TEMPO VIVIDO, TEMPO PERDIDO: ADOLESCENTES E A ANSIEDADE EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO NO INTERIOR DE PERNAMBUCO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249061331


Luciana Aline Farias De Melo
Orientadora: Profª. Ana Maria Sá Barreto Maciel.


1 INTRODUÇÃO

Atualmente, muito se comenta em rodas de conversa, em mídias alternativas, nas redes sociais e na sociedade em geral o fato de que a geração atual seria mais vulnerável a problemas envolvendo desde a ansiedade até os mais diversos agravos a saúde mental, dentre estes também, os quadros depressivos, pois de acordo com o senso comum, os adolescentes de hoje seriam mais frágeis emocionalmente do que aqueles nascidos ainda no século passado. 

Assim, ou seja, percebe-se uma postura de maior equilíbrio emocional entre as pessoas que viveram a era da fita cassete ou do disquete, como se o tempo vivido, possibilitasse maior interação, melhor qualidade de vida, visto que o tempo fluía sem tantas preocupações e fatores estressores. Enquanto os nascidos na era digital, que as vezes perdem tempo de aproveitar o processo interativo, socializando-se, até mesmo jogando conversa fora; são mais propensos a sofrerem por “banalidades” que aos olhos dos mais velhos são irrelevantes. Tal pensamento frutifica em um discurso despreocupado com as nuances de cada período da história humana, onde cada circunstância pode influenciar os indivíduos de diferentes formas ao longo do tempo.

Sendo importante pontuar que na virada para o séc. XXI, apareceu a expressão “onda jovem” para denominar o grande número de indivíduos que estavam nessa faixa etária, devido à explosão da taxa de natalidade que ocorreu no início da década de 80 do século anterior. Esses jovens se depararam com um cenário econômico adverso, dificuldades para arrumar e se manter no emprego, incremento dos problemas sociais, especialmente os urbanos (Brasil, 2007; Matheus, 2003), modificações nos valores sociais, aumento do uso da tecnologia, falta de perspectivas, diminuição da influência e controle tradicionalmente exercido pela família, igreja e comunidade (Vargas & Nelson, 2001). Ao mesmo tempo, a criança e o adolescente passam a ser considerados sujeitos de direito e em fase especial de desenvolvimento, afirmando a ideia de proteção integral do estado (Espindula & Santos, 2004). À medida que os governos tomam consciência da importância de se proteger o desenvolvimento do ser humano, a adolescência torna-se um período mais identificável no ciclo vital (Sprinthall & Collins, 1999). 

E pertencendo ao ciclo vital, faz-se necessário compreender que a adolescência, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o período da vida a partir do qual surgem as características sexuais secundárias e se desenvolvem os processos psicológicos e os padrões de identificação, que evoluem da fase infantil para a adulta. Entre elas, está a transição de um estado de dependência para outro de relativa autonomia. Considera-se adolescência o período de 10 a 19 anos e distingue-se adolescência inicial (entre 10 e 14 anos de idade) e adolescência final (na idade de 15 a 19 anos) (WHO, 2000). É um período de intensas modificações no desenvolvimento humano, marcado por alterações biológicas da puberdade e relacionado à maturidade biopsicossocial do indivíduo. Desse modo, é identificada como um período de crise, pela experiência de importantes transformações mentais e orgânicas capazes de proporcionar manifestações peculiares em relação ao comportamento normal para a faixa etária. Estas podem, contudo, ser confundidas com doenças mentais ou manifestações comportamentais inadequadas (Peres e Rosenburg, 1998). 

As intensas modificações ocorridas no desenvolvimento humano do adolescente, em 2020 foram somadas ao momento pandêmico, visto que, de maneira geral é possível dizer que a pandemia causada pelo novo Coronavírus (Covid-19) estremeceu o mundo e sua chegada ao Brasil foi marcada por impactos sociais e econômicos desencadeadas pela necessidade de atuação dos órgãos sanitários no sentido de estabelecer normas de contenção do vírus. Tais medidas incluem distanciamento social, uso obrigatório de máscaras em locais públicos e manutenção de hábitos de higiene pessoal (lavagem das mãos em especial), etc.

Desse modo, é importante frisar o questionamento, referido no início dessa introdução, se realmente é uma questão individual ou muito pode estar relacionado com as dúvidas sobre como será a vida no período pós pandemia, pois, até o momento, o mundo está se direcionando para um contexto de crise profunda onde o “terror” provocado pela Covid-19 pode ter sido apenas a ponta de um panorama de tensões envolvendo a expansão da pobreza, catástrofes climáticas, guerras e violência e a falta de perspectiva no futuro próximo.

Diante deste exposto, Borges et al. (2008) discorrem que o final da infância e a adolescência são períodos marcados por mudanças físicas, cognitivas e também pelas mudanças emocionais e sociais em que as crianças e adolescentes vivenciam estímulos diferentes de estresses referentes aos desafios e mudanças. Esse período é muito demarcado com angustias, medos, inseguranças, que possibilitam o desencadeamento do aparecimento de crises existenciais ou mesmo do aparecimento de distúrbios mentais. 

Para Brito (2006), a ansiedade deve ser diferenciada do medo, pois possui uma densidade que o medo não tem, já que a ansiedade é central e ontológica, e o medo por sua vez, é periférico e circunstancial. Ou seja, a ansiedade é vista pelo autor como um fator primário, centralizado, já o medo é relativo, casual.

E um dos lugares onde o adolescente vai vivenciar suas perspectivas de vida e mudanças, podendo apresentar suas angustias, ansiedades referentes as suas modificações, é no espaço do ambiente escolar, e nesse lugar se espera o encontro de dois sujeitos: um, o professor com o interesse de transmitir e despertar conhecimentos; e outro, o aluno com o interesse de recebê-los e aplica-los no cotidiano de sua existência. Ocorre que, na atualidade, a escola tem passado por conflitos e, por esse motivo, tem sido tema de preocupação por parte de estudiosos, educadores e políticos.

Em paralelo a esse contexto, no momento pandêmico houve o fechamento das escolas, alterando toda a rotina da comunidade escolar, sobretudo dos alunos e familiares, que tiveram dificuldades e precisaram se adaptar para dar continuidade ao processo de ensino aprendizagem no ambiente doméstico, já que são os professores os profissionais mais capacitados para ensinar e a escola a instituição responsável por organizar e oferecer os recursos para esse processo.

Desta forma, mesmo à distância, a instituição escolar somada aos esforços dos professores se reinventou para conseguir realizar o ensino remoto e garantir a continuidade do desenvolvimento dos estudantes. E estes por sua vez tiveram que se adaptar à realidade da comunicação digital, as vídeos aulas que foram implementadas, ou seja, toda a dinâmica educacional foi alterada. E na atualidade em 2022 ter que retornar as aulas presenciais, novos desafios se instalaram. 

Mediante o que foi referido, faz-se necessário pesquisas de investigação no período póspandemia e ao público adolescente, tendo em vista, que é algo ainda recente e não se tem muita pesquisa voltada para esse público. Com isso, questões iniciais nortearam a dinâmica para inclusão desse trabalho sendo: Será que o tempo vivido, com o isolamento social, potencializou estados de ansiedade nos adolescentes? Quais as situações que podem estar desencadeando o aumento de crises de ansiedades no âmbito escolar? Será que existe correlação entre o momento pandêmico e a ansiedade em adolescentes? E a condição pós-pandemia no ambiente escolar trouxe interferência na ansiedade dos adolescentes, principalmente os que estão em ensino integral? Qual o papel da escola diante do cuidado com o desenvolvimento e saúde mental dos adolescentes?

 O texto a seguir irá discorrer sobre a justificativa e relevância, o problema da pesquisa e os objetivos que a nortearam, a revisão teórica onde irá discorrer sobre a ansiedade e seus diferentes contextos, a ansiedade no contexto escolar e suas implicações no período pós- pandemia, e por último, demonstrar a ideia de se trabalhar saúde mental nas escolas. Em seguida, tem-se os materiais e métodos que serão utilizados para realização da pesquisa, onde irá trazer a metodologia da pesquisa, local de estudo, o público a que se destina, seus critérios de inclusão ou exclusão e os procedimentos realizados para a pesquisa. Para por fim, trazer o orçamento dos gastos com a pesquisa e o cronograma das atividades.

