TUTOR OU PROFESSOR? INTERFACES PROFISSIONAIS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – EAD

Interfaces Profesionales en Educación a Distancia – EAD

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8415702


Leydimar Souza da Silva[1]


Resumo

O tutor se configura como o elo entre todas as ações realizadas na Educação a Distância (EaD) e diferentes seguimentos que compõem um curso, seja no ensino superior ou cursos Lato Sensu. Seu trabalho se torna fundamental para que o estudante tenha sucesso no curso escolhido, pois o mesmo fornece suporte para sanar as dúvidas e dificuldades encontradas no percurso das atividades educacionais. Por isso, este trabalho tem o objetivo de analisar editais de seleção para tutor para a Educação a Distância – EaD das principais instituições de ensino superior em Mato Grosso e desvelar se as atribuições do tutor está em consonância com as determinações estabelecidas pela Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED.  A pesquisa de natureza aplicada e descritiva tem o suporte na pesquisa documental para coleta e análise dos dados obtidos. As análises dos dados foram realizadas também a luz de teóricos como: MORAN (2002), AZEVEDO (2007), SARTORI e ROESLER (2003), PRETI (2009), SILVA (2011), PROVENZANO (2013) que estudam sobre a Educação a Distância. Os dados indicaram que semelhanças de papéis entre o professor e o tutor fazem com que as instituições públicas estudadas deleguem uma carga de trabalho e de responsabilidades muito grande ao tutor, sendo esse responsável pelo sucesso ou fracasso das turmas.

Palavras-chave: Educação à Distância. Tutoria. ABED.

Resumen

El tutor se configura como el eslabón entre todas las acciones realizadas en la Educación a Distancia (EaD) y diferentes seguimientos que componen un curso, sea en la enseñanza superior o cursos Lato Sensu. Su trabajo se vuelve fundamental para que el estudiante tenga éxito en el curso escogido, pues el mismo proporciona soporte para subsanar las dudas y dificultades encontradas en el recorrido de las actividades educativas. Por eso, este trabajo tiene el objetivo de analizar ediciones de selección para tutor para la Educación a Distancia – EaD de las principales instituciones de enseñanza superior en Mato Grosso y desvelar si las atrinuciones del tutor están en consonancia con las determinaciones establecidas por la Asociación Brasileña de Educación a Distancia – ABED. La investigación de naturaleza aplicada y descriptiva tiene el soporte en la investigación documental para la recolección y análisis de los datos obtenidos. Los análisis de los datos se realizaron también a la luz de teóricos como: MORAN (2002), AZEVEDO (2007), SARTORI y ROESLER (2003), PRETI (2009), SILVA (2011), PROVENZANO (2013) que estudian sobre la educación a la educación la distancia. Los datos indicaron que las semejanzas de roles entre el profesor y el tutor hacen que las instituciones públicas estudiadas deleguen una carga de trabajo y de responsabilidades muy grande al tutor, siendo el responsable del éxito o fracaso de las clases.

Palabras clave: Educación a Distancia. Tutoría. ABED.

1 INTRODUÇÃO

Por vez o papel do tutor e do professor na Educação a Distância – EaD são confundidos e não há distinção entre uma atividade e outra. As duas atribuições na EaD possuem características diferenciadas, mas ambas contribuem para o processo de ensino-aprendizagem nessa modalidade educacional.

O professor possui o papel de mediador de conhecimentos, toda a parte pedagógica está sob sua responsabilidade, como: elaboração de plano de ensino, avalições, trabalhos acadêmicos, como outras atividades.

O tutor a distância possui entre outras atribuições motivar e engajar os alunos na EaD. Ele faz a analise do contexto do curso e todos os seus componentes, realiza o atendimento aos educandos respeitando suas características e realiza, entre outras atribuições, a mediação pedagógica em cursos na modalidade a distância. Contudo, parece que esses dois papéis se apresentam muitas semelhanças e pouco distanciamento ao serem especificados em alguns editais de seleção para Educação a Distância – EaD. Dessa forma, este trabalho justifica-se ao colocar no centro das reflexões a questão do papel a ser desempenhado pelo tutor na EaD normatizados pela Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED.  A pergunta chave da pesquisa é se as principais instituições de ensino de Mato Grosso seguem as determinações da Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED para especificar o papel do tutor em editais de seleção para EaD?

