TECNOLOGIA E PSICOLOGIA: ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DE PSICÓLOGOS CLÍNICOS SOBRE O USO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICS)

TECHNOLOGY AND PSYCHOLOGY: ANALYSIS OF CLINICAL PSYCHOLOGISTS’ PERCEPTION OF THE USE OF INFORMATION AND COMMUNICATION TECHNOLOGIES (TICS)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11522592


Thaís Carvalho Ferreira Diniz1
Tadeu Gomes Teixeira2


RESUMO

Essa pesquisa foi realizada com o intuito de analisar como as tecnologias de informação e comunicação (TICs) são utilizadas e percebidas no contexto de trabalho de psicólogos clínicos maranhenses. Este estudo caracteriza-se como exploratório e através da análise qualitativa discorreu sobre um panorama das novas tecnologias e tecnologias da informação e comunicação e sua relação com a psicologia através de referencial teórico embasado no tema e por meio de entrevistas semiestruturadas com dez psicólogos clínicos maranhenses. Verificou-se que a maioria dos profissionais utiliza alguma ferramenta tecnológica como dispositivos, aplicativos ou outro recurso, mas sobretudo com foco na terapia online, adotada no contexto da pandemia da Covid-19 por todos os entrevistados. E sobre a percepção dos psicólogos sobre o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e recursos tecnológicos no contexto de trabalho clínico, as TICs foram consideradas como um grande facilitador para o profissional. Constata-se o uso destes recursos por parte da maioria dos psicólogos, identificando as adaptações destes às mudanças tecnológicas, e ainda se ressalta a necessidade da capacitação destes profissionais, no intuito de manejo e para a atualização de suas intervenções terapêuticas.

Palavras-chave: Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Psicologia. Terapia online.

ABSTRACT

This was carried out with the aim of researching how information and communication technologies (ICTs) were used and perceived in the work context of clinical psychologists from Maranhão. This study is characterized as exploratory through qualitative analysis, it discussed an overview of new technologies and information and communication and communication technologies with psychology through theoretical theory based on the theme and through semistructured interviews with ten clinical psychologists from Maranhão. The majority of technological professionals were verified as devices, applications or other resources, but mainly with specific online therapy, used in the context of the Covid-19 pandemic by all Covid-19 outbreaks. And about the perception of psychologists on the use of technologies (ICTs) and technological resources in the context of clinical work, ICTs and their use as a great facilitator for professionals. Focus on the use of these resources by the majority of psychologists, identifying them as devices integrated to technological changes, still highlighting the need for training these, in order to and for an update of their therapies.

Keywords: Information and Communication Technologies (ICTs). Psychology. Perception of Psychologists.

1 Introdução

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são caracterizadas por serviços e/ou dispositivos voltados a uma estrutura específica de conexão, sendo constituídas por softwares e sistemas de redes complexos que interligados possibilitam a transmissão de informações. 

Esse trabalho se propõe a analisar a relação entre o trabalho de psicólogos clínicos e as novas tecnologias digitais, considerando, sobretudo, o contexto da pandemia da Covid-19. 

A questão de pesquisa que orientou a pesquisa foi a seguinte:  como as novas tecnologias digitais são usadas e percebidas por psicólogos clínicos em suas atividades de trabalho em São Luís, Maranhão?  O objetivo do artigo, portanto, foi analisar como as TICs são utilizadas e percebidas no contexto de trabalho de psicólogos clínicos maranhenses. 

A pesquisa caracteriza-se como qualitativa, tendo sido realizadas 10 (dez) entrevistas semiestruturadas com profissionais da psicologia que foram analisadas por meio da análise de conteúdo. 

2. Tecnologias de Informação e Comunicação e suas repercussões na área de psicologia

Mudanças tecnológicas têm ocorrido com maior intensidade a partir da virada do século, sobretudo no campo das tecnologias da informação. Segundo Lastres e Ferraz (1999), “[…] o termo Tecnologias da Informação — TIs […] engloba várias áreas como informática, telecomunicações, comunicações, ciência da computação, engenharia de sistemas e de software […]” (LASTRES; FERRAZ, 1999, p. 32). Os novos recursos das Tecnologias da Informação (TIs)tornam menos dispendiosos os custos com serviços de armazenagem, processamento, comunicação e disseminação de informação, além de constituir os fundamentos para um contexto de uma ‘revolução informacional’, de acordo com Castells (1999). 

