TECNOLOGIAS DIGITAIS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: UMA PORTA PARA O PROTAGONISMO ESTUDANTIL

DIGITAL TECHNOLOGIES OF INFORMATION AND COMMUNICATION: A DOOR TO STUDANT PROTAGONISM

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10525301


Cláudia Solange Santos e Silva1 ;
Isete da Silva Sousa2 ;
Jusse Raquel Nunes de Oliveira3
Piedade Lino Videira⁴.


Resumo 

Este trabalho foi constituído no sentido de que as novas tecnologias sejam vistas como uma ferramenta de auxílio ao processo de educação. O objetivo do estudo foi realizar um relato de experiência de como o uso de TDIC’s pode favorecer o protagonismo estudantil e potencializar a aprendizagem, por meio da mediação pedagógica, de acordo com as competências e habilidades sustentadas pela BNCC. A experiência foi realizada com alunos de uma escola pública de Macapá-AP, durante as aulas de Língua Portuguesa, em uma disciplina eletiva, em duas turmas de 1ª série do Ensino Médio. A metodologia utilizada na constituição do trabalho foi o estudo bibliográfico. 

Palavras-chave: Tecnologias digitais. Língua Portuguesa. Mediação. BNCC

Abstract 

This work was developed in order to show new technologies as a tool to help the education process. The objective of the study was to carry out an experience report on how the use of TDIC – Digital Technologies of Information and Communication can favor student protagonism and enhance learning, through pedagogical mediation, according to the skills and abilities supported by the brazillian educational law known as “BNCC”. The experience was carried out with students from a public school at the city of Macapá, state of Amapá, Brazil, during Portuguese Language classes, in a elective discipline, in two classes of 1st grade of High School. The methodology used in the constitution of the work was the bibliographical study. 

Keywords: Digital technologies. Portuguese language. Mediation. BNCC. 

Introdução 

A questão que dirige nossa atenção para o estudo são os desafios da mediação pedagógica no contexto da cultura digital, fator responsável por gerar grupos que cada vez mais reivindicam uma educação voltada para a incorporação das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação – TDICs no cotidiano da educação básica. 

Os desafios para a incorporação das tecnologias digitais envolvem inúmeras questões que dependem inicialmente de efetivas políticas públicas educacionais que devem ser elaboradas para atender a formação inicial e continuada dos professores, infraestrutura, apoio técnico, pedagógico e propostas de ações viáveis e definidas coletivamente no Projeto Político Pedagógico-PPP da escola. 

Para entendermos a temática em questão, “mediação pedagógica na cultura digital” é válido considerarmos que “as tecnologias digitais hoje são muitas, acessíveis, instantâneas e podem ser utilizadas para aprender em qualquer lugar, tempo e de múltiplas formas” (MORAN, 2012). 

Entretanto, apesar dessas facilidades no acesso, podem existir problemáticas para a incorporação da cultura educacional à cultura digital, pois faz-se necessário à contínua formação e ao mesmo tempo mudanças de paradigmas para que ocorra naturalmente a inserção das práticas pedagógicas no contexto escolar com o uso de ferramentas digitais para o ensino e aprendizagem. 

Nesse sentido, observarmos que ainda existem dicotomias entre o ideal e o real para a inclusão das TDICs, mas que aos poucos percebemos iniciativas e novos olhares frente a incorporação das mesmas, as quais vem sendo realizadas por meio de projetos pedagógicos, disciplinas eletivas, feiras de ciências e tecnologias, reuniões pedagógicas e no planejamento do educador. 

Pensando nos desafios apresentados, delimitamos como objetivo deste artigo, evidenciar as possibilidades da mediação pedagógica na cultura digital a partir de um relato de experiência que foi realizado na disciplina eletiva de linguagem código e suas tecnologias propostas pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC, e recebeu o nome de “Campos do Laguinho: Luz, câmera, ação”, com carga horária de 80 (oitenta) horas, para turmas de 1ª série do Ensino Médio, no ano de 2022, na Escola Estadual General Azevedo Costa, no bairro do Laguinho, situado na capital Macapá-AP. 

A oferta ocorreu nos turnos matutino (25 alunos) e vespertinos (15 alunos), sendo que dois alunos eram público-alvo da educação especial e inclusiva: um com Transtorno do Espectro Autista -TEA e outro com síndrome de Down. 