O objetivo do artigo consiste em analisar editais de seleção para tutor para a Educação a Distância – EaD das principais instituições de ensino superior em Mato Grosso e desvelar se as atribuições do tutor está em consonância com as determinações estabelecidas pela Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED. 

A pesquisa de natureza aplicada busca desvelar se as determinações da ABED está sendo consideradas nos editais de seleção da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT e da Universidade Estadual de Mato Grosso – UNEMAT para estabelecimento de tutores da EaD no ano de 2018. Como abordagem pretende-se utilizar a pesquisa qualitativa por proporcionar a explicação dos motivos das coisas, “exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens” (GERHARD; SILVEIRA, 2009, p. 32).

Para atingir os objetivos buscaremos na pesquisa descritiva meios de compreender a problemática proposta neste projeto e “[…] descobrir a existência de associações entre variáveis” (GIL, 1999, p. 28).

Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa documental foi a que melhor se enquadra na composição de metodologias para se atingir os objetivos.  Este tipo de procedimento, de acordo com Gil (1999, p. 51) se “[…] assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A única diferença entre ambas está na natureza das fontes. […] vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”.

2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ENSINO SUPERIOR

A tecnologia esta sendo uma aliada para a ofertada de cursos superiores a distância. Educação a Distância – EaD, pode ser considerada como uma modalidade de ensino em que o espaço físico é substituído por um espaço virtual, onde professores e alunos se conectam diariamente para a construção de conhecimento mediada pelo uso da tecnologia (MORAN, 2002). Esse método de ensino pode ser efetivado via correio, rádio, televisão, telefone, entre outros, sendo que o meio mais evidenciado atualmente é a internet.

Segundo Yonezawa (2013, p. 17) “no Brasil, instituições como o Instituto Monitor e o Instituto Universal Brasileiro foram os pioneiros nessa modalidade”. Ambas as instituições ainda oferecem cursos à distância. A fase de envio de material pelos correios, ou chamados cursos por correspondências deram a alavancada para a realidade atual em que essa modalidade atingiu um público de centenas de estudantes em todo país.

A evolução da modalidade educacional a distância, conforme Moore e Kearsley (1996), teve na evolução das formas de comunicação sua maior aliada, como pode-se observar no quadro abaixo:

GERAÇÕESFORMA DE COMUNICAÇÃO
Estudo por correspondência, utilizando material impresso enviado por correio.
Utilizada nas primeiras universidades abertas da década de 70, além da correspondência empregavam radiodifusão, através de fitas de áudio e programas.
Programas gravados em televisão, radiodifusão, fitas de vídeo, contato telefônico, satélite, cabo e linhas de Serviço Integrado de Rede Digital (ISDN).
Fundamentado em conferências e computador, com transmissão em rede e estações de trabalho multimídia (videoconferências, chats, e-mail, ambientes virtuais de ensino (AVA), CD-ROM, etc.)
Quadro 01: Gerações do EaD.
Fonte: Moore e Kearsley (1996, p.10)

A evolução mostra como as ferramentas de comunicação foram se modificando. Assim, o material impresso, ganhos novos aliados para possibilitar a aprendizagem, como Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA.  Para que a EaD seja ofertada qualitativamente há a necessidade de uma equipe de apoio:  um grupo de coordenadores da unidade de EaD; um coordenador para cada curso oferecido pela instituição; um coordenador para cada disciplina; um grupo de tutores, técnicos e monitores (MILL; FIDALGO, 2007).

No ano de 2005, por meio do Decreto nº 5.622, a EaD ganha prerrogativas diferenciadas das outras modalidades. No Art. 01 da citada legislação estabelece que:

Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL, 2005, p. 1).

As atividades educativas podem abranges diferentes níveis de escolaridade, como graduação; especialização; mestrado; e doutorado. Sendo “os cursos e programas a distância deverão ser projetados com a mesma duração definida para os respectivos cursos na modalidade presencial” (BRASIL, 2005, p. 1).

