TEORIA DOS LADOS: DIVISÃO DA HUMANIDADE. UMA NOVA PERSPECTIVA EVOLUCIONISTA DA PERSONALIDADE HUMANA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7693260


Vitor Iwamizu¹


Resumo

O presente artigo visa trazer uma nova perspectiva da formação da personalidade, sob uma ótica evolucionista. Apresentando que a evolução humana solidificou bases biológicas, que contribuíram, e que contribuem fortemente para a formação da personalidade. Esse efeito é determinante para a formação de uma estrutura inicial da personalidade, sendo apresentada como Matriz da Personalidade, sendo que esse efeito representou e representa uma vantagem para a sobrevivência da nossa espécie.

Summary

This article aims to bring a new perspective on personality formation, from an evolutionary perspective. Introducing that human evolution solidified biological bases, which contributed, and which contribute strongly to the formation of personality. This effect is decisive for the formation of an initial personality structure, being presented as a Personality Matrix, and this effect represented and still represents an advantage for the survival of our species.

Objeto de Pesquisa

O objeto da pesquisa é a busca de uma visão evolucionista sobre a formação da personalidade. Apresentando uma forma sistemática humana que mostre que a evolução tem forte impacto na formação da personalidade da humanidade, e isso tem valor evolutivo.

Justificativa

Encontrar uma nova visão do ser humano para ajudar a lidar com problemas da personalidade humana e suas consequências na sociedade.

Introdução

Desde a Grécia antiga, já se questionava sobre a natureza do humano e sobre a forma como o homem pensava e agia. A ideia que saia de mitos para tentar explicar o homem começa a ser questionada e a dar lugar a pensamentos mais voltados para pensamentos racionais.

Esses questionamento e formas de ver a o mundo foram evoluindo, passaram por vários estudiosos que tentaram desvendar um pouco sobre quem somos e como funcionamos, sendo diretamente influenciador por sua época.

A partir dos séculos XIX temos um grande desenvolvimento de estudos voltados para o ser humano, e então temos o nascimento da psicologia². Surgindo pensadores que davam ênfase em diversas áreas, como: inconsciente, luta por superioridade, comportamento e resposta, entre outros.

Dentro dessas linhas de pesquisas e pensamentos temos as teorias evolucionistas, que buscam encontrar resposta para o comportamento humano através das premissas de Darwin e a teoria da evolução. Darwin explicou que na natureza existe uma luta pela sobrevivência³, e essa luta consequentemente acaba na sobrevivência do mais apto, ou seja, aquele que se adapta melhor ao ambiente tem mais facilidade de sobreviver. Darwin também observou que no futuro, seria necessário entender sobre evolução para se entender a psicologia. Esse artigo se baseia em apresentar exatamente isso, uma base evolucionista, que foi naturalmente formada ao longo de sucessivas gerações, que permitiu deixar uma base biológica, que pudesse contribuir para a sobrevivência da nossa espécie e que pudesse ser replicado em vários aspectos. Essa formulação sistemática, vai se ligar diretamente com o meio, de forma que mesmo passando por gerações, represente um ganho para a nossa espécie e se relacione diretamente com a personalidade de uma pessoa.

Personalidade

Personalidade é um padrão de traços relativamente permanentes e características únicas que dão consistência e individualidade ao comportamento de uma pessoa. (Roberts & Mroczke, 2008, apud Feist,Feist, Roberts,2015)

Essa visão sobre a personalidade é interessante principalmente pela interpretação da palavra relativamente. Fazendo uma análise sobre a personalidade, podemos considerar que existem traços que se modificam ao longo do tempo, já outros traços que seriam mais estáticos. Esses traços mais estáticos que podemos considerar que tem uma forte influência evolucionista.

Sendo assim, para visualizar a totalidade do padrão de uma pessoa se manifestar, dividimos em 3 dimensões sucessivas as estruturas da personalidade.

