TRENDS IN SURGERY FOR THE TREATMENT OF GASTROESOPHAGEAL REFLUX (GER): AN INTEGRATIVE REVIEW OF SURGICAL APPROACHES OVER TIME
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11203742
Graduação em Bacharelado em Medicina Universidade Brasil – Fernandópolis/SP
Cristhian Leites Grubert1; Edina Martins Pereira Bomfim2; Eremitta Letícia Santos Cavalcante3; Isabela da Silva Soares4; Izabella Crystinna Xavier Teixeira5; Jéssica Coutinho Lima de Souza6; Maria Fernanda do vale7; Saulo Mota Carneiro Barreto8; Thiago Giacometti Perez9; Vinicius de Oliveira Pereira10
RESUMO
Esta revisão integrativa analisa a evolução das abordagens cirúrgicas para o tratamento do refluxo gastroesofágico (RGE) ao longo do tempo, destacando as mudanças nas técnicas cirúrgicas e tendências emergentes. Foram revisados estudos que abordaram desde as técnicas convencionais, como a fundoplicatura de Nissen, até as mais recentes inovações, como dispositivos médicos implantáveis. As principais conclusões indicam que houve uma progressão significativa nas abordagens cirúrgicas para o RGE, com a introdução de métodos mais precisos e menos invasivos. Esta revisão ressalta a importância de uma abordagem atualizada e abrangente no tratamento cirúrgico do RGE, visando melhorar os resultados e a qualidade de vida dos pacientes.
Palavras-chave: refluxo gastroesofágico, cirurgia, fundoplicatura, tecnologias emergentes.
ABSTRACT
This integrative review examines the evolution of surgical approaches for the treatment of gastroesophageal reflux (GER) over time, highlighting changes in surgical techniques and emerging trends. Studies addressing conventional techniques, such as Nissen fundoplication, to the latest innovations, such as implantable medical devices, were reviewed. The main conclusions indicate a significant progression in surgical approaches for GER, with the introduction of more precise and less invasive methods. This review emphasizes the importance of an updated and comprehensive approach to surgical treatment of GER, aiming to improve outcomes and patients’ quality of life.
Keywords: gastroesophageal reflux, surgery, fundoplication, emerging technologies.
1. INTRODUÇÃO
O refluxo gastroesofágico (RGE) é uma condição clínica comum que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracterizada pelo retorno do conteúdo gástrico para o esôfago, o RGE pode resultar em sintomas debilitantes, como azia, regurgitação ácida, dor torácica e disfagia. Além dos sintomas incômodos, o RGE não tratado pode levar a complicações graves, incluindo esofagite, estenose esofágica, úlceras e até mesmo câncer de esôfago. Portanto, o tratamento eficaz do RGE é essencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e prevenir complicações a longo prazo.
Embora o tratamento inicial do RGE muitas vezes envolva modificações no estilo de vida e o uso de medicamentos antiácidos, muitos pacientes continuam a sofrer de sintomas persistentes ou recorrentes. Nesses casos, a cirurgia pode ser uma opção viável para o tratamento do RGE. As abordagens cirúrgicas para o RGE têm evoluído ao longo do tempo, desde as técnicas convencionais, como a fundo plicatura de Nissen, até as mais recentes inovações, como dispositivos médicos implantáveis e procedimentos minimamente invasivos.
No entanto, apesar dos avanços na cirurgia para o RGE, ainda existem lacunas de conhecimento e questões não resolvidas que merecem investigação adicional. Por exemplo, a eficácia comparativa de diferentes técnicas cirúrgicas, os fatores de risco para falha cirúrgica e a melhor abordagem para pacientes com RGE refratário são áreas que necessitam de mais estudo. Além disso, o impacto das novas tecnologias, como dispositivos médicos implantáveis e abordagens minimamente invasivas, na gestão do RGE também requer uma análise mais aprofundada.
Diante dessas considerações, esta revisão integrativa tem como objetivo explorar a evolução das abordagens cirúrgicas no tratamento do RGE, desde as técnicas convencionais até as mais recentes inovações. Ao revisar a literatura existente, buscamos identificar tendências, lacunas de conhecimento e questões de pesquisa que podem orientar futuras investigações e melhorar o cuidado clínico de pacientes com RGE.
2. EVOLUÇÃO DAS ABORDAGENS CIRÚRGICAS PARA O TRATAMENTO DO RGE
Desde o surgimento da cirurgia para o tratamento do refluxo gastroesofágico (RGE), diversas técnicas foram desenvolvidas e refinadas ao longo do tempo, com o objetivo de corrigir a disfunção do esfíncter esofágico inferior e prevenir o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago. Essas técnicas variam desde as abordagens convencionais até as mais recentes inovações, cada uma com suas próprias indicações, técnicas cirúrgicas e resultados.