A expansão da EaD ganha em 2006 um novo impulso com a criação pelo Decreto nº 5.800 de 08/06/2006, do Sistema Universidade Aberta do Brasil – UAB, articulada a Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Ensino Superior – CAPES. O projeto visava

[…] a articulação e integração de um sistema nacional de educação superior a distância, em caráter experimental, visando sistematizar as ações, programas, projetos, atividades pertencentes as políticas públicas voltadas para a ampliação e interiorização da oferta do ensino superior gratuito e de qualidade no Brasil (BRASIL, 2009, s/p).

A criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil – UAB teve a participação dos governos federais, estaduais e municipais, universidades públicas e demais organizações interessadas na modalidade EaD. De acordo com Preti (2009, p. 1) a semente para a criação da UAB já havia sido plantada a vários anos atrás:

A semente para a criação da UAB, podemos dizer, pode ser encontrada na implantação dos consórcios BRASILEAD (1996) e UNIREDE (2000), formados por Instituições Públicas de Ensino Superior. Buscavam uns “lócus” onde pudessem estabelecer parcerias interinstitucionais para oferta de cursos a distância, trocando saberes e experiências nessa modalidade em que todos nós estávamos “engatinhando”.

Com isso, a Secretaria de Educação a Distância, unida ao Ministério da Educação – MEC, “passou a chamar para si também esse desafio e começou uma articulação para o fortalecimento da modalidade a distância junto às instituições que já ofereciam cursos a distância e a incentivar outras para que se iniciassem nessa modalidade” (PRETI, 2009, p. 2).

A UAB não é responsável em ofertar cursos, realizar processo seletivo para ingresso no ensino superior. “Ela é responsável pela seleção, matrícula, acompanhamento pedagógico, avaliação, estrutura de apoio, expedição de diploma, etc. como acontece nos seus cursos presenciais” (PRETI, 2009, p. 5).

Para o sistema UAB funcionar foi estruturado para atender a nova demanda tecnológica dos cursos a distância. Por isso foram elaborados os Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA. A Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Ensino Superior – CAPES, no comando do Sistema Universidade Aberta do Brasil – UAB, em convênio com o Ministério da Educação – MEC, estipularam um modelo de Ambientes Virtuais de Aprendizagem para os cursos em universidades federais – o Modular Object-OrientedDynamic Learning Environmen – Moodle. Esta plataforma AVA é

[…] um ambiente de aprendizagem que propicia a interatividade e se insere em uma nova concepção de web, todavia, se não for utilizado no seu potencial, continuará reproduzindo a linearidade dos processos pedagógicos presenciais em uma perspectiva tradicional. Com a emergência da web 2.0 (chats, webconferência, fóruns, lista de discussão, blogs, wikis, facebook, dentre outros), no início do século XXI, há uma demanda por uma docência dialógica tanto no ambiente presencial quanto no ambiente on-line (PROVENZANO, 2013, p. 56).

Lopes et. al. (2010, p. 195) esclarece que a Educação a Distância teve um crescimento significativo no Brasil de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas de alunos matriculados nos cursos a distância em 2005; “[…] das quais, 504.204 estudaram em uma instituição autorizada pelo Sistema de Ensino Brasileiro. Junto a essa proliferação, assistimos também à multiplicação dos tipos de curso”. Segundo a mesma autora dados do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta a Distância – ABRAEAD, em 2005 foram ofertados 321 novos cursos, mais de 200% acima do que foram ofertados em 2004, 56 novos cursos. Isso porque o número de instituições que se credenciaram para ofertar a educação a distância no país teve um crescimento de 30%, e passou de 166 para 217 instituições de ensino. A ABRAEAD publicou que atualmente um em cada 73 brasileiros estuda a distância. Por isso a responsabilidade do tutor/articulador em desempenhar suas funções aumenta frente aos desafios impostos pelos cursos em EaD.