  1. Biologia
  2. Matriz da Personalidade
  3. Personalidade Total

1.1 A primeira camada seria a constituição biológica, que um indivíduo, juntamente com a com as características genéticas, nasce. Alterar a biologia do ser, altera sua personalidade. O exemplo mais emblemático que temos na psicologia é de um trabalhador ferroviário chamado Phineas Gage. Ele foi atingido por uma barra de ferro que atravessou sua cabeça, afetando a biologia do seu cérebro e consequentemente mudando totalmente a sua personalidade. Se antes ele era um trabalhador responsável e calmo, ele passou a ser uma pessoa irritada e irresponsável. Isso demonstra que a base biológica, vai afetar diretamente a personalidade de uma pessoa, e embora ela seja mais “estática”, pode sofrer modificações através do meio.

2.1 A segunda camada seria a Matriz da Personalidade, ela é formada através de um efeito determinado geneticamente, mas ocorre em interação com o ambiente, posteriormente se solidificando, e se tornando parte da biologia do indivíduo. Ela se constitui muito cedo no indivíduo e age inconscientemente através da totalidade da personalidade de uma pessoa.
Dentro da dimensão da Matriz da Personalidade temos 3 camadas conjuntas

a)Nível de adaptação
b)Grupo
c)Introversão e Extroversão (Jung, 1875-1961)

3.1 Personalidade Total seria a totalidade manifestação do indivíduo. Unindo a biologia ao qual nascemos e vai se desenvolvendo, juntamente com a matriz da personalidade, e todos os eventos no meio, que podem moldar a personalidade, sejam traumas ou forças atuais do ambiente. Como foi observado, ela se constitui de parte modificáveis e outras partes estáticas.

Matriz da Personalidade

O zoólogo e médico australiano Konrad Loren realizou estudos comparativos de patos e gansos em seu ambiente natural⁶ e descobriu que jovens aves criavam laços rapidamente quando nasciam e esse mesmo efeito poderia ocorrer com pais adotivos se a mãe estiver ausente. Esse fenômeno foi denominado imprinting.

Imprinting é uma conexão que ocorre entre filhote e um ser presente ao romper da casca do ovo. Essa ligação faz com que o filhote pense que o primeiro ser visto é sua mãe. Esse fenômeno instintivo é um padrão fixo de comportamento, ou seja, é um fato pré-determinado geneticamente, que ocorre em um determinado tempo, e somente naquele determinado tempo, chamado período crítico. Passado um esse período o evento nunca mais ocorre.

Podemos considerar a Matriz da Personalidade é uma espécie de imprinting humano ou algo bem semelhante, que podemos chamar de Conexão de Origem. Essa conexão também tem um período crítico ao qual deve ocorrer e também é um padrão fixo do comportamento. Significa dizer que a conexão ocorre em um determinado espaço de tempo, que o cérebro tem estruturas iniciais que permitem esse efeito, e quando essas estruturas são solidificadas a reação nunca mais ocorre.

Essa reação vai ser determinante para a formação das 3 dimensões da Matriz da Personalidade, sendo elas o nível de adaptação, os grupos que vivemos e a introversão e extroversão.

Nível de adaptação

Os ancestrais do ser humano viviam em diversos tipos de ambientes com situações adversas. A modificação do ambiente, e consequente modificação da atitude do grupo era uma constante, junto com os vários problemas que poderiam existir. Sendo assim, os beneficiados seriam aqueles que adquiriram uma melhor relação: adaptação x ambiente, que melhor contribuísse para a nossa espécie ancestral.

Como o ambiente se modificava, aos nossos ancestrais seguiram duas escolhas que vão por caminhos opostos.

Um dos caminhos era a tentativa de adaptação interna do ser, o ambiente modificava-se, mas graças a adaptação interna no indivíduo, o atrito entre a nova realidade e o indivíduo era atenuado. Isso tem uma consequência, se o indivíduo se adapta favorece o ambiente, fazendo o ser entrar em um estado de maior passividade, sendo mais facilmente subjugado pelas relações externas.

