UM BREVE ESTUDO CONTEMPORÂNEO SOBRE AS TEORIAS PEDAGÓGICAS E A EDUCAÇÃO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7802046


Valdirene Barbosa Pereira¹
 Zirani Neta Vidal²


RESUMO

Este artigo tem a finalidade de fazer um breve estudo sobre as Teorias Pedagógicas e a Educação na contemporaneidade. O estudo se elencou nas seguintes indagações: Velhas práticas pedagógicas; os equívocos na teoria e prática do construtivismo em sala de aula e a ausência de um debate histórico-crítico na construção do saber. O objetivo geral da pesquisa bibliográfica é analisar o estudo sobre o debate contemporâneo das Teorias Pedagógicas e a Educação. O principal referencial teórico desse trabalho serão os estudos feitos por Newton Duarte. Outras obras e fontes, também, serão pautadas no decorrer do trabalho. 

PALAVRAS-CHAVES: Teorias Pedagógicas. Educação. Aprender a Aprender.

ABSTRACT

This article aims to make a brief study on Pedagogical Theories and Education in contemporary times. The study was based on the following questions: Old pedagogical practices; mistakes in the theory and practice of constructivism in the classroom and the absence of a historical-critical debate in the construction of knowledge. The general objective of the bibliographical research is to analyze the study on the contemporary debate of Pedagogical Theories and Education. The main theoretical reference of this work will be the studies made by Newton Duarte. Other works and sources will also be guided in the progress of the work.

KEYWORDS: Pedagogical Theories. Education. Learn to learn.

1 PRELIMINAR

Por muito tempo a educação foi pautada nos moldes tradicionais, nos quais, o professor era o detentor absoluto do saber. A ele era dada a responsabilidade de transmitir os conhecimentos de geração em geração e ao aluno o papel de adquirir o saber da forma que eram lançados.

Para Saviani (1991. P. 18), as iniciativas do trabalho escolar eram de responsabilidade do professor e este, deveria estar razoavelmente preparado e as escolas com suas organizações em classe contendo em cada uma delas um professor para expor o assunto e aplicar as atividades para serem respondidas pelos alunos disciplinadamente.

Com o passar do tempo, com a evolução, surgiu a necessidade de uma mudança na didática e nas metodologias aplicadas em sala de aula diferenciadas dos modelos tradicionais nas quais o professor deixaria de ser o detentor absoluto do conhecimento, no âmbito escolar e a aprendizagem seria inerente a cada indivíduo. Partindo do conhecimento prévio do aluno, da sua própria capacidade e este estaria em condições de igualdade às do professor que teria o papel de orientar e não mais de ditar o conhecimento. A partir daí vale ressaltar que:

A didática não poderá continuar sendo um apêndice de orientações mecânicas e tecnológicas. Deverá ser sim, um modo crítico de desenvolver uma prática educativa, forjada, de um projeto histórico, que não se fará tão-somente pelo educador, mas pelo educador, conjuntamente, com o educando e outros membros dos diversos setores da sociedade (CANDAU, 1984, P.30).

O desafio do momento é criar uma escola que prime pela qualidade da educação valorizando o conhecimento empírico do aluno de forma crítica e participativa. (Premack e Premack, 1996), cita que nas sociedades humanas, o ensino, ou seja, a educação não é apenas possível, mas necessária. Para ele não há sociedade humana sem educação, pois sem ela não haveria como transmitir e conservar a cultura. No entanto (Pozo, 2004) argumenta que em nossa cultura da aprendizagem atual nosso compromisso é incorporar os alunos e futuros cidadãos  à  ―sociedade  do  conhecimento‖  e  dotá-los  das  capacidades  afetivas,  cognitivas  e sociais que lhes proporcionem converter a informação obtida em conhecimento.

Diante dessa urgência de mudança dos paradigmas da educação perceber-se-á a necessidade de mudar a forma de aprender a aprender para que o aluno se torne crítico, criativo e possa adquirir conhecimento amplo em relação às informações que lhe chegam a todo o momento adquirindo uma visão de mundo consciente de suas competências e habilidades e do seu papel de cidadão no meio social em que vive.