3 AS FUNÇÕES NA EAD

A EaD se configura como uma opção “pedagógica de grande alcance e que deve utilizar e incorporar as novas tecnologias como meio para alcançar os objetivos das práticas educativas implementadas.” (PRETI, 1996, p. 26). Por isso, todos os componentes humanos da organização do sistema em EaD é importante para que associado a tecnologia o sistema a distância proporcione meios para aquisição de conhecimentos significativos.

Sebastián Ramos (1990, p.31) descreve algumas atribuições que se espera do professor que atua na EaD:

[…] uma atuação técnica, ligada ao desenho dos cursos e a sua avaliação; uma atividade orientadora, capaz de estimular, motivar e ajudar o aluno, além de estimulá-lo à responsabilidade e à autonomia; um comportamento facilitador do êxito e não meramente controlador e sancionador da aprendizagem alcançada, e a utilização eficaz de todos os meios para a informação e o ensino.

Por isso, o professor deve primeiramente conhecer as necessidades e demandas do alunado, “[…] desenvolver atitudes orientadoras e de respeito à personalidade dos estudantes e dar-se conta de que sua função é formar alunos adultos para uma realidade cultural e técnica em constante transformação” (PRETI, 1996, p. 37).

A contribuição de Schnitman (2010, p. 2) para a reflexão proposta neste trabalho vem esclarecer sobre os professores na EaD dizendo que:

Os educadores à distância nem sempre têm o tempo ou os recursos necessários para a coleta de todas as informações sobre os alunos, mas deveriam procurar obter o maior número de informações possíveis sobre eles. Essas informações são importantes para direcionar o desenvolvimento dos cursos, visando alcançar os objetivos gerais propostos.

A educação online implica em estabelecer horários e uma carga de estudo que não permita acumulações de atividades, pois assim, o aluno conseguirá ter sucesso e realizar o cronograma das disciplinas do curso.

Além do professor, existem outros componentes importantes na EaD. O quadro abaixo mostra um resumo das características de cada componente da Educação a Distância:

COMPONENTESATRIBUIÇÃO NA EAD
AlunoQue é um adulto que irá aprender a distância.
ProfessoresCada um responsável por seu curso ou disciplina, à disposição de alunos e tutores.
TutoresQue poderão ser ou não especialistas daquela disciplina ou área de conhecimento, com a função de acompanhar e apoiar os estudantes em sua caminhada.
Material didáticoO elo de diálogo do estudante com o autor, com o professor, com suas experiências, com sua vida mediando seu processo de aprendizagem.
ComunicaçãoQue deverá ser bidirecional, com diferentes modalidades e vias de acesso.
Estrutura organizativaConcepção e produção de materiais didáticos, distribuição dos mesmos, direção da comunicação, condução do processo de aprendizagem e de avaliação, centros ou unidades de apoio.
Quadro 02: Características dos componentes da Educação a Distância
Fonte: PRETI (1996, p. 37).

O perfil do aluno na educação a distância no Brasil sofreu algumas transformações, pois em seu primórdio era comum a EaD abarcar pessoas com idade superior a 35 ano. Atualmente a maioria são mulheres, que têm entre 18 e 30 anos de idade, que trabalham fora, sendo as áreas de educação e gestão as mais procuradas por elas em todo o país (CENSO EAD, 2016).

A ABDE (2012, p. 2) esclarece que a tutoria de cursos de EAD deve contemplar “[…] as áreas de conhecimento específico, pedagógica, comunicacional, tecnológica e gerencial, tendo em vista a aprendizagem dos educandos e a melhoria contínua de boas práticas”.

Os tutores na educação a distância participam de intrinsicamente na mediação do processo de aprendizagem dos alunos. O Ministério da Educação explana que o tutor é participante ativo da prática pedagógica na EaD. “Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem e para o acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico” (BRASIL, 2009).

Nunes (2012, p. 3-4) diferencia a atribuição do tutor na educação a distância em duas diferentes atribuições: tutoria presencial e tutoria a distância:

A tutoria a distância: atua a partir da instituição, mediando o processo pedagógico junto a estudantes geograficamente distantes. Deve esclarecer dúvidas por meio de recursos tecnológicos, promover espaços de construção coletiva de conhecimento e participar dos processos avaliativos.