O outro caminho é não adaptação interna. Esse gera um desconforto e consequente ação do indivíduo frente ao ambiente. Esse efeito fazia o atrito entre o ser e o ambiente aumentar, fazendo assim com houve o choque entre a vontade interna do indivíduo e o meio externo. Logo para resolver esse problema, a não adaptação age no sentido oposto ao do ambiente, tentando subjugar o meio a sua vontade, consequente produzindo ação externa no ambiente.

Os nossos ancestrais poderiam ter ambas os tipos de formas de agir. Só que aconteceu foi que a seleção natural, juntamente com a variabilidade genética, fez esse sistema se solidificar nos indivíduos. Essa solidificação aconteceu através da necessidade do próprio ambiente, fazendo o nosso ser assumir uma posição na infância e se mantendo na fase adulta, ou seja, alguns indivíduos eram mais passivos na infância e mantinham essa passividade constantemente na vida adulta, e outros eram mais ativos, mantendo também essa constante na vida adulta.

Como isso pode ter acontecido?

Em um meio familiar muito autoritário ou restritivo, criou uma relação ao forçar uma adaptação nos descendentes que nasciam. Quanto mais essa relação era forte, mais o novo indivíduo se adaptaria ao ambiente. Essa relação não reagia da mesma forma com todos os descendentes e ia perdendo a força ao longo dos filhos que iam nascendo.

Em contrapartida temos o seu reverso. Um ambiente familiar muito passivo gerou um ambiente muito precário, principalmente em relação a obtenção de recursos para a sobrevivência. Então desses descendentes, uma mutação reagiu em relação a adaptação do novo ser, ou seja, quanto mais o ambiente se mostrava passivo, a mutação prejudicava a adaptação no novo ser.

Essa falta de adaptação ao ambiente gerou desconforto, então quanto mais o ser se sentia incomodado, isso resultava em ação para modificar o ambiente, podendo essa forma se manifestar em atitude e raiva.

Em resumo, podemos dizer que quanto mais passivo, mais ele influenciava na criação seu oposto: mais ativo. Já do outro lado, quanto mais ativo, mais ele influenciava na criação dos seus opostos: um mais passivo.

Como foi observado, essa é relação ao primeiro indivíduo dentro de uma família, como nasciam outros, os sistemas se modificavam gerando variados níveis de atitude e passividade. Então podemos ter indivíduos que tinham uma relação interna de equilíbrio diversa dentro do bando. Temos:

Esses variados tipos de atitude criando variabilidade no meio traziam diversos benefícios. Os mais passivos teriam uma alta capacidade de modificação interna, mas também tinham o defeito da maior inercia frente ao ambiente, já do outro lado temos seres mais dotados de atitude e necessidade de subjugar o ambiente a sua volta, mas ao mesmo tempo tendo uma dificuldade maior na adaptação ao ambiente.

Como foi observado, a variação de forças entre adaptação e ação age em dois eventos distintos, um na formulação interna da personalidade, e quando estas estão solidificadas na personalidade, vão servir de medida para o mesmo efeito ser passado adiante, ou seja, temos uma balança interna de equilíbrio, o resultado dessa balança serve de molde para a influência do meio e na criação de outras personalidades, gerando assim um efeito de equilíbrio dentro de pares nos grupos.

Esse efeito completo da mutação não aconteceu de imediato. Até chegar a esse sistema muitos seres morreram, e os que sobreviveram foram aqueles que adquiriram uma melhor relação passividade x atitude. Com o tempo essa relação mental se tornou mais forte nos descendentes, contribuindo para o aparecimento de seres muito extremamente passivos e outros extremamente ativos. Consequentemente afetando também a tranquilidade e a raiva no grupo. Logo temos seres muito calmos e outros muito nervosos.

