REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7794310
Laura de Oliveira Prado¹
Isabela da Silva Moura²
RESUMO
Segundo a Agência Brasil (2020), cerca de 7,7% da população brasileira acima de 18 anos é diagnosticada com diabetes, sendo que 8,4% das mulheres compõem esse número expressivo. Portanto, a pesquisa tem como objetivo geral, analisar a terapia nutricional no período gestacional, em mulheres com diabetes. Para isso espera-se, compreender as consequências do açúcar elevado no sangue em mulheres gestantes e identificar os alimentos indicados no período da gravidez. Concluímos que as consequências do descontrole da diabetes nesse período, pode trazer inúmeros malefícios para o feto, tendo como os mais importantes o aborto espontâneo e má formação nos órgãos, como o cérebro.
Palavra Chave: Alimentação, Gestação, Diabetes.
ABSTRACT
According to Agência Brasil (2020), about 7.7% of the Brazilian population over 18 years of age is diagnosed with diabetes, with 8.4% of women making up this expressive number. Therefore, the research has as general objective, to analyze the nutritional therapy in the gestational period, in women with diabetes. For this, it is expected to understand the consequences of high blood sugar in pregnant women and identify the foods indicated during pregnancy. We conclude that the consequences of uncontrolled diabetes during this period can bring numerous harm to the fetus, the most important of which are miscarriage and malformation in organs, such as the brain.
Keywords: Food, Pregnancy, Diabetes.
1. INTRODUÇÃO
Doenças crônicas têm sido uma das maiores preocupações do Estado, não só no Brasil, mas também pelo mundo. Muito se comenta acerca dos cuidados com a saúde, com o corpo, a alimentação, o que não é claro para grande parte da sociedade é, o que ingerir na situação de uma doença como diabetes, o que pode ou não pode, e que tipo de consequências pode ter caso não ocorra o devido cuidado. Segundo o Ministério da Saúde (2006) a diabetes é considerada uma epidemia mundial e conceitua a diabetes como uma hiperglicemia associadas a diferentes complicações nos órgãos do corpo. Segundo a Agência Brasil (2020), cerca de 7,7% da população brasileira acima de 18 anos é diagnosticada com diabetes, sendo que 8,4% das mulheres compõem esse número expressivo. Logo a associação desta patologia no período da gravidez é importante, pois pode interferir diretamente na qualidade de vida da mãe.
Com isso o estudo se depara com a seguinte problemática, qual terapia nutricional em mulheres grávidas com diabetes e as consequências da patologia neste período?
Portanto, a pesquisa tem como objetivo geral, analisar a terapia nutricional no período gestacional, em mulheres com diabetes. Para isso espera-se, compreender as consequências do açúcar elevado no sangue em mulheres gestantes e identificar os alimentos indicados no período da gravidez.
Logo, por esta doença não possuir cura, compreender todo esse processo no período específico na vida de mulheres é essencial, tendo em vista que muitas delas descobrem a doença durante a gestação.
2.1 DIABETES
Para Lyra et. al. (2019), define a diabetes mellitus como uma doença que age no metabolismo, que tem como característica a elevação do açúcar no sangue a longo prazo, que resulta em alterações micro e macro vasculares.
As complicações crônicas incluem retinopatia, com potencial perda visual progressiva; nefropatia, com possibilidade de evolução para insuficiência renal; neuropatia periférica, com risco de desenvolvimento de úlceras de pé diabético, amputação e artropatia de Charcot; neuropatia autonômica, com sintomas gastrointestinais, geniturinários, sexuais e cardiovasculares; por fim, doenças aterotrombóticas, com comprometimento cardiovascular, cerebrovascular e vascular periférico. (LYRA et. al 2019, p. 18).
Tentaram diversas formas de chegar ao melhor tratamento e até mesmo a cura da diabetes mellitus, que basicamente é dada como elevação dos níveis de açúcar no sangue, no entanto como já mencionado, existem diversas condições associadas. Nos últimos anos foram elencados diversos fatores que pudessem levar ao início da patologia, fatores como a genética, imunológicos e ambientais.
O que a ciência tem conhecimento é que os pacientes que possuem a glicose controlada, têm bem menos complicações do que aqueles que não controlam.
Um dos fatores negativos quando se tem diabetes, é descontrolar a alimentação, no Brasil, devido a cultura da culinária de alimentos com alto teor de carboidrato e açúcar, pessoas estão cada vez mais doentes, e a principal doença é a diabete.
Segundo a federação internacional de diabetes (2017), o Brasil está em quarto lugar no ranking de números de casos (tabela 1).
Tabela 1 – Ranking dos países com mais diabéticos em 2017 e a previsão para 2045.
Fonte: International Diabetes Federation, 2017.
