TRATAMENTO MANIPULADOR OSTEOPÁTICO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

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Kateane Pinho Barbosa

Autores:
Kateane Pinho Barbosa1
Denilson da Silva Veras2
Cássia Barbosa Rocha1
Douglas Almeida da Silva1
Lúria Briena Colares Scantbelry1
Paloma Danielle Rolim Pereira1
Suyara Trindade Baba Barroso1

1Acadêmicos do curso de Bacharelado em Fisioterapia da CEUNI/FAMETRO, Manaus-AM.
2Fisioterapeuta Mestre; Docente na Faculdade Metropolitana de Manaus – CEUNI/FAMETRO, Manaus-AM.


RESUMO

A prematuridade é considerada um sério problema de saúde, os recém-nascidos (RN), em UTI neonatal são os únicos que possuem a necessidade de alcançar a estabilidade clínica e a maturação fisiológica. Diante desse contexto o tratamento manipulador osteopático (TMO) é fundamental nos primeiros dias de vida, necessitando de uma atenção primária para prevenção de diversos aspectos relacionados ao desenvolvimento normal do bebê. Objetivo: Relatar os benefícios do tratamento dentro das UTI neonatais, bem como ressaltar recomendações para futuras pesquisas e práticas. Métodos: Foi realizado uma revisão sistemática da literatura nas bases de dados MEDLINE, SCIELO, PEDRO, E PUBMED relativo aos anos de 2009 a 2021, utilizando os seguintes descritores; lactentes, unidade de terapia intensiva, manipulação osteopática e seus correspondentes em inglês. Foram selecionados 57 artigos, 50 foram excluídos por não serem relevantes ao tema e utilizados 07 artigos. Resultados: O uso do TMO dentro das UTI neonatais tem um papel importante na avaliação precoce, contribui na redução de dias de internação hospitalar, na redução de custos, problemas gastrointestinais bem como corrigindo disfunções somáticas e no manejo da dor. Conclusão: Apesar dos achados benéficos quanto ao TMO, a escassez de artigos com maior comprovação cientifica devem ser exploradas, metodologias específicas acima da manipulação osteopática nessa população de prematuros necessitam de mais amostragens para validar o auxílio significativo da prática terapêutica nos âmbitos neonatais.

Palavras-chaves: Lactentes, Unidade de Terapia Intensiva, Manipulação Osteopática.

ABSTRACT

Prematurity is considered a serious health problem, newborns (NB) in neonatal ICU are the only ones who have the need to achieve clinical stability and physiological maturation. In this context, osteopathic manipulator treatment (MOO) is fundamental in the first days of life, to prevent several aspects related to the normal development of the baby.Objective: To highlight the benefits of treatment within neonatal ICUs, as well as to formulate recommendations for future research and practices. Methods: A systematic review of the literature was conducted in the MEDLINE, SCIELO, PEDRO, AND PUBMED databases for the years 2009 to 2021, using the following descriptors; infants, intensive care unit, osteopathic manipulation and their english correspondents. Fifty-seven articles were selected, 50 were excluded because they were not relevant to the theme and 07 articles were used. Results: The use of MOO in neonatal ICUs plays an important role in early assessment, contributes to the reduction of hospital stay days, cost reduction, gastrointestinal problems as well as correcting somatic dysfunctions and pain managemen. Conclusion: Despite the beneficial findings regarding MOO, the scarcity of articles with greater scientific evidence should be explored, specific methodologies above osteopathic manipulation in this population of premature infants require more sampling to validate the significant aid of therapeutic practice in the neonatal spheres.

Keywords: Infants, Intensive Care Unit, Ostheopathic Manipulation.

INTRODUÇÃO

O período neonatal começa nas primeiras quatro semanas de vida (de 0 a 28 dias incompletos) e os mecanismos que compreendem o desenvolvimento normais são relacionados a saúde da mãe e do bebê (FERREIRA, 2018). Segundo Vasconcelos (2014) o índice de nascimento prematuro vem evoluindo em todo o mundo. A “Pesquisa Nascer no Brasil” mostrou resultados com prevalência de 11,5%, que em relação aos países europeus é quase duas vezes superior e desses prematuros, 74% eram tardios (de 34 a 36 semanas gestacionais).

Um dos principais focos das políticas globais e do sistema de saúde é atenção neonatal e da atenção prestada a gestante para reduzir a mortalidade materna e infantil, o tempo de permanência dos Recém-Nascidos (RN) nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) está ligado diretamente a idade gestacional e o peso ao nascer (CERRITELLI, F. et al., 2013). A prematuridade é considerada um sério problema de saúde, em comparação aos lactentes a termo, a probabilidade é maior de ser afetada por atrasos na saúde, desenvolvimento e cognitivos no primeiro ano de vida, no que resultará em longos custos psicológicos, físicos e econômicos (LANARO, D. et al., 2017).