2 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

O tema supracitado visa propor como os adolescentes da instituição escolar enfrentam a ansiedade mediante as experiências do período pós-pandemia e suas inquietações sobre a inclusão do ensino integral, buscando investigar se tais fatores estão associados aos índices de crises de ansiedade na escola. Tendo em vista que, tais fatores desencadeiam momentos de tensão e medo diante ao novo. E compreender e refletir sobre a necessidade de inclusão de um profissional Psicólogo no ambiente escolar, propiciando melhorias para o ensino- aprendizagem e qualidade de vida dos estudantes, proporcionando uma escola mais diversificada e inclusiva atuando sobre a saúde mental.

Ressalvo ainda que a pandemia de COVID-19, inquestionavelmente, apresentou um fator de risco para a saúde mental. A ideia de “um novo normal” causou grande desconforto psíquico às pessoas. Ao mesmo tempo, o trauma de ter a rotina interrompida e ver pessoas ente queridos sofrendo com a doença, e em alguns casos, tendo que lidar com a morte, também gerou agravos a saúde e a existência de todos. É comum sentir-se ansioso em determinados momentos da vida, como às vésperas de datas comemorativas, reuniões importantes, entrevista de emprego, e outras ocasiões. Porém, há um diferencial a ser observado; visto que, conforme detalhado no DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais), os Transtornos de Ansiedade compartilham de características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionadas.

Sem esquecer que o medo é visto como resposta emocional a uma ameaça iminente real ou percebida; a ansiedade, por outro lado, é a antecipação de ameaça futura. Tais comportamentos, quando manifestados de forma excessiva, produzem sofrimento e causam prejuízos ao indivíduo, seja em questões simples do cotidiano, ou ainda em tarefas mais complexas, deste modo, caracterizando-se como patologia e, portanto, sendo necessário o acompanhamento psicológico, com vistas a se estabelecer estratégias para manejo de tal transtorno.

O momento vivido e experienciado pela sociedade brasileira, diante da disseminação do novo coronavírus, foi demarcado por imprevisibilidades e incertezas constantemente na vida da população, e em razão disso, tem-se observado um aumento significativo de Transtornos de Ansiedade (ZWIELEWSKI et al., 2020). Em consequência a esta evidencia existe a necessidade de se trabalhar propostas que atuem na prevenção em Saúde Mental. Salientando que viver o com o “temor da morte”, devido ao medo do contágio, a perda de pessoas, a precariedade dos serviços de saúde, a necessidade do isolamento, a solidão, a adaptação a tantas outras restrições e acomodações, ainda trazem possibilidades de sofrimentos psíquicos e emocionais.

Iannini et al. (2021, p. 32), enfoca que para milhares de pessoas “o que era “sólido” e “bem estruturado” parece, subitamente, dissolver-se”; e a partir disso, os sentimentos de ruptura da continuidade, bem como, de suspensão das expectativas de futuro próximo passaram a ficar em primeiro plano. 

Mangolini; Andrade e Wang (2019) mencionam que segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano de 2017, isto é, antes da pandemia, o Brasil já era considerado um dos países com o maior número de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo. Desse modo, perfazendo um total de 18,6 milhões de brasileiros, ou seja, 9,3% da população; e ocupando o 11° lugar no ranking mundial da Ansiedade. Os autores advertem ainda que os quadros de ansiedade na população geral contribuem para uma relevante parcela da morbidade na comunidade, correspondendo à segunda principal causa de incapacitação entre os quadros mentais; e, portanto, tornando-se necessária uma atenção maior para essa questão.

Então diante do exposto verificamos que o cenário vivido pelo Brasil foi catastrófico, com mais de meio milhão de mortes ocorridas pela COVID-19, verificando-se a necessidade em se compreender o estado de saúde mental da população. E uma das áreas que mais vem sofrendo com as diversas mudanças há mais de um ano é a educação. A adaptação ao ensino remoto, o isolamento social, a falta de convivência com os colegas de classe e professores, a preocupação com o futuro, bem como, a falta de atividade física, organização e disciplina nos estudos, são fatores que desencadeiam e afetam diretamente no emocional dos alunos, principalmente os adolescentes; por somarem as dificuldades vividas nessa fase do desenvolvimento, e as rupturas advindas do momento pandêmico. 

Sobre isso, Miliauskas e Faus (2020) destacam a importância da interação entre alunos e professores como fundamental para que haja um ambiente saudável, produtivo e harmônico, bem como propostas educativas que trabalhem o “novo” retorno a vida escolar. E, diante desse panorama, torna-se de salutar importância realizar pesquisas que verifiquem como os adolescentes estão vivenciando o retorno as atividades escolares, como estão lidando com suas perspectivas futuras, vivendo e experienciando o processo de retorno ao convívio presencial. E dessa maneira promover estudos que potencializem diversas intervenções que se proponham a dirimir a ansiedade em adolescentes, cuidando assim da saúde mental dos mesmos.

3 PROBLEMA DE PESQUISA

O retorno ao ensino presencial, após momento pós-pandêmico, potencializou a ansiedade em adolescentes que estão cursando o ensino médio, na modalidade de ensino integral?

4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo Geral

Compreender sobre como o retorno as aulas presenciais, após momento pandêmico, repercutem na ansiedade dos alunos do ensino médio em uma instituição do interior de Pernambuco.

Descrever o contexto vivido por adolescentes de uma instituição escolar do interior de Pernambuco, com intuito de discutir e refletir sobre a ansiedade e seus impactos no âmbito escolar após momento pandêmico.

4.2 Objetivos Específicos
  • Verificar sinais e sintomas de ansiedade nos alunos do ensino médio através do Inventario de Ansiedade de Beck (BAI);
  • Discorrer sobre a ansiedade em adolescentes a partir da compreensão da dinâmica dos relacionamentos e das atividades estabelecidas no âmbito escolar;
  • Identificar a partir das narrativas os sentidos das experiências dos adolescentes com relação a ansiedade, após retorno as aulas presenciais;
  • Observar possíveis causas para desencadeamento do sofrimento psíquico nos adolescentes na Instituição Escolar.
5 REFERENCIAL TEÓRICO
5.1 Compreendendo a Ansiedade 

Quando falamos ou ouvimos a palavra ansiedade, nos remetemos a um momento de tensão, medo, angústia ou expectativas, dessa maneira quem nunca suou frio ou o coração palpitou ao ir a um encontro amoroso ou a uma festa que está para acontecer, esses são exemplos simples do nosso cotidiano que demonstra sobre um estado de alerta do nosso organismo a algo que está por vir, é uma manifestação natural ou saudável do nosso corpo frente a uma novidade. 

Identifica-se assim que “a ansiedade é uma reação natural do organismo, ou seja, um extinto desenvolvido de sobrevivência para que o ser humano reaja diante do perigo” (Silva, 2011), onde essa incerteza é confrontada ao nosso cérebro para reagir ao contexto, de forma a se esquivar ou enfrentar esse momento, acontecendo tanto em momentos bons ( nascimento de um filho, chegada de um parente), assim como também em momentos ruins (medo de perder um emprego, de se sair mal em uma prova, etc); frisando que a ansiedade nos fala muito sobre um conjunto de emoções e reações físicas que se antecipam a algo que está por vir. 

Desse modo, tal como ela se apresenta de forma saudável ao nosso corpo também se tem a patológica que se mostra a partir do excesso desses limites de normalidade e o sistema desregula, gerando respostas emocionais e físicas no sujeito, acentua-se uma gama de sintomas interferindo nas atividades diárias do sujeito necessitando de apoio psicológico e por vezes medicamentoso. O DSM V, que é o Manual Estatístico e de diagnósticos de Transtornos Mentais elaborado pela Associação de Psiquiatria Americana (APA) nos diz que “os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da ansiedade adaptativos por serem excessivos ou persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento”, logo, para que esse nível de ansiedade venha a se caracterizar como algo patológico faz-se necessário um período de persistente dos sintomas. Além de se categorizar em diversos tipos, como:

  • Transtorno de Ansiedade de Separação;
  • Mutismo Seletivo;
  • Fobia Específica;
  • Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social);
  • Transtorno de Pânico;
  • Agorafobia;
  • Transtorno de Ansiedade Generalizada;
  • Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância/Medicamento;
  • Transtorno de Ansiedade Devido a Outra Condição Médica.