2.1.2 Classificação da Diabete -DM
Para Rodacki et. al.(2022), o tratamento adequado da diabete dependerá da classificação, tendo diversos tipos, no entanto é recomendada a classificação na etiopatogenia do diabetes, que são o diabetes tipo 1(DM1), o diabetes 2 (DM2), o diabetes gestacional (DMG), além de outros tipos.
Rodacki et. al. (2022), listaram os tipos:
Diabetes tipo 1: inmunomediado; idiopático.
Diabetes tipo 2: Diabetes gestacional e outros tipos de diabetes, tais como: Defeitos monogênicos na função das células ß pancreáticas nos quais são MODY (Mature Onset Diabetes of the Young), Diabetes neonatal transitório ou permanente e Diabetes mitocondrial. Defeitos Genéticos na ação da insulina, tais como: Síndrome de resistência à insulina tipo A, Leprechaunismo, Síndrome de Rabson-Mendenhall e Diabetes lipoatrófico. Doenças no Pâncreas Exócrino, tais como: Pancreatite, Trauma ou pancreatectomia, Neoplasia pancreática, Fibrose cística, Hemocromatose, Pancreatopatia fibrocalculosa. Diabetes Associado a endocrinopatias, que são: Acromegalia, Síndrome de Cushing, Glucagonoma, Feocromocitoma, Hipertireoidismo, Somatostatinoma, Aldosteronoma. Diabetes Secundário a drogas (quimicamente induzido): Vacor (Piriminil – raticida com potencial para destruir célula Beta), Pentamidina, Ácido nicotínico, Glicocorticóides, Hormônio de tireóide, Diazóxido, Agonista ß adrenérgico, Tiazídicos, Difenilhidantoina, Interferón Y. Secundário a infecções: Rubéola congênita, Citomegalovírus. Formas incomuns de DM imunomediado: Síndrome da pessoa rígida e Síndrome de resistência à insulina tipo B (por anticorpos anti receptor de insulina). (RODACKI et. al. 2022).
Outras síndromes genéticas associadas ao DM: Síndrome de Down, Síndrome de Klinefelter, Síndrome de Turner, Síndrome de Wolfram, Síndrome de Prader Willi, Ataxia de Friedreich, Coreia de Huntington, Síndrome de Laurence Moon-Biedl, Distrofia miotônica e Porfiria. (RODACKI et. al. 2022).
2.1.2 Diabete Gestacional-DMG
Para Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2006), a diabete mellitus gestacional (DMG, é caracterizada por qualquer intolerância a açúcar ou macros como carboidrato, que resulta na elevação da glicose sanguínea.
Segundo Burgess (2017), os sinais da DMG podem ser percebidos, são eles: sede incomum, urinar com frequência, cansaço, náusea, infecções das bexigas, visão embaçada e açúcar na urina, quando testado por médico.
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2006, p. 477), afirma que:
Sua fisiopatologia é explicada pela elevação de hormônios contrarreguladores da insulina, pelo estresse fisiológico imposto pela gravidez e a fatores predeterminantes (genéticos ou ambientais). O principal hormônio relacionado com a resistência à insulina durante a gravidez é o hormônio lactogênico placentário, contudo, sabe-se hoje que outros hormônios hiperglicemiantes como cortisol, estrógeno, progesterona e prolactina também estão envolvidos.
Logo a importância da informação dada às gestantes, é essencial, pois pode alterar positivamente a forma de enfrentar esta patologia na gestação. Principalmente acerca da alimentação e consequências futuras.
3. TERAPIA NUTRICIONAL EM MULHERES GESTANTES COM DIABETES
A terapia nutricional tem como objetivo estabelecer um plano alimentar, onde tem como objetivo deixar a glicemia da gestante no nível ideal, para não desencadear futuras complicações.
Para Muniz e Reis (2014), às recomendações nutricionais iniciam logo no diagnóstico da DGM, com a intenção de nutrir adequadamente a mãe e o feto, assim controlar o metabolismo. Logo a distribuição dos macros e micronutrientes são calculados através do Valor Energético Total (VET).
Recomenda-se que os carboidratos devam perfazer um total de 45-65% do Valor Energético Total (VET), as proteínas 15-20% (com um adicional diário de 10g ou 1,1g/kg de peso pré-gestacional/dia, com a ingestão total recomendada de 71g/dia) e os lipídios de 20%-35%. (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. 2004).
Almeida et. al (2022), a terapia nutricional é iniciada o quanto antes possível, e tende a ser individualizada, pois cada paciente terá suas condições nutricionais.