Os RN são os únicos que possuem a necessidade de alcançar a estabilidade clínica e a maturidade fisiológica, pois não possuem uma maturação completa de diversos sistemas orgânicos, incluindo controle da temperatura, cessação da apneia e bradicardia e adequado comportamento de alimentação (PIZZOLORUSSO, G. et al., 2011).Os mesmos possuem níveis mais altos de substâncias circulantes pró-inflamatórias, imaturidade do sistema nervoso autônomo, índices mais elevados de biomarcadores e influência de fatores ambientais dentro da UTI repercutindo-se no desenvolvimento do sistema nervoso central e na maturação do padrão sono e vigília (SEKI, T. et al.,2009).

A Osteopatia também chamada medicina osteopática é um sistema autônomo de cuidados de saúde baseado no diagnóstico diferencial, prevenindo e tratando disfunções somáticas sem o auxílio de fármacos, que reconhece a importância da relação entre a estrutura do corpo e o seu funcionamento (VALERA, A. et al., 2020).

Segundo a Organização Mundial de Saúde a osteopatia está classificada no grupo de Medicina Tradicional/Complementar e Alternativa e se integra no conjunto das PICs – Práticas Integrativas Complementares, considerando-se uma ciência terapêutica natural ela é fundamentada em profundos conhecimentos de anatomia e fisiologia do corpo humano. Do RN ao idoso, podem se consultar com um osteopata e se beneficiar de uma abordagem exclusivamente manual.

A avaliação que é feita de forma global, envolve a observação, palpação e testes de posicionamentos, testes de mobilidade para o estabelecimento do diagnóstico definindo as disfunções somáticas que consiste na alteração dos componentes do sistema somático como: Músculos, articulações, fáscias e estruturas linfáticas, vasculares e neurais (AOA, 2018). Cerritelli, et al., (2013), observou que nos primeiros dias de vida de um bebê o tratamento manipulativo é fundamental em diversos aspectos. O profissional realiza uma grande variedade de técnicas manuais terapêuticos, algumas com objetivo de ganhar amplitude de movimento, melhorar a função fisiológica e apoiar a função normal que foi alterada pelo distúrbio somático.

Encontram-se evidências científicas de que a abordagem osteopática pode reduzir a ocorrência de complicações gestacionais, diminuir significativamente o número de dias de internação de prematuros e disfunções gastrointestinais, produzir modificações clínicas positivas na intensidade da dor e incapacidade funcional em mulheres com dores lombar/pélvica no pós parto, reduzir distúrbios e sintomas do trato urinário nas mulheres, bem como contribuir na melhoria das assimetrias cranianas em RN (FERREIRA, 2018).

Segundo Pizzolorusso, et al., (2011), na UTI as técnicas em prematuros são mais restritas, atuando com mais ênfase no tratamento devido a influência nas demais funções do corpo, assim prevenindo as tensões do nervo vago, refluxos, problemas de sono, irritabilidade, plagiocefalia e reduzindo o tempo de estadia nas unidades de terapia intensiva. Entretanto, apesar de existirem relatos do tratamento manipulativo no contexto da prematuridade, há revisões da literatura que contém resultados evasivos, assim como a falta de materiais de embasamento científico com níveis de evidências comprovadas que comportem amostragem significativas e metodologias viáveis, obtendo-se assim uma reduzida quantidade de literaturas relevantes.

Portanto, nesse artigo foi revisado criticamente a literatura cientifica acima da abordagem osteopática em UTI neonatais com o objetivo de ressaltar as contribuições do TMO nesses âmbitos, e possivelmente formular futuras pesquisas bem projetadas onde a medicina alopática e osteopática podem ser utilizadas em conjunto com segurança e eficácia, assim despertar mais metodologias que comportem maior amostragem para validar a pratica terapêutica por longo período, ademais avaliar a que ponto o tratamento osteopático manipulador é eficaz em bebês pré-termos.

METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão sistemática da literatura, utilizando artigos científicos nas línguas português, inglês e espanhol, publicados no período entre os anos de 2009 a 2021. Foram pesquisadas as bases de dados MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), SCIELO Org (Scientific Eletronic Library Online), PEDRO (Physiotherapy Evidence Database), PUBMED nos períodos de Agosto a Outubro de 2021. Utilizando a combinação dos seguintes descritores: lactentes, unidade de terapia intensiva, manipulação osteopática, e seus correspondentes em inglês, os mesmos descritores poderiam está no resumo ou no título. Os termos foram devidamente combinados entre si, utilizando os operadores boleanos “AND” e “OR”.

