REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11186421
Sueli Moreira Silveira
Orientador(a): Prof.(a) Dr(a). Gicelma Fonseca Chacarosqui Torchi
RESUMO
Este estudo examinou a tradução Intersemiótica entre a obra literária Selva Trágica de Hernani Donato (2011) e o filme homônimo dirigido por Roberto de Farias (1964), focalizando a representação da erva-mate e sua relação com a cultura regional sul-mato-grossense. Exploramos como elementos culturais como tradições, rituais e símbolos são retratados nos contextos visual e textual, destacando sua importância na formação da identidade regional. Utilizamos teorias da semiótica e do cinema, incluindo a Tradução Intersemiótica de Roman Jakobson (1970) conforme desenvolvida por Plaza (2003), para refletir sobre os aspectos culturais presentes nas obras, com base em estudos cinematográficos e teorias que conectam a semiótica e o cinema, além da teoria da semiótica da cultura de Yuri Lótman (1978), enfatizando a cultura como uma rede de signos e significados na construção da identidade cultural. A revisão bibliográfica abrange uma variedade de autores e obras relevantes, como Chacarosqui-Torchi (2008, 2009, 2014, 2016), Lótman (1978), Machado (2003), Santaella (1985), Plaza (2003, 2008), Martin (2003), Metz (1972), Xavier (1993, 2003), Aumont (2002), entre outros.
Palavras–chave – Literatura; Cinema; Semiótica da Cultura.
INTRODUÇÃO
“Do ponto de vista da memória como um mecanismo que trabalha com toda a sua extensão, o pretérito não passou”. Lótman (1996, p.159),
No ponto inicial deste estudo, expressamos nosso apreço pelo estado de Mato Grosso do Sul, um local onde as raízes culturais se entrelaçam com as histórias transmitidas por gerações passadas. Mato Grosso do Sul, situado no coração do Brasil, vai além de uma mera delimitação geográfica; é um estado rico em narrativas e diversidade cultural, motivo de orgulho para seus habitantes.
Ao citarmos Lótman (1996)[1], em nossa pesquisa somos instigados a refletir sobre a natureza da memória e seu papel contínuo na formação da identidade individual e coletiva. Segundo o autor, o passado não se dissipa, mas continua a influenciar o presente e o futuro, sendo a memória um mecanismo ativo e em constante operação.
O objetivo desta pesquisa foi realizar uma análise Semiodiscursiva da tradução intersemiótica entre a obra literária Selva Trágica de Hernani Donato (2011) e o filme homônimo dirigido por Roberto Farias (1964). Nosso foco está na interação entre os signos verbais e visuais, especialmente no que diz respeito à representação da erva-mate e seus reflexos na cultura regional sul-mato-grossense.
A obra literária Selva Trágica, escrita por Hernani Donato e lançada em (1956), e relançada pela quinta vez em (2011) oferece uma narrativa que mescla elementos fictícios e reais, explorando o contexto histórico das décadas de 1930 e 1940, quando ocorreu a quebra do monopólio da Companhia de extração de Erva-Mate na região fronteiriça entre Brasil e Paraguai. O filme homônimo, dirigido por Roberto Farias, lançado em 1964, retrata a vida de uma comunidade vulnerável nessa mesma região, destacando as dificuldades enfrentadas em meio a culturas entrelaçadas.
A tradução intersemiótica nos permite explorar as relações entre diferentes sistemas semióticos, como texto escrito e imagem em movimento, revelando como os significados são criados, transmitidos e reinterpretados em diferentes contextos artísticos. Utilizaremos a Teoria da Escola de Tartu-Moscovo como base metodológica, reconhecendo a necessidade de correlacionar diversos campos da pesquisa científica para uma compreensão abrangente.
Partimos das hipóteses de que a representação da erva-mate desempenha um papel significativo na construção da identidade cultural em Mato Grosso do Sul e que ela funciona como um símbolo cultural adaptável em diferentes contextos artísticos, esta pesquisa visa não apenas validar tais proposições, mas também compreender as interações entre literatura, cinema e cultura na região fronteiriça entre Brasil e Paraguai.
A metodologia adotada inclu pesquisa bibliográfica e análise dos textos literário e cinematográfico, embasada em teorias da semiótica e do cinema, bem como nas contribuições dos próprios autores, Roberto Farias e Hernani Donato. Dessa forma dividimos a pesquisa em três seções principais, cada uma abordando aspectos específicos da análise, compreensão e interpretação das obras em questão, com base nos referenciais teóricos e na metodologia adotada.
Ao realizar essa investigação, buscamos não apenas contribuir para o entendimento da cultura Sul-Mato-Grossense, mas também evidenciar a importância da preservação e difusão das tradições regionais através da expressão artística na literatura e no cinema.
DESENVOLVIMENTO
Mato Grosso do Sul “foi por não ser existindo”, ou seja, já “existia” antes de “ser”. Esta condição peculiar e praticamente única no contexto brasileiro refere-se ao fato de o estado ter sido oficialmente criado em 11 de outubro de 1977, por meio da Lei Complementar nº 31, após um longo período de maturação cultural (Neto[2], 2012, p. 63-76).
Essa afirmação destaca uma situação singular no contexto brasileiro. Refere-se ao estado ter existido de maneira não oficial, ou seja, na prática cultural e histórica, antes de ser reconhecido oficialmente como um estado autônomo. Essa peculiaridade é, de fato, intrigante, pois Mato Grosso do Sul foi estabelecido como entidade política distinta apenas em 1977. Esse longo período de maturação cultural é uma característica marcante. Eventos como a Guerra do Paraguai (1864-1870) evidenciam que a região já demonstrava uma identidade própria muito antes de sua oficialização como estado autônomo.