Somada a estas evidencias, pode-se compreender sobre esse tema numa perspectiva biológica com sinais e sintomas é crucial para o desenvolvimento e entendimento dos diversos tipos de transtornos, no entanto, os sintomas nos trazem um quadro, e esquece-se a necessidade de se ir além daquilo que se apresenta, pois o que se traz são as diferentes formas de se apresentar a ansiedade no indivíduo que está em sofrimento, sendo essencial contemplar a individualidade nesse processo, além de buscar o significado desses comportamentos e diferentes tipos em relação a pessoa, alterando o seu questionamento para além de “quais os seus sintomas?” para o que eles representam na vida desse indivíduo. Como apresentado em Heidegger (1927/2018) e Sartre (1943/2007), a angústia é revestida de potencial mobilizador, desde que haja um questionamento da situação na qual a pessoa se encontra e de sua responsabilidade em relação às escolhas de vida em um mundo carregado de informações a respeito do que se deve sentir, pensar, fazer e falar.

Sendo assim, “o sintoma desenrola-se como possível questionamento de facetas da experiência de existir que não estão necessariamente sendo observadas analiticamente pela pessoa, mas que se encontram presentes de forma ativa na totalidade de seu ser e em suas possibilidades de ação” (Lima, 2020). A partir disso, podemos perceber o seu grau de valor enquanto cientificidade a tal ponto que não seria possível compreender o indivíduo sem os próprios padrões e sintomas. Logo, ressalto que ambas as formas trazem seu grau de importância dentro do seu devido contexto e olhar para o sujeito, sendo assim, ressalto a importância de se perceber a ansiedade não apenas como uma doença que incapacita o ser, mas como uma realidade frente ao vivido que faz parte da sua existência. 

5.2 Ansiedade em momento pandêmico

Após a declaração de emergência em saúde pública de importância internacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS), uma das medidas adotadas no enfrentamento do novo coronavírus foi a suspensão das aulas presenciais e o consequente fechamento das escolas. Por se tratar da atividade principal da maioria dos adolescentes, a “privação” da escola atingiu consideravelmente as relações de sociabilidade, bem como, as rotinas diárias de forma inédita. Nesse contexto, muito se fala a respeito da ansiedade, sendo comum algumas pessoas relatarem pelo menos algum momento em que apresentou algum dos sintomas.

Diante deste fato, fomos surpreendidos por um verdadeiro “filme de terror”, visto que em razão da pandemia, mudanças bruscas e rápidas tiveram que ser implementadas no cotidiano das pessoas, trazendo conturbados desdobramentos na saúde da população. Enfrentar o período de quarentena, isolamento social e lockdown decretado como protocolo preventivo ao contágio, “forçando” ao confinamento da população, e principalmente o fechamento de lugares, em especial, as escolas, espaços de convivência humana; surtiu e ainda verbera em inquietações e agravos ao comportamento, sentimentos e emoções. Como antes mencionado, a ansiedade, muitas vezes é causada pelo sentimento de incerteza, imprevisibilidade e receio do futuro. Nesse sentido, considerando o atual contexto vivenciado em decorrência das medidas protetivas estabelecidas para que o novo Coronavírus, não se dissemine, é notável que o isolamento trouxe as mais variadas dificuldades nas relações interpessoais e comunicação entre as pessoas, desenvolvendo fatores de risco para a saúde mental dos indivíduos.

Sobre isso, Schmidt et al., 2020, p. 5), relatam:

Dentre os estudos populacionais já realizados até o presente momento sobre implicações na saúde mental diante da pandemia do novo coronavírus, destaca-se o de Wang et al. (2020) com a população geral na China, incluindo 1.210 participantes em 194 cidades, durante o estágio inicial da pandemia. Esse estudo revelou sintomas moderados a severos de ansiedade, depressão e estresse, em 28,8%, 16,5% e 8,1% dos respondentes, respectivamente. Além disso, 75,2% dos respondentes referiram medo de que seus familiares contraíssem a doença. Ser mulher, estudante e apresentar sintomas físicos ligados à COVID-19, ou problemas de saúde prévios, foram fatores significativamente associados a maiores níveis de ansiedade, depressão e estresse. Por outro lado, receber informações precisas sobre a situação local da doença e formas de prevenção e tratamento consistiram em fatores significativamente associados a menores níveis de ansiedade, depressão e estresse.

Com o fechamento dos estabelecimentos escolares, o uso dos mais variados recursos tecnológicos foram se mostrando como um grande facilitador para que fosse possível dar continuidade ao ensino escolar. Por outro lado, muitas são as famílias que ainda não possuem a disponibilidade de tecnologias, como tablets, notebooks, smartphones. Ademais, não são raros os casos onde sequer há acesso à internet. Senhoras (2020, p. 134) adverte que, sobre a importância em se buscar novas formas para a adequação desses alunos; pois,

[…] as famílias com maior escolarização e melhores condições econômicas têm acesso e dão continuidade aos estudos por meio de plataformas estáveis e conteúdos de qualidade em contraposição às famílias com menor escolarização e piores condições econômicas, as quais são estruturalmente ou individualmente limitadas ao acesso ao EAD, e, portanto comprometendo a própria continuidade dos estudos durante (curto prazo) e após a pandemia (médio prazo).

Diante dessa situação, crianças e adolescentes, vêm passando por intensas mudanças, e, com isso, várias dificuldades têm sido apresentadas em seu desenvolvimento pessoal e transtornos de ansiedade, em razão da falta de contato e de comunicação com amigos e parentes próximos; e além é claro, da incerteza do futuro. Constata-se então que muitos adolescentes procuram se esconder em redes sociais ou até mesmo em jogos online, como forma de escape, assim, fazendo surgir crises severas de raiva ou tristeza.

5.3 Ansiedade e contexto escolar

São variadas as fontes de ansiedade na escola, como os novos colegas, professores, aprendizagem do conteúdo, realização de provas (ROSÁRIO et al., 2004). Weiss (2010) destaca que situações malconduzidas na escola podem gerar e até exacerbar a condição de ansiedade dos estudantes uma vez que toda aprendizagem é acompanhada de certo nível desta emoção. A ansiedade excessiva pode levar o aluno a acreditar que está sendo atacado/perseguido pelo professor ou pela disciplina em que sente dificuldade.

Contextualizando que a adolescência é um período de mudanças, e geralmente esse momento é vivido no ensino médio no espaço escolar, com outras situações que as vezes desfavorecem esse processo de vida. Ou seja, as provas e suas cobranças advindas das pressões para o egresso em universidades, a presença da competitividade, as apresentações em público, mudanças hormonais, aprovações sociais, bullying, e tantos outros desafios que surgem durante essa fase escolar.

Por isso pode-se inferir que a Ansiedade, que atinge os adolescentes, atingem quase em níveis epidêmicos no Brasil, podendo ser desencadeada por fatores biológicos, emocionais e, claro, ambientais. A escola, portanto, pode ser um espaço gerador de estresse e ansiedades para o adolescente.

O ambiente escolar representa para a criança e para o adolescente um dos primeiros desafios da vida social fora do seio familiar. A escola mostra-se como um local de aprendizado, troca e desenvolvimento de habilidades sociais. Essa instituição é rica no fomento do desenvolvimento do aluno como um todo; portanto, o desequilíbrio na saúde emocional durante o processo de escolarização poderá ter um impacto direto no aprendizado dos jovens (BASSOLS et al., 2003; AGNAFORS; BARMARK; SYDSJÖ, 2020).

6 MATERIAIS E MÉTODOS
6.1 TIPO DE ESTUDO

Para o desenvolvimento desse texto utilizou-se como método de estudo a pesquisa bibliográfica inicialmente para basear os nortes teóricos já publicados sobre o respectivo tema. Sendo, a pesquisa bibliográfica o levantamento ou revisão de obras publicadas sobre a teoria que irá direcionar o trabalho científico o que necessita uma dedicação, estudo e análise pelo pesquisador que irá executar o trabalho científico e tem como objetivo reunir e analisar textos publicados (ALVES, OLIVEIRA e SOUZA, 2021).

Tece também um estudo transversal, descritivo com abordagem quantitativa-qualitativa. Tendo em vista que o estudo transversal é uma subcategoria da pesquisa observacional, que analisa os dados coletados ao longo de curto período de tempo. Essa pesquisa pode ser em uma população amostral ou em um subconjunto predefinido, quando se deseja estimar a frequência com que um determinado evento se manifesta em uma população específica, além dos fatores associados com o mesmo (MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E; 2010).