A tutoria presencial: atende os estudantes nos polos presenciais. O tutor deve conhecer o projeto do curso e o material didático, a fim de auxiliar os estudantes em suas atividades individuais e em grupo, fomentando a pesquisa e esclarecendo dúvidas específicas e sobre as tecnologias usadas. Deve participar dos momentos presenciais, como avaliações e aulas práticas, e se manter em comunicação com os alunos e com a equipe do curso. Neste trabalho vamos considerar para análise somente as atribuições do tutor a distância na EaD.

3.1 Atribuições do tutor descritas no edital de seleção para a EAD

Dessa forma, percebe-se que os papéis desempenhados pelo tutor podem assumir significados diferenciados dependendo do tempo histórico no qual está inserido “[…] bem como depende da estrutura organizativa de cada instituição. Seu significado etimológico, ganha novas interpretações e exigem desse profissional o comprometimento e o conhecimento da EAD” (COSTA, 2013, p. 106). Por isso, o Ministério da Educação determina que a principal atribuição do tutor consiste no “esclarecimento de dúvidas através fóruns de discussão pela Internet, pelo telefone, participação em videoconferências, entre outros, de acordo com o projeto pedagógico” (BRASIL, 2007, p. 21).

As atribuições do tutor a distância determinadas pela ABED (2012, p.2) encontram-se ancorado em três unidades:

Unidade 1- Planejar ações de tutoria em cursos de EAD (Analisar o contexto do curso e todos os seus componentes; Planejar o atendimento aos educandos respeitando suas características).

Unidade 2 – Realizar a tutoria em cursos de EAD (Estimular a interação; Orientar os educandos; Comunicar-se com os educandos e Identificar os diferentes estilos de aprendizagem; Mediar conflitos; Gerenciar o tempo).

Unidade 3 – Avaliar as ações de tutoria em cursos de EAD (Avaliar o desempenho dos educandos no curso e avaliar o processo comunicacional do curso).

A ABED ao determinar as unidades indica também uma responsabilidade ampla destinada ao tutor que indica que o curso o sucesso do curso depende muito dele. Quantos aos editais de seleção para tutor, o EDITAL Nº 001 de 2018 para o curso de graduação em Licenciatura em Ciências Naturais e Matemática ressalta que o esse profissional tem que ter disponibilidade de 20 horas de trabalho, sendo mínimo de dois dias no Polo (12 horas) e as demais distribuídas nas atividades a distância (08 horas). São elas:

– Exercer diariamente suas atividades no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), de acordo com a carga horária estabelecida;

-Participar das capacitações que serão realizadas mensalmente pela Coordenação do Curso no campus Cuiabá-MT

– Encaminhar mensalmente ao Coordenador de Curso ao qual se vincula um diário de classe com o desempenho dos cursistas pertencentes à sua turma;

– Articular-se com o professor da disciplina para sugerir atividades de aprendizagem cooperativa, sanar dúvidas referentes ao conteúdo da disciplina, informar sobre o andamento acadêmico da disciplina;

– Acompanhar sua turma de cursistas por meio de fórum e outros registros no AVA;

– Motivar os cursistas a se empenharem no estudo, na realização das atividades propostas em momentos presenciais e a distância;

– Sugerir e encaminhar material suplementar ao professor formador de modo a contribuir na compreensão dos assuntos abordados e/ou no aprofundamento sobre os temas propostos pelo Guia Didático da disciplina;

– Sanar as dúvidas do cursista em relação aos temas em estudo, contando com o apoio do professor formador;

– Contribuir para obtenção de um ambiente virtual atrativo, desenvolvendo ações e estratégias para motivar os cursistas e evitar o abandono do curso;

– Corrigir e avaliar as atividades dos cursistas propostas pelo Guia Didático da Disciplina, com devolutivas no prazo de 48 horas, exceto as atividades vinculadas ao Trabalho Final;

– Corrigir e avaliar o Trabalho Final da sua turma, de acordo com os critérios estipulados no Guia Didático da disciplina, com apoio do professor responsável pela disciplina;

– Fazer a média final dos resultados das atividades realizadas, conforme o Guia Didático da disciplina e lançar a nota final no sistema acadêmico da UFMT (UFMT, 20018, p. 4).