A rica tradição literária e histórica desenvolvida em resposta à Guerra do Paraguai na região de Mato Grosso do Sul destaca-se pela diversidade de gêneros utilizados para narrar os eventos da guerra, incluindo poesia, literatura memorialística e histórica. Essas obras enfatizam o aspecto trágico do conflito, principalmente como uma guerra entre povos irmãos”. Também destacam figuras notáveis que desempenharam papéis heroicos na resistência à invasão paraguaia, demonstrando o patriotismo e a coragem que são lembrados e celebrados na região. Como observou (Lotman 2007, p. 22)[3] “o texto não é somente o gerador de novos significados, mas também um condensador de memória cultural. Um texto tem a capacidade de preservar a memória de seus contextos prévios”.
Dinâmica Cultural e Transformações Regionais
Essas manifestações culturais e históricas indicam que a criação do Mato Grosso do Sul como estado autônomo foi, de certa forma, uma formalização de algo que já existia na consciência e na cultura das pessoas que habitavam essa região. “A cultura é um mecanismo dinâmico que traduz mensagens em novos textos ou sistemas de signos” (Lótman; Uspenskii, 1981, p. 37-66)[4].
Ao enfatizar a natureza dinâmica da cultura, destacamos que ela é um processo em constante evolução, capaz de absorver e reinterpretar a herança do passado de maneiras inovadoras. A cultura é essencialmente memória, relacionando-se necessariamente com a experiência histórica passada. Além disso, a construção de um sistema de regras para a tradução da experiência imediata em texto evidencia a importância das normas e convenções na transmissão e comunicação da cultura.
Transformações Políticas, Econômicas e Sociais (1930-1977)
No período de 1930 a 1977, o Mato Grosso/Mato Grosso do Sul passou por diversas transformações políticas, econômicas e sociais influenciadas por eventos nacionais e características regionais. A ascensão de Getúlio Vargas ao poder em 1930 marcou o início da Era Vargas, caracterizada por centralização política e modernização. No Mato Grosso, isso se refletiu em mudanças significativas no governo estadual, com a implementação de políticas de desenvolvimento.
Ao mesmo tempo, a região de fronteira entre o Brasil e o Paraguai foi palco de tensões políticas e conflitos, como a Guerra do Chaco, influenciando o contexto regional. A economia do Mato Grosso era baseada na produção agropecuária, com destaque para a produção de borracha e gado.
A partir da década de 1940, o estado passou por transformações significativas impulsionadas pela expansão da fronteira agrícola e pela demanda internacional por produtos agrícolas durante a Segunda Guerra Mundial. Isso levou ao desenvolvimento da agricultura, especialmente na produção de grãos.
Perspectivas Indígenas na Economia Ervateira
A história oficial muitas vezes distorce a realidade dos povos indígenas Guarani e Kaiowá na economia ervateira do antigo Sul de Mato Grosso. Eles foram deliberadamente retratados como estrangeiros em suas próprias terras, contribuindo para sua invisibilidade e negação de direitos. Essa manipulação serviu para sustentar a narrativa do “vazio demográfico” na região, em detrimento das perspectivas e direitos das comunidades indígenas.
A história dos povos indígenas Guarani e Kaiowá na economia ervateira do antigo Sul de Mato Grosso é muitas vezes distorcida pelas fontes oficiais, que os retratam como estrangeiros em suas próprias terras, contribuindo para sua invisibilidade e negação de direitos (Oliveira & Esselin, 2019, p. 241)[5]. A Companhia Matte Laranjeira, responsável pela exploração da erva-mate na região, empregava mão de obra indígena, principalmente das etnias Kaiowá e Guarani, mesmo após a demarcação de reservas em 1915 (Chacarosqui-Torchi, 2009)[6]. Essa manipulação da história oficial sustentava a narrativa do “vazio demográfico” na região, justificando a ocupação não indígena e refletindo interesses políticos e econômicos dominantes.
A partir de 1895, com o arrendamento de 5.000.000 hectares de terras devolutas pela Companhia Matte Laranjeira, iniciou-se a exportação da erva-mate para a Argentina, principal mercado consumidor do produto brasileiro (Chacarosqui-Torchi, 2009)[7]. A exploração intensiva da mão de obra indígena na produção de erva-mate era comum, e a Companhia tornou-se a maior contribuinte da Fazenda Estadual no início do século XX, empregando milhares de trabalhadores, principalmente imigrantes paraguaios. Contudo, paralelamente às atividades “legalizadas” da Companhia, havia os “ladrões de erva”, produtores independentes e contrabandistas, combatidos pela empresa (Chacarosqui-Torchi, 2009).
Entre as décadas de 1930 e 1950, a produção de erva-mate cresceu, impulsionando a economia regional e estimulando o desenvolvimento de indústrias relacionadas, como secadores e moinhos (Queiroz, 2010)[8]. A fronteira entre o Paraguai e o Brasil era uma área de grande atividade comercial, especialmente na produção de erva-mate no lado brasileiro. A região era habitada por uma população diversa, com comunidades indígenas, agricultores, comerciantes e migrantes de diversas origens, contribuindo para a riqueza cultural e econômica do local.
O Escritor – Hernami Donato
Hernâni Donato (1922-2012)[9] foi um escritor brasileiro que deixou um legado multifacetado nas áreas de Literatura, História, Jornalismo, Magistério, Tradução e Criação de Roteiros. Reconhecido por suas notáveis contribuições para a cultura brasileira, Donato ocupou cadeiras em academias de letras e foi presidente de instituições históricas e geográficas em São Paulo. Sua obra, que abrange romances, contos, livros infanto-juvenis, dicionários, biografias, historiografias, traduções comentadas, ensaios, mitologias, entre outros, reflete sua versatilidade e interesse em diferentes áreas do conhecimento (Marin, 2013)[10].
Donato também se destacou no cenário internacional, realizando traduções de obras italianas e francesas para o português. Sua atuação além-fronteiras evidencia não apenas sua habilidade como escritor, mas também seu compromisso em promover o diálogo entre diferentes culturas através da literatura (Marin, 2013).
Suas obras, como Chão Bruto e Selva Trágica, conquistaram sucesso de público e crítica, sendo adaptadas para o cinema. A reedição de Selva Trágica para a campanha “Ler é Viver”, em 1976, e as múltiplas adaptações cinematográficas de suas obras demonstram a força e a relevância de suas narrativas ao longo do tempo (Marin, 2013).