A disciplina de caráter interdisciplinar e no contexto do ensino de Língua Portuguesa, baseou-se no seguinte objetivo: apresentar como produto final da disciplina, uma produção audiovisual de sua autoria a partir do gênero textual documentário, o grupo deveria contribuir para um resgate histórico e cultural do bairro do Laguinho, considerado o maior em termos de número de ocupantes negros na capital Amapaense. 

Vale ressaltar, que em se tratando da metodologia para o alcance dos objetivos, buscou-se as aulas no modelo interdisciplinar, no qual durante essa etapa, os alunos receberam orientações de acordo com os componentes curriculares envolvidos (inglês, artes e história) organizados em formas de sequência didática previamente definida pelos docentes das disciplinas. 

Os resultados evidenciaram que os alunos envolvidos se sentiram parte integrante na autoria do processo ensino-aprendizagem por meio da mediação pedagógica intermediada pelas TDICs. 

Mediação Pedagógica e tecnológica 

A mediação pedagógica caracteriza-se pela relação professor/aluno com o intuito da aprendizagem para se chegar à construção do conhecimento. Segundo Vygotsky (apud REGO p.50), o que medeia essa relação são os instrumentos e os signos, que são construídos historicamente e tem essa função. Nesse sentido, o mediador é o facilitador ou motivador da aprendizagem, colaborando ativamente para que o indivíduo chegue aos seus objetivos. 

Nessa perspectiva, o professor deve atuar como mediador da aprendizagem, incentivando e provocando nos alunos o desejo de aprender, pois, a grande finalidade da mediação é alcançar o nível de desenvolvimento do educando para que este alcance o conhecimento de forma autônoma e constante e, assim, praticá-la ao longo da vida (VYGOTSKY, apud REGO p.108,1995). Assim, a atitude intencional do professor, age de forma ativa nas relações de ensino-aprendizagem, e a mediação pedagógica acontece efetivamente. 

A mediação no contexto da cultura digital, segundo Castro, Mill e Costa (2022) “se desenvolve por meio de aparatos tecnológicos digitais que permeiam e interferem nos processos de informação e comunicação da sociedade”. Na perspectiva da cultura digital a mediação tecnológica vem a ser a introdução de recursos tecnológicos no contexto educativo de forma intencional, ajudando o aluno em infinitas possibilidades de aprendizagem. 

Considerando a cultura digital vivenciada nos dias atuais, as tecnologias digitais mostram-se uma boa alternativa no trabalho pedagógico, ou seja, um meio para se chegar ao objetivo proposto pelo professor. Segundo Moran (2012) não basta apenas utilizar as tecnologias é necessário dominá-las para que sejam um elemento mediador das atividades dos indivíduos e apropriá-los do conhecimento. 

O que faz a diferença não são os aplicativos, mas estarem nas mãos de educadores, gestores (e estudantes) com uma mente aberta e criativa, capaz de encantar, de fazer sonhar, de inspirar. Professores interessantes desenham atividades interessantes, gravam vídeos atraentes. Professores afetivos conseguem comunicar-se de forma acolhedora com seus estudantes através de qualquer aplicativo, plataforma ou rede social (MORAN, 2012). 

Embora não possa resolver todos os desafios que envolvem o ensino/aprendizagem de alunos com ou sem deficiência, as TDIC quando incorporadas de maneira consciente e bem planejada, são importantes ferramentas para os educadores. Com isso, a simples atividade de fazer um documentário sobre a cultura local dos arredores da escola utilizando as tecnologias como instrumento desse processo midiático, trouxe aos alunos ganhos incalculáveis no que tange o desenvolvimento intelectual para a diversidade. 

É importante ressaltar que as tecnologias digitais desempenham um papel fundamental na promoção da inclusão escolar, pois oferecem recursos e possibilidades que podem atender às necessidades educacionais de diferentes grupos de alunos, visto que ajudam a superar barreiras físicas, cognitivas e comunicativas, proporcionando oportunidades de aprendizagem mais acessíveis e personalizadas.

Uma das principais contribuições das tecnologias digitais para a inclusão escolar é a oferta de recursos de acessibilidade, como softwares de leitura e escrita, audiolivros, legendas, tradução automática, entre outros. Esses recursos permitem que estudantes com deficiência visual, auditiva, motora ou cognitiva possam acessar e participar das atividades educacionais de forma independente e significativa. Além disso, as tecnologias digitais possibilitam a personalização do ensino, adaptando os conteúdos, metodologias e estimativas às necessidades específicas de cada aluno. 