Percebe-se que as atividades estabelecidas pela UFMT para o tutor a distância privilegiam mais as atividades que este realiza no Polo do que no AVA. O que indica que suas atribuições estão misturadas com as do tutor presencial. No que diz respeito ao cumprimento das determinações, as atribuições se encaixam dentro dos eixos estabelecidos pelas da ABED.

A UNEMAT possui uma carga horária diferenciada para o tutor a distância no Edital nº 002/2018 – UNEMAT/PROEG/DEAD/UAB para atuarem nos cursos de graduação determina que este profissional tem que ter no mínimo, 16 horas semanais para desenvolver atividades relativas a tutoria a distância, incluindo os finais de semana e 04 estar presente ao polo.

a) Conhecer o Projeto Político Pedagógico do Curso.

b) Conhecer o Plano da Disciplina elaborado pelo professor da disciplina.

c) Participar de reunião com o professor para a discussão e definição das atividades e da metodologia de trabalho da disciplina.

d) Mediar a comunicação de conteúdos entre o professor e os discentes.

e) Auxiliar o professor da disciplina no desenvolvimento das atividades docentes.

f) Acompanhar as atividades dos alunos, conforme o cronograma do curso.

g) Manter regularidade de acesso ao AVA e dar retorno às solicitações dos alunos no prazo máximo de 48 horas.

h) Acompanhar e participar das atividades realizadas através das ferramentas de conectividade: chat, web-conferência, fórum, listas de discussão, wikis e outras.

i) Promover encontros individuais e coletivos nas diversas ferramentas do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)- Plataforma Moodle.

j) Estabelecer contato permanente com os alunos e mediar as atividades discentes.

k) Colaborar com a Coordenação do Curso na avaliação dos estudantes.

l) Participar das reuniões pedagógicas, das atividades de formação e atualização promovidas pelas Coordenações de Curso e Tutoria.

m) Participar do processo de avaliação da disciplina sob orientação do professor responsável.

n) Acompanhar e orientar as atividades didático-pedagógicas, prestando informações sobre resultados alcançados pelos alunos.

o) Usar as planilhas disponibilizadas pela secretaria do curso para registro de atividades acadêmicas.

p) Apresentar aos Coordenadores de Curso e de Tutoria, ao final da disciplina, relatório do desempenho dos estudantes e do desenvolvimento da disciplina.

q) Apresentar relatório de viagens para a Coordenação do Curso e de Tutoria, demonstrando as atividades pedagógicas desenvolvidas quando dos encontros presenciais.

r) Disponibilizar, de acordo com orientações e critérios estabelecidos pela CAPES (Portaria CAPES nº 183/2016, Art. 12), quaisquer recursos educacionais desenvolvidos em licenciamento aberto, resguardado o devido crédito de autoria, na modalidade declarada pelo bolsista nos termos do formulário de cadastro de bolsista (ficha/termo). A título de exemplo, são entendidos como recursos educacionais materiais didáticos, vídeos, objetos educacionais, jogos, dados, processos, metodologias e sistemas, dentre outros (UNEMAT/DEAD, 20018, p. 5).

As atribuições de tutoria na DEAD/UNEMAT possuem especificações diferenciadas para a mesma atribuição descrita na UFMT. Um exemplo é que na UFMT o tutor faz sugestões e encaminha material suplementar ao professor formador contribuindo com a disciplina. Já na UNEMAT ele deve disponibilizar sob os critérios estabelecidos pela CAPES (Portaria CAPES nº 183/2016, Art. 12), quaisquer recursos educacionais desenvolvidos em licenciamento aberto, resguardado o devido crédito de autoria. O edital trás ainda as especificações recursos educacionais materiais didáticos, vídeos, objetos educacionais, jogos, dados, processos, metodologias e sistemas, dentre outros. O parágrafo, do modo que está redigido, pode indicar que não passa pelo clive do professor, ele pode enviar diretamente aos alunos os materiais.