Donato utilizava sua vivência e experiência pessoal, incluindo sua passagem como proprietário de um erval, para enriquecer suas narrativas. Sua obra não apenas retrata os desafios da vida nos ervais, mas também aborda questões morais, éticas e emocionais, enfrentadas pelos personagens em um contexto de exploração e desumanização (Marin, 2013).
A obra de Donato tem sido objeto de estudo e reflexão, especialmente em relação à formação de uma identidade cultural e às condições de trabalho na região dos ervais. Sua narrativa impactante oferece uma visão crítica e memorialista do Ciclo da Erva-Mate no Brasil, evidenciando as repercussões desse período na história do país (Oliveira Jr., 2014)[11].
Hernâni Donato faleceu aos 90 anos, deixando um legado literário que continua a influenciar e inspirar gerações. Sua capacidade de explorar as nuances da condição humana e de criar narrativas envolventes permanece como um convite à reflexão sobre o mundo ao nosso redor (Marin, 2013).
O Diretor e Produtor – Roberto Farias
Roberto Farias[12] foi um renomado diretor brasileiro de cinema e televisão, cuja paixão pelo cinema começou na infância, quando montou um “cineminha” em casa usando caixas de sapato. Ele iniciou sua carreira como assistente de direção na Companhia Atlântida e fez sua estreia como diretor em 1957 com Maior que o Ódio. Ao longo dos anos, desempenhou várias funções na indústria cinematográfica e ganhou reconhecimento com filmes como Cidade Ameaçada em 1960, O Assalto ao Trem Pagador em 1962 e Selva Trágica 1964.
Farias, dirigiu uma trilogia de filmes estrelados por Roberto Carlos e também assumiu a presidência do Sindicato Nacional da Indústria Cinematográfica, além de ser pioneiro na direção da Embrafilme. Na TV Globo, dirigiu várias produções, incluindo a minissérie A Máfia no Brasil e programas como Você Decide e Brava Gente.
Sua contribuição para o cinema brasileiro foi significativa, popularizando-o e deixando um legado duradouro. Sua morte em 2018 deixou uma lacuna na indústria cinematográfica brasileira, mas suas obras continuam sendo apreciadas por muitos, garantindo sua lembrança como um dos grandes talentos do cinema nacional.
Obra em seu poder literário e cinematográfico.
“Bem por isso o personagem principal é a erva. E personagens secundários são a terra, o tempo, o sonho”. (Donato, 2011, p. 14).
Donato, enfatiza a centralidade da erva-mate na narrativa, simbolizando a vida e o trabalho dos habitantes das regiões ervateiras. Isso sugere uma estrutura narrativa onde a erva-mate é o elemento principal, enquanto a terra, o tempo e o sonho desempenham papéis secundários. Os seres humanos, por sua vez, aparecem em um plano ainda mais distante, refletindo a ênfase na representação simbólica da natureza e do trabalho árduo sobre eles.
Essa estrutura narrativa e a ênfase na erva-mate como elemento central se relacionam com a ideia de código na semiótica de (Jakobson 1970). Aqui, a erva-mate pode ser interpretada como um legi-signo, uma espécie de lei simbólica que influencia a representação cultural e a semiose na obra. Isso demonstra como elementos culturais específicos podem desempenhar um papel crucial na construção de significados dentro de uma narrativa mais ampla.
Além disso, a obra Selva Trágica (Donato 2011) se integra ao movimento regionalista na literatura brasileira, destacando as particularidades culturais, geográficas e sociais das regiões retratadas. Isso proporciona uma compreensão mais intensa das realidades regionais do Brasil, contribuindo para a diversidade e riqueza da literatura nacional.
As obras regionalistas contribuem para o reconhecimento e a valorização da diversidade cultural do Brasil, fornecendo uma imagem literária autêntica das realidades regionais e ajudando na construção de uma identidade nacional coesa.
A narrativa se desenrola na fronteira entre Brasil e Paraguai, com um foco particular na região de Ponta Porã, abordando a vida dos ervateiros e as adversidades que enfrentam. O romance entre os protagonistas humanos, Pablito e Flora, é destacado, mostrando os desafios enfrentados em meio às condições difíceis dos ervais, como a objetificação das mulheres e as relações de poder entre os trabalhadores e os administradores.
A obra Selva Trágica de Hernâni Donato (2011) apresenta histórias paralelas que se entrelaçam em torno do ambiente opressivo e exploratório da Companhia Mate Laranjeira durante um período histórico específico. Uma das narrativas focaliza o casal Pablito e Flora, cujo amor é impossibilitado pelas adversidades do ambiente (Donato, 2011, p. 29). A outra narrativa concentra-se na ideia de representação ficcionalizada das relações de opressão pela Companhia, explorando questões sociais, políticas e econômicas da época (Donato, 2011, p. 99). Através da ficção, o autor dá voz aos oprimidos e subalternos, revelando injustiças e abusos (Donato, 2011, p. 149). A história também aborda a luta dos changays contra o monopólio da Companhia e a resistência liderada por Luisão (Donato, 2011, p. 249). A narrativa é marcada pela complexidade da exploração da erva-mate, que molda a vida das personagens e é centralizada na cidade de Ponta Porã como já observarmos, sede da Companhia (Donato, 2011, p. 214). A obra recebeu elogios da crítica por sua força e intensidade, comparando-a a autores renomados como Erskine Caldwell e John Steinbeck (Donato, 2011, p. 285). A linguagem complexa de Donato, que mistura o português com o guarani, contribui para a autenticidade e riqueza cultural. da narrativa (Donato, 2011, p. 54).
A produção do filme Selva Trágica, dirigido por Roberto Farias e baseado na obra literária de Hernani Donato, foi um empreendimento desafiador que exigiu colaboração e determinação da equipe envolvida. A parceria entre o autor, o produtor Herbert Richers e o cineasta Roberto Farias foi fundamental para levar a história para as telas. O contrato oficial firmado em 1962[13] marcou o início da produção, com foco na adaptação da narrativa sobre a colheita de erva-mate no Mato Grosso hoje Mato Grosso do Sul.