Diante da abordagem qualitativa, Minayo diz que “[…]a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas” (2002, p.22), permitindo, assim, ao pesquisador um olhar fenomenológico sobre possibilitando a compreensão sobre o sentido dado à experiência dessas mulheres diante do problema de pesquisa apresentado. Segundo MARTIN e BICUDO (2005) o método qualitativo de pesquisa tem como premissa a relação direta do pesquisador com o objeto investigado, de forma a compreender através de dados descritivos os significados atribuídos pelo sujeito ao fenômeno investigado, uma vez que o sujeito é tido como um “atribuidor de significados” e não uma perpetuação de ideias automaticamente adquiridas. O investigador relaciona-se de forma empática com o sujeito buscando “pôr diante dos seus olhos o fenômeno que está investigando”, compreendendo a forma como o sujeito o percebe, desprendendo-se de generalizações envolvidas em conceitos lógicos.

A pesquisa quantitativa é uma modalidade baseada em teste de uma teoria é composta por variáveis quantificadas em números nas quais são analisadas estaticamente que tem por base a quantificação dos dados e buscará medir opiniões e informações utilizando os recursos da estatística, como a porcentagem, a média, o desvio-padrão (KNECHTEL, 2014). A pesquisa quantitativa é tudo que pode ser mensurado em números, classificados e analisados. 

Knechtel (2014) assevera que, tanto a pesquisa qualitativa quanto a quantitativa têm como foco principal o ponto de vista do indivíduo. Enquanto a pesquisa qualitativa considera a proximidade com o sujeito, na pesquisa quantitativa são usados materiais e métodos precisos. Minayo (2009), ao tratar das abordagens qualitativas e quantitativas de pesquisas científicas, esclarece que

Enquanto os cientistas sociais que trabalham com estatística visam criar modelos, descrever e explicar fenômenos que produzem regularidades, a abordagem qualitativa se aprofunda no mundo dos significados. Entre elas há uma oposição complementar que, quando bem trabalhada teórica e praticamente, produz riqueza de informações (MINAYO, 2009, p. 22).

Sendo importante referir que uma pesquisa científica, quando a abordagem é de forma quantitativa e qualitativa, os resultados podem ser complementares, enriquecendo a análise e as discussões finais da pesquisa (Knechtel,2014). De acordo com o mesmo autor, referido anteriormente, a combinação entre diversos métodos qualitativos e quantitativos, objetiva fornecer um quadro mais amplo da questão em estudo. Nesta perspectiva, a pesquisa qualitativa pode ser apoiada pela pesquisa quantitativa e vice-versa, possibilitando uma análise estrutural do fenômeno com métodos quantitativos e uma análise processual mediante métodos qualitativos.

6.2 LOCAL DE ESTUDO

O estudo foi realizado na Instituição de Ensino Público Estadual do interior de Pernambuco, EREM Comendador Manoel Caetano de Brito localizada na cidade de Poção-PE. Esta Unidade foi fundada em 30 de janeiro de 1958, ao qual, no ano de 2013 iniciou-se as atividades com o ensino semi-integral (1º aos 3º anos) e atualmente implantado em 2022 o Ensino Médio Integral para jovens e adultos. 

6.3 PÚBLICO-ALVO DO ESTUDO

Para realização deste presente trabalho foi escolhido adolescentes com faixa etária entre 14 e 18 anos que estudam na instituição, sendo selecionados a partir da disciplina Eletiva, ministrada por um dos professores da instituição. A população do estudo foi escolhida tendo como base os estudantes regularmente matriculados e que fazem parte do 2 ano do ensino médio integral. Eles foram convidados aleatoriamente para que todas os adolescentes tivessem a mesma probabilidade de participar do estudo, sendo os que participaram da pesquisa aqueles que portarem o Termo de Consentimento Livre (TCL) assinado pelo responsável. 

6.4 PERÍODO DE REALIZAÇÃO

A pesquisa foi realizada no período correspondente de maio de 2022 com o encaminhamento do projeto para comitê de Ética, e após aprovação o seu desenvolvimento de agosto de 2022 a agosto de 2023.

6.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram utilizados como critérios de inclusão os alunos que se encontravam na aula da disciplina Eletiva e que portaram o Termo de Responsabilidade assinados pelos respectivos responsáveis ou pelos mesmos, ocorrendo em abril de 2023 com o professor da matéria e a instituição para aplicação do Inquérito de Back e o questionário. 

6.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram utilizados critérios de exclusão os alunos que não estavam matriculados na disciplina eletiva no dia da aplicação, os que estivessem de atestado ou licença médica, assim como os que estivessem em aula com outra matéria e que não estavam portando o Termo de Responsabilidade assinado pelo respectivo responsável ou por ele.

6.7 COLETA DE DADOS E PROCEDIMENTOS

Primeiramente, foi comunicado a escola sobre a realização da pesquisa, para posterior descrição e explanação sobre o assunto com os alunos, em seguida, encaminhamos para os pais o Termo de Consentimento Livre (TCL), após autorização para realização da pesquisa houve a coleta de dados, onde, utilizou-se o questionário do Inventario de Ansiedade de Beck, constituído de 21 itens com afirmações em que será identificado aqueles com características ansiosas, respeitando as normas éticas de sigilo aos dados colhidos em um um formulário pelo Google Forms. 

Além deste formulário, foi apresentado em conjunto um questionário de cunho pessoal e subjetivo respondendo às seguintes questões: 1) Como você está se sentindo após a implantação do Ensino Integral na instituição? 2- Como se sente no retorno às aulas após pandemia? 3- Quais as sensações físicas e psíquicas você experienciou nessa volta às aulas? 4- Você deu entrada em unidade hospitalar com crise ansiosa este ano? Se sim, quais suas considerações diante do ocorrido.

Assim sendo, o formulário das questões apresentadas serviu como uma complementação para o Inventario de Beck, tendo em vista que traz um resultado mais pessoal frente ao sofrimento vivido. Logo,a primeira e a segunda pergunta tiveram por objetivo identificar quais as emoções, sentimentos identificados pelo candidato no retorno às aulas. Enquanto, a terceira buscou distinguir as sensações encontradas e quais decorrem de um grau de nível leve a moderado de ansiedade. Por fim, a quarta questão que visa identificar o número de alunos que deram entrada em unidade hospitalar por crise de ansiedade e as considerações aprofundadas a respeito daquilo que está sentindo, ou seja, o que isso representa na vida do indivíduo. 

6.8 ANÁLISE DE DADOS

Os dados quantitativos da Escala de Ansiedade (de Beck), foram analisados através do Epidata de 2007. Os dados qualitativos foram examinados através da análise de conteúdo de Bardin, onde todas as entrevistas serão transcritas e analisadas minuciosamente, preservando a fidedignidade das informações colhidas.

A técnica de pesquisa Análise de Conteúdo defendida por Bardin (2011) se estrutura em três fases: 1) pré-análise; 2) exploração do material, categorização ou codificação; 3) tratamento dos resultados, inferências e interpretação. A validade dos achados da pesquisa é resultante de uma coerência interna e sistemática entre essas fases, cujo rigor na organização da investigação inibe ambiguidades e se constitui como uma premissa fundante.

Os dados quantitativos consistiram em serem avaliados de uma forma estatística, no qual os resultados apresentados serão em forma de gráficos e tabelas (BARDIN, Laurence.

Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011).

6.9 RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que a partir desta pesquisa ampliem o olhar para a saúde mental dos adolescentes, contribuindo para a qualidade de vida e desempenho escolar dos envolvidos. Bem como levar a instituição em questão a percepção da importância da área de atuação de um Psicólogo Escolar, na busca de desenvolver ações voltadas para a promoção de saúde e desenvolvimento de melhorias de ensino evitando possíveis danos à saúde da comunidade.

6.10     ANÁLISE DOS RESULTADOS

O estudo em questão caracterizou-se por uma pesquisa de campo, norteada por uma condição descritiva de abordagem quantitativa e qualitativa. Esta pesquisa caminhou com uma análise qualitativa, trabalhando com o universo vasto de significados, de motivações, aspirações, crenças e atitudes dos colaboradores, no que diz respeito ao viver com a condição da ansiedade (GRESSLER, 2014). Em conjunto com a abordagem quantitativa, uma vez que busca levar em considerações informações de vários componentes correlatos ao tema estudado, podendo mensurar, transformar em dados objetivos os fenômenos estudados. Possibilitando assim o trabalho várias situações, em processos de interações, com influências recíprocas, permitindo uma visão holística dos fenômenos estudados (LAKATOS, 2023).