Por tudo isso se fará um breve estudo sobre as Teorias Pedagógicas e a Educação na contemporaneidade com a intenção de entender o porquê da escola se distanciar cada vez mais da construção do conhecimento do aluno como um ser social que necessita aprender a aprender.

Para isso o estudo baseou-se nas seguintes hipóteses: o uso de velhas práticas pedagógicas docentes que não condizem mais com o mundo tecnológico atual; os equívocos na teoria e prática do construtivismo em sala de aula e a ausência de um debate histórico- crítico na construção do saber.

Tendo como objetivo geral da pesquisa bibliográfica analisar o estudo sobre o debate contemporâneo das Teorias Pedagógicas e a Educação. E como objetivos específicos estudar as teorias que norteiam a educação na contemporaneidade; refletir sobre a pedagogia do aprender a aprender; repensar os estudos que envolvem a teoria e prática do método construtivista. Como referencial teórico citará os estudos feitos por Newton Duarte e outras obras e fontes disponíveis que serão citadas no decorrer do trabalho.  

2 O LEMA “APRENDER A APRENDER” SEU VALOR EDUCACIONAL

O trabalho educativo produz, nos indivíduos singulares, a humanidade, isto é, o trabalho educativo alcança sua finalidade quando cada indivíduo singular se apropria da humanidade produzida histórica e coletivamente, quando o indivíduo apropria-se dos elementos culturais necessários à sua formação como ser humano, necessários à sua humanização (DUARTE, 1998).

Aqui, não poderíamos iniciar esse tópico, sem antes fazermos uma breve reflexão sobre antigas práticas educacionais. É certo que os homens fazem história na medida em que produzem e reproduzem as condições de existência. E para que essa história fosse constituída, as sociedades humanas foram se formando através do trabalho humano. Nas sociedades primitivas era atribuição dos mais velhos ensinar os mais novos.

Na busca de alimentos e outras necessidades o homem era obrigado a ser nômade por não saber ainda produzir alimentos para sua subsistência. Com o descobrimento da natureza o homem pode se apropriar do conhecimento por meio do trabalho e processos educativos. Surgindo daí propriedades privadas, divisão social do homem pelo homem através do escravismo. Surgindo então grandes tribos com a descoberta da agricultura e da pecuária, alterando-se as relações humanas.

Com essas mudanças surge na antiguidade clássica a educação restrita onde o ensino era privilégio de uma pequena elite, enquanto a grande massa ficava excluída do direito à educação. Com a evolução surgiu a necessidade de qualificação da mão de obra oportunizando a ―todos‖ o direito à educação gratuita e obrigatória.

Segundo Newton Duarte uma das formas mais importantes do ―aprender a aprender‖ nas últimas duas décadas aconteceu através da maciça difusão da epistemologia e da psicologia genética de Jean Piaget através do movimento construtivista que se transformou em um grande modismo no Brasil a partir de 1980 que defendia princípios pedagógicos semelhantes aos do movimento escolanovista. Com processo de mundialização do capital e de difusão, na América Latina em meio a um novo modelo econômico, político e ideológico neoliberal e é nesse cenário que o lema ―aprender a aprender‖ é tido como uma palavra que caracterizaria uma educação democrática.

Conforme estudo, os autores que defendem o construtivismo endossam o lema ―aprender a aprender‖ entre eles César Cool que apresenta o lema como a finalidade última da intervenção pedagógica contribuir para que o aluno seja capaz de realizar aprendizagens significativas por si mesmo em várias circunstâncias.