Outro aspecto importante é a promoção da interação e colaboração entre os alunos, independentemente de suas habilidades e características individuais. Através de fóruns, chats, videoconferências e outras ferramentas de comunicação online, os alunos podem trocar experiências, debater ideias e desenvolver trabalhos em equipe, fortalecendo a construção coletiva do conhecimento 

Para Castro, Mill e Costa (2022, p. 03) o avanço tecnológico coloca os professores a ressignificar seu papel como mediador pedagógico, da nova geração que se apresenta extremamente conectada e acostumada com a velocidade das informações, força o educador a inserir em suas aulas diferentes tecnologias. No entanto, a velocidade com que os educadores tentam alcançar esses avanços não é a mesma, o que os colocam diante de desafios constantes, tornar suas aulas cada vez mais incessantes e atrativas aos estudantes. 

Ademais a mediação tecnológica está correlacionada com a mediação pedagógica o que medeia a construção do conhecimento entre professor e o aluno, procurando diferentes estratégias de ensino através das tecnologias. Para que a mediação tecnológica se efetivo de fato, segundo Oliveira e Silva (2022, p.12), não podem ser entendidas como a simples introdução das mídias digitais no ensino, mas um recurso com intencionalidade pedagógica, podendo contar com diferentes artefatos tecnológicos e suas aplicabilidades. 

Nesse contexto, ao planejar uma aula diferenciada envolvendo a tecnologia, onde os alunos tiveram a oportunidade de interagir com a comunidade em sua singularidade, de forma transversal, os professores delegaram aos alunos a responsabilidade pelo feito e produção do documentário, dando a oportunidade do auto aprendizado. Deste modo, Oliveira e Silva (2022, p.17), atentam para a aplicabilidade das TDIC no contexto educativo, onde possibilitam uma gama de habilidades significativas no aprendizado dos estudantes.

Entendendo que os alunos são nativos digitais que dominam as novas tecnologias e estão constantemente cercados e bombardeados por excessivas informações em seu cotidiano, os professores devem acompanhar esses avanços em suas práticas em sala de aula. Conforme Moran (2012, p.06) os educadores devem aproveitar as facilidades que a tecnologia oferece, pois, os educandos estão a maior parte do tempo conectados, nesse momento os educadores devem interagir utilizando esses recursos para instigá-los e motivá-los a aprender. 

Nesse cenário o papel do professor é de mediar, facilitar, orientar o processo ensino aprendizagem de seus educandos, assim, torna-se importante agregar a formação inicial e continuada dos educadores experientes com o uso das TDICs. A formação docente deve estar atenta às transformações do contexto social em suas práticas pedagógicas, onde envolvem o uso das novas tecnologias, tornando-se imprescindível a formação para a mediação tecnológica. 

Língua portuguesa, BNCC e tecnologias digitais 

A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) é o documento que estabelece os direitos de aprendizagem e desenvolvimento de todos os estudantes brasileiros, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Define as competências e habilidades que os estudantes devem desenvolver ao longo de sua trajetória escolar, com o objetivo de garantir uma educação de qualidade, equitativa e inclusiva. 

No contexto do ensino da Língua Portuguesa, a BNCC (2018) propõe que os estudantes assumam perspectivas enunciativo-discursivas, ou seja, que relacionem os textos que leem e funcionam com seus contextos de produção. Isso implica dizer que devem compreender como a linguagem é utilizada em diferentes contextos comunicativos e como ela pode ser influenciada por fatores sociais, culturais e históricos. 

Além disso, a BNCC (2018) reconhece a importância dos gêneros digitais no ensino da língua portuguesa. Esses gêneros incluem fotos, esquemas, gráficos, filmes, vídeos, sons e músicas, dentre outros recursos conhecidos como multimodais. Através do uso desses gêneros, os estudantes podem desenvolver habilidades de leitura, escrita, escuta e produção de textos de forma significativa. 

(…) mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos autorais. (BRASIL, 2018, p. 87). 

No caso específico da produção audiovisual, são elencadas diversas propostas de atividades, com foco na dimensão da autoria, como por exemplo, elaboração de telejornais, peças de campanhas de conscientização, reportagens digitais, entrevistas, relatos de experimentos, registros de observação e outros gêneros do campo investigativo: 

identificando valores e representações de situações, grupos e configurações sociais veiculadas, desconstruindo estereótipos, destacando estratégias de engajamento e viralização e explicando os mecanismos de persuasão utilizados e os efeitos de sentido provocados pelas escolhas feitas em termos de elementos e recursos linguístico-discursivos, imagéticos, sonoros, gestuais e espaciais, entre outros. (BRASIL, 2018, p. 522). 