Os dados foram colhidos com a colaboração de 36 adolescentes, regularmente matriculados no Ensino Médio Integral da Instituição de Ensino Público Estadual do interior de Pernambuco, denominada Escola Comendador Manoel Caetano de Brito (EREM) localizada na cidade de Poção-PE, onde 97 % estudantes eram pertencentes ao 2º ano e 3% ao 3º ano. Foram convidados aleatoriamente, em palestra acontecida em sala de aula, proferida por uma das pesquisadoras, para que todas os adolescentes tivessem a mesma probabilidade de participar do estudo, sendo os que participaram da pesquisa aqueles que portaram o Termo de Consentimento Livre (TCL) assinado, os maiores de 18 anos, e os menores assinados pelo responsável. 

Foram incluídos os adolescentes de ambos os sexos do 2º e 3º anos que se encontravam matriculados na disciplina Eletiva, e que portassem o Termo de Responsabilidade assinado. Os estudantes foram excluídos quando não estavam devidamente matriculados na Instituição, nem na disciplina, bem como sem autorização dos pais, ou se recusasse a responder os materiais da pesquisa na integra. Em virtude do cumprimento da resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), encaminhou o projeto de pesquisa à Direção do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário do Vale do Ipojuca (UNIFAVIP/WYDEN), aprovado com CAAE: 58721622.2.0000.5666.

O cenário da entrevista foi a sala de aula, onde previamente foi conversado com a direção e o professor da disciplina eletiva, acordando dia e horário par aplicação da pesquisa. A abordagem aos colaboradores da pesquisa foi em dois momentos e, no primeiro a palestra explicativa, e no segundo a aplicação dos materiais para coleta dos dados, através da liberação de um link de um formulário construído no Google Forms, que constavam tanto o Inventário de Ansiedade de Beck, como também as questões abertas norteadoras da pesquisa qualitativa. Ainda no primeiro contato com os adolescentes, foi explicado o objetivo da pesquisa e apresentando o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), juntamente com os riscos e benefícios da pesquisa, onde foram devidamente assinados pelos adolescentes maiores de idade, e pelos responsáveis, para os menores de idade civil. Assegurou-se sigilo total e preservação das identidades dos colaboradores, sem a necessidade de referir seu nome no formulário, bem como, substituindo seus nomes reais pela letra R seguido do número de ordem das entrevistas, tais como: R1, R2, R3 e assim sucessivamente, bem como as informações advindas da entrevista, conforme as Normas de Éticas de Pesquisa com Seres Humanos, contidas na Resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde. 

Na análise dos dados qualitativos foram considerados aspectos relacionados ao retorno presencial das aulas, após momento pandêmico, duração da jornada do Ensino, sensações e sentimentos de ansiedade correlatos ao processo de ensino aprendizagem. Onde foram tabulados e analisados pela técnica de Bardin, que utiliza o critério de ‘exaustão’ ou ‘saturação’. Na primeira fase foi realizada a organização propriamente dita por meio de duas etapas: (a) leitura flutuante, que é o estabelecimento de contato com os questionários da coleta de dados; (b) escolha das questões, que consiste na demarcação do que será analisado. 

A segunda fase consistiu na exploração das respostas com a definição de categorias (sistemas de codificação) e a identificação das unidades de registro (unidade de significação a codificar corresponde ao segmento de conteúdo a considerar como unidade base, visando à categorização e à contagem frequencial) e das unidades de contexto nos documentos (unidade de compreensão para codificar a unidade de registro que corresponde ao segmento da mensagem, a fim de compreender a significação exata da unidade de registro). Esta é a fase da descrição analítica, a qual diz respeito ao corpus (qualquer material textual coletado) submetido a um estudo aprofundado, orientado pelas hipóteses e referenciais teóricos. A terceira fase diz respeito ao tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Esta etapa é destinada ao tratamento dos resultados; ocorre nela a condensação e o destaque das informações para análise, culminando nas interpretações inferenciais; é o momento da intuição, da análise reflexiva e crítica. 

Já os dados quantitativos foram tabulados por frequência simples com o auxílio dos programas EpiData 3.1, EpiData AnalysisStat. No EpiData 3.1 foi criado um arquivo no qual digitou-se todas variáveis dependentes e independentes, e na etapa seguinte foi construído um arquivo.chk, e por último todos os dados coletados e digitados foram salvos em arquivo.rec, este arquivo é responsável por armazenar todos os dados registrados, os dados salvos pelo programa transferidos para o Excel® Microsoft 2007, possibilitando a construção dos gráficos, permitindo a visualização instantânea de todos os dados e a interpretação dos mesmos. 

Para viabilizarmos a organização dos dados qualitativos, o material coletado foi analisado a partir de categorias definidas através do arcabouço teórico estudado sobre os descritores do trabalho, ou seja: Desafios mobilizados pelo retorno as aulas presenciais no Ensino Médio Integral; Saúde Mental: Ansiedade e suas repercussões. Nessa última categoria, também incluirá os dados quantitativos da pesquisa.

6.11     CONSIDERAÇOES ÉTICAS

Todos os indivíduos e responsáveis pelos estudantes que participarem da pesquisa foram informados sobre o tema, método, objetivos e benefícios da pesquisa, ao qual, foram convidados a assinar um Termo de Consentimento Livre (TCL) (Anexo B e C). Todas as recomendações da Resolução CNS 466/12, que trata sobre as pesquisas em saúde que envolve seres humanos, foram seguidas. As informações foram coletadas após a aprovação pelo Comitê de Ética.

Todos os indivíduos e responsáveis pelos estudantes que participarem da pesquisa foram informados sobre o tema, método, objetivos e benefícios da pesquisa, ao qual, foram convidados a assinar um Termo de Consentimento Livre (TCL) (Anexo B e C). Todas as recomendações da Resolução CNS 466/12, que trata sobre as pesquisas em saúde que envolve seres humanos, foram seguidas. As informações foram coletadas após a aprovação pelo Comitê de Ética.

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Esta pesquisa contou com a participação de 36 adolescentes/estudantes, 97 % do 2º ano e 3% do 3º ano, destes 77 % eram do sexo feminino, e 33 % do sexo masculino; com relação as idades 63% com 16 anos, 29% com 17 anos, 5% com 15 anos, e 3% com 18 anos. A seguir será exposto as categorias formuladas a partir das narrativas dos estudantes, e a análise dos dados quantitativos.

7.1 DESAFIOS MOBILIZADOS PELO RETORNO AS AULAS PRESENCIAIS NO

ENSINO MÉDIO INTEGRAL

As ideias agrupadas nesta categoria foram produzidas pelos adolescentes, mobilizados a partir dos questionamentos subjetivos que refletiram sobre o ingresso as aulas presenciais, após momento pandêmico. Os estudantes relatavam situações implicadas no momento pandêmico que ecoavam no ensino presencial, tais como:

Muitas dificuldades em aprender. (FR3)

Insegura por causa dos riscos de contaminação que poderia ainda acontecer, …ter que estar em contato com outras pessoas…, isso estar atrapalhando meu aprendizado. (R7) Perdido, pensando que não iria aguentar, que não seria capaz de entender todos os assuntos, e passar de ano. (R8)

Pode-se perceber que a condição de entregas de trabalhos, avaliações, passar de ano, tirar boas notas, escolha futura da profissão, são condições, dentre outras, presentes nos estudantes de Ensino Médio; somado aos efeitos provocados pela substituição do ensino presencial pelo remoto durante a pandemia de Covid-19. É perceptível a apresentação de algumas dificuldades: menores chances de engajamento social entre os estudantes, especialmente em famílias com reduzidas condições de acesso à internet e aos dispositivos tecnológicos. Agrega-se a essa evidencia o sofrimento dos adolescentes, nesse contexto, fato preocupante, que foi mobilizado no retorno a volta as aulas presencialmente (LISITA; BERNI; NOBRE et. al., 2021).

 Os relatos postos acima refletem sobre as consequências do ensino remoto e do distanciamento social para os adolescentes, que incluem impactos na aprendizagem, no comportamento, na socialização, e na vida socioemocional. A aprendizagem é um processo que acontece a partir da aquisição de novos conhecimentos, habilidades, valores e atitudes através do estudo, do ensino ou da experiência. Somado a construção de conhecimentos proferidos na sala de aula, juntamente com as relações sociais estabelecidas entre os estudantes, que possibilitam a participação ativa no processo de aprendizagem (PILETTI, 2011). Desta maneira, através das respostas da pesquisa (Muitas dificuldades em aprender. R3), evidenciase que houve impactos no processo de aprendizagem, visto que, foram 02(dois) anos que interromperam o convívio social, atrapalhando o processo pedagógico, ficando o mesmo defasado.