Sendo assim, o ser humano tem uma relação evolutiva oposta entre adaptação e atitude, ou seja, ela funciona como uma balança. Enquanto uma aumenta o outro diminui.

Terceira lei de Newton

Outra forma de ver a formação e atuação dos níveis de atividade é fazendo uma aproximação da psicologia da personalidade e as leis de newton.

Principalmente a terceira lei de Newton.

“Terceira Lei (Lei da ação-reação): Para cada ação existe uma reação igual e oposta; i.e, as forças resultantes da interação entre dois corpos são iguais e simétricas, cada uma delas aplicada a um dos corpos.”

Essa lei pode ser aplicada também a natureza da personalidade do ser humano e seus ancestrais, mudando as relações entre corpos, pela ação na personalidade do indivíduo x ambiente. Logo, as forças atuantes seriam as forças da natureza e ambiente agindo sobre o homem, e o choque entre essas variantes, mudança do ambiente x personalidade, produz uma reação oposta que dependo de suas forças produzem modificações internas no indivíduo, ou externas no ambiente.

Ela atua em dois momentos, primeiro na origem da Matriz da Personalidade, sendo a relação do indivíduo mais maleável, e em segundo momento com a Matriz da Personalidade solidificada.

Se a pessoa possui uma Matriz da Personalidade mais adaptável, é mais fácil que as forças atuantes sobre elas produzam uma modificação maior no indivíduo que sofre a ação, já quando temos uma matriz da personalidade mais estática, o impacto de mudanças externas será maior, formando mais força que pode ser usada para a deformação e modificação do meio.

Isso explica o porquê pessoas que tem uma matriz da personalidade menos adaptável entram mais facilmente em conflito, sendo menos tolerantes e tendo uma necessidade maior agir no meio. Isso seria somente o resultado do encontro de duas forças que resultam em direções opostas que tenta primariamente a modificação do ambiente, ao invés da modificação e adaptação interna.

Por isso quando olhamos na sociedade é comum encontrar pessoa que se adaptam melhor e tendem a menos conflitos, assim como pessoas mais nervosas ou agitadas, que terão, mas necessidade agir, ou atuar sobre o meio.

Grupos

Com a variação no ambiente criada pelo nível da adaptação surgiram diversos níveis de atitudes no ambiente. Os novos descentes que nasciam e iam para um extremo foram a chave para uma mudança. Porque dentre eles surgiu outra mutação que ajudou esses extremos se ligarem. Um efeito de distorção dos sentidos que podemos chamar de uma empatia ampliada x rejeição ampliada.

Podemos pensar em 2 seres. Um muito passivo e outro muito ativo. Esses seres têm inúmeros defeitos por conta dessas qualidades, só que a mutação agia no sentido de obrigar o ser mais passivo e ativo a ignorar esses defeitos. Eles simplesmente estavam parando de incomodar. Apesar dos defeitos, começaram a ignorar e deixar de se importar com características negativas e defeitos.

Esse efeito primeiro começou muito fraco e ao longo de gerações, foi se tornando muito forte. Os grupos começarem inconscientemente a excluir grandes defeitos do grupo do outro extremo, e começar a implicar e se irritar com quem tinha defeitos de atividade e passividade muito próximos. Esse efeito trazia um benefício muito grande, já que extremos em qualidades ignoram vários defeitos que poderiam atrapalhar na relação. Ao mesmo tempo ajudava a ficar longe de quem tinha os mesmos defeitos, de atividade e passividade, o que poderia ser essencial para a sobrevivência.

Sendo assim:

Grupos distintos = Excluem inconscientemente as características e acontecimentos negativos.
Iguais = Aumentam inconscientes as características negativas.