Durante as filmagens, a equipe enfrentou diversas dificuldades, incluindo condições climáticas adversas e barreiras linguísticas com os figurantes. A necessidade de lidar com um ambiente culturalmente complexo e potencialmente hostil foi evidenciada pela precaução de todos estarem armados. A descrição do local como “agressivo e inóspito” destaca os desafios logísticos encontrados durante a produção.( Farias 1970).[14]
A trama do filme reflete o contexto histórico e social da região, abordando a luta dos trabalhadores changa-y pela sobrevivência e justiça em meio ao monopólio da exploração da erva-mate. Mesmo após o fim do monopólio, as condições de vida dos trabalhadores continuaram extremamente difíceis, com a pressão para atender às cotas de produção estabelecidas.
No que diz respeito ao elenco, os personagens desempenham papéis cruciais na narrativa, representando diferentes facetas da vida na região de fronteira entre Brasil e Paraguai. O trabalho fotográfico de José Rosa foi essencial para criar a atmosfera visual do filme, transmitindo a estética e a emoção desejadas.
A capacidade única do cinema de reproduzir a realidade e interpretar as dinâmicas culturais através da narrativa visual foi fundamental para Selva Trágica (Farias 1964). O filme não apenas reflete, mas também assimila os códigos e símbolos presentes na vida diária e nas tradições sociais, oferecendo uma lente única para compreender e comunicar aspectos diversos da experiência humana. Lótman (1978, p. 150)[15] aponta que “A capacidade que o cinema tem de dividir a figura humana em pedaços e de dispor estes segmentos a figura exterior do homem em texto narrativo, o que numa cadeia que se desenrola no tempo transforma se faz em literatura”
Cinema
A história do cinema é uma jornada fascinante que começa com sua origem como uma mera inovação técnica, evoluindo para uma forma de arte que tem o poder de transmitir histórias e envolver emocionalmente o público. Georges Méliès[16] desempenhou um papel crucial nessa transição, explorando o potencial narrativo do cinema. Com o tempo, diretores visionários como D.W. Griffith e Sergei Eisenstein aprimoraram técnicas de narração cinematográfica[17], especialmente a montagem, que se tornou uma ferramenta poderosa na criação de narrativas coesas e envolventes.
A linguagem cinematográfica[18] é composta por uma variedade de elementos visuais, sonoros e narrativos, cada um contribuindo para a mensagem geral do filme. A montagem, em particular, desempenha um papel crucial na criação de significado e na construção da narrativa visual. Ela envolve a edição e organização estratégica de cenas e planos para criar uma experiência cinematográfica envolvente.
A discussão sobre o cinema como uma linguagem tem sido objeto de debate entre teóricos. Enquanto alguns argumentam que o cinema possui elementos linguísticos distintos, outros expressam ceticismo sobre sua capacidade de transcender a imitação e estabelecer uma linguagem verdadeiramente convencional. No entanto, a ideia de que o cinema é uma forma contemporânea de linguagem, utilizando signos para comunicação, é amplamente aceita.
A peculiaridade do cinema reside em sua capacidade de reproduzir fotograficamente a realidade, gerando uma impressão de autenticidade que envolve o espectador emocionalmente na narrativa visual. No entanto, essa busca pela autenticidade enfrenta desafios, como a necessidade de inserir índices de realidade em imagens que ainda são percebidas como representações.
As reflexões de teóricos como Lótman (1978) e Metz (1972) oferecem uma análise perspicaz da evolução do cinema, sua busca pela autenticidade e sua transformação em uma forma de arte. Suas ideias entrelaçam-se em uma narrativa complexa sobre a percepção humana, a representação da realidade e a natureza contraditória da arte cinematográfica.
Segundo Aumont (2012), o conceito de “cinelinguagem”, proposto por Yuri Tynianov, destaca a singularidade da linguagem cinematográfica, indo além da mera reprodução do mundo visível. Tynianov argumenta que no cinema, o mundo visível não é apresentado de forma direta, mas sim em relação a significados semânticos. Isso implica que o cinema não se limita a ser apenas uma fotografia em movimento, mas sim uma forma de expressão artística única.
Essa “correlação semântica” é alcançada por meio de uma transfiguração estilística, que envolve diversos elementos formais, como a relação entre personagens e objetos na imagem, a interação entre os próprios personagens, a composição geral da imagem, o ângulo de tomada, a perspectiva e a iluminação. Esses elementos são cruciais para transformar o material bruto, a imagem do mundo, em uma forma única de expressão artística.
No entanto, o significado das imagens cinematográficas vai além da simples representação de objetos. O cinema utiliza elementos visuais, como composição, iluminação, enquadramento e movimento da câmera, para transmitir uma variedade de mensagens e emoções, adicionando camadas de significado às imagens.
Semiótica da Cultura
O conceito de “traço” na semiótica da cultura, proposto por Yuri Lotman, rejeita a ideia de totalidade cultural, focando-se nos elementos distintivos que constituem diferentes sistemas de signos culturais. Segundo Machado (2003)[19], essa abordagem, influenciada pelo conceito de fonema de Jakobson, permite uma análise independente e ampla da cultura, afastando-se das disciplinas tradicionais como antropologia e sociologia. Destaca-se que a cultura é entendida como a combinação de diversos sistemas de signos, cada um com sua própria codificação, resultando na semiótica sistêmica.
A Escola de Tártu-Moscou (ETM), conforme Machado (2003), propôs compreender vários fenômenos culturais, como mito, religião, literatura, entre outros, como formas de linguagem, considerando a codificação de cada sistema no contexto de uma tradição cultural mais ampla. A sincronia dentro da diacronia, herança de Jakobson, é interpretada como a caracterização de todo sistema aberto, ressaltando a importância da tradução da tradição cultural como um mecanismo fundamental para a intervenção semiótica na cultura.
A “tradução da tradição”, conforme Machado (2003), é entendida como um processo em que diferentes culturas se encontram e interagem, gerando novos códigos culturais que influenciam futuros desenvolvimentos. Esses novos códigos culturais não são transmitidos geneticamente, mas sim através da interação cultural ao longo do tempo, moldando os sistemas semióticos da cultura.