Numa perspectiva construtivista, a finalidade última da intervenção pedagógica é contribuir para que o aluno desenvolva a capacidade de realizar aprendizagens significativas por si mesmo numa ampla gama de situações e circunstâncias, que o aluno ―  aprenda a aprender‖. (Coll, 1994, p. 136)

Piaget citou, em seu livro Problemas de Psicologia Genética, a importância do ―aprender  a  aprender‖  na  educação  escolar  quando,  analisou   os   fatores  que  determinam  o desenvolvimento intelectual dentre eles assinalou a existência da hereditariedade que produz a maturação interna; a experiência física individual da criança que age como objeto; a transmissão social considerada como fator educativo e como principal fator do desenvolvimento e a equilibração que trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e acomodação agindo como mecanismo auto regulador a fim de assegurar à criança a integrar- se no meio ambiente com eficácia.

O ideal da educação não é aprender ao máximo, maximizar os resultados, mas é antes de tudo aprender a aprender; é aprender a se desenvolver e aprender a continuar a se desenvolver depois da escola. (Piaget, 1983, p. 225).

Segundo  o  ideário  escolanovista  e  o  construtivista  o  lema  ―aprender  a  aprender‖ carrega alguns posicionamentos valorativos. Como primeiro posicionamento cita-se a aprendizagem que o indivíduo adquire sozinho sem interferência de outros, esta contribuiria para o aumento da autonomia do indivíduo. Citando Dewey, o autor do artigo afirma que a aprendizagem da criança se desenvolve naturalmente sempre que ela percebe como interessantes e úteis por si mesmo os objetos em que se exercita.

Esse seria um conhecimento sem a ajuda do mestre só através da aprendizagem pessoal da criança aprendendo a conhecer tudo que a cerca e adquirindo um espírito científico visto como muito mais precioso e significativo.

Numa perspectiva construtivista, a finalidade última da intervenção pedagógica é contribuir para que o aluno desenvolva a capacidade de realizar aprendizagens significativas por si mesmo numa ampla gama de situações e circunstâncias, que o aluno aprenda a aprender (Coll, 1994, p. 136).

Nesse cenário, aprender sozinho contribuiria para o crescimento da autonomia do indivíduo, enquanto aprender como término de um processo de transmissão por outra pessoa seria algo que não produziria a autonomia e, que poderia ser um obstáculo para a mesma.

O segundo posicionamento valorativo afirma ser mais importante para o aluno desenvolver um método de aquisição, elaboração, descoberta e construção de conhecimento do que aprender o que outras pessoas já descobriram antes. Para os autores é mais importante adquirir o método científico do que o conhecimento científico do já pré-estabelecido. Ao citar Cousinet afirma que esse segundo posicionamento não poderá ser desvinculado do primeiro porque  a  criança  só  poderia  adquirir  o  método  de  investigação  através  do  ―aprender  a aprender‖ por meio de uma atividade autônoma.

O terceiro posicionamento valorativo contido no lema ―aprender a aprender‖ cita que para verdadeiramente educativa a atividade do aluno deve ser impulsionada e dirigida seguindo os interesses e necessidades da criança.

Bloche entendia apoiado em Claparède e em Dewey que a diferença entre a escola nova e a tradicional era que na escola nova a educação da criança era aplicada através de atividades movidas por seus próprios interesses e necessidades e não impostos. ―A escola ativa que procuramos criar, diz Kerschensteiner, é aquela em que os alunos se formem ativamente eles próprios e partindo deles mesmos, em lugar de serem formados passivamente pela aplicação externa de cômodas de cultura incessantemente empilhadas umas sobre as outras‖ [BLOCH, 1951. p. 56].

A diferença entre esse terceiro posicionamento valorativo e os dois primeiros consiste em ressaltar que além de o aluno buscar por si mesmo o conhecimento e nesse processo construir seu método de conhecer, é preciso também que o motor desse processo seja uma necessidade inerente à própria atividade da criança, ou seja, é preciso que a educação esteja inserida de maneira funcional na atividade da criança, na linha da concepção de educação funcional de Claparède (1954).

Segundo estudo, enquanto a escola tradicional era estática e os conhecimentos passados  de  geração   em   geração   eram   suficientes   para   garantir  a   aquisição   da aprendizagem. A escola nova (ou construtivista) surgiu com uma nova roupagem pautada no dinamismo da sociedade que está sempre em transformação e os conhecimentos não são estanques, por isso estão se atualizando a cada momento. Necessitando que a escola também faça parte deste dinamismo para que haja aprendizagem constante.