Ao longo de gerações, esses extremos, com a mutação, se tornaram muito forte, fazendo uma verdadeira divisão cerebral em dois grupos. Podemos chamar de:

Descendentes do grupo mais ativos = A = Grupos dos Atitudinais
Descendentes do grupo mais passivos = B = Grupo dos Racionais

Temos o grupo que excluíam os defeitos do grupo A, e temos o grupo que excluíam os defeitos do grupo B. Mas observe, a divisão cerebral causada pela mutação muda os parâmetros para ser ou não de um grupo. Se antes o grupo era definido por causa do ambiente ativo e passivo, isso deixa de ser assim, e estabelece outra regra para ser ou não de um grupo.

Se antes o mais passivo – “criava” um mais ativo

Agora o grupo A – influência na criação do grupo – B. E o grupo B – influência na criação o grupo – A.

Mas independe do ambiente, e os níveis de atividade, os descentes do grupo mais ativo ainda seriam afetados para tomar mais atitude e ter mais dificuldade de adaptação, e o grupo dos mais passivos teria mais facilidade de adaptação e uma inclinação para uma maior passividade.

Sendo assim, a divisão em 2 grupos, nada mais foi do que, uma nova formulação cerebral, sendo que ao ir para um grupo ou outro, áreas diversificadas foram ativadas e tivermos áreas que formam desativadas, e a forma do cérebro receber os estímulos reagiu de forma diferente.

Sendo assim ninguém nascia de um grupo. Então ao longo de nossa seleção sobreviveram os que tinham capacidades duais do cérebro de ir para um grupo ou para o outro, de acordo com a nova regra que se formou, resultante da seleção natural.

Esses descendentes que tinham a mutação da divisão podem ter tomado dois caminhos na antiguidade, ou foram eles os únicos que sobreviveram ou esses que tinham a mutação da divisão se separam do grupo inicial, formando um novo bando. Seja qualquer caminho que tomaram, nós somos os descendentes deles.

Níveis de adaptação e Grupos

Os níveis e os grupos estão ligados diretamente por relações de adaptação. Embora a divisão tenha ocorrido primeiramente pelo nível de adaptação ao meio, hoje elas andam conjuntamente, e agindo juntas para formar a personalidade de ser humano.

Sendo assim, temos duas relações de adaptação na formação da Matriz da Personalidade. Uma vinda dos níveis de adaptação que é formulado com o ambiente, seguindo sua própria regra, e um segundo adaptação que é formulada pelo grupo que a pessoa é enviada.

A nossa personalidade vai juntar as duas relações:

O temperamento de um indivíduo é fortemente influenciado por esses dois efeitos, principalmente pelo nível de adaptação x nível de atividade. Essa afirmação vai diretamente de encontro com as pesquisas atuais, que afirmam que o temperamento faz parte da estrutura ao qual um indivíduo nasce. Mas essa afirmação pode ser refutada a partir do momento que entendemos como se formulam as famílias e como pode ser fortemente influenciado o temperamento e a personalidade de uma pessoa, ao escolher com quem a conexão de origem da personalidade vai acontecer.

Consequência da divisão.

As consequências da divisão da humanidade, ao longo do tempo, foi o fortalecimento dos efeitos das distorções entre os dois grupos. Esse sistema de distorções positivas e negativas foi, e até hoje é, essencial para a saúde do ser humano. O empobrecimento dessa relação entre grupos distintos causa consequentes danos psicológicos e neurológicos para os indivíduos, podendo até mesmo levar a morte, seja por depressão, ansiedade e consequente suicídio.

Já pelo lado positivo, temos as consequências positivas das distorções positivas que serão efeitos de complementação, podendo proteger o indivíduo de doenças psicológicas ou atenuando os conflitos.

Em uma via psicológica podemos considerar que o sistema humano tenta replicar os efeitos da conexão de origem e quando ela falha, isso tem consequências negativas, e isso tem forte impacto evolutivo de uma relação ancestral que contribuiu para nossa sobrevivência.