Piletti N, Rossato SM. Psicologia da aprendizagem: da Teoria do condicionamento ao Construtivismo. São Paulo: Contexto; 2011.         

A aprendizagem e o desenvolvimento acontecem do plano social para o individual. Nesse processo, os sujeitos mais experientes de uma cultura auxiliam os menos experientes, tornando possível que eles se apropriem das significações culturais. Assim, entende-se que a construção de conhecimentos é uma atividade compartilhada, trazendo implicações importantes para a educação (VIGOTSKY, 2007).

E se o compartilhamento, o envolvimento, o estabelecimento de relações, são condições para o acontecimento do processo de aprendizagem, como fica a vivência relacional, se estiver nela presente a insegurança de se aproximar do outro? E na aproximação ter o medo de se contaminar, ou morrer?

As pandemias, como outros desastres, fazem parte da história humana há séculos. No entanto, a resposta às pandemias difere necessariamente, pois requer separação, isolamento e quarentena. Além dos potenciais efeitos protetores da comunidade atribuídos à quarentena, os riscos para indivíduos em quarentena precisam ser identificados (SAURABH,2020).

 Estudos mostram influências dessa situação no comportamento das pessoas no cotidiano, causando ansiedade, medo, depressão e pânico. É cada vez mais reconhecido que os indivíduos que sofrem isolamento social têm maior risco de doenças. Experiências psicossociais adversas, como o isolamento social, podem ser particularmente prejudiciais para crianças e adolescentes em desenvolvimento. O distanciamento social pode agravar ou gerar dificuldades funcionais e comportamentais nessa faixa etária. Nota-se também que esse cenário de estresse altera muito a atividade física e o sono, essenciais para o desenvolvimento geral. Há ampla evidência de que esses fatores têm um profundo impacto na plasticidade cerebral e, portanto, no desenvolvimento cognitivo e emocional (JIAO, 2020)

 As evidências relatadas acima, de dificuldades enfrentadas pelo momento de isolamento social, devem ser levadas em consideração pelos profissionais que estão no contexto escolar, visto que como expõe outra estudante: “Me senti ansiosa e fiquei com medo de me contaminar.

Mudou muita coisa…. “Ficar em casa sem convívio social é bom e ruim… E mudou também a respeito das matérias, e também começou o Ensino Integral. Uma das minhas dificuldades foi a adaptação nas relações, no convívio com os colegas.” R11

Essa condição exposta pela estudante refere como a privação dos relacionamentos interpessoais afetaram a saúde mental dos adolescentes, somada aos impactos nas competências a serem desenvolvidas nessa faixa etária, de respeito, empatia, confiabilidade, dentre outras, que são fundamentais para o desenvolvimento socioemocional.

O construto do desenvolvimento socioemocional, está atrelado ao conceito de inteligência emocional, que foi definido por Salovey e Mayer (1990) como uma maneira de vincular a emoção à inteligência, almejando o encontro de soluções para problemas. Ela se caracterizaria como uma habilidade cognitiva associada à inteligência geral, que reúne quatro habilidades diferentes: percepção de emoção (capacidade de perceber as emoções em si mesmo e nos outros), facilitação emocional (capacidade das emoções para ajudar a sinalizar mudanças ambientais importantes e de humor, ajudando indivíduos a verem uma situação de várias maneiras diferentes, auxiliando diversos tipos de raciocínio), compreensão de emoções (conhecimento de emoções e do vocabulário emocional e como eles se combinam para criar outras emoções) e gerenciamento de emoções (capacidade de gerenciar suas próprias emoções e das pessoas ao seu redor). Partindo dessas compreensões verifica-se a insegurança, como uma condição dificultosa na articulação entre a emoção e à inteligência, após momento pandêmico. 

Esses entendimentos sobre as evidências dos agravos advindos do isolamento social, que compromete o desenvolvimento dos adolescentes, atrelados a necessidade de cuidar da Saúde Mental, havendo repercussões no processo de aprendizagem, são fundamentais para a Instituição Escolar ter ciência que precisa preparar a equipe docente, e todos os colaboradores para perceber e saber lidar com essa realidade que é desafiadora para os adolescentes, e todos que fazem parte da comunidade estudantil.

Outra questão vivenciada pelos estudantes foi, e é a adaptação ao estudo em Ensino

Integral, como relata um deles: “Eu mim senti eufórica, porém com o passar dos dias eu fui perdendo a euforia, porque no começo eu achei legal, passar o dia na escola, conviver novamente com os colegas. A ideia do Ensino Integral, mas daí eu fui vendo, que aquela modalidade de Ensino era muito puxada…. Muitas atividades…. Muitas cobranças…. Aí fui vendo e sentindo que aquela maneira de Ensino não era para mim. Eu estava ficando depressiva com aquilo tudo. Não conseguia ter tempo mais para nada”. (R35). Foi uma sensação boa no começo, mas com esse NEM (Novo Ensino Médio) só piorou as coisas, tipo nós saímos de uma pandemia e já começa a ficar trancado em uma escola o dia inteiro. Isso foi horrível. (R21)

Para o Ministério da Educação (MEC), a educação em tempo integral é a ampliação do tempo de permanência nas escolas para um período igual ou superior a sete horas diárias ou 35 horas semanais. A modalidade tem como finalidade a perspectiva do desenvolvimento e formação integral de bebês, crianças e adolescentes a partir de um currículo intencional e integrado, que amplia e articula diferentes experiências educativas, sociais, culturais e esportivas em espaços dentro e fora da escola com a participação da comunidade escolar.

Não se espera, contudo, que as escolas de tempo integral repliquem o conteúdo das práticas escolares, mas ampliem tempos, espaços e práticas que potencializem outras áreas sociais e de inserção cultural, e não trazer sensações de sobrecarga de atividades, ausência de sentidos no processo de aprendizagem. Admite-se que a concepção de educação integral não pode perder a sua especificidade em relação às políticas educacionais.

A construção do currículo que traduz a sua proposta educativa, feita sob a coordenação da escola, deve ir além dos saberes sistematizados nos diversos campos do conhecimento. Precisa incorporar, a exemplo do que propõem Freire (1996) e Boaventura Santos (2002), as práticas, habilidades, costumes e valores que estão na base da vida cotidiana. As dimensões locais estão impregnadas de significados globais que, articulados aos conhecimentos escolares, constituem o currículo necessário à vida contemporânea, de modo a ensejar a melhoria da qualidade das aprendizagens e da convivência social e dirimir as diferenças de acesso ao conhecimento e aos bens culturais (BRASIL, 2009 b).

Alguns estudos revelam que as deficiências de infraestrutura, bastante usuais no conjunto das escolas públicas, tendem a se agravar nas escolas com Ensino Integral à medida que seus serviços se tornam mais complexos (MOLL, 2012). Situação exposta por outro adolescente, integrante da pesquisa: “Tem sido muito cansativo e preocupante, pois mudaram algumas matérias, diminuindo as aulas obrigatórias e acrescentaram matérias que não caem no ENEM; além de que os espaço físico da escola não tem acomodações suficientes, nem os professores estão adaptados a essa maneira de ensinar, percebo eles cansados (R12)”.O atendimento concomitante de alunos em jornada ampliada sem que o horário dos turnos regulares seja alterado leva a escola a recorrer, com frequência, a espaços improvisados nas próprias dependências e a restringir as suas opções por falta de materiais para assistir aos estudantes-alvo dessas ações. A implementação do tempo integral traz, alguns desafios como a melhoria da infraestrutura das escolas, a definição de um plano de carreira para os docentes, que passarão a trabalhar mais horas por dia em uma mesma escola, e políticas para a permanência dos estudantes (MOLL, 2012).

Essa modalidade de ensino tem proporcionado também revelações positivas, visto que, os estudantes pontuam o desenvolvimento da autonomia, de suas habilidades sociais, da sua capacidade de organização e autogestão, inferidas nas falas: “Eu me senti muito animada, pois não estava aprendendo nada on-line. Tive que me readaptar e assim estou aprendendo mais no Ensino Integral (R30). Foi muito estranho no começo, mas está sendo ótimo, mudou a convivência, gerou esperanças para ser alguém na vida, pois me sinto mais confiante, seguro

no meu comportamento entre outros. Está sendo normal, agora. (R1)”.

O Ensino Integral tem como premissa fortalecer gestões escolares democráticas, tornando a escola um centro irradiador de práticas sociais inovadoras a partir do protagonismo dos jovens, como foi apresentado por alguns adolescentes.