Uma das técnicas cirúrgicas mais tradicionais para o tratamento do RGE é a fundoplicatura de Nissen, que foi introduzida na década de 1950. Esta técnica envolve envolver o fundo gástrico ao redor do esôfago para reforçar o esfíncter esofágico inferior e restaurar a função anti-refluxo. Estudos como o de Anvari (2003) e Hunter et al. (1999) investigaram os resultados a longo prazo da fundoplicatura de Nissen, demonstrando taxas significativas de melhora dos sintomas e redução do refluxo ácido em pacientes submetidos a essa técnica.
Com o avanço da tecnologia laparoscópica, surgiram abordagens cirúrgicas minimamente invasivas para o tratamento do RGE, como a fundoplicatura laparoscópica de Nissen. Estudos como o de Hüttl et al. (2005) examinaram os resultados da fundoplicatura laparoscópica de Nissen, destacando os benefícios da abordagem minimamente invasiva, como menor tempo de internação, recuperação mais rápida e menor taxa de complicações pós-operatórias.
Além da fundoplicatura de Nissen, outras técnicas cirúrgicas têm sido desenvolvidas para o tratamento do RGE, incluindo a fundoplicatura parcial (como a técnica de Toupet), a cirurgia de resgate para falhas de fundoplicatura e novas tecnologias, como a implantação de dispositivos médicos. Estudos como o de Lipham et al. (2016) investigaram a segurança e eficácia de dispositivos médicos, como o dispositivo de esfíncter esofágico magnético, demonstrando resultados promissores na redução dos sintomas de RGE e na melhora da qualidade de vida dos pacientes.
Uma meta-análise realizada por Peters et al. (2009) comparou os resultados de diferentes técnicas cirúrgicas, incluindo a fundoplicatura aberta e laparoscópica, destacando as vantagens da abordagem laparoscópica em termos de menor tempo de internação e recuperação mais rápida. No entanto, esta análise também identificou a necessidade de mais estudos comparativos de longo prazo para avaliar a eficácia e segurança das diferentes técnicas cirúrgicas.
Em resumo, a evolução das abordagens cirúrgicas para o tratamento do RGE reflete o constante avanço da medicina e da tecnologia. Enquanto as técnicas tradicionais, como a fundoplicatura de Nissen, continuam a ser uma opção válida para muitos pacientes, as abordagens minimamente invasivas e novas tecnologias oferecem alternativas promissoras para aqueles que buscam tratamento para o RGE. No entanto, mais estudos são necessários para avaliar de forma abrangente a eficácia, segurança e resultados a longo prazo dessas diferentes técnicas cirúrgicas.
3. NOVAS TENDÊNCIAS E TECNOLOGIAS EM CIRURGIA PARA RGE
Nos últimos anos, temos testemunhado avanços significativos em tecnologias e abordagens cirúrgicas para o tratamento do refluxo gastroesofágico (RGE), visando melhorar os resultados e a experiência do paciente. Essas novas tendências incluem o desenvolvimento de dispositivos médicos inovadores e o surgimento de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, que oferecem benefícios potenciais em relação às abordagens tradicionais.
Um dos avanços mais promissores é o dispositivo de esfíncter esofágico para o tratamento do RGE, como o dispositivo LINX®, introduzido por Ganz et al. (2013). Este dispositivo consiste em um anel de titânio magnético que é implantado em torno do esfíncter esofágico inferior, reforçando-o e prevenindo o refluxo ácido. Estudos clínicos, como o de Ganz et al. (2013), demonstraram que o dispositivo LINX® é seguro e eficaz na redução dos sintomas de RGE e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, com taxas relativamente baixas de complicações.
Outra tecnologia emergente é o uso de próteses biológicas em reparos laparoscópicos de hérnia paraesofágica, conforme investigado por Oelschlager et al. (2006). Essas próteses biológicas, feitas de materiais naturais como o colágeno, têm o potencial de reduzir a taxa de recorrência após o reparo da hérnia paraesofágica, oferecendo uma alternativa segura e eficaz às próteses sintéticas tradicionais.
Além disso, técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, como a cirurgia laparoscópica para refluxo gastroesofágico, têm sido cada vez mais adotadas devido aos benefícios associados, como menor tempo de internação, recuperação mais rápida e menor taxa de complicações pós-operatórias. Estudos como o de Riegler et al. (2002) e Stefanidis et al. (2010) investigaram os resultados a longo prazo da cirurgia laparoscópica para RGE, demonstrando taxas significativas de melhora dos sintomas e qualidade de vida dos pacientes, com baixas taxas de complicações.
Apesar dos benefícios potenciais dessas novas tendências e tecnologias em cirurgia para RGE, é importante reconhecer suas limitações e desafios. Por exemplo, o alto custo associado aos dispositivos médicos pode limitar sua acessibilidade para alguns pacientes, enquanto a curva de aprendizado para técnicas cirúrgicas minimamente invasivas pode representar um desafio para cirurgiões menos experientes.
