesquisa quantitativa é configurada como um método científico experimental-matemático, porque quando não se considera as condições específicas de um sujeito, ele se torna apenas um número a ser quantificado por uma característica que tem em comum com outros indivíduos. Desse modo, o presente trabalho terá uma compreensão facilitada por se tratar de um método de rápido entendimento.
A pesquisa irá ocorrer no município de Goianésia do Pará, que é composto por um território de aproximadamente 7.023,948km², com uma população composta de um total de 26.362 pessoas (IBGE 2022). Ele está entre os municípios que fazem parte do Lago de Tucuruí, o que significa que ele é pertencente a 11ª Regional de saúde de acordo com a SESPA. O mesmo contém um total de 5 postos de saúde, 11 unidades básicas de saúde, 1 vigilância em saúde, 1 hospital (Dados retirados do plano municipal de saúde 2022-2025 de Goianésia do Pará).
As amostras utilizadas, serão os números de casos notificados de Hanseníase dentre os anos de 2019 a 2023 esses dados serão coletados da vigilância em saúde. As escolhas das amostras serão de forma probabilística conglomerados, onde será observado os bairros mais acometidos pela doença, a idade, e o tempo em que a pessoa está infectada.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
– Casos notificados de hanseníase no município de Goianésia do Para- PA
– Casos notificados de hanseníase nos anos entre 2019 à 2023.
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
– Casos subnotificados da Vigilância em Saúde de Goianésia do Pará;
– Casos notificados em Goianésia do Pará, mas tem origem em outro município;
– Registro que não se encontram no sistema;
O instrumento utilizado será o SINAN (Sistema de Informações de Agravos de Notificação) que regularmente é fomentado pela Vigilância em Saúde do município, que de acordo com Ministério da Saúde referente a uma das principais funções dos municípios é “Coletar e consolidar os dados provenientes das unidades notificantes”. Desta forma, a presente pesquisa fará uso dos dados coletados pelo Sistema de Informações do Departamento de Vigilância Epidemiológica de Goianésia do Pará.
A pesquisa será constituída por uma coleta de dados primária e continua, que consiste em uma obtenção das informações necessárias através da fonte original, no caso presente é o Departamento de Epidemiologia da Vigilância em Saúde. Depois de uma coleta minuciosa haverá a apuração dos dados, que é onde se tem a contagem desses dados e sua tabulação, ou seja, essas informações serão colocadas em tabelas para o melhor entendimento. Em seguida, acontecerá a apresentação dos dados, que se sucederão no formato de tabelas com duas variáveis: qualitativas e quantitativas, as variáveis qualitativas são expressas por atributos, já as variáveis quantitativas são expressas por números. (Neto, 2004). As variáveis que serão usadas neste estudo são respectivamente: idade, sexo, bairro, grau de evolução da doença, indivíduos em tratamento e indivíduos curados.
– Idade: quantitativa contínua
– Sexo: qualitativa nominal
– Bairro: quantitativa discreta
– Grau de evolução da doença: quantitativa ordinal
– Indivíduos em tratamento: quantitativas discretas
– Indivíduos curados: quantitativas discretas
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
Tabela 1- Classificação Operacional – CO entre os anos de 2019 e 2023
CLASSIFICAÇÃO OPERACIONAL – CO | 2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023 |
Paucibacilar – PB | 06 | 02 | 00 | 03 | 02 |
Multibacilar – MB | 19 | 13 | 10 | 19 | 08 |
Total | 25 | 15 | 10 | 21 | 10 |
Tabela 2 – Faixa etária de 0 – 15>
FAIXA ETÁRIA | 2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023 |
0 – 14 anos | 03 | 00 | 00 | 00 | 00 |
15> anos | 22 | 15 | 10 | 21 | 10 |
Total | 25 | 15 | 10 | 21 | 10 |
Tabela 3 – Sexo
FAIXA ETÁRIA | 2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023 |
Feminino | 05 | 05 | 00 | 04 | 03 |
Masculino | 20 | 10 | 10 | 17 | 07 |
Total | 25 | 15 | 10 | 21 | 10 |
Tabela 4 – Quantificação dos Bairros residenciais
BAIRROS RESIDENCIAIS | 2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023 |
Boa Esperança | 04 | 01 | 00 | 00 | 02 |
Canaã | 00 | 00 | 02 | 01 | 01 |
Centro | 01 | 04 | 01 | 06 | 01 |
Floresta | 01 | 00 | 01 | 00 | 01 |
Itamaraty | 00 | 00 | 01 | 00 | 00 |
Novo Horizonte | 00 | 00 | 03 | 01 | 00 |
Rio Verde | 01 | 00 | 00 | 00 | 00 |
Santa Luzia | 03 | 04 | 01 | 05 | 02 |
Santo Amaro | 00 | 00 | 00 | 01 | 01 |
São Judas | 02 | 01 | 00 | 01 | 00 |
São Luís | 03 | 02 | 00 | 00 | 00 |
PA263(zona rural) | 00 | 00 | 00 | 01 | 00 |
Vicinal Caracol (zona rural) | 00 | 00 | 00 | 01 | 00 |
Vila Aparecida (zona rural | 00 | 00 | 00 | 01 | 00 |
Outras Zonzas Rurais | 10 | 03 | 01 | 03 | 02 |
Total | 25 | 15 | 10 | 21 | 10 |
Tabela 5 – Grau de Incapacidade
GRAU DE INCAPACIDADE | 2019 | 2020 | 2021 | 2020 | 2023 |
Grau 00 | 15 | 09 | 06 | 12 | 06 |
Grau I | 05 | 03 | 01 | 00 | 03 |
Grau II | 00 | 00 | 00 | 01 | 00 |
Não Avaliado | 05 | 03 | 00 | 02 | 01 |
Ignorado/Branco | 00 | 00 | 03 | 06 | 00 |
Total | 25 | 15 | 10 | 21 | 10 |
Tabela 6 – Formas de saída no sistema
SAÍDA NO SISTEMA | 2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023 |
Cura | 15 | 11 | 08 | 09 | 00 |
Abandono | 03 | 00 | 00 | 00 | 00 |
Transferências | 04 | 04 | 01 | 07 | 01 |
Erro de Diagnóstico | 02 | 00 | 01 | 02 | 00 |
Òbito por outras causas | 01 | 00 | 00 | 00 | 00 |
Em tratamento | 00 | 00 | 00 | 03 | 09 |
Total | 25 | 15 | 10 | 21 | 10 |
À princípio, como é observado na tabela de 1, o número de casos de hanseníase diminuiu entre os anos de 2019 a 2023, porém tendo um surto no ano 2022 que logo foi solucionado no ano seguinte, o resultou em uma diminuição de 11 casos. Contudo, mais de 70% dos enfermos eram multibacilares, ou seja, foram diagnosticados com mais de cinco lesões, por conta disso o tratamento realizado é prolongado se comparado com os indivíduos paucibacilares.