Machado (2003) destaca ainda que o encontro dialógico entre culturas, influenciado por Bakhtin, não implica na fusão das culturas, mas sim em um enriquecimento mútuo através da troca de perguntas e respostas, resultando em uma compreensão criativa do outro cultural. Esse processo de extraposição permite que as culturas se enriqueçam mutuamente sem perderem suas identidades próprias.
Sistemas Modelizantes na Cultura
Os sistemas modelizantes são padrões estruturais que influenciam a construção de significados, com a linguagem natural sendo um exemplo primordial. Todos os sistemas semióticos da cultura são modelizantes, pois podem ser relacionados à linguagem, mesmo aqueles sem uma estrutura claramente definida (Machado, 2003, p. 49).
A estruturalidade é um dinamismo modelizante que organiza sistemas semióticos, mesmo que não haja uma língua específica com um código definido. Isso é evidenciado na obra literária Selva Trágica (Donato, 2011) e no filme homônimo (Farias, 1964), onde elementos linguísticos, símbolos culturais, rituais e comportamentos se combinam para formar significados dentro da narrativa (Machado, 2003, p. 158).
A extraposição na narrativa é um ponto de vista dialógico e interativo, observado nas interações entre personagens e ambiente nas obras Selva Trágica (Donato, 2011) e no filme homônimo (Farias, 1964), onde diferentes sistemas de significado se encontram e se entrelaçam (Machado, 2003, p. 159).
A semiosfera é o espaço de produção de significados culturais, onde diferentes sistemas de signos interagem. Nas obras, a interação entre elementos culturais da região retratada resulta na produção de uma gama variada de significados culturais (Machado, 2003, p. 163).
A fronteira é uma zona de liminaridade e trânsito entre diferentes sistemas semióticos, evidenciada nas interações entre culturas distintas nas obras Selva Trágica (Donato, 2011) e no filme homônimo (Farias, 1964) (Machado, 2003, p. 159).
Assim, os textos tanto Literários quanto cinematográficos desempenham um papel fundamental na construção da narrativa e na transmissão de significados culturais, abrangendo não apenas mensagens linguísticas, mas qualquer portador de sentido nas obras estudadas (Machado, 2003, p. 168).
Os códigos culturais regulam e controlam a vida em uma cultura, influenciando a comunicação, o comportamento e a interpretação de informações dentro dessa sociedade, como observado nas obras Selva Trágica (Donato, 2011) e no filme homônimo (Farias, 1964) (Machado, 2003, p. 156).
Sistema de Signos na Arte
Para Yuri Lótman (1978), a arte é um sistema de signos particular, com suas próprias regras e estruturas de significado. Ela opera como uma forma única de comunicação que transcende a linguagem tradicional (Lótman, 1978).bA arte é descrita como um “sistema modelizante secundário”, uma linguagem secundária que difere da linguagem verbal, permitindo a criação e transmissão de significados únicos (Lótman, 1978).
Assim, a obra de arte pode ser vista como um “texto” na linguagem artística, permitindo interpretações únicas e profundas (Lótman, 1978). A análise semiótica da erva-mate como um signo representativo da cultura Sul-Mato-Grossense revela a complexidade e a riqueza dos significados associados a esse elemento cultural. A planta transcende sua natureza física para se tornar um símbolo carregado de história, tradição e identidade regional. Através de depoimentos registrados no documentário Roda o Tererê (2005)[20] e análises teóricas de Santaella (1983) e Machado (2003), exploramos como a erva-mate atua como um signo que influencia tanto a percepção quanto a interpretação cultural da região.
Santaella (1983)[21] define o signo como uma representação de um objeto que afeta a mente do intérprete, produzindo algo chamado interpretante. A erva-mate, representada de várias formas na cultura, carrega consigo significados ligados a rituais sociais, hospitalidade e identidade regional.
O documentário destaca a importância histórica da região onde a erva-mate foi explorada, desde as comunidades indígenas Itatin até as missões jesuíticas do Itatin entre 1630 e 1659, mostrando como o comércio da erva impulsionou a economia local.
Machado (2003) explora a dualidade entre o espaço interno e externo, relacionando-a com a interpretação cultural do espaço. Esse conceito se aplica à relação entre a cultura sul-mato-grossense e a erva-mate, evidenciando como elementos culturais e simbólicos estão ligados ao ambiente físico e ao espaço.
Os depoimentos da diretora da Escola Indígena de Caarapó – MS, Valdelice Veron, destacam a importância da mitologia e da sabedoria transmitida oralmente na cultura indígena Guarani-Kaiowá, onde a erva-mate desempenha um papel crucial como parte da mitologia e da memória cultural. Essa dualidade entre o racional e o mitológico é fundamental para compreender a cultura sul-mato-grossense.
O Desenvolvimento
Quando aplicamos o conceito de tradução intersemiótica na análise comparativa entre um livro e sua adaptação cinematográfica, no caso específico, o livro Selva Trágica (Donato 2011) e o filme homônimo dirigido por Roberto de Farias (1964). Foi possível destaca como os elementos culturais e semânticos presentes na obra literária são adaptados e reinterpretados no meio cinematográfico, utilizando-se dos conceitos de Roman Jakobson (1970) sobre tradução intersemiótica.
Inicialmente, análise apresenta a definição de tradução intersemiótica como a interpretação de signos verbais por meio de sistemas não verbais, como música, dança, cinema ou pintura. Jakobson ressalta que essa tradução criativa vai além da simples substituição de palavras, envolvendo a recriação do significado em diferentes contextos artísticos. A tradução intersemiótica é então relacionada ao conceito de transmutação, que se refere a transformações ou mudanças em uma obra de arte ou mensagem quando é adaptada para um novo contexto ou meio.
