TRATAMENTO E TERAPIAS PARA O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

TREATMENT AND THERAPIES FOR AUTISM SPECTRUM DISORDER

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11176537


Ericka Teran Gonçalves¹;
Eneida Fardin Pereira¹.


RESUMO

Introdução: O Transtorno Espectro do Autismo (TEA) é um distúrbio no neurodesenvolvimento que se manifesta já nos primeiros anos de vida da criança. Objetivo: Identificar as melhores terapias disponíveis para o TEA. Metodologia: estudo qualitativo em formato de revisão sistemática onde serão analisados artigos com a temática tratamento, terapia e TEA dos últimos 10 anos. Resultados e discussão: a importância de terapias para a potencialização dos pacientes diagnosticados com TEA, com possibilidade de uma ampla variedade de terapias que auxiliam na melhoria das dificuldades dos indivíduos, além da participação de uma equipe multidisciplinar  Conclusão: o melhor tratamento depende da necessidade da criança, por isso a busca do diagnóstico precoce da TEA, a fim de buscar o melhor tratamento para a necessidade da criança e minimizar os danos causados no desenvolvimento pessoal, interação social, entre outros.  

Palavras chave: Tratamento; Transtorno do Espectro Autista; Terapias.

ABSTRACT

Introduction: Autism Spectrum Disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder that manifests itself in the first years of a child’s life. Objective: To identify the best therapies available for ASD. Methodology: A qualitative study in the form of a systematic review will analyze articles on the subject of treatment, therapy and ASD from the last 10 years. Results and discussion: the importance of therapies for empowering patients diagnosed with ASD, with the possibility of a wide variety of therapies that help to improve the difficulties of individuals, in addition to the participation of a multidisciplinary team Conclusion: the best treatment depends on the child’s needs, so the search for an early diagnosis of ASD, in order to seek the best treatment for the child’s needs and minimize the damage caused to personal development, social interaction, among others.  

Key words: Treatment; Autistic Spectrum Disorder; Therapies.

INTRODUÇÃO

O Transtorno Espectro do Autismo (TEA) é um distúrbio no neurodesenvolvimento que se manifesta já nos primeiros anos de vida da criança¹. O transtorno é responsável pela inabilidade social, atraso da fala, padrões de comportamento isolado, cognição comprometida, entre outros diversos sintomas que variam de acordo com o grau do transtorno².

Nos últimos anos tem se observado a incidência de casos em crianças do sexo masculinos em muitos países, principalmente em países de baixa e média renda. Além disso, existe uma discussão abrangente sobre a possibilidade da herdabilidade genética e condições ambientais estar associado à aumento do número de casos de crianças com TEA em todo mundo¹.

Um estudo realizado em 2019 mostrou que houve um aumento considerável de casos na Espanha e Estados Unidos, mesmo com tantas diferenças como localização, sexo e etnia dos indivíduos diagnosticados com TEA. Além disso, foi identificado que crianças brancas não-hispânicas tem 20% mais chances de serem diagnosticadas com a doença³.

Com isso, os estudos têm crescido sobre vários tipos de terapias para a abordagem aos indivíduos com TEA. Sabe-se que o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que prejudica interações sociais, comunicações, e o comportamento, por isso o diagnóstico precoce é importante para a identificação do melhor tratamento para cada indivíduo4.

Diante do exposto acima, o objetivo deste estudo é identificar os melhores tratamentos e terapias utilizadas na criança com espectro autista.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo qualitativo em formato de revisão sistemática onde serão analisados artigos com a temática Tratamento, terapias e TEA dos últimos 10 anos a fim de responder a pergunta norteadora: Quais os melhores tratamentos e terapias utilizadas atualmente para as crianças com espectro autista?

Para a busca dos artigos foram utilizadas as palavras chaves e operador boleano: Tratamentos AND Transtorno do Espectro Autista AND Terapias, entre os anos de 2014 a 2024 nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Periódicos CAPES. 

Os critérios de inclusão são artigos dos últimos 10 anos, que aborda o tema tratamentos, terapias e autismo. Já os critérios de exclusão são artigos de revisão de literatura, revisão sistemática, editorial, estudo de caso e artigos que não abordem a temática tratamento e terapias para o autismo.

RESULTADOS 

Foi realizada a seleção dos artigos no banco de dados BVS e Periódico CAPES com as palavras chaves onde foram encontrados 86 artigos do LILACS e 86 do Periódico CAPES, totalizando 39 artigos. Após a leitura dos títulos, foram excluídos 24 artigos, sendo 15 por duplicada e 9 por se tratar de artigos de revisão. Com a leitura dos resumos, foram excluídos 8 artigos por não abordar as terapias para o tratamento de autismo nos artigos. Com isso, foram selecionados 5 artigos a qual bordava quais as melhores terapias para os pacientes com TEA, como mostra a figura abaixo.

Figura 1: Esquema de seleção de artigos

Após a leitura dos artigos completos, foram avaliados os principais resultados dos artigos encontrados, como mostra a tabela abaixo:

Tabela 1: Artigos selecionados após a leitura completa.