Essa afirmação também vai de encontro a pesquisas atuais que afirmam sobre oposição entre casais. Embora a divisão seja muito mais ampla que somente casais, podemos fazer um parâmetro sobre essas pesquisas para entender o porquê elas não conseguiram enxergar nossa divisão.

Em 2008, os psicólogos Matthew Montoya, Robert Horton e Jeffrey Kirchner fizeram uma meta-análise de estudos que mostravam uma vasta evidência que a similaridade “produz um efeito positivo, moderadamente forte, sobre a atração”.

O fato de tentarmos observar as qualidades similares e, e tentar chegar à conclusão que se completam por serem opostos seria muito difícil. Isso é uma premissa muito importante, já que qualidades não fazem a divisão da humanidade, nem nos torna opostos. O que faz a divisão da humanidade é o efeito da conexão de origem, juntamente com as consequências da interação entre esses grupos, que geram benefícios e prejuízos na interação.

Introversão e Extroversão

Esses conceitos foram nomeados de Tipos Psicológicos e explicados por psiquiatra Suíço Carl G. Jung. Para ele, o extrovertido seria aquele que tem uma relação maior com o meio externo. Valorizando e sendo mais orientado por essas relações. Para Jung, a consciência extrovertida é mais guiada por situações objetivas, que vão mais ao encontro da realidade fora do indivíduo. Sendo assim, essa relação vai contribuir para uma melhor adaptação ao meio onde se encontra. Já as relações subjetivas internas, embora sua importância, serão menos usadas.

Já os introvertidos, em uma visão Junguiana, têm uma relação maior com seu mundo interior e lhe dá uma maior importância. Como diz Jung, o introvertido vê as relações externas, mas prefere a relações internas e subjetivas, “ […] o mundo não existe apenas em si mesmo, mas também o representa para o interior do introvertido.” O introvertido não seria necessariamente uma pessoa calada ou até tímida, assim como o extrovertido também não seria uma pessoa super agitada.

Jung também escreveu que não saberia exatamente como se forma a extroversão ou introversão. Para desvendar esse questionamento precisamos entender sobre os Níveis de Atividade e se afastar um pouco do que popularmente é visto. A formação das famílias é outra relação de oposição na natureza, sendo gerada pela força de ação e reação, onde um Introvertido influencia na criação de um Extrovertido e vice-e-versa. A dificuldade em se ver isso está diretamente ligada ao nível de adaptação x atividade.

Exemplo:
Uma mãe Atitudinal com seu primeiro filho.

Atitudinal A – influenciando na criação – Racional – B

A matriz da Personalidade de A é:

  • Atitudinal
  • Nível de Atividade alto (baixa adaptação)
  • Introvertido

Na conexão de origem (imprinting), tanto consciente quando inconscientemente haverá uma pressão para a adaptação do novo ser. Logo teremos um ser mais ativo, influenciando na criação de um novo ser mais passivo.

Então em uma relação de oposição seu filho se tornará extrovertido.

Introvertida = Extrovertido

A Matriz da Personalidade de A              Matriz da personalidade do primeiro filho:

  • Atitudinal                                          Racional
  • Nível de Atividade alto                   Nível baixo(médio-baixo)
  • Introvertido                                       Extrovertido

O filho é mais passivo nos níveis e no grupo, mas também é extrovertido. Isso pode causar uma confusão ao observador, já que ele pode confundir o nível de atividade e grupo com introversão e extroversão.

Essas complicações também ocorrem pelo fato da introversão e extroversão tem vários estágios também, assim como Jung disse, ninguém é totalmente introvertido ou extrovertido. Existem aqueles que são do grupo introvertido, e são muito introvertidos e outros não, mas ainda assim, continuam pertencendo a esse grupo de tipos psicológicos. E outros que são do grupo extrovertido, sendo uns muito extrovertidos e outros menos, mas também ainda sendo desse grupo de tipo psicológico.

Famílias

As famílias seguem regras, uma relação lógico-matemática, que se estabeleceu no meio.