Em seguida, na análise pesquisa exploramos como o diretor do filme Selva Trágica (Farias 1964) emprega o pensamento analógico para encontrar conexões entre os elementos do livro e os recursos cinematográficos. Ele destaca as analogias de tema, personagens e cenários entre o livro e o filme, mostrando como o diretor utilizou elementos visuais e sonoros para transmitir os temas e a atmosfera do livro de forma coerente com o meio cinematográfico.
Na pesquisa também observamos as operações intercódigos e intracódigos realizadas durante o processo de adaptação cinematográfica, explicando como os elementos visuais, diálogos, atuações dos atores e trilha sonora foram selecionados e incorporados para transmitir a essência da história literária de forma visual e auditiva.
Plaza (2003, p. 02) ressalta que o passado não é apenas uma lembrança distante, mas uma influência contínua no presente, cujas consequências e registros moldam a realidade atual. Ele destaca que eventos passados deixam um legado duradouro, seja por meio de registros escritos, memórias coletivas ou impactos históricos que ecoam no presente. Essa perspectiva enfatiza como o passado continua a afetar a maneira como vivemos, pensamos e agimos na sociedade contemporânea.
O reconhecimento de que a memória desempenha um papel ativo na interpretação e construção de narrativas culturais é fundamental (Lótman, 1996, p. 161). A memória cultural constitui a base sobre a qual as sociedades constroem sua identidade, valores e narrativas compartilhadas.
Santaella (2003)[22] também destaca a distribuição geográfica dos elementos culturais, indicando que eles não são homogeneamente distribuídos, mas estão associados a contextos específicos.
No filme Selva Trágica (1964), dirigido por Roberto Farias, elementos semióticos desempenham um papel crucial na construção de significados culturais dentro da narrativa cinematográfica. A interação desses elementos estabelece uma atmosfera específica e contextualiza o enredo dentro de um quadro cultural mais amplo. Assim este estudo investigou como tais elementos operam na abertura do filme e demais cenas, destacando sua importância na construção de significados culturais e na experiência cinematográfica como um todo.
Ao analisarmos as cenas subsequentes, examinaremos a interação desses elementos e como contribuem para o desenvolvimento da narrativa e a expressão dos temas do filme. Um desses elementos é a paisagem, que não é apenas um cenário, mas um signo cultural que se entrelaça com a narrativa e a temática do filme, operando dentro do código cinematográfico estabelecido (Machado, 2009, p. 156). Os códigos cinematográficos são formas convencionalizadas de representar o mundo e compartilhar significados.
O uso de metáforas na obra de Donato (2011) evidencia a objetificação e exploração das mulheres na sociedade retratada, como observado por você. A analogia entre o uso das mulheres durante o baile dos mineiros e o uso dos instrumentos de trabalho durante o dia destaca a falta de consideração pela dignidade e autonomia das mulheres.
Xavier (2003, p. 62)[23] ressalta a importância de apreciar cada obra em seus próprios méritos, reconhecendo as particularidades da linguagem cinematográfica e literária. Assim, a conexão entre Eisenstein e Roberto Farias pode ser observada na maneira como ambos direcionaram suas obras para além da simples representação visual, explorando elementos visuais e não verbais para transmitir significados mais profundos.
Aumont (2002)[24] destaca a importância da seletividade da percepção humana no contexto cinematográfico, onde diretores fazem escolhas deliberadas sobre como apresentar visualmente os elementos da narrativa para criar significado e transmitir emoção.
Uma cena de referência à erva-mate como parte da identidade de Curê, estabelecida verbalmente, ganhará vida visualmente no filme. A escolha de imagens que destaquem a presença da erva-mate, a interação dos personagens com ela e a ambientação do erval serão aspectos-chave para transmitir a profundidade dessa conexão simbólica.
Ao transitar para as imagens, é crucial analisar como a linguagem visual é empregada para modelizar elementos culturais específicos. O diretor, por meio da escolha de cenários, figurinos e composição visual, pode reforçar ou expandir as associações simbólicas presentes na linguagem verbal.
Robert Stam (2002)[25] propõe uma abordagem crítica em relação à questão da fidelidade nas adaptações cinematográficas de obras literárias. Ele argumenta que o uso de termos moralistas, como infidelidade e traição, na crítica de adaptações reflete uma visão simplista e essencialista da relação entre a obra original e sua versão cinematográfica. Stam desafia a ideia de fidelidade ao sugerir que a mudança de uma mídia unimodal, como um romance, para uma mídia multimodal, como um filme, torna a fidelidade literal improvável e até indesejável. Ele destaca que as duas formas de mídia diferem em seus modos de expressão, e insistir na fidelidade seria ignorar as peculiaridades e potencialidades específicas do cinema.
Ao invés de considerar a adaptação como subordinada à obra original, Stam propõe vê-la como uma nova obra, resultado de um ato criativo distinto. Ele introduz o conceito de dialogismo intertextual, sugerindo que todas as formas de texto são interseções de outras faces textuais. Essa perspectiva destaca a importância da intertextualidade e da dialogicidade na compreensão das adaptações.
A linguagem visual, composta por elementos como cenários, figurinos e composição visual, permite uma interpretação mais rica e simbólica da história. Isso é particularmente relevante quando se trata de elementos culturais específicos, como a referência à erva-mate na obra discutida.
A ideia é que insistir rigidamente na fidelidade literal ao texto original pode ser limitante e ignorar as potencialidades específicas do cinema. Portanto, ao correlacionar a teoria de Stam com a adaptação visual, busca-se destacar a importância de uma abordagem criativa e intertextual, permitindo que a linguagem visual enriqueça a narrativa de maneiras que vão além da simples transposição do texto literário para a tela.
Considerando a teoria de tradução intersemiótica e a adaptação cinematográfica, podemos compreender como a narrativa do texto literário de Donato (2011) sobre o dia do mineiro, peão cortador de erva, é transposto para a linguagem visual no filme Selva Trágica de 1964.