O quarto e último posicionamento valorativo contido no lema ―aprender a aprender‖ afirma que a educação deve ter a função de preparar os indivíduos para acompanharem o acelerado processo de mudança pela qual passa a sociedade na qual as verdades podem ser superadas deixando de serem absolutas, precisando sempre ser revistas. Nesse contexto o indivíduo procura se atualizar para que não fique com seus conhecimentos ultrapassados.

Dessa forma, com o avanço tecnológico as informações são processadas em um tempo hábil, com isso exige-se cada vez mais o conhecimento global. E dentro dessa nova realidade o mercado do trabalho, necessita de pessoas qualificadas para preencher as vagas existentes que, em muitas empresas, deixam a desejar por falta de pessoas com competência e habilidades para exercer determinada profissão. Por isso o sucesso tanto do empresário como do trabalhador do século XXI dependem da maximização das suas competências cognitivas.

[…] A capacidade de adaptação e de aprender a aprender e a reaprender, tão necessária para milhares de trabalhadores que terão de ser reconvertidas em vez de despedidos, a flexibilidade e modificabilidade para novos postos de trabalho vão surgir cada vez com mais veemência. Com a redução dos trabalhadores agrícolas e dos operários industriais, os postos de emprego que restam serão mais disputados, e tais postos de trabalho terão que ser conquistados pelos trabalhadores preparados e diferenciados em termos cognitivos [FONSECA, 1998, p. 307].

E nessa visão o aprender a aprender é tido como meio de competição no preenchimento das vagas de emprego. Desde quando esse lema é destinado a uma concepção de educação voltada para a formação de indivíduos criativos na busca de novas formas de ação   que   permitam   uma   melhor  ―adaptação  aos   ditames   do   processo   de   produção   e reprodução e reprodução do capital‖

3 POLÊMICAS DO NOSSO TEMPO SOBRE O CONSTRUTIVISMO

O autor Newton Duarte versa sobre o debate educacional, mostrando características quase hegemônicas das pedagogias do a ―aprender a aprender‖ (Duarte,2001). Dentro desse pensamento ele destaca o construtivismo, a pedagogia do professor reflexivo, a pedagogia das competências, a pedagogia dos projetos e a multiculturalista.

De acordo com o autor, tais pedagogias apresentam especificidades iguais, ou seja, negam a eficácia da pedagogia chamada tradicional. Em contrapartida, as pedagogias do aprender a aprender também podem ser consideradas negativas à medida que negam a composição clássica das outras pedagogias. Essa atitude negativa com relação a escola, seus métodos, suas práticas e seus conteúdos clássicos não têm exclusividade no século XX e início do século XXI.

As ideias defendidas por essas pedagogias, apesar do tempo, assumem novos sentidos dados pelo contexto das ideias onde, predominam uma visão de mundo pós-moderno. No livro sobre o Construtivismo Polêmicas do nosso tempo organizado pelo autor Newton Duarte tece algumas críticas que nos fazem pensar sobre a aplicabilidade dessa teoria.

Analisando o pensamento de alguns pesquisadores e pensadores da Educação, dentre eles destaca-se Silva (1998), que procurando fazer a crítica ao construtivismo a partir de um enfoque pós-estruturalista, aponta a situação privilegiada que este ideário ocupa na educação, segundo as próprias narrativas construtivistas. O autor citado percebe que a abordagem construtivista é falada como o clímax de uma história de compreensão cada vez mais científica da mente humana.

Para Newton Duarte, tanto internacionalmente quanto nacionalmente alguns profissionais da educação veem no Construtivismo o caminho certo para uma educação de qualidade.

Seguindo essa linha, o autor Newton vê o construtivismo como mais um modismo na educação. Diante disso, o autor afirma que o construtivismo se apresenta hoje como um dos principais modismos de nossa educação e, nesse sentido, um fenômeno privilegiado para aqueles que pretendem analisar o problema dos modismos teóricos de nossa realidade educacional. (Newton Duarte/Construtivismo e Alienação, 2000, p. 11).

Para Newton, a criticidade ao Construtivismo é relevante por causa do status que o método alcançou no campo educacional, isso para certos profissionais que atuam na educação. Em certos momentos de reflexão sobre o Construtivismo o autor Newton Duarte se vê tentado a questionar o porquê alguns autores, professores, pesquisadores e estudiosos têm se apaixonado tanto por esse ideário construtivista. E, por outro lado, porque alguns outros não tem se deixado iludir por mais esse modismo ―construtivista‖. Aqui cabe uma pergunta: Por que é tão sedutor para uns e não tanto para outros?

Silva (1993) afirma que o sucesso do construtivismo seria devido, entre outras coisas, ao fato de apresentar-se como a resposta para a questão do que fazer na sala de aula na segunda-feira pela manhã, assumindo, ao mesmo tempo, ares de uma concepção crítica e progressista.

(Duarte 1998) defende a tese de que o construtivismo seria “concepção negativa sobre o ato de ensinar”, o que contradiz a ideia tão difundida segundo a qual o construtivismo devia seu sucesso ao fato de trazer aos educadores propostas concretas sobre o fazer pedagógico de sala de aula. Diante de tantos questionamentos sobre o construtivismo e essa sedução toda para alguns profissionais da educação, o que se pensa é: será que essa palavra tão bonita e por vezes, promissora seria de fato mais um modismo ou uma maneira mais criativa de aprender? O certo é que, para alguns autores ou pesquisadores nada está concluído ou mesmo acabado, tudo ainda é passivo de pesquisas, estudos e mais descobertas.

4 PEDAGOGIA DO HISTÓRICO CRÍTICO NA CONSTRUÇÃO DO SABER

O autor Dermeval Saviani (2008) sugere o ano de 1979 como sendo o marco do surgimento da abordagem histórico-crítica. O então professor e coordenador do curso de doutorado em educação da PUC-SP começou com seus estudantes a discutir uma nova visão acerca da educação brasileira e esse olhar espalhou-se pelo país fora, tomando corpo e transformando pensamentos. Um grande veículo de comunicação possibilitou maior veiculação das propostas discutidas e publicadas pelo professor Saviani e seus colaboradores. A Revista da Associação Nacional de Educação (ANDE) foi o espaço que o estudioso publicou suas primeiras missivas acerca da pedagogia histórico-crítica.

O que é mesmo esse novo pensar da educação? Esse novo modelo de educação? Em que base teórica o estudioso se firma? Saviani (2008, p. 88) utiliza a expressão pedagogia histórico-crítica no alvo de “[…] compreender a questão educacional com base no desenvolvimento histórico objetivo. Portanto, a concepção pressuposta nesta visão da pedagogia histórico-crítica é o materialismo histórico […]”. O estudioso busca superar as teorias não críticas e as crítico-reprodutivistas, pois ambas não possuem o entendimento histórico sobre a educação. Já a teoria crítica, que tem a pedagogia histórico-crítica como alicerce didático-metodológico sobre a educação, busca […] compreender a educação no seu desenvolvimento histórico-objetivo e, por consequência, a possibilidade de se articular uma proposta pedagógica cujo ponto de referência, cujo compromisso, seja a transformação da sociedade e não sua manutenção, a sua perpetuação […] (ibidem, p. 93).

Como deve ser a metodologia utilizada pelo docente para desenvolver suas atividades pedagógicas firmadas na Pedagogia Histórico-crítica? Aqui, “O ponto de partida do novo método não será a escola, nem a sala de aula, mas a realidade social mais ampla […]” (GASPARIN, 2007, p. 03). Isso se dá porque “[…] os conteúdos reúnem dimensões conceituais, científicas, históricas, econômicas, ideológicas, políticas, culturais, educacionais que devem ser explicitadas e apreendidas no processo ensino aprendizagem” (ibidem, p. 02). Pois esses mesmos conteúdos são obras históricas de como os seres humanos governam sua vida nas relações sociais de trabalho em cada modo de produção.