Oportunizar atividades com o audiovisual permite aos educandos o desenvolvimento de habilidades de autoria, ou seja, que se tornem produtores de conteúdo audiovisual, utilizando uma linguagem de forma intencional, técnica e estética. Isso contribui para o desenvolvimento de competências como a criatividade, a comunicação e o pensamento crítico, além de instigar o trabalho colaborativo. 

No componente curricular Língua Portuguesa, a conexão entre autoria e tecnologias digitais está presente nos cinco campos de atuação que situam e contextualizam as práticas de linguagem: Campo da vida cotidiana, Campo artístico-literário, Campo das práticas de estudo e pesquisa, Campo jornalístico-midiático e Campo de atuação na vida pública. (BNCC, 2018) 

No campo jornalístico-midiático, a análise e experimentação de formas contemporâneas de publicidade em contexto digital também são propostas pelo documento, assim como a desconstrução de estereótipos e a compreensão da confusão de persuasão utilizada. 

Fica nítido, portanto, o reconhecimento da importância das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) no contexto educacional atual, visto que os documentos oficiais que regem a Educação Básica atualizaram as orientações curriculares, levando em consideração as pesquisas recentes da área e as transformações das práticas de linguagem ocorridas neste século, incentivando o uso das tecnologias digitais como ferramentas pedagógicas, propondo experiências de aprendizagem mais vividas e abertas com as demandas da sociedade contemporânea. 

Além disso, o documento traz uma proposta de adequação do ensino ao desenvolvimento de competências, promovendo um ensino engajado e interdisciplinar, proposta essa que foi seguida na disciplina eletiva “Campos do Laguinho: luz, câmera, ação”, experiência relatada no tópico seguinte. 

RELATO DE EXPERIÊNCIA 

A disciplina eletiva intitulada “Campos do Laguinho: luz, câmera, ação” foi realizada no ano de 2022, na Escola Estadual General Azevedo Costa, situada no município de Macapá, no Estado do Amapá. A escola fica localizada no bairro do Laguinho, que tem fortes raízes negras, devido a essa característica é considerado o mais negro dos bairros de Macapá, superando como referência até mesmo o Quilombo do Curiaú. 

O bairro é conhecido por resguardar ancestralidade negra, pois é nele que acontece o ciclo do Marabaixo, festa tradicional do Laguinho e de comunidades remanescentes quilombolas do Amapá, além disso, nele estão situadas duas escolas de samba, Piratas Estilizados e Boêmios do Laguinho, e o Centro de Cultura Negra do Amapá (UNA). Essa contextualização se faz necessária para entender a proposta da disciplina eletiva aqui exposta. 

A disciplina foi ofertada para turmas de 1ª série do Ensino Médio, nos turnos matutino (25 alunos) e vespertino (15 alunos), no segundo semestre de 2022, com carga horária de 80h. É válido ressaltar que, desse número, dois alunos eram atendidos pelo AEE: um autista e um síndrome de Down, os quais participaram de todas as etapas da construção do produto. 

A proposta da disciplina eletiva foi construída levando-se em consideração o que preceitua a BNCC em relação ao protagonismo estudantil, trabalho colaborativo e cultura digital e teve como objetivos: 

● Aprofundar o conhecimento linguístico dos estudantes por meio do letramento tecnológico-informacional, utilizando as novas tendências da comunicação, tais como o registro audiovisual; 
● Utilizar diferentes linguagens, seja verbal, corporal, digital, sonora ou visual para partilhar informações, experiências e ideias em diferentes contextos;
● Analisar, conhecer e valorizar as manifestações culturais locais e, desse modo, 
● Participar das diversas manifestações artístico culturais, explorando e registrando as relações entre culturas e sociedades das diversas abordagens culturais; 
● Identificar, selecionar, processar e analisar dados, fatos e evidências da rica cultura dos descendentes de comunidades quilombolas com curiosidade, atenção, criticidade e ética, inclusive utilizando o apoio de tecnologias digitais;
● Reconhecer e analisar diferentes manifestações quilombolas: seu jeito de se expressar, sua devoção e transmissão de valores aos seus descendentes não resumidos a ritmos e culinária, mas ainda como elementos de coletividade gerada em si e para todos. 