Essas regras em grande parte aconteceram por causa do grupo dos Atitudinais. A ausência de adaptação tanto dos níveis, conjuntamente com o grupo, criou um grupo muito mais ativo e violento, sendo assim, a sua influência se sobrepôs em uma relação evolutiva da seleção natural, fazendo o meio criar mais indivíduo do grupo Racional, do que o grupo Atitudinal. Sendo assim, temos diversas regras que se solidificaram na espécie humana.

1ª regra. Se houver pais opostos o Atitudinal vai influenciar, não importando o gênero.

Se o pai é Atitudinal, será dele a influência, se for a mãe sairá dela a influência.

A diferença será no nível de atividade. O primeiro será mais passivo e o segundo mais ativo.

Como foi observado, a força de influência vai perdendo efeito ao longo dos descendentes que vão nascendo. Logo o terceiro filho não sofre mais a influência dos pais Atitudinais, e a influência fica a cargo dos filhos.

3ª regra. Os Racionais só conseguem influenciar na criação de um Atitudinal.

Essa regra é quando só temos pais Racionais, irmão ou irmãos mais velhos Racionais.

4ª regra. Um filho Racional mais ativo, vai obrigar o próximo a ser Atitudinal.

Ou seja, se o filho Racional mais ativo vier em 1º, o 2º será Atitudinal, se ele vier em 2º, o 3º será Atitudinal.

5ª regra. Um filho Atitudinal recomeça a influência. Ele vai influenciar os próximos 2 irmãos ou somente 1.

Quando nasce o Atitudinal a reação recomeça.

6ª regra. Se houver pessoas que possam servir de pais ou representação de filhos no ambiente, a personalidade do filho pode ser alterada, e a influência pode acabar ocorrendo com essas pessoas.

Logo a formulação dessa família ficará alterada, pela influência de um terceiro no ambiente (babá).

7ª regra. Se os pais ou os irmãos no ambiente se ausentar no período de influência a personalidade da criança pode ser alterada.

A mesma situação ocorre se você retirar o Atitudinal do ambiente no período crítico da conexão, em que o primeiro filho vai para um grupo. Logo a conexão ocorreu com a pessoa do grupo Racional.

8 ª regra. Os níveis acontecem juntando as forças ambientais, genética e influência da pessoa que estabelece a conexão de origem. Tendo a pessoa da conexão mais influência.

Seguindo todos esses parâmetros, ou o casal vivendo sem interferência, existem somente 3 tipos de famílias iniciais que são possíveis.

A família A-1: o Atitudinal joga a influência somente sobre 1 filho.

FAMÍLIA A1

Pai/ Mãe Atitudinal= Racional/Atitudinal/Racional.

A figura está representando o Pai Atitudinal (Poderia ser a mãe Atitudinal) de roxo, sua influência somente sobre o primeiro filho. O segundo filho se torna Atitudinal, a sequência recomeça, logo o segundo filho aqui jogou sua influência no terceiro.

A família A2: o Atitudinal joga a influência sobre 2 filhos.

Atitudinal = Racional, Racional, Atitudinal

Nessa o pai/mãe Atitudinal joga sua influência sobre os 2 primeiros. Sendo o primeiro filho com nível de atividade menor, o segundo com nível maior atividade, e logo depois o Atitudinal.

E a família R1: onde os casais Racionais, ou país solo Racionais, jogam a influência somente sobre o primeiro filho.

Racional = Atitudinal, Racional

Em família de gêmeos que crescem juntos a resposta é mais fácil: cada um vai para um grupo. A relação se dá entre a distribuição da estrutura da Matriz da Personalidade. Em muitos casos o gêmeo mais ativo era o Racional, e o Atitudinal era mais passivo. Já em outras era o inverso. Logo, existe uma dinâmica que vai se estabelecer para que se tenha um equilíbrio entre eles.