A teoria construída por Saviani parte da prática social inicial do conteúdo, ou seja, toma como ponto de partida que os estudantes e o educador já possuem conhecimento, mesmo que precário; depois realiza a problematização, onde se explicita os principais problemas da prática social; em seguida realiza a instrumentalização, que são as ações didático-pedagógicas para a aprendizagem; progredindo constrói a catarse, que é a expressão elaborada da nova forma de entender a prática social; e por fim concretiza esse percurso na prática social final do conteúdo que é uma nova proposta de ação a partir do conteúdo aprendido que permite aos educandos sair de forma autônoma, criativa e consciente visando realizar operação e/ ou materiais ―pernas‖, progredindo do  nível  de  desenvolvimento  potencial  para  o  nível  de desenvolvimento real, pontos essenciais defendidos pela teoria de Vygotsky em seus estudos sobre a aquisição da aprendizagem experimentadas pelo ser humano.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É relevante compreender que a metodologia usada na escola marca o sucesso ou o fracasso escolar. É cada vez mais desafiador o trabalho na sala de aula de maneira que o educador encontre estratégias significativas para manter os alunos atentos e motivados a permanecerem na escola. As tendências pedagógicas vêm, ao longo do tempo, buscando desenvolver técnicas que se considerem peças chaves para resolver os problemas de aprendizagem dos alunos. Cada teórico apresenta seus argumentos. O complicado é entender porque o problema da Educação brasileira ainda não foi resolvido. E, porque os estudantes ainda estão tão distantes do que se considera sucesso escolar e, porque não dizer na vida. Tantas teorias, tantos métodos, mas onde está a chave para solucionar o problema do desinteresse dos alunos brasileiros com relação a este, permanecer e dar seguimento aos estudos? Por que tantos desistem? Por que o índice de analfabetos no nosso país ainda é tão significativo?

Em uma sociedade repleta de informações que são substituídas e atualizadas a todo o momento é necessário repensar o papel da escola. Como meio de transmitir conhecimentos, informações e aprendizagem diversas. Segundo Newton Duarte a escola na contemporaneidade, para alcançar o desenvolvimento tecnológico, deveria por um lado transmitir menos conhecimento e por outro lado propiciar ao aluno um instrumental cognitivo que o oportunizasse a acessar, selecionar e sintetizar os conhecimentos adquiridos pela tecnologia da informação. Bem como aprender a

aprender e reaprender para adquirir informações necessárias para se adaptar às novas exigências e acompanhar as mudanças que ocorrem ao seu redor em um tempo hábil para que possam enfrentar o mercado de trabalho com competências e habilidades.

Diante disso, faz-se necessário acrescentar que a formação do professor deve contemplar não só os fundamentos teóricos, mas também, os fundamentos metodológicos. É preciso ter consciência dos vários desafios vividos e enfrentados pela sociedade atual e preparar os alunos para viver nesse grupo tão complicado. Assim, partir dos pressupostos da pedagogia histórico-crítica pode ser mais uma alternativa que a educação precisa para permitir aos alunos saírem de suas gaiolas e voarem alto na busca pelo complemento do seu aprendizado. Para tanto, os fundamentos filosóficos da pedagogia instituída por Saviani faz-se como elemento de luta e de solo firme para nossa caminhada.

Precisamos, finalmente, compreender a educação no seu desenvolvimento histórico- objetivo, como nos alerta Saviani (2008), em razão disso, é conveniente comprometer-se com a mudança da sociedade e não na sua perpetuação. Encarando a práxis pedagógica como essência da realidade do educador e o saber como meio de produção que disponibilizará forças para a transformação social que todos desejamos.  

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¹Mestranda MPEJA-UNEB. Professora da Rede Municipal de Ensino e coordenadora pedagógica da Rede Estadual de Ensino no Estado de Pernambuco.
²Mestranda MPEJA-UNEB. Professora e Coordenadora pedagógica da Rede Estadual de Ensino do Estado da Bahia.