A proposta da eletiva foi a de que os alunos apresentassem, como produto final da disciplina, uma produção audiovisual, no formato documentário, em que fosse feito um resgate histórico e cultural do bairro, assim como um levantamento das contribuições que a instituição desenvolveu ao longo dos anos na sociedade amapaense, através da busca de “personalidades” que estudaram ou faziam parte da história da escola, de alguma maneira. 

Ao longo das aulas, que funcionaram de maneira interdisciplinar, os alunos receberam orientações voltadas para cada componente curricular envolvido (inglês, artes e história), seguindo uma sequência didática pré-definida. No caso da disciplina de língua portuguesa, as temáticas eram voltadas para gênero textual documentário. 

O gênero textual documentário foi trabalhado, primeiramente, sob os aspectos conceituais, estruturais e meios de circulação, usando-se como metodologia exemplos de documentários com temas diversos, com o objetivo de iniciar o contato dos alunos com o tema a ser discutido e trabalhado, e, principalmente, fomentar a percepção deles sobre o gênero para, posteriormente, serem elencadas as características e as diferenças entre os documentários. 

Também foram trabalhados aspectos legais a serem observados na construção do produto, como por exemplo, a lei sobre os direitos de imagens e produção de documento oficial sobre autorizações de filmagens. 

Ao longo da disciplina os alunos fizeram pesquisas antropológicas sobre o contexto histórico e social da escola e suas contribuições para a comunidade, selecionaram personalidades que estudaram na escola e que com ela criaram vínculo afetivo e/ou profissional. Seguindo a estrutura do gênero textual documentário, realizaram entrevistas com moradores mais antigos e que tinham estreita relação com a história da comunidade. 

Na fase seguinte os alunos, utilizando os próprios aparelhos celulares, fizeram a produção de imagens, e estruturação do documentário com o material coletado e, por fim, fizeram a edição. Como proposta de recurso tecnológico para a edição do documentário foi sugerido o aplicativo Inshot. 

O aplicativo pode ser baixado gratuitamente em celulares Android ou iOs e permite editar vídeos ou imagens facilmente pelo smartphone. A ferramenta é capaz de postar fotos e vídeos inteiros, sem cortes,aplicar bordas com cores, adicionar filtros e, até mesmo, aplicar textos, além de permitir cortar a parte que deseja e inserir áudio. 

Como resultado dos estudos foram produzidos quatro documentários: Laços do Laguinho, Memórias na caneta, Laguinho sob o nosso olhar e Juventude e ancestralidade. A duração dos produtos variou entre três e sete minutos, conforme acordado nas aulas. 

Os documentários foram apresentados à comunidade escolar na culminância do projeto, onde estavam presentes alguns dos entrevistados. Foi perceptível a satisfação dos alunos ao apresentar um produto construído por eles mesmos, atuando como protagonistas, e os professores como mediadores. 

Destaca-se que, após a eletiva, alguns alunos se identificaram com a produção de material audiovisual e continuaram desenvolvendo habilidades nessa área. Dois dos educandos foram identificados pela equipe do AEE como altas habilidades, passando a serem atendidos, no contraturno, pela equipe. 

Portanto, as tecnologias digitais desempenham um papel significativo na promoção da inclusão escolar, ao oferecer recursos de acessibilidade, personalização e interação. No entanto, é necessário levar em consideração a equidade de acesso, a formação dos professores e a inclusão digital de grupos marginalizados. Com uma abordagem abrangente e consciente, as tecnologias digitais podem ser aliadas poderosas na construção de uma educação inclusiva. 

Considerações Finais

Ao identificar e registrar cada fase da pesquisa, os estudantes descobriram fontes de incentivo para o sucesso pessoal e profissional. Além disso, transversalmente, o audiovisual pode atuar no aprimoramento das metodologias e práticas pedagógicas, ao relacionar os mais variados campos de experiência. Dessa forma, promovem aprendizagens mais significativas, mediadas pelas necessidades emergentes da educação contemporânea. 