Freeman (1988), Lundvall, Foray (1996) e Lastres e Ferraz (1999) destacam características desse novo contexto, além dos impactos gerados pela divulgação das tecnologias da informação na economia, como a crescente complexidade dos novos conhecimentos e tecnologias utilizados pela sociedade; aceleração do processo de geração de novos conhecimentos e de fusão de conhecimentos, assim como a intensificação do processo de adoção e difusão de inovações, implicando ainda mais veloz redução dos ciclos de vida de produtos e processos; a crescente capacidade de codificação de conhecimentos e a maior velocidade, confiabilidade e baixo custo de transmissão, armazenamento e processamento de enormes quantidades dos mesmos e de outros tipos de informação; as mudanças no perfil dos diferentes agentes econômicos, assim como dos recursos humanos, passando-se a exigir um nível de qualificação muito mais amplo dos trabalhadores e as exigências de novas estratégias e políticas, novas formas de regulação e novos formatos de intervenção governamental.

Segundo Lastres e Ferraz (1999), a transição para o meio digital permite menos material físico e maior agilidade relacionado ao tempo, além de mais economia e maior produtividade nos processos organizacionais. Lemos (1999) aponta três características distintivas às inovações tecnológicas, sendo a primeira relacionada às evoluções na área de microeletrônica, tendo como impacto de maior alcance econômico o crescimento do setor de informática e o aumento de computadores e sistemas informatizados. A segunda diz respeito a ascensão no ramo das telecomunicações (comunicações via satélite e a utilização de fibras óticas). E por último, a confluência entre esses dois meios tecnológicos, consequentemente o crescimento da tecnologia de redes no mundo de forma rápida e constante.

Castells (2003) afirma que a internet expandiu de forma acelerada como um elo mundial de redes de computadores em meados de 1990, quando vários fornecedores de serviços da internet criaram e implantaram seus recursos de comunicação em meios comerciais. De acordo com Castells (2003, p. 60), a internet foi a base fundamental e impulsionadora na construção do novo meio econômico, baseada em regras e procedimentos diferenciados de produção, administração e economia.

Com isso, setores os maios diversos foram influenciados pelas novas tecnologias, incluindo o campo da saúde, o qual tem apresentado a cada dia mais inovações e tornando-se crucial para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Avanços voltados para a descoberta de doenças através diagnósticos mais precisos, evolução como a medicina nuclear, equipamentos de última geração para oferta de exames e procedimentos, medicações mais eficazes, sistemas de informação mais modernos para hospitais e clínicas, dentre outros.

Para Souza (2016), a partir do século XX, a tecnologia teve seu crescimento aflorado, enfatizando que os serviços necessitam desta para sua melhor oferta, ou seja, visando mais qualidade. Marques e Souza (2010) corroboram que aumentou a oferta de técnicas e recursos que auxiliam e aprimoram o serviço do cliente, no intuito de rapidez e melhorias no tratamento. Muitas inovações na saúde ao longo dos anos puderam ser percebidas e até os dias de hoje vem apresentando desenvolvimento. Ainda para Souza (2016, p. 2), “[…]as tecnologias médico-científicas têm dado enormes contribuições à saúde das pessoas: basta mencionar os avanços decorrentes da invenção ou da descoberta de antissépticos, anestésicos, antibióticos, vacinas, etc.”.

Segundo Albuquerque e Cassiolato (2002, p. 140): “[…] na verdade, a amplitude de produtos e serviços envolvidos (desde a produção de seringas até tomógrafos computadorizados e proteínas geneticamente manipuladas) explica a pluralidade de padrões de progresso tecnológico.” Ou seja, uma diversidade ampla de tecnologias na área da saúde, seja medicações, produtos, equipamentos, sistemas de informação, serviços ou soluções antes inimagináveis, se tornando hoje uma realidade.

De acordo com Souza (2016) o cuidar da saúde significa a relação de indivíduos, de uma vertente, aquele que precisa da assistência, e de outra, o que possui habilidades profissionais para executar, usufruindo de certas tecnologias de suporte para prevenção, diagnóstico e medicamento. Para Merhy e Franco (2009), três aspectos são válidos para representar as tecnologias na área da saúde: as tecnologias duras – o material concreto (os instrumentos, equipamentos); as tecnologias leve-duras – o saber técnico estruturado (protocolos, regras) e, