“UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE O POTENCIAL EDUCATIVO DE JOGOS E BRINCADEIRAS LÚDICAS”

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202413112215


Jucélia Freitas da Silva1,
Neuzimar Santana Campos e Silva2,
Marilza Rodrigues de Barros3,
Patrícia Rodrigues de Barros4,
Telma Rodrigues de Souza Gomes5


RESUMO

Este estudo propõe uma reflexão acerca das práticas com os jogos e brincadeiras lúdicas a partir do jogo “espelho d água”, examinando seu impacto no aprendizado de ciências e no desenvolvimento infantil, cognitivo, social e emocional. As ponderações aqui tecidas partem de um estudo bibliográfico e tem por objetivo fazer uma reflexão a respeito da prática pedagógica e jogos pedagógicos. Os aportes teóricos utilizados neste trabalho estão fundamentados em uma abordagem de revisão bibliográfica para explorar o potencial educativo de jogos e brincadeiras lúdicas. Inicialmente, foi realizada revisão bibliográfica como Ronca Paulo Freire, Baranita, Minayo, Piaget, Vygotsky,  utilizando termos de busca relevantes, como “jogos educativos”, “brincadeiras lúdicas”, “aprendizagem através do jogo”, entre outros. Além disso, foram exploradas bibliografias de artigos relevantes e revisões sistemáticas para identificar estudos adicionais. Os critérios de inclusão foram definidos para selecionar os estudos relevantes para a revisão. Foram incluídos artigos que abordassem o uso de jogos e brincadeiras lúdicas no contexto educacional, com foco nos impactos no aprendizado e desenvolvimento infantil.

Palavras-chave: Jogos, Brincadeiras lúdicas, Educação, Aprendizagem

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, tem havido um crescente reconhecimento do potencial educativo dos jogos e brincadeiras lúdicas no contexto escolar. Essas atividades, frequentemente associadas ao lazer e ao entretenimento, têm sido objeto de interesse crescente por parte de educadores, pesquisadores e profissionais da área da educação devido aos seus impactos significativos no desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças.

De acordo com Ronca (1989, p. 27)

O movimento lúdico, simultaneamente, torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois nele a criança constrói classificações, elabora, sequências lógicas, desenvolve o psicomotor e a afetividade e amplia conceitos das várias áreas da ciência.

Percebe-se que através das atividades lúdicas a criança aprende e ainda estimula a criatividade e promovendo a capacidade de decisões, ajudando no desenvolvimento motor.

Portanto, é possível concluir que é de muita importância essa prática no planejamento do professor fazendo uso de jogos e brincadeiras apropriadas, proporcionado assim, um clima prazeroso.

Para Freire (2009, p. 22) “ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.

Entretanto, a escola é um espaço que promove ações e interações de significativa para a aprendizagem dos alunos, tendo o professor como mediador dessa aprendizagem, buscando práticas pedagógicas como jogos, brincadeiras, dinâmicas, tornando suas aulas mais atrativas, com objetivo de formar seres atuantes, participativos, reflexivos, autônomos e críticos, capacitados para resolver situações.

Nesta pesquisa, propomos explorar o potencial educativo dessas atividades, examinando suas implicações no processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil. Investigaremos como os jogos e brincadeiras lúdicas podem ser integradas de forma eficaz no ambiente escolar, bem como os benefícios que podem proporcionar em termos de desenvolvimento de habilidades sociais, emocional e cognitiva das crianças. Por meio de uma revisão abrangente da literatura existente, buscamos identificar as evidências empíricas e teóricas que sustentam o uso dessas atividades como ferramentas educacionais eficazes. Além disso, pretendemos discutir as melhores práticas para a implementação de jogos e brincadeiras lúdicas na sala de aula, considerando as necessidades e características individuais dos alunos.

Segundo Baranita (2012, p. 36) “Outrora eram dados como supérfluos e eram considerados objetos de distração e recreio. Foi devido a esta nova imagem da criança na sociedade que o jogo e o brinquedo passaram a ter valor educativo”.

Ao compreendermos melhor o potencial educativo dos jogos e brincadeiras lúdicas, esperamos fornecer insights valiosos para educadores, formuladores de políticas e outros profissionais envolvidos no campo da educação. Essa compreensão pode ajudar a promover abordagens mais inovadoras e centradas no aluno no ensino e aprendizagem, criando ambientes educacionais mais dinâmicos, inclusivos e estimulantes para as crianças.

Desde os primórdios da humanidade, os jogos e brincadeiras têm desempenhado papéis cruciais no desenvolvimento e na cultura de todas as sociedades. Para crianças, em particular, o ato de jogar e brincar não são apenas uma atividade recreativa, mas uma parte essencial de seu crescimento e aprendizado. No contexto educacional, o potencial dos jogos e brincadeiras como ferramentas pedagógicas vem sendo cada vez mais reconhecido e valorizado. Essas atividades não apenas proporcionam momentos de diversão e entretenimento, mas também oferecem oportunidades ricas para o desenvolvimento cognitivo, social, emocional e físico das crianças.

Esta introdução visa explorar a importância dos jogos e brincadeiras na infância e destacar seu papel fundamental no processo de aprendizagem. Ao entendermos melhor a natureza e os benefícios dessas atividades, podemos aproveitar seu potencial máximo no contexto educacional, promovendo assim um ambiente de aprendizagem mais estimulante, inclusivo e centrado no aluno.

METODOLOGIA

Para a realização desta pesquisa foi iniciado um levantamento bibliográfico, realizando várias leituras por meio de livros, artigos e materiais disponibilizados pela internet, com a finalidade de aprofundamento sobre o tema. As práticas de ensino com jogos e brincadeiras nas aulas de ciencias, superando os obstáculos e melhorando a qualidade de ensino e aprendizagem.

Posteriormente foi montado com os alunos o jogo “Espelho d’Água”, que consiste em dividir os alunos em grupos de quatro alunos, sendo um com a cor verde, outro amarelo, outro azul e vermelho. O jogador assume o papel de um personagem que acorda em um mundo desconhecido e misterioso, sem memória de quem é ou como chegou lá. O principal objetivo do jogo é desvendar os segredos desse mundo e encontrar uma maneira de escapar.

A pesquisa foi de natureza qualitativa por ser uma abordagem que possibilita ao pesquisador uma compreensão mais detalhada do objeto de estudo baseada em Minayo (2001, p. 21-22)

A pesquisa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a operacionalização de variáveis.

Ao longo do jogo, cada jogador joga o dado e anda nas pistas conforme a quantidade tirada no dado. Conforme avança, o jogador descobre segredos ocultos e enfrenta desafios cada vez mais difíceis, que exigem o uso criativo das habilidades do espelho d’água.

O jogo apresenta gráficos belos e uma trilha sonora atmosférica que contribuem para a imersão na atmosfera misteriosa e fascinante do mundo do jogo. Com uma narrativa envolvente e mecânica de jogo única, “Espelho d’Água” oferece uma experiência cativante para os fãs de jogos de aventura e quebra-cabeças.

A metodologia foi organizada em várias etapas para garantir uma análise abrangente e sistemática da literatura existente sobre o tema. Foi realizado com os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental como proposta pedagógica com uma nova abordagem e de conscientização do consumo da água (nas pistas do tabuleiro).

Conforme os alunos iam jogando, liam as pistas e cumpriam as tarefas indicadas.  . Essa metodologia proporcionou aprendizagem significativa nos alunos, contribuindo para o avanço do conhecimento sobre o tema e fornecem insights valiosos para práticas educacionais mais eficazes e centradas no aluno.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a busca na literatura encontramos vários artigos que abordam a temáticos jogos e brincadeiras lúdicas no contexto escolar. Após os alunos jogarem no tabuleiro, percebeu-se o avanço na aprendizagem e a diversão de todos os envolvidos, pois o jogo “Espelho D’água” promoveu aprendizagem ativa, estimulando a criatividade e a imaginação, desenvolvem habilidades sociais e emocionais, além de melhorar a motivação e o engajamento dos alunos na escola.

Segundo Piaget (1978, p. 122) “os jogos de regras constitui a atividade lúdica do ser socializado”. O autor quer dizer então que o aluno assimila a necessidade e a importância do cumprimento de leis sociais e morais, sendo pontos de suma importância a serem trabalhados em sala de aula.

Discutimos como os educadores da EE Dom Vunibaldo a possibilidade de aprendizagem que os jogos e brincadeiras lúdicas proporcionam para os alunos e como tornam atrativos os avanços nas práticas pedagógicas, sem contar o enriquecimento no processo de ensino-aprendizagem. Destacamos a importância de selecionar atividades adequadas ao desenvolvimento e aos interesses dos alunos, além de fornecer um ambiente seguro e inclusivo para sua participação. Este estudo ressalta a importância dos jogos e brincadeiras lúdicas como ferramentas educacionais poderosas. Recomendamos que mais pesquisas sejam realizadas nessa área para melhor entender os mecanismos pelos quais essas atividades contribuem para o desenvolvimento infantil e como podem ser mais bem incorporadas no currículo escolar.

CONCLUSÃO

A partir da revisão da literatura sobre o potencial educativo de jogos e brincadeiras lúdicas, fica evidente que essas atividades desempenham um papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem e no desenvolvimento integral das crianças. Este estudo destaca vários pontos-chave que emergiram da análise dos estudos revisados, fornecendo insights valiosos para educadores, pesquisadores e profissionais da área da educação. Primeiramente, os jogos e brincadeiras lúdicas oferecem oportunidades únicas para as os alunos explorarem, experimentarem e aprenderem de maneira ativa e envolvente.

Ao envolver os alunos em atividades lúdicas, os educadores podem promover a aprendizagem significativa, estimular a criatividade e a imaginação, além de desenvolver habilidades sociais e emocionais essenciais, como colaboração, comunicação e resolução de conflitos. Além disso, os resultados desta revisão destacam a importância de uma abordagem holística e integrada ao uso de jogos e brincadeiras lúdicas na educação. É crucial considerar não apenas os aspectos cognitivos do aprendizado, mas também os aspectos sociais, emocionais e físicos, reconhecendo a interconexão entre essas dimensões no desenvolvimento infantil.

Embora os benefícios das atividades lúdicas sejam amplamente reconhecidos, este estudo também identificou desafios e questões em aberto que merecem atenção futura. Por exemplo, são necessárias mais pesquisas para entender melhor como adaptar e personalizar atividades lúdicas para atender às necessidades e interesses individuais dos alunos, bem como para avaliar os impactos de longo prazo dessas intervenções educacionais. Em conclusão, este estudo reforça a importância de reconhecer e valorizar o potencial educativo dos jogos e brincadeiras lúdicas na promoção do desenvolvimento infantil e na melhoria da qualidade da educação. Ao integrar de forma eficaz essas atividades no currículo escolar e nas práticas pedagógicas, os educadores podem criar ambientes de aprendizagem mais estimulantes, inclusivos e centrados no aluno, preparando aos alunos para enfrentar os desafios do século XXI.  

Os jogos e brincadeiras desempenham um papel essencial no desenvolvimento infantil, oferecendo aos alunos oportunidades únicas de aprendizado, crescimento e expressão. Ao longo deste estudo, pudemos explorar a riqueza dessas atividades e seus impactos positivos no desenvolvimento cognitivo, social, emocional e físico das crianças. Ficou evidente que os jogos e brincadeiras não são apenas momentos de diversão, mas sim experiências significativas que contribuem para a formação integral das crianças.

Através do jogo, elas exploram o mundo ao seu redor, experimentam diferentes papéis, desenvolvem habilidades importantes e constroem relacionamentos com os outros. No contexto educacional, os jogos e brincadeiras oferecem oportunidades valiosas para uma aprendizagem mais ativa, envolvente e significativa. Os educadores podem aproveitar essas atividades para promover o desenvolvimento de habilidades essenciais, estimular a criatividade e a imaginação, e aumentar o engajamento dos alunos na sala de aula.

Portanto, é fundamental que os educadores reconheçam e valorizem o potencial educativo dos jogos e brincadeiras, integrando-os de forma eficaz em suas práticas pedagógicas. Ao fazer isso, podemos criar ambientes de aprendizagem mais dinâmicos, inclusivos e centrados no aluno, preparando as os alunos para enfrentar os desafios do século XXI e se tornarem cidadãos ativos e engajados em suas comunidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARANITA, Isabel Maria da Costa. A importância do jogo no desenvolvimento da criança. Lisboa, 2012, p.79. Disponível em:http://www.saosebastiao.sp.gov.br/ef/pages/Corpo/Habilidades/leituras/a1.pdf(baranita).Acesso em: 25 de maio de 2018.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários À prática educativa. 39º ed. São Paulo, editora Paz e Terra, Coleção leitura. 2009. 148 p.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18º ed. Petrópolis: Vozes, 2001. Disponível em: http://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/1428/minayo__2001.pdf Acesso em: 20 de outubro de 2018.

Piaget, J. (1962). Brincadeira, sonho e imitação na infância. WW Norton & Company.

RONCA,  Paulo Afonso Caruso. A aula operatória e a construção do conhecimento. São Paulo, editora Edisplan, 1989.

Vygotsky, LS (1976). O brincar e seu papel no desenvolvimento mental da criança. Psicologia Soviética, 5(3), 6-18.


1Mestranda no Programa de Pós-graduação em Educação (PPGEdu) do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Rondonópolis(UFR). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Investigação Políticas Públicas e Formação de Professores (PPGEdu-UFR) (Rondonópolis/Brasil). E-mail: freitasjumt@hotmail.com; Orcid Id: https://orcid.org/0009-0003-3600-568X

2Mestrando no Programa de Pós-graduação em Educação (PPGEdu) do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Rondonópolis(UFR). Pesquisador do Grupo de Formação Humana, Teorias Educacionais e Políticas Públicas (FORTEP-UFR) (Rondonópolis/Brasil). E-mail: neudeleverger@gmail.com; Orcid Id: https//orcid.org/0000-0003-2977-6315

3Graduada em Pedagogia pela Centro Universitário de Várzea Grande – MT (UNIVAG), Professora Efetiva da Educação Básica da Escola Estadual Dom Vunibaldo – Pós Graduação em Administração Escolar pelo Instituto Varzeagradense de Educação de MT de Várzea Grande / M, Email: marilzabarros10@gmail.com https://orcid.org/0009-0008-6453-5844

4Graduada em Licenciatura Plena em Atendimento Educacional Especializado (AEE) pela Faveni- Guarulhos- SP. Professora Efetiva da Educação Básica da Creche Padre Lothar,  Pós Graduação em Atendimento Educacional Especializado (AEE) pela Invest- Cuiabá-MT / Email: patrícia.barros01@hotmail.com / https://orcid.org/0009-0009-1694-4835

5Mestranda no Programa de Pós-graduação em Educação (PPGEdu) do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Rondonópolis(UFR). Pesquisador do Grupo de Formação Humana, Teorias Educacionais e Políticas Públicas (FORTEP-UFR) (Rondonópolis/Brasil). E-mail: telma.rodrigues@aluno.ufr.edu.br. Orcid Id: https// orcid.org/0009-0003-5765-9092