A busca dos artigos feito nas bases resultou: 14 artigos no MEDLINE, 19 artigos no SCIELO, 9 artigos no PEDRO e 15 artigos no PUBMED com total de 57 artigos coletados. Foram incluídos artigos que abordassem evidências positivas da medicina osteopática na unidade de terapia intensiva em lactentes publicadas no período de 2009 a 2021, e como critérios de exclusão aqueles indisponíveis na integra, incompatíveis após leitura, que não relatassem o tema proposto, ou aqueles que foram publicados antes do ano de 2009. Seguindo os critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 7 artigos que abrangessem o desenho metodológico proposto, em sequência sendo reunidos e sistematizados os dados dos estudos primários, estabelecendo uma ampla análise crítica, com a finalidade de desempenhar novos conhecimentos sobre a atuação da manipulação osteopática na unidade de terapia intensiva.

Figura 1. Desenho Metodológico de busca eletrônica nas bases de dados, de 2009 a 2021.

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RESULTADO E DISCUSSÃO

Os estudos que apresentaram critérios de inclusão estão descritos na Tabela 1 para posterior discussão deste trabalho.

Tabela 1. Características dos estudos selecionados, publicados de 2013 a 2021.

ANOAUTOROBJETIVOTIPO DE ESTUDORESULTADOS
2013CERRITELLI, F. et al.Examinar o tempo de permanência na unidade de terapia intensiva e o ganho de peso diário.Ensaio Controlado AleatórioHouve uma redução aproximadamente de 6 dias no tempo de internação e não apresentou ganho de peso diário associado ao TMO.
2014PIZZOLORUSO, G. et al.Investigar a eficácia do tratamento manipulativo na redução da permanência hospitalar e nos custos relacionados aos bebês prematuros moderados e tardios.Ensaio Controlado RandomizadoO cuidado osteopático na unidade de terapia intensiva quanto mais precoce for fornecido (entre 4 a 9 dias de vida) menor será a internação hospitalar, agindo também na redução de custos.
2015aCERRITELLI, F. et al.Averiguar até que ponto o TMO é eficaz na redução de dias de internação em uma amostra de bebês prematuros.Estudo Clínico Multicêntrico Randomizado e ControladoO tratamento manipulador osteopático diminuiu significativamente o número de dias de internação e é econômico em uma alta coorte de recém-nascidos.
2015bCERRITELLI, F. et al.Verificar a eficácia do tratamento osteopático na questão do manejo da dor em prematuros.Ensaio Clínico Controlado e RandomizadoOs autores relatam que a contribuição da osteopatia manipulativa é benéfica no manejo da dor e que necessitam de mais pesquisas específicas para traçar condutas.
2020MANZOTTI, A. et al.Avaliar o efeito do tratamento osteopático nos valores spO2 e FC e compará-lo com 10 min de toque estático.Ensaio Clínico RandomizadoMostrou que TMO de 10 minutos produz uma redução da FC dos prematuros, em contraste o toque estático não produziu mudanças significativas na FC dos pré termos.
2020CICCHITTI, L. et al.Avaliar o impacto do TMO em recém-nascidos internados em unidade de terapia intensiva.Estudo Observacional, Longitudinal e RetrospectivoA osteopatia está associada a um aumento de peso semanal mais acentuado e uma maior atividade trofotrófica, assim como um declínio no tempo de permanência.
2021MILLSQuantificar os problemas de saúde ambulatoriais nos primeiros 6 meses de vida dos bebês que receberam o TMO em comparação com aqueles que não fizeram.Estudo Restropectivo Observacional de Caso ControleApesar de não apresentar significância estatística, muitas das variáveis do estudo esperadas, apresentaram tendência beneficiando o grupo de tratamento.

Cerritelli et al., (2013) em um ensaio controlado e aleatório, dividido em dois grupos (controle e estudo) e uma amostra de 110 bebês com idade gestacional (IG) >28s até <38s, obtiveram dados que indicam uma associação do tratamento com a redução da internação em aproximadamente 6 dias, entretanto quanto ao ganho de peso não se obteve alterações relacionado ao tratamento. Em uma revisão sistemática com meta análise, Lanaro et al., (2017) realizou uma abordagem baseada na necessidade, técnicas viscerais e indiretas de 20 a 30 minutos de intervenção de 2 a 3 vezes por semana, e como resultado produziram uma redução significativa do tempo de internação. Os autores dos estudos concluíram que o TMO tem efeito positivo na redução do tempo de permanência hospitalar e posteriormente levando a redução dos custos, ambos não apresentaram efeitos adversos associados ao tratamento.