Um ponto importante para alavancar o estado nutricional da grávida é saber quais alimentos são comuns em sua alimentação. Alimentos ricos em carboidratos devem ser analisados, não retidos, porém dosados de uma forma que forneçam as energias necessárias tanto para mãe quanto para o feto, no entanto não poderá ter excesso, pois este macro logo resultará no nível de glicose no sangue elevado, assim como alimentos gordurosos e industrializados, o acompanhamento nutricional nesta fase é essencial para qualidade de vida da gestante.
Deve-se considerar também aspectos socioeconômicos para elaborar o plano alimentar e esclarecer a importância da sequência de ingestão de alimentos saudáveis, como frutas, legumes, proteínas magras, equilibrando assim os níveis da glicose.
Tabela 2 – Recomendações Nutricionais
Fonte: Burgess, 2017.
4. CONSEQUÊNCIAS DA DIABETES NÃO CONTROLADA EM MULHERES GESTANTES
A DMG, está ligada a elevados fatores de complicações fetais, neonatais e também no aspecto a longo prazo. As complicações podem se dar desde a fecundação do feto nos três primeiros meses, onde pode ocorrer abortamentos, malformações congênitas e restrição do crescimento fetal. (AMARAL et. al. 2012)
Posteriormente no segundo e terceiro trimestre, podem resultar em hiperinsulinemia fetal e microssomia, podendo afetar o peso, deixando-o acima do nível de 4kg.
Bebês de mães diabéticas, tendem a ser um grupo de risco e desenvolver precocemente a hipoglicemia.
Além de elevar as taxas de anomalias congênitas, que segundo Amaral et. al. (2012), recém-nascidos de mãe diabéticas tem 4x mais chances de desenvolver estas anomalias no cérebro, coração, rins, intestino e esqueleto.
Com isso, a longo prazo, a hiperglicemia resulta em problemas metabólicos e neurológicos, onde associados com a obesidade, trará inúmeras patologias secundárias.
5. CONCLUSÃO
A diabetes é definida como uma doença que age no metabolismo, que tem como característica a elevação do açúcar no sangue a longo prazo. Portanto os casos de Diabetes Mellitus vêm crescendo em todo mundo, os casos de DMG não é diferente, logo compreendemos esse processo no período específico na vida de mulheres que descobrem a doença durante a gestação, e a falta da informação pode levar elas ao descaso com a terapia nutricional.
Logo através de revisão de literaturas, podemos alcançar os objetivos propostos no início do estudo, onde analisamos a terapia nutricional no período gestacional, em mulheres com diabetes. Para isso compreendemos as consequências do açúcar elevado no sangue em mulheres gestantes e identificamos os alimentos indicados no período da gravidez.
Podemos concluir que as consequências do descontrole da diabetes nesse período, pode trazer inúmeros malefícios para o feto, tendo como os mais importantes o aborto espontâneo e má formação nos órgãos, como o cérebro. Assim Abordamos os alimentos que devem ser consumidos durante e pós gravidez, concluindo que os melhores alimentos são os naturais como vegetais e proteínas, tendo que evitar os industrializados e aqueles ricos em açúcar. Com isso, a terapia nutricional é indispensável, pois é ela que trará o equilíbrio nutricional e qualidade de vida ao paciente.
REFERÊNCIAS
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AMARAL et. al. Complicações neonatais do diabetes mellitus gestacional – DMG. Rev Med Minas Gerais 2012. American Diabetes Association. Gestational diabetes mellitus. Diabetes Care, 2004.
BRASIL. Diabete Mellitus.2006. disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.PDF. acessado em 19 Março 2023.
IBGE. pelo menos uma doença crônica afeta 52% dos adultos em 2019. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-11/ibge-pelo-menos-umadoenca-cronica-afetou-52-dos-adultos-em-2019#:~:text=A%20PNS%20estimou%20que%207,homens%2C%206%2C9%25. acessado em 20 de março 2023. International Diabetes Federation. IDF Atlas. 8. ed. Bruxelas: International Diabetes Federation; 2017.
LYRA, Ruy. CAVALCANTE, NEY e SANTOS, Raul. Diabetes Mellitus, uma abordagem cardiovascular. ed. científica. 2019.
MUNIZ, Nicolli e REIS, Lilian. Terapia nutricional do Diabetes Mellitus na gestação. 2014.
Rodacki M, Teles M, Gabbay M, Montenegro R, Bertoluci M. Classificação do diabetes. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022). DOI: 10.29327/557753.2022-1, ISBN: 978-65-5941-622-6. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. DIABETES MELLITUS
MELLITUS GESTACIONAL. 2006. Disponível em https://www.scielo.br/j/ramb/a/hVcWJSbDQ5zkSPVnDMQtFTH/?format=pdf&lang=pt . acessado em 25 de jun 2023.
¹Acadêmica de Nutrição da Universidade Niltonlins.
²Me.Orientadora da Universidade Niltonlins