Outra diferença é que na UNEMAT não se determina claramente, como na UFMT, que é responsabilidade do tutor a correção das atividades acadêmicas, no item “h” ressalta que ele pode colaborar com a Coordenação do Curso na avaliação dos estudantes. O que se acredita que acaba não acontecendo essa colaboração e sim, o encargo de corrigir todas as atividades da turma tutoriada. Assim como a UFMT a UNEMAT parece seguir as determinações que estão expressas na ABED para a efetivação do trabalho do tutor.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O(a) tutor(a) tem imbuído em suas atribuições a de gestor, pois ele pode, com suas ações, contribuir para o fortalecimento da educação a distância dentro da instituição de ensino, pois somente o(a) tutor(a)  possui o domínio e informações da sala de aula virtual e da situação educacional de cada graduando(a), podendo desta maneira estimular o aluno a concluir o curso e evitar a evasão e inadimplência.

Percebe-se que o tutor deveria somente função de acompanhar e apoiar os estudantes em sua caminhada e não assumir as responsabilidades e tantas atribuições a ele delegadas. O acompanhamento já seria muito trabalhoso, pois cada acadêmico tem necessidades diferenciadas de aprendizagem e grau de dificuldades com as ferramentas do AVA. Quando suas atribuições são a de efetivar as correções e as notas, bem como os materiais pedagógicos, o que este se difere do professor? Será que a linha mais expressiva que determina a diferença entre ambas as atribuições na EaD seria somente o valor da bolsa? Pois o tutor recebe por todo o trabalho o valor de R$ 765,00 por bolsa e o professor formador I o valor de R$1.300,00 e Professor formador II o valor de R$1.100,00. O valor da bolsa de tutor fica muito precária frente a suas atribuições.

A pesquisa mostrou que os editais têm como norte as especificações que constam na ABED, mas adequam segundo sua necessidade como a jornada de trabalho. Acredito que ainda há confusões no estabelecimento de atribuição do tutor, sua identidade ainda parece confusa misturada com as do professor e talvez por isso, não há uma valorização deste profissional tal necessário na Educação a Distância.

REFERÊNCIAS

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SENASTIÁN RAMOS, Araceli. Las funciones docentes del profesor de la UNED: programación y evaluación. Madrid: ICE/UNED, 1990.  

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UNEMAT. EDITAL Nº 002/2018 – UNEMAT/PROEG/DEAD/UAB, seleção de tutores a distância para atuarem nos cursos de graduação ofertados pela UNEMAT/PROEG/DEAD/UAB. Disponível em: <http://dead.unemat.br/portal/anexos_seletivos/Edital%20n%20002-2018%20-%20Sele%C3%A7%C3%A3o%20de%20tutor%20a%20distancia%202018-2%20e%202019-1%20-%2002-01-2018.pdf>. Acesso em: 15/12/2018. 

YONEZAWA, Wilson Massashiro. O papel da Tecnologia da Informação na EaD. In: YONEZAWA. Wilson Massashiro; Daniela Melaré Vieira BARROS. EaD, tecnologias e TIC. (Org.). – São Paulo: Cultura Acadêmica; Marília: Oficina Universitária, 2013. Disponível em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/af-livro_12__barros-v2.pdf>. Acesso dia 21/12/2018.


[1]  MBA em Administração Acadêmica e Universitária; Especialista em EAD: Gestão e Tutoria; Especialista em Docência do Ensino Superior; Licenciado em Pedagogia.  Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso; Rua I,nº 300 – Quadra 17-A – Bairro Alvorada, Cuiabá – MT, CEP: 78048-832; email:leydimarsouzadasilva@gmail.com; Telefone: (65) 99954-2436.


[1]  MBA em Administração Acadêmica e Universitária; Especialista em EAD: Gestão e Tutoria; Especialista em Docência do Ensino Superior; Licenciado em Pedagogia.  Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso; Rua I,nº 300 – Quadra 17-A – Bairro Alvorada, Cuiabá – MT, CEP: 78048-832; email:leydimarsouzadasilva@gmail.com; Telefone: (65) 99954-2436.