Pizzoroluso et al., (2014) e um grupo de osteopatas realizaram um ensaio controlado com uma população de 110 recém-nascidos com IG entre 32s e 37s que foram randomizados para receber o TMO. O procedimento foi realizado em 20 minutos onde não foi baseado em nenhum protocolo predeterminado, as técnicas aplicadas como liberação miofascial indireta, dependiam dos achados do exame estrutural, tendo como efeitos positivos o tempo de internação reduziu quando mais precocemente foi realizado. Confirmando o achado Lanzillott et al., (2015) em seu estudo afirma que o quanto antes for feita a intervenção, maior o benefício para o RN, considerando o TMO um procedimento seguro, porém o mesmo destaca a necessidade de mais pesquisas baseadas em evidencias cientificas. Portanto apesar dos achados positivos no tempo precoce de tratamento, os autores necessitam de mais abordagens com evidências em determinados quadros específicos dentro da UTI neonatal.

No estudo de Cerritelli (2015a) com seus colaboradores envolvendo 3 unidades de terapia intensiva neonatais na Itália com uma população de 695 recém-nascidos e IG entre 29s e 37s, realizaram uma avaliação manual rigorosa e precisa do crânio, membros superiores e inferiores, pelve, coluna vertebral, abdômen para encontrar áreas corporais com alteração de TART (alteração tecitual, assimetrias, amplitude de movimentos). Através do estudo pode se concluir que o TMO reduz o número de dias de internação (4 dias) e lucrativo em uma grande coorte de bebês prematuros. Sendo assim em seu outro ensaio Cerritelli et al., (2015c) como forma de propor um modelo de padronização como plano de ação, publicou um protocolo de avaliação e tratamento osteopático em neonatologia desenvolvido em 2006, com base em outras abordagens positivas e a escassez de estudos que focassem nessa padronização surgiu o modelo NE-O composto por testes e avaliações específicos e tratamentos osteopáticos de acordo coma necessidade do prematuro e a termo, assim definindo o principal passo para uma abordagem rigorosa e específica. E como resultado mostrou a eficácia do modelo na redução do tempo de permanência e dos custos hospitalares, assim assegurando para os estudos que de fato o método seja seguro.

Cerritelli et al., (2015b) e seus colaboradores realizaram outro ensaio clinico com o objetivo de averiguar os benefícios do tratamento osteopático relacionado ao manejo da dor em prematuros. Realizado em uma UTI envolvendo 120 bebês com IG entre 29s e 37s. Dividido entre avaliação e tratamento, o tratamento era realizado uma vez na semana com duração de 30 minutos, utilizando técnicas básicas para tratar a disfunção somática nos bebês. A escala de dor Premature Infant Profile (PIPP) foi utilizada como instrumento que avalia indicadores comportamentais, fisiológicos e contextuais de ocorrência de dor nos pré-termos e a termo. Os autores confirmam que há benefícios do TMO quanto ao manejo da dor final, entretanto relatam que nenhum teste de osteopatia foi realizado tentando quantificar os benefícios do TMO em recém-nascidos com dor, indicando que mais pesquisas específicas na área são necessárias para traçar perfil e condutas.

Segundo Manzotti et al., (2020) o seu presente estudo foi o primeiro a avaliar se o TMO poderia ter efeitos positivos sobre a saúde e o nível de estresse dos prematuro através da modificação da frequência cardíaca (FC) e saturação de oxigênio (Spo2) versus o toque estático. Foram recrutados e randomizados 100 bebês da UTI neonatal em Milão com IG entre 28s e 36s, sem doenças clinicas. Em outro estudo semelhante, Vilagra et al., (2020) avaliou também a associação do TMO sobre a FC, Spo2 e FR em neonatos com disfunção de sutura craniana e comparando com o toque estático, sendo monitorados imediatamente após 10 minutos e 24 horas. Para a realização das técnicas os dois estudos foram divididos em grupo TMO e grupo toque estático, os procedimentos osteopáticos seguiram as técnicas de estudos anteriores, especificamente avaliação e técnicas indiretas que duraram 10 minutos e o procedimento do toque estático mantendo a mão no dorso do bebê também com uma duração de 10 minutos. Portanto, os achados dos estudos mostraram que o TMO produziu efeitos imediatos na FC, FR e produziu aumento nos níveis de Spo2 dos recém-nascidos, em contrapartida o toque estático não gerou alterações significativas na FC ou Spo2 e FR, confirmando que a uma única intervenção osteopática pode induzir alterações benéficas sobre os sinais vitais.