Em conclusão, as novas tendências e tecnologias em cirurgia para RGE representam um avanço emocionante na busca por opções de tratamento mais eficazes e menos invasivas para pacientes com esta condição. No entanto, é necessário realizar mais pesquisas para avaliar de forma abrangente a eficácia, segurança e resultados a longo prazo dessas novas abordagens. Ao mesmo tempo, é essencial considerar os custos e desafios associados à implementação dessas tecnologias no contexto clínico.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante esta revisão integrativa, foi possível identificar várias descobertas e tendências significativas na evolução das abordagens cirúrgicas para o tratamento do refluxo gastroesofágico (RGE). A partir da análise dos estudos incluídos, destacam-se os seguintes pontos:
- A fundoplicatura de Nissen continua sendo uma técnica cirúrgica eficaz e amplamente utilizada para o tratamento do RGE, demonstrando taxas significativas de melhora dos sintomas e redução do refluxo ácido em pacientes selecionados.
- A cirurgia laparoscópica emergiu como uma alternativa minimamente invasiva à abordagem aberta, oferecendo benefícios como menor tempo de internação, recuperação mais rápida e menor taxa de complicações pós-operatórias.
- Novas tecnologias e dispositivos médicos, como o dispositivo de esfíncter esofágico magnético (LINX®) e próteses biológicas, mostraram resultados promissores na redução dos sintomas de RGE e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
- Apesar dos avanços, ainda existem lacunas de conhecimento e áreas que necessitam de mais investigação, como a comparação de diferentes técnicas cirúrgicas, a identificação de fatores de risco para falha cirúrgica e o impacto das novas tecnologias no longo prazo.
As descobertas desta revisão têm importantes implicações clínicas e práticas para o manejo do RGE. Por exemplo, a escolha da técnica cirúrgica deve ser individualizada com base nas características do paciente, gravidade dos sintomas e experiência do cirurgião. Além disso, a adoção de abordagens minimamente invasivas e o uso de novas tecnologias podem melhorar os resultados e a experiência do paciente, desde que sejam considerados os benefícios e limitações de cada opção.
No entanto, é importante reconhecer que a implementação de novas tecnologias pode enfrentar desafios, como custos elevados e curva de aprendizado para cirurgiões. Portanto, é essencial uma cuidadosa avaliação de custo-benefício e treinamento adequado antes da adoção generalizada dessas novas abordagens.
5. CONCLUSÃO
Nesta revisão integrativa, exploramos a evolução das abordagens cirúrgicas para o tratamento do refluxo gastroesofágico (RGE), desde as técnicas convencionais até as mais recentes inovações. Ao recapitular as principais tendências identificadas, destacamos a continuidade da relevância da fundoplicatura de Nissen como uma técnica cirúrgica eficaz, bem como o surgimento de abordagens minimamente invasivas e novas tecnologias, como dispositivos médicos implantáveis e próteses biológicas, como opções promissoras para o tratamento do RGE.
As implicações clínicas dos achados desta revisão são significativas, pois destacam a importância da individualização do tratamento do RGE com base nas características do paciente, gravidade dos sintomas e experiência do cirurgião. Além disso, a adoção de abordagens minimamente invasivas e o uso de novas tecnologias podem melhorar os resultados e a experiência do paciente, embora sejam necessárias avaliações cuidadosas de custo-benefício e treinamento adequado.
Para futuras direções da cirurgia para RGE, sugerimos uma maior ênfase em estudos comparativos de longo prazo para avaliar a eficácia e segurança das diferentes técnicas cirúrgicas, bem como a investigação dos fatores preditivos de sucesso e falha cirúrgica. Além disso, é crucial avaliar o impacto das novas tecnologias no longo prazo, incluindo taxas de recorrência de sintomas, complicações e qualidade de vida dos pacientes, a fim de orientar a prática clínica e melhorar os resultados a longo prazo.
Sugestões para Pesquisas Futuras na Área:
- Realização de estudos randomizados controlados de longo prazo para comparar diferentes técnicas cirúrgicas no tratamento do RGE.
- Investigação dos mecanismos fisiopatológicos do RGE para identificar novos alvos terapêuticos e estratégias de tratamento.
- Desenvolvimento de novas tecnologias e dispositivos médicos para melhorar a eficácia e segurança da cirurgia para RGE.
- Avaliação do impacto das abordagens cirúrgicas no custo global do tratamento do RGE e na utilização de recursos de saúde.
REFERÊNCIAS
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1Graduando em Medicina pela Universidade Brasil;
2Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
3Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
4Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
5Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
6Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
7Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil;
8Graduando em Medicina pela Universidade Brasil;
9Graduando em Medicina pela Universidade Brasil;
10Graduando em Medicina pela Universidade Brasil