Outro ponto importante a ser observado, é que a população suscetível a se contaminar, são os homens com idade superior a 15 anos que moram nos bairros boa esperança, santa luzia, centro, outras zonas rurais, isso porque mais de 80% das pessoas contaminadas eram homens nesta faixa etária que moram nestes locais. Ademais, as regiões com o maior número de casos em cada ano respectivamente são: boa esperança e outras zonas rurais ocupando 56% dos enfermos em 2019, centro, santa luzia, outras zonas rurais 74% dos enfermos 2020, Canaã, novo horizonte 50% dos enfermos em 2021, centro, santa luzia, outras zonas rurais 67% dos enfermos em 2022, boa esperança, santa luzia, outras zonas rurais com 60% dos enfermos em 2023.
É importante frisar que, mais de 50% do público doente se encontrava no primeiro grau da doença, onde não se há o comprometimento neural, e a principal forma de saída do sistema é através da cura, tendo mais de 60% indivíduos curados do ano de 2019 a 2022, além dos sujeitos que estão em tratamento, onde no ano de 2023 se teve a maior quantidade, sendo 90% das ocorrências, e mesmo com grande parte das pessoas fazerem uso do tratamento prolongado o número de abandono é pequeno, tendo ocorrido apenas em 2019.
4 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
É de conhecimento geral que, a hanseníase é uma enfermidade negligenciada em muitas regiões, onde há números alarmantes de pessoas doentes, mas isto não se aplica ao município de Goianésia do Pará, pois a quantidade de indivíduos doentes diminuiu ao longo dos anos, o que por sua vez, as ações de combate a esta doença se mostraram eficazes. Contudo, o município se mostrou ineficiente no diagnóstico precoce, o que resulta em uma dificuldade presente, que deve ser solucionada com a educação permanente dos enfermeiros e médicos. Em suma, a hanseníase é uma doença endêmica em Goianésia do Pará, pois é uma enfermidade recorrente na região onde não há um aumento significativo no número de casos e a população convive com ela, assim sendo, deve-se prosseguir com a melhora dos atendimentos nas consultas para se ter um número elevado de diagnósticos precoce, dessa maneira, amenizar a quantidade de casos.
REFERÊNCIAS
Araújo, M.G. Hanseníase no Brasil. Belo Horizonte: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 2003. 373-382 p.
Façanha, M.C; Lima, J.R.C; Teixeira, G.F.D; Pinheiro, A.C; Ferreira, M. L. L.T; Rouquayrol, M.Z. Hanseníasse: subnotificação de casos em Fortaleza – Ceará, Brasil. Anais brasileiros de dermatologia, [s. l.], p. 329/333, 4 abr. 2006.
Lastória, J.C; Abreu, M.A.M.M. Hanseníase: Diagnóstico e Tratamento. São Paulo Diagn Tratamento, 2012. 173-179 p.
Magalhães, L.I.R. Diferenciação territorial da hanseníase no Brasil. Brasília-DF: Ministério da Saúde, 2007
Miranzi, S.S.C; Pereira, L.H.M; Nunes, A.A. Perfil epidemiológico da hanseníase em um município brasileiro, no período de 2000 a 2006. Uberaba MG: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 2010. 62-67 p.
Neto, P.V. Estatística Descritiva: Conceitos Básicos. Academia.edu, São Paulo, p. 2/17, 4 mar. 2004
Severino, A.J. Pesquisa quantitativa qualitativa. In: METODOLOGIA do Trabalho Científico. 23. ed. rev. São Paulo: Cortez Editora, 2007. cap. Capítulo III. Teoria e Prática Científica, p. 118.
1Discente do Curso Superior de enfermagem do Instituto UEPA Campus Polo de Goianésia do Pará Forma Pará e-mail: isis.odsilva@aluno.uepa.br
2Docente do Curso Superior de enfermagem do Instituto UEPA Campus XIII. Mestre em Cirurgia e Pesquisa Experimental (PPGMAD/UNIR). e-mail: benedito.cantao@uepa.br