A descrição do início do dia do mineiro na obra literária evoca uma atmosfera sombria e melancólica, destacando a conexão do trabalhador com a natureza ao seu redor. O trecho literário utiliza elementos sensoriais, como a preparação do tereré, o calçar das botas de couro, e a caminhada tonta de sono, para transmitir a experiência única desse personagem. A cena foi construída com imagens da mata ainda escura, o mineiro realizando os rituais matinais, os caminhos escuros e o trabalhador se movendo com uma expressão cansada. A cinematografia explorou a transição da escuridão para a luz conforme o dia avança, acompanhando a narrativa do texto literário.
A cinematografia explorou a transição da escuridão para a luz conforme o dia avançava, acompanhando a narrativa do texto literário. Segundo Aumont (2002), a abordagem de Eisenstein poderia envolver a utilização de montagem para destacar não apenas a experiência individual do mineiro, mas também para explorar as condições sociais e ideológicas que contribuem para esse início de dia sombrio. Eisenstein via a montagem como uma ferramenta para construir significados específicos, e ele poderia optar por uma abordagem mais fragmentada, com cortes rápidos, para enfatizar diferentes aspectos da vida do mineiro e do ambiente ao seu redor.
Além disso, a ideia de que o real não tem interesse fora do sentido atribuído a ele ressoa com a visão de Eisenstein sobre a necessidade de uma interpretação ideológica. Nesse sentido, o diretor Roberto Farias escolheu representar visualmente a tristeza e a agonia do mineiro não apenas como experiências individuais, mas como reflexos de condições sociais mais amplas, explorando as relações de trabalho, a exploração da natureza, ou questões sociais da época.
Para Eisenstein, é possível dizer que, no limite, o real não tem qualquer interesse fora do sentido que se lhe atribui, da leitura que se faz dele; a partir de então, o cinema é concebido como um instrumento (entre outros) dessa leitura: o filme não tem como tarefa reproduzir o “real” sem intervir sobre ele, mas, ao contrário, deve refletir esse real, atribuindo a ele, ao mesmo tempo, um certo juízo ideológico.
A trilha sonora pode enfatizar a tristeza e a melancolia descritas no texto, contribuindo para a criação da atmosfera. O uso de elementos visuais e sonoros trabalha em conjunto para traduzir a experiência literária para a linguagem cinematográfica, respeitando, ao mesmo tempo, as características específicas de cada meio.
O trecho da obra de Selva Trágica (Donato, 2011) oferece uma representação vívida da experiência dos mineiros durante a colheita da erva-mate. A narrativa capta tanto aspectos sensoriais quanto visuais desse processo, proporcionando uma imersão na atmosfera intensa do sapeco. A imagem do arraste rápido dos galhos para o fogo, durante o sapeco, retrata visualmente o calor intenso e as chamas que transformam as folhas da erva-mate. A luz, as chamas e a fumaça contribuem para uma experiência sensorial marcante. Além disso, a descrição do “cheiro forte da resina crestada” envolve os sentidos olfativos, adicionando uma camada rica à experiência.
A metáfora envolvendo a hora em que a mata refresca, as flores florescem e os insetos descansam cria uma imagem poética que sugere a vitalidade e a vida pulsante da selva. Essa metáfora contribui para a atmosfera vibrante do cenário. O trecho também utiliza o mate como uma metáfora cultural, destacando não apenas a experiência sensorial única associada à preparação do mate, mas também simbolizando a profunda conexão entre os mineiros e a erva-mate em termos culturais e rituais. Num contexto audiovisual, essa descrição oferece elementos ricos que foram intensamente explorados na adaptação cinematográfica da obra para filme. Roberto Farias aproveitou luzes, movimentos, detalhes sensoriais e elementos culturais para criar uma experiência envolvente e imersiva para o público.
Conclusão
As teorias de Roman Jakobson e a abordagem da tradução intersemiótica proposta por Plaza destacam que a tradução não é meramente uma transposição de significados entre diferentes linguagens, mas sim um processo de modelagem, onde sistemas semióticos secundários são construídos em analogia com a linguagem natural, utilizando regras e elementos similares. Isso implica na existência de leis ou princípios que conectam o indivíduo que experimenta, permitindo que os significados atravessem de um sistema para outro.
Em Selva Trágica, dirigido por Roberto de Farias (1964), a tradução intersemiótica ocorreu ao adaptar e transformar os elementos da obra literária de Hernani Donato em uma forma cinematográfica. A narrativa e os códigos verbais foram transmutados para códigos visuais e sonoros, exemplificando a riqueza e complexidade do processo de tradução intersemiótica.
A análise do filme destaca o papel significativo da representação da erva-mate na construção da identidade cultural em Mato Grosso do Sul. A transição dos códigos verbais para os visuais e sonoros ressalta a influência dessa representação nas tradições regionais. Esse processo de modelagem ocorre quando elementos da linguagem natural, como a literatura, são adaptados para criar significados em um novo sistema, como o cinema. Ao examinar as representações da erva-mate tanto no filme quanto no texto literário, fica evidente a capacidade dessa planta de funcionar como um símbolo cultural adaptável.
A relação de modelagem entre sistemas semióticos é fundamental para a compreensão dessas hipóteses. A linguagem natural, representada pelo texto literário, serve como modelo primário, influenciando a construção de significados em outros sistemas, como o cinematográfico. A análise intersemiótica revela a dinâmica e a riqueza do processo de tradução, que vai além da mera reprodução, envolvendo recriação e interpretação artística.
A sétima arte, através do cinema, apresenta-se como uma mídia amplamente acessível e potencialmente poderosa para difundir e enriquecer a compreensão da cultura da erva-mate como uma parte fundamental da identidade sul-mato-grossense. O cinema, sendo uma forma de expressão visual e auditiva, tem a capacidade única de envolver o público através de imagens dinâmicas, sons e elementos sensoriais, proporcionando uma experiência imersiva que pode transcender barreiras linguísticas e culturais. Ao explorar as potencialidades cinematográficas, é possível amplificar a disseminação cultural e destacar a relevância da erva-mate na construção da identidade dessa região.
A literatura, por sua vez, desempenha um papel fundamental na preservação e transmissão da cultura da erva-mate como parte da identidade sul-mato-grossense. Através das palavras e narrativas, a literatura pode explorar profundamente as nuances culturais, tradições e significados associados à erva-mate. Ela oferece uma riqueza de detalhes, permitindo uma imersão na psicologia dos personagens e proporcionando uma compreensão mais profunda das relações humanas e da conexão com o ambiente.