Já nos trigêmeos, seguia a estrutura da família A1 ou A2, ou seja, no meio de 3, um deles era Atitudinal.

Período que ocorre a conexão de origem

A conexão de origem ocorre no primeiro ano, se solidificando entre 6 meses e 1 ano. Para se chegar a essa conclusão é necessário saber a formulação das famílias e fazer o caminho reverso. Logo se encontramos uma família onde existem somente duas pessoas do grupo Racional (Pai e filha). Precisamos encontrar quando se deu a ausência do seu oposto: Atitudinal. Se o desvinculamento ocorreu no primeiro ano e essa pessoa apresenta uma saúde mental consistente, podemos dizer a conexão de origem ocorre com segurança até determinada data.

Resultado da pesquisa

O presente trabalho teórico buscou encontrar uma nova versão sobre a formação da personalidade em uma ótica evolucionista. Essa nova visão pode contribuir fortemente para uma sociedade mais saudável e trazer uma maior compreensão sobre a formação do ser humano.

Esse trabalho busca apresentar a matriz da personalidade, que é um evento programado geneticamente que ocorre em um determinado tempo. Essa matriz da personalidade tem valor evolutivo, pois apresenta que as premissas para modificação do ambiente têm relações evolutivas que atuam sobre a personalidade, e essa consequentemente atua sobre o ambiente.

Outras premissas que são elaboradas são sobre a manipulação sobre o temperamento do ser humano que segue relações genéticas e ambientais para uma formulação conjunta. Essa formulação segue lógicas matemáticas que foram geradas através de seleção natural, que contribuiu para a sobrevivência da espécie humana.

Outra premissa apresentada é a divisão da humanidade, mostrando que a evolução dividiu a humanidade e isso contribuiu para a nossa sobrevivência, apresentando que a interação entre grupos tem efeitos positivos em grupo distintos e complicações em interações em grupo iguais, observando que essa formulação impacta fortemente sobre a fortemente na formulação da personalidade do ser humano e sobre a sua saúde mental.

Esse trabalho abre uma nova visão da psicologia do ser humano, sendo sobre a formulação da personalidade, sua matriz, a divisão da humanidade, bem- estar social e suas consequências sociais. Podendo apresentar novas esperanças para se entender e tentar outros trabalhos que podem vir, sobre depressão pós-parto, violência e extremismo na sociedade ou alteração genética.

Bibliografia

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Jung, Carl Gustav, 1875-1961. Tipos psicológicos, 7ª edição. Petrópolis, Vozes, 2013.


²Duane P. Schultz, Sydney Ellen Schultz. História da psicologia moderna. 4ª edição – São Paulo, SP. Cengage, 2020.
³Darwin, Charles. 1809-1882. A origem das espécies,1ª edição. São Paulo. Martin Claret,2014.
⁴Jes Feist, Gregory J. Feist, Tomi-Ann Roberts. Teorias da personalidade.; 8 ª edição. Porto Alegre. AMGH, 2015.
⁵Teles Filho, R. V (2020) Phineas Gage´s Great Legacy. Dementia e Neuropsychologia,14 (Dement. neuropsychol., 2020 14(4)). https://doi.org/10.1590/1980-57642020dn14-040013
⁶LORENZ, K. Os fundamentos da etologia São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1995.
⁷Newton, Isaac, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (“Mathematical Principles of Natural Philosophy”), London, 1687.
⁸Montoya, R. & Horton, Robert & Kirchner, Jeffrey. (2008). Is Actual Similarity Necessary for Attraction? A Meta-Analysis of Actual and Perceived Similarity. Journal of Social and Personal Relationships – J SOC PERSON RELAT. 25. 889-922. 10.1177/0265407508096700
⁹Jung, Carl Gustav, 1875-1961. Tipos psicológicos, 7ª edição. Petrópolis, Vozes, 2013.

¹Psicólogo – CRP 188655