Essa categoria trouxe várias reflexões acerca da jornada de atividades acadêmicas, impactos do isolamento social no desenvolvimento socioemocional, como também a modalidade de Ensino e suas evidências positivas e difíceis na gestão escolar, além da adaptação dos adolescentes/estudantes a esse contexto educacional. Contudo, é notório que sentimentos foram e são mobilizados, sendo possível evidenciar repercussões na Saúde mental, categoria que vai ser apresentada no tópico a seguir.

7.2 SAÚDE MENTAL: ANSIEDADE E SUAS REPERCUSSÕES 

Os adolescentes também relataram sensações físicas e emocionais como parte de seu cotidiano escolar, fato identificado nas expressões da população estudada, quando ocorre a alusão referida as informações acerca de sensações de desconfortos presentes no retorno as aulas, e no contexto do Ensino Integral, conforme ilustrado nos depoimentos a abaixo:  “É um caso complicado esse novo ensino médio, eu e muitos colegas têm tido crises de ansiedade.  Eu já tinha né, mas aumentou depois desse novo ensino médio.  Até porque realmente é cansativo, as vezes a gente até se perde no que estuda por ter tanta matéria” (R5). “Tenho sentido após a volta as aulas: nervosismo, tremendo, crises diárias, muita dor de cabeça e dores do peito” (R2).

“Crises de choro tremores nas pernas” (R3).

“Eu sou uma pessoa bem ansiosa, então sempre estou a tremer minhas pernas, chorar bastante ao ponto de não conseguir nem falar, não consigo dormir e as vezes fico imaginando como seria se eu não estivesse, mas aqui” (R7).

Dessa forma os relatos levam a refletir, o quanto o retorno as aulas, em conjunto com a modalidade de Ensino, repercutiram na Saúde Mental dos adolescentes. O novo coronavírus (SARS-CoV-2) ocasionou uma crise mundial que provocou uma série de mudanças e adaptações, afetando os mais diversos setores. No contexto educacional, é perceptível o impacto que a pandemia teve nos adolescentes, que se sentiram inseguros diante dessa readequação dos modelos educacionais. Nesse sentido, se faz importante esclarecer o conceito de adolescência, que corresponde a fase do desenvolvimento que ocorre entre a infância e a vida adulta (ZAGURY, 2012).

Vale ressaltar que é nesta fase que se intensifica o processo de individuação, sendo normalmente esperado um período de questionamento dos valores e um período importante referente às relações sociais e de amizade. Em virtude disso, é comum o adolescente não se separar dos amigos mais próximos, gerando segurança emocional (ZAGURY, 2012). Paralelo a isto, as medidas sanitárias de isolamento social, impossibilitaram os jovens de se relacionar fisicamente com os seus pares, além de impor um excesso de contato com a família, favorecendo a ausência de privacidade. Desta forma, o adolescente vivencia um processo de interrupção no seu percurso natural de busca por uma identidade, além de outros fatores como a insegurança na aprendizagem, alteração no sono e a intensa exposição a informações, que contribuem para o adoecimento dos mesmos. Antes do início da pandemia, um a cada cinco estudantes tinham um ou mais transtornos mentais diagnosticáveis em todo mundo. Durante este período, com o fechamento das escolas e a interrupção abrupta do semestre letivo, os estudantes também passaram a vivenciar angústias e medos, o qual vem agravando os problemas de saúde mental entre os jovens (ZHAI, 2020).

Sendo importante lembrar que entrar em um grupo faz parte da transição entre a infância e a vida adulta. Este movimento é uma consequência da elaboração de identidade. Durante a puberdade, o adolescente busca outras referências fora da família para se formar enquanto indivíduo. Por esse motivo, os amigos ganham mais importância, afinal é no círculo de amizades que o jovem se identifica, experimenta papéis sociais e busca acolhimento para enfrentar as suas inseguranças (ZAGURY, 2012).

Na adolescência os códigos coletivos têm um peso grande, já que eles sinalizam o senso de pertencimento a algum grupo social, e abrem espaço para a construção de laços emocionais, tão importantes nessa fase. Não é à toa que os grupos de adolescentes nos corredores das escolas se comportam da mesma maneira: eles se vestem, falam e agem igual para se identificarem mutuamente e assim ter a sensação de pertencimento. E nesse pertencimento, também existe a partilha das dores emocionais, como muitos relatam que têm crises de ansiedade. Mas o que seria ansiedade? De que maneira ela faz relação com saúde e doença mental? Como viver essas situações, de sentimentos de medo, de dores no contexto escolar?

Ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho (ALLEN, 1995). Quando ela se torna uma condição de ser cuidada? A ansiedade e o medo passam a ser reconhecidos como patológicos quando são exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo, ou qualitativamente diversos do que se observa como norma naquela faixa etária e interferem com a qualidade de vida, o conforto emocional ou o desempenho diário do indivíduo. Podendo gerar inúmeros transtornos de ansiedade, e em jovens é importante cuidar, pois estão em processo de transformações no seu desenvolvimento. 

Outra questão pontuada por uma adolescente foi; “Não estou conseguindo dar conta de tantas coisas para fazer, além de escolher o que devo ser para o futuro (R6)”. Segundo Grolli, Wagner e Dalbosco (2017), a adolescência é uma fase que possui uma alta reatividade emocional, podendo manifestar alguns transtornos. Essas transformações são somadas a muitas responsabilidades, principalmente diante do período de escolarização, pois também é nesta fase que precisam escolher uma carreira profissional só que para isso, precisam enfrentar as pressões advindas das avaliações – vestibular.

Os transtornos de ansiedade diferem entre si, segundo o DSM-V(2014), uma vez que podem ser caracterizado por pensamentos intrusivos, medo por antecipação ou por substancias. No caso do transtorno de ansiedade de separação, o indivíduo fica apreensivo ou ansioso quando tem que separar-se de sua figura de apego. Esse transtorno traz consigo pensamentos intrusivos, uma ideação do que pode vir a acontecer, algo com um ente querido, animais etc. E desta maneira, causando sofrimento por antecipação. 

Na pandemia os indivíduos que desenvolveram o transtorno de ansiedade de separação ou já conviviam com ele, passaram a temer que alguns de seus entes queridos fossem contaminados e até mesmo de levar o vírus para casa, e assim temer que alguém de seu convívio pudesse ir a óbito. Esses pensamentos foram bastante comuns em todos os indivíduos, mas para aqueles com ansiedade se separação o sofrimento psicológico tornou-se quase que insuportável, (JUNIOR, 2020).

Importante pontuar que de acordo com os estudos bibliográficos e pesquisas realizadas em periódicos, houve um aumento considerável nos transtornos de ansiedade em jovens ao retornar às aulas presenciais. A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020), divulgou que no

Brasil havia 19 milhões de pessoas com o transtorno de ansiedade no país, porém, segundo a GIFE (2022), o Brasil já vinha dominando o ranking desde 2017.

E com relação a análise quantitativa dos dados do Inventário de Ansiedade de Beck – BAI – (Beck AnxietyInventory) aplicado nessa pesquisa, esta é uma escala para mensurar os sintomas de ansiedade, traduzida para o português. O instrumento apresenta formato de autorrelato, composto por 21 itens descritivos dos sintomas, respondidos dentro de uma escala de quatro pontos, sendo: 1) “absolutamente não”; 2) “levemente”; 3) “moderadamente”; 4)“gravemente”. Os escores de sintomas ansiosos para o BAI correspondem a: 0-10: sintomas mínimos; 11- 19: sintomas leves; 20-30: sintomas moderados; 31-63: sintomas graves (CUNHA, 2001). 

Os dados constataram os seguintes escores dos adolescentes, que 13 (36,5%) apresentaram nível mínimo de ansiedade, 08 (24,6%) exibiram nível leve, 10 (26,3%) moderada e 05 (12,6%) expuseram ansiedade considerada grave. Constatação que só vem a confirmar os estudos bibliográficos, no que refere o aumento da ansiedade em jovens, relatado anteriormente. 

Sobre os sintomas de ansiedade, avaliados a partir do BAI, os resultados moderado ou grave, os itens: medo que aconteça o pior, ficar nervoso, sentir-se atordoado e incapaz, chegando a situações extremas de sintomas físicos e emocionais, que seria a situação de desmaiar e precisar de assistência hospitalar (revelado na análise qualitativa); foram o que mais frequentemente que obtiveram os escores mais elevado. Com relação aos sintomas mais presentes, dando indício de ansiedade leve ou mínima, os itens mais apontados foram: tremores nas pernas, palpitação ou aceleração no coração, sensações de calor e dormência.