AUTORANOTÍTULOPAÍSPRINCIPAIS RESULTADOS
REIS, L.B; PEREIRA, C.M.2023Percepções de familiares sobre uma rede de cuidados de saúde mental infanto juvenil.BrasilFoi identificado que o acolhimento terapias em CAPSij, é importante para o desenvolvimento da criança e família, priorizando terapias e menos medicalização.
URINOVSKY, D.M; CAFIERO, P.J. 2022Tratamientos alternativos y/o complementários em pacientes com transtorno del espectro autista.ArgentinaDieta sem glúten, suplementação vitamínico, osteopatia, acupuntura, reiki, hidroterapia, zooterapia.
Instituo de Evaluación Tecnológica em Salud2014Eficácia e segurança das terapias ABA (Applied Behavioral Analysis-ABA) para o tratamento de pessoas com transtorno do espectro autistaColômbiaTerapia ABA apresentou resultado significativo em relação a técnica usual de terapias.
GUZMÁN, G; et al.2017Novas Tecnologias: Pontes de Comunicação no Transtorno do Espectro Autista (TEA).ArgentinaA tecnologia pode ser um grande colaborador para crianças com TEA.
BRITO, H.K.M; et al.2021The impact of cognitive-behavioral therapy on autism spectrum disorderBrasilA terapia congnitivo-comportamental é considerado padrão ouro.

Um estudo realizado em 2023 por REIS e PEREIRA identificou que a escola tem identificado com muita frequência as alterações de comportamentos nas crianças na fase de desenvolvimento. Neste momento as escolas encaminham a crianças para o CAPSij (Centro de Atenção Psicossocial Infanto Juvenil) onde acontece o acolhimento da criança e seus familiares com profissionais como neurologista, psiquiatra infantil, psicólogo, enfermeiros, assistente social. Contudo, essas instituições têm priorizado menos medicalização e mais assistência terapêutica para o desenvolvimento da criança de acordo com sua especificidade e seus familiares para lidar com a particularidade da criança e diferença com crianças não atípicas6.

Já o estudo realizado na Argentina em 2022 destacou algumas alternativas de tratamento que podem ser realizados em crianças com TEA, a depender da necessidade da criança, sendo elas, mudança de dieta, suplementação vitamínico, terapia musical, homeopatia, acupuntura, reiki, ioga, zooterapia, hidroterapia, terapias florais, osteopatia, quiropraxia, entre outros. O tipo de tratamento mais adequado pode ser em complementação com outras terapias além do acompanhamento da equipe multidisciplinar, sempre levando em consideração a necessidade de cada indivíduo7.

O estudo realizado na Colômbia em 2014 comparou técnicas utilizadas em terapias convencional e a terapia ABA (Análise de Comportamento Aplicado), que consiste em observar, analisar e explicar a associação entre o ambiente, o comportamento humano e aprendizagem através de psicologia positiva. A análise mostrou que a terapia ABA mostrou uma melhora significativa no desenvolvimento das crianças com TEA8.

O estudo realizado na Argentina mostrou um software criada para apoiar o processo de aprendizagem para as crianças com TEA, trazendo possibilidade de autonomia e auxiliando na psicoterapia das crianças em um ambiente educacional possibilitando inclusive um aumento do vocabulário9.

Para o estudo realizado em 2021 no Brasil por BRITO et al, a terapia cognitivo – comportamental (TCC) é um conjunto de atividades que auxiliam no tratamento com educação para crianças autistas, e seus familiares. A prática traz em suas práticas uma tranquilidade para os envolvidos no tratamento10.

DISCUSSÃO

De acordo com os resultados obtidos nessa revisão, observou-se que todos os estudos analisados evidenciam a importância de terapias para a potencialização dos pacientes diagnosticados com TEA, com possibilidade de uma ampla variedade de terapias que auxiliam na melhoria das dificuldades dos indivíduos, além da participação de uma equipe multidisciplinar e acompanhamento psicológico de seus familiares.

A TEA influencia significantemente a vida das crianças e seus familiares, tendo a necessidade de mais diversos serviços de saúde e educacional. Por isso, o processo de ensino e aprendizagem desses indivíduos precisa ser de forma totalmente individualizada e desvinculada de metodologias convencionais de ensino. Existem diversas características que são identificadas em uma criança com TEA, contudo cada indivíduo pode apresentadas determinadas características e essa individualidade que vai ser importante para a escolha da melhor terapêutica11.

Um estudo de revisão realizado em 2022 mostrou que atividades individuais e coletivas composto com brincadeiras e jogos interativos são eficazes para a melhora do desempenho social, autoconfiança, socialização e participação social12.

Um estudo realizado em 2023 mostrou que intervenções nutricionais são importantes em crianças com TEA, por apresentarem seletividade alimentar, serem resistentes ao novo, com isso, podem apresentar carência nutricional. Por isso, é importante também do acompanhamento nutricional para identificar o que precisa suprir de necessidade nutricional13.

O estudo realizado em 2019 mostrou como o estímulo sensorial é afetado em alguns indivíduos e a importância de terapias como Terapia de Integração Sensorial é eficaz para melhoria de algumas características apresentadas no TEA14.

CONCLUSÃO

Diante do exposto acima, é importante a identificação cada vez mais precoce dos sinais de possíveis diferenças no desenvolvimento. A equipe escolar tem um papel extremamente importante para o diagnóstico precoce, pois no processo de acompanhamento de desenvolvimento escolar e relacionamento entre outras crianças, é possível identificar alterações que podem ser levadas para a equipe qualificada e afim de iniciar terapias e possibilitar melhora cada vez mais precoce.

Com isso, identifica-se que existem diversos tipos de terapias importantes usadas para o acompanhamento de indivíduos com autismo e seus familiares, sendo sempre escolhido a terapia que melhor se adequa a necessidade da criança naquele momento. Vale ressaltar que é de extrema importância ter a presença de uma equipe multidisciplinar, como neurologista, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, entre outros profissionais que auxiliam na boa adesão do tratamento e boa resposta ao tratamento.

Por isso, o melhor tratamento depende da necessidade da criança, por isso faz se necessário a observação de familiares e corpo pedagógico escolar, de características no desenvolvimento ainda na primeira infância para a busca do diagnóstico precoce da TEA, a fim de buscar o melhor tratamento para a necessidade da criança e minimizar os danos causados no desenvolvimento pessoal, interação social e tantos outros impactos que podem ser causados.

REFERÊNCIAS

  1. SILLOS, I.R. et al. A importância de um diagnóstico precoce do autismo para um tratamento mais eficaz: Uma revisão de Literatura. Atenas Higeia. v.2, n.1, 2020.
  2. LIMA, P.O. A criança com diagnóstico de autismo na contemporaneidade. Cadernos de Psicologia – CESJF, v.1 nº1 p. 5-24, 2019.
  3. MALAGA, I, et al. Prevalencia de los trastornos del espectro autista en niños en Estados Unidos, Europa y España: coincidencias y discrepancias. Medicina (B. Aires), Ciudad Autónoma de Buenos Aires, v. 79, n. 1, supl. 1, p. 4-9, abr.  2019. Disponivel em: <http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0025-6802019000200003&lng=es&nrm=iso>. Acesso em  27  nov.  2023.
  4. SALGADO, N.D.M; PANTOJA, J.C; VIANA, R.P.F; PEREIRA, R.G.V. Transtorno do Espectro Autista em crianças: Uma revisão sistemática sobre o aumento da Incidência e Diagnóstico. Research, Society and Development, v. 11, n. 13, 2022.
  5. XAVIER, J.S.; MARCHIORI, T; SCHWARTZMAN, J.S. Parents seeking a diagnosis of Autism Spectrum Disorder for their child. Psicol. teor. prat. [online]. 2019, vol.21, n.1, pp. 170-185. ISSN 1516-3687.  http://dx.doi.org/10.5935/1980-6906/psicologia.v21n1p170-185.
  6. REIS, L.B; PEREIRA, C.M. Percepções de familiares sobre uma rede de cuidados de saúde mental infantojuvenil. Psicol. cienc. prof. 43, 2023.
  7. URINOVSKY, M.G; CAFIERO, P.J. Tratamentos alternativos e/ou complementares em pacientes com transtorno do espectro autista. Medicina Infantil. p 139-145, 2022.
  8. Instituo de Avaliação de Tecnologias em Saúde. Eficácia e segurança das terapias ABA (Applied Behavioral Analysis-ABA) para o tratamento de pessoas com transtorno do espectro autista. ALGO. 2014.
  9. GUZMÁN, G; et al. Nuevas tecnologías: Puentes de comunicación en el trastorno del espectro autista (TEA). Terapia Psicologica. V.35, n3, p. 247-258, 2017.
  10. BRITO, H.K.M; et al. O impacto da terapia cognitivo-comportamental no transtorno do espectro autista. Brazilian Journal of Health Review. Curitiba, v.4, n.2, p.  7902-7910mar./apr.2021
  11. FERREIRA, et al. Novas terapias para o tratamento do transtorno do espectro do autismo: Revisão de literatura. Revista Fluminense de Extensão Universitária. v.10, n.1 p.24-27,2020.
  12. OLIVEIRA, A.R. Intervenções fisioterapêuticas e de terapia ocupacional para participação social de crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista: revisão integrativa. Universidade federal do Amazonas. 2022.
  13. SELERI, A.T.P; BORGA, R.G.F; WERNER, M. Intervenções nutricionais e sua influência na terapia do transtorno do espectro autista (TEA): Uma revisão bibliográfica. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. São Paulo, v.9.n.02. fev. 2023.
  14. CARDOSO, N.R; BLANCO, M.B. Terapia de integração sensorial e o transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática de literatura. Revista conhecimento online. v.1, p.108-125, 2019.

¹Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória/ES, Brasil.