O componente curricular de Língua Portuguesa busca atualizar as práticas de ensino em relação às transformações ocorridas neste século, especialmente devido ao desenvolvimento das tecnologias digitais. A perspectiva aceita é a enunciativo-discursiva, que considera a linguagem como um fenômeno enunciado por sujeitos em situações comunicativas. Isso significa que o trabalho pedagógico com a Língua Portuguesa deve incluir o uso da consciência das tecnologias digitais, complementando e enriquecendo as aulas presenciais. Os professores devem selecionar os recursos adequados para cada conteúdo e acompanhar de perto o processo de aprendizagem dos alunos, orientando-os no uso correto das ferramentas e promovendo uma reflexão sobre o uso da língua portuguesa. 

A construção de espaços de aprendizagem online, como blogs, sites e plataformas educacionais, que possibilitam o compartilhamento e a publicação de informações pelos alunos, é uma iniciativa promissora em todos os níveis da Educação Básica. Esses espaços permitem que os alunos explorem e desenvolvam suas habilidades no uso das tecnologias digitais, ao mesmo tempo em que promovem a interação, a colaboração e o engajamento dos estudantes. 

No entanto, é fundamental ressaltar que as tecnologias digitais devem ser utilizadas de forma consciente e intencional, sempre com o objetivo de complementar e enriquecer as aulas presenciais. O professor desempenha um papel essencial na seleção dos recursos mais adequados para cada conteúdo e na mediação do processo de aprendizagem dos alunos. 

Além disso, é importante orientar os alunos no uso correto das ferramentas digitais, ensinando-lhes a importância de uma comunicação clara e eficiente, assim como promover uma reflexão crítica sobre o uso da língua portuguesa em ambientes virtuais. 

Assim, ao integrar a tecnologia às práticas pedagógicas, é possível potencializar a aprendizagem dos alunos, estimulando a criatividade, a colaboração e a capacidade de se comunicar de forma adequada em diferentes contextos digitais. 

Ademais, ressaltamos a importância de políticas públicas que promovam a infraestrutura adequada nas escolas, assim como a disponibilização de dispositivos e conexão à internet para os alunos que não possuem esses recursos em casa. Além disso, é fundamental desenvolver estratégias que garantam a inclusão digital de grupos historicamente excluídos, como pessoas com deficiência, comunidades indígenas, quilombolas, refugiados e imigrantes. 

Referências 

CASTRO, Sara; Mill, Daniel; Oliveira Costa, Rosilene Aparecida. Apontamentos sobre a mediação pedagógica na cultura digital: Uma Breve Revisão De Literatura. Anais do CIET:CIESUD:2022, São Carlos, set. 2022. ISSN 2316-8722. Disponível em: <https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2022/article/view/1987>. Acesso em: 08 julho. 2023. 

MEC. Base Nacional Comum Curricular- BNCC.  http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/a profundamentos/193-tecnologias-digitais-da-informacao-e-comunicacao-no-contexto escolar-possibilidades. Acesso em: 10 jul. 2023. 

MORAN, JOSÉ. Tecnologias digitais para uma aprendizagem ativa e inovadora. Educação que Desejamos: novos desafios e como chegar lá. Atualização do texto Tecnologias no Ensino e Aprendizagem Inovadoras do livro A Educação que Desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campinas, SP: Papirus, 2012 5ª ed, cap. 4. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2017/11/tecnologias_moran.pdf  Acesso em: 14 jul. 2023. 

OLIVEIRA, Achilles Alves de; Yara Fonseca de O. e silva. Mediação pedagógica e tecnológica: conceitos e reflexões sobre o ensino na cultura digital. Revista Educação em Questão, Natal, v. 60, n. 64, p. 1-25, e-28275, abr./jun. 2022. Disponível em: <https://periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao/article/view/28275> Acesso em: 08 julho. 2023. 

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1995.  https://www.academia.edu/31121677/VYGOTSKY_uma_perspectiva_hist%C3%B3ric o_cultural_da_educa%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 15 jul. 2023


1Mestranda em Educação Inclusiva em Rede Nacional (PROFEI) pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).. E-mail: claudiasolange1@gmail.com . Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1449751414850935 .
2Mestranda em Educação Inclusiva em Rede Nacional (PROFEI) pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). E-mail:. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7006569462085190 . 
3Mestranda em Educação Inclusiva em Rede Nacional (PROFEI) pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)l. E-mail: jusseraquel@gmail.com . Currículo Lattes:http://lattes.cnpq.br/9704612008578157.
4Profª Drª da Universidade Federal do Amapá ( UNIFAP).Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu- Mestrado em Educação/PPGED. E-mail: piedadevideira08@gmail.com . Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4269580489108934