Ambas as formas de expressão, literatura e cinema, desempenham papéis complementares na preservação e disseminação da identidade cultural, cada uma contribuindo de maneira única para enriquecer a compreensão da rica herança ligada à erva-mate na região sul-mato-grossense. A cultura é representada como um conjunto dinâmico de elementos que incluem tradições, símbolos, rituais e modos de vida relacionados à produção e consumo da erva-mate. Na literatura, a cultura é explorada através das palavras, permitindo uma imersão mais profunda nos valores, nas relações sociais e nos contextos históricos associados à erva-mate. No cinema, a cultura é representada de maneira visual e muitas vezes sensorial, proporcionando ao público uma experiência imersiva.
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[1] Ver: YURI LOTMAN foi um importante teórico da cultura e semioticista russo-estoniano, nascido em 1922 e falecido em 1993. Ele é conhecido por seu trabalho no campo da Semiótica da Cultura, uma abordagem que explora a relação entre os sistemas de significação cultural e a formação da identidade cultural de uma sociedade. MACHADO, Irene. Escola de semiótica: a experiência de Tártu-Moscou para o estudo da cultura. São Paulo: Atelie Editorial, 2003.
[2] Ver: NETO, Paulo Bungart. MATO GROSSO DO SUL: RIQUEZA HISTÓRICA, TRADIÇÃO E MEMÓRIA ANTECIPANDO A DIVISÃO POLÍTICA DO ESTADO. Raído, Dourados, MS, v. 6, n. 12, p 63 – 76, jul./dez. 2012, Dourados MS, ano 2012, v. 6, ed. 12, 2012. Disponível em: file:///C:/Users/Usuario/AppData/Local/Temp/MicrosoftEdgeDownloads/0113b466-3e93-4e23-ba25-1e2812ef33d6/eduufgd,+6+-+Paulo+Bungart.pdf. Acesso em: 26 ago. 2023.
[3] Ver: Lótman, I. As três funções do texto. In: Lotman, I. Por uma teoria semiótica da cultura. Belo Horizonte: FALE; UFMG, 2007.
[5] OLIVEIRA, Jorge Eremites de; ESSELIN, Paulo Marcos. Uma etno-história da erva-mate e dos povos indígenas de língua guarani na região Platina: da Província do Guairá ao Antigo Sul de Mato Grosso. 2019.
[6] Ver: CHACAROSQUI-TORCHI, Gicelma. O cinema de poesia de Joel Pizzini: pistas para um estudo da mestiçagem. In: O meio é a mestiçagem. PINHEIRO, Amálio (org.). São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009.
[7] Ver: CHACAROSQUI-TORCHI, Gicelma. O cinema de poesia de Joel Pizzini: pistas para um estudo da mestiçagem. In: O meio é a mestiçagem. PINHEIRO, Amálio (org.). São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009.
[8] Ver: QUEIROZ, Paulo R. Cimó. A grande empresa conhecida como Matte Larangeira e a economia ervateira na bacia platina (1882-1949): notas preliminares. Primeiro encontro de pós-doutores do PPGH/UFF, p. 1-19, 2010.
[9] Disponível em: http://porangabasuahistoria.com/artigos-publicados/memoria-hernani-donato-1922-2012. acesso 4/09/22.
[10] Ver: MARIN, Jérri Roberto. Hernâni Donato: um autor multifacetado e inclassificável. ERVAIS, PANTANAIS E GUAVIRAIS, p. 139, 2013.
[11] Ver: OLIVEIRA Jr. Josué Ferreira de. No Cipoal da Selva: Relatos dos ervais e seringais em Selva Trágica.2014 149f., Dissertação (Mestrado Letras) – Faculdade de Comunicação, Artes e Letras, da Universidade Federal Grande Dourados, 2014.
[12] Disponível em: https://www.instagram.com/robertofarias_memorias/?hl=pt_BR- Acesso em 2. fev. 2023.
[13] Ver: Revista Cinelândia – RJ. Ed. 238, 1962.
[14] Ver: FARIAS, Roberto. Roberto Farias em ritmo de artindústria. In: Revista Filme Cultura. Rio de Janeiro. Instituto Nacional do Cinema. P 7-12 N° 15. julho/agosto, 1970.
[15] Ver: Lótman, Iuri. A Estrutura do Texto Artístico. Editorial Estampa: Lisboa: 1978, p.147-165.
[16] Georges Méliès (1861-1938) foi um cineasta e ilusionista francês, um dos precursores do cinema. Foi considerado um dos artistas mais inventivos do cinema mundial. Sua técnica fazia uso de fotografias para criar efeitos especiais. Seu filme mais conhecido é “Viagem à Lua”, de 1902. Acesso em: https://www.ebiografia.com/georges_melies/
[17] Ver: MARTIN, Marcel. A Linguagem Cinematográfica. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2003, p.137-139.
[18] Ver: Lótman, Iuri. A Estrutura do Texto Artístico. Editorial Estampa: Lisboa: 1978.
[19] Ver: MACHADO, Irene. Escola de semiótica: a experîencia de Tártu-Moscou para o estudo da cultura. São Paulo: Atelie Editorial, 2003.
[20] Ver: Roda o Tererê – A Erva-mate no Mato Grosso do Sul (2005).
[21] Ver: Santaella, Lúcia: O que é a Semiótica, Editora Brasiliense, 1983.
[22] Ver: Santaella, Lúcia: O que é a Semiótica, Editora Brasiliense, 2003.
[23] Ver: Xavier, Ismail. Do texto ao filme: a trama, a cena e a construção do olhar no cinema. 2003.
[24] Ver: Aumont, Jacques. outros. (2002), A estética do filme.
[25]Ver: Stam, R. A literatura através do cinema: realismo, magia e a arte da adaptação. Tradução de Marie-Anne Kremer e Gláucia Renate Gonçalvez. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2008.