Cicchitti et al., (2020) avaliou o impacto do TMO nos parâmetros clínicos e fisiológicos em comparação com o cuidado habitual em uma grande coorte de 1249 bebês recém-nascidos admitidos UTI neonatal com IG entre 27s a 36s. Notou-se um impacto positivo do TMO no ganho do peso corporal durante a admissão, uma diferença significativa de mais de um mês foi encontrada entre os bebês mais prematuros, como também sua eficácia na redução do estresse neonatal, diminuindo assim o sangramento gástrico. Ademais Carreiro (2009), relata que objetivo da abordagem osteopática em neonatal é retirar os obstáculos ao crescimento normal do bebê, e o presente estudo além de ser o primeiro a mostrar o aumento de peso semanal mais acentuado, também melhora a atividade tofotrófica, que se deve a atividade parassimpática, por fim confirmando a redução no tempo de permanência se mostrando um suporte eficiente da medicina convencional no cuidado de rotina do RN.

Mills (2021), realizou um estudo piloto observacional retrospectivo em 58 pares de bebês que receberam TMO no berçário recém-nascido em comparação com os que não fizeram, quantificando nos 6 primeiros meses de vida seus problemas de saúde ambulatoriais, a duração do tratamento durava de 5 a 10 minutos e era fornecido uma ou duas vezes dependendo do tempo de internação. O estudo produziu algumas estatísticas significativas em favor do grupo tratado com osteopatia, incluindo intolerância alimentar (X= 4,14, P= 0,004), cólica (X= 4,14, P= 0,04), vômitos/cuspidos (X= 8,59, P= 0,003), porém no mês 5 houve aumento dos sintomas nos dois grupos, o que pode estar relacionado a morfologia provocadas pela erupção dos dentes. No estudo exploratório de Pizzolorusso et al., (2011), em uma amostra maior de 350 bebês através de técnicas indiretas, fluidas e com base no reflexo com duração de 20-30 minutos e realizado 2 vezes na semana, apresentou também dados significativos na redução dos eventos gástricos como vômitos e refluxos. Diante o exposto, reafirma-se também no estudo de Gemelli et al. 2014, os efeitos positivos de curto prazo dos sintomas de refluxo na aplicação de técnicas manuais, sugerindo também que se aplique o TMO a longo prazo ou em casos de doenças respiratórias como bronquite e asma que apresentem uma sugestão de influência do refluxo na causa destes diagnósticos.

Dessa forma, apesar dos achados que beneficiam positivamente a saúde do bebê nesses eventos a curto prazo e possivelmente a longo prazo, há evidências suficientes desses estudos para justificar novas pesquisas, explorando mais mecanismos afundo do efeito da osteopatia. Diante os observados acima dos estudos publicados, o osteopata assume um papel significante dentro da neonatologia e no ambiente de UTI neonatal, os ensaios mostrados em sua maioria feitos na Itália e com embasamentos científicos, relataram os benefícios do tratamento manipulador osteopático nos cuidados neonatais, resultando em efeitos significativos na correção e minimizando disfunções somáticas com um papel importante na avaliação precoce. No entanto, ainda há uma grande escassez de dados com comprovação científica que mostrem os efeitos específicos da manipulação osteopática em uma população de prematuros em UTI, embora alguns estudos sejam de alta qualidade, geralmente pesam como insuficientes ou inconclusivas, porém, não se devem descartar os achados relatados, em vez disso utilizá-los para sugerir uma investigação mais aprofundada sobre as modalidades de tratamento potencialmente promissoras para o âmbito hospitalar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, o presente estudo verificou que a atuação do tratamento manipulador osteopático dentro das unidades de terapia intensiva neonatais tem um grande impacto no auxílio da redução de dias de internação quanto mais precoce for realizado, na redução de eventos gastrointestinais, induz os efeitos benéficos nos paramentos fisiológicos, auxilia no manejo da dor e posteriormente na diminuição de custos hospitalares. Apesar de ainda ser pouco explorada, as pesquisas demonstram que a atuação do osteopata no âmbito neonatal adere um grande impacto assistencial, podendo apoiar a ideia de medicina multidisciplinar integrada visando a acessibilidade à assistência complementar, a sustentabilidade dos custos de saúde e o intuito de despertar mais pesquisas de práticas baseadas em evidências e evolução do cuidado com a neonatologia é essencial para implementação desse sistema de saúde.

REFERÊNCIAS

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