A partir do exposto no parágrafo anterior, evidenciamos uma série de sintomas que já caracterizam ansiedade, e conforme May (2008) conceitua, é um termo que se refere a uma relação de impotência, conflito existente entre a pessoa e o ambiente ameaçador, e os processos neurofisiológicos decorrentes dessa relação. E como pontuado pelos participantes da pesquisa, a infraestrutura da instituição escolar, a condição das relações com os professores e colegas, o medo de viver as relações sociais, juntamente com a quantidade de atividades, sensações de nervosismo, sentimentos de incapacidade; são situações que configuram movimentos de impotência diante do viver. O mesmo autor diz ainda que a ansiedade constitui a experiência subjetiva do organismo numa condição catastrófica, que surge na medida em que o indivíduo, frente a uma situação, não pode fazer face às exigências de seu meio e, sente uma ameaça à sua existência ou aos valores que considera essenciais. 

As pesquisas de Soares e Almeida (2020) acerca da ansiedade revelaram que ela é uma emoção essencial à sobrevivência humana, embora muitas vezes, descrita como uma experiência desagradável de apreensão, tensão ou desconforto pela antecipação de perigo. Apesar de os sintomas de ansiedade, frequentemente, coexistirem com os sintomas de depressão, pouco se sabe sobre como essa coexistência afeta as experiências escolares dos jovens. Conforme a informação, os estímulos que surgem na vida do adolescente do ensino médio descaracterizam seus comportamentos, diante do que surge em seu contexto, como exemplo uma prova.

O aspecto mais importante é que emoções específicas surgirão em decorrência das causas às quais for atribuído o evento de sucesso ou de fracasso. Assim, orgulho e autoestima positiva serão experimentados nos casos em que o sucesso for creditado a causas internas ao próprio indivíduo, tais como inteligência ou esforço, mas a pessoa terá sentimento de culpa quando o fracasso for atribuído à falta de empenho. O aluno sentirá irritação, quando o fracasso for atribuído a fatores incontroláveis e externos, como prova excessivamente difícil, mas será acometido pela vergonha, desesperança ou resignação, quando o fracasso for atribuído a fatores internos não controláveis, como falta de capacidade. Todas essas emoções têm, ademais, um papel motivacional, isto é, trazem em si um potencial para a ação. (BZUNECK, 2018, p.1061).

Artigos abordam sobre as metodologias, carga horária extensa e estrutura curricular como possíveis contribuintes para transtornos de ansiedade em estudantes do Ensino Médio. Bzuneck (2018) explica que na literatura tem sido evidenciado, consistentemente, que elevada ansiedade constitui potencial problema para muitos estudantes, em todos os níveis de escolaridade, por produzir efeito debilitante sobre os processos de aprendizagem e sobre o rendimento. As pesquisas explicam como o bem-estar do estudante durante a fase escolar é importante para a saúde mental dos jovens, principalmente, no momento de transição. Isto é, mudanças corporais e emocionais que consideram a relação com os atores sociais na vida do adolescente. Nesse contexto, os resultados e a busca por ser o melhor; de se destacar durante o processo do Ensino Médio, se torna uma tarefa adoecedora que poderá acarretar doenças emocionais, tais como ansiedade e depressão, além de outros efeitos nas esferas da vida do adolescente. Essas situações também formam expostas por vários adolescentes: 

“Muito difícil de se adaptar…. Estou adoecendo, tendo mais crises de ansiedade” (R34).

“É bem cansativo, termos que nos adaptar com matérias novas, ficou bem mais complicado pois estamos estudando tantas matérias diferentes das suas éramos acostumados, não tenho tempo para família, para mim” (R20).

“Me senti angustiada, não estou conseguindo me acostumar, …acho que não vou conseguir fazer mais nada na vida…. Já fui até atendida no hospital” (R34).

Nos textos acima constata-se que a ansiedade é um sentimento frequente que faz parte das emoções sentidas pelos adolescentes. É notório que a pressão psicológica, a sobrecarga de atividades escolares e outros fatores como, a pressão com relação à escolha profissional do estudante, ou ainda, a sua própria indecisão com o futuro, a insatisfação, dificuldade para estabelecer a própria identidade, contribuem para que os jovens estudantes de ensino médio sejam vulneráveis ao transtorno de ansiedade.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de adolescer pode ser vivenciado por constantes desafios, com relação as dificuldades enfrentadas diante da busca de identidade, nas vivências estabelecidas com os colegas, nas buscas das realizações futuras profissionalmente. Além do momento de retorno as aulas presenciais, como marco significativo, diante do envolvimento social, que gerou impactos nas relações socioemocionais, devido ao isolamento social. Nesse contexto, torna-se de grande valia o conhecimento e o monitoramento da manifestação da ansiedade no adolescente que aponte em quais situações essa característica tende a ocorrer com mais frequência, pois este indivíduo fica mais vulnerável a ser acometido pela ansiedade em razão da situação do momento, podendo transformar-se em quadros graves. Sabe-se também que a ansiedade, por conter aspectos psicológicos e físicos, pode tanto auxiliar os seres humanos em seu desenvolvimento como também pode contribuir para um quadro patológico.

Com os estudos expostos no texto é possível ter uma base sobre os transtornos de ansiedades nos adolescentes que eles relataram, mas não há como mensurar o quanto aquele indivíduo está em sofrimento levando em consideração sua subjetividade e vivências próprias. Seguindo este pressuposto, a redação ainda demonstra a importância de cuidar desses adolescentes, trabalhar professores, gestores e colaboradores da Instituição Escolar para desenvolver uma escuta ativa, aguçar a observação do comportamento dos adolescentes, tendo em vista que o desempenho escolar e a aprendizagem estão interligados com o psicológico do indivíduo. Deste modo a perturbação psíquica pode acarretar danos quanto à aprendizagem.

Nesse sentido, durante a construção dessa pesquisa, verificou-se que se faz necessário refletir sobre algumas situações: Como lidar com a ansiedade no ambiente escolar no Ensino Médio Integral? De que maneira a equipe pedagógica e os profissionais da Instituição Escolar estão trabalhando para prevenir e acolher as demandas dos estudantes com ansiedade? 

Uma questão em evidência é concretizar de forma eficiente e humana a inserção do psicólogo na escola, com a intensão de apoiar os estudantes e a equipe que necessitam de orientações de como lidar com as demandas de sofrimento mental no contexto escolar. O contexto histórico da psicologia escolar e educacional reativa mudanças frente a esse momento de transição que os jovens passam. Sendo assim, o trabalho do psicólogo na escola caracterizase na integração da equipe escolar e pedagógica, na discussão das políticas educacionais, que estão atuando na instituição, para assim produzir, coletivamente, formas de relação democrática no espaço da escola. Além disso, intervenções com acolhimento, dentro de uma escuta qualificada, sobre as questões que afligem os estudantes, possibilitando grupos, rodas de conversas, dentre outras dinâmicas que geram reflexões e criam espaços de fala para os estudantes, possibilitando um processo terapêutico. 

Apesar de existirem produções científicas na literatura sobre ansiedade nos estudantes do ensino médio, ainda são escassos estudos pautados e direcionados para esse público, pois grande parte dos estudos estão voltadas para o ensino superior. Dessa forma, para melhor embasamento teórico, é importante desenvolver pesquisas atualizadas sobre a temática da ansiedade em estudantes do ensino médio, pretende-se futuramente realizar pesquisas de campo com essa temática. Então, é de extrema relevância falar sobre esse assunto e assim ampliar os estudos referentes a ansiedade em adolescentes, expondo a importância desse tema para a sociedade e para os profissionais da área da educação e saúde. Portanto, espera-se que esta pesquisa possa auxiliar na intervenção e prevenção de futuros casos de ansiedade, além de impulsionar novas pesquisas sobre essa linha de pesquisa.

Por fim, um último ponto a se destacar é acerca das repercussões advindas do período da pandemia, estas que foram destacadas no decorrer do trabalho e que gerou discussões a partir dos dados quanti-qualitativos dos alunos. O novo coronavírus ocasionou em escala mundial uma série de mudanças e transformações, afetando em diversos setores, aqui em especifico o contexto educacional, sendo perceptível o seu impacto a esses adolescentes por meio dos seus relatos subjetivos. Dessa forma, o momento vivido e experenciado pelos jovens, o retorno as aulas presenciais gerou consequências de cunho individual e coletivo sobre as dificuldades, incertezas e imprevisibilidade ao dito “novo normal” pós pandemia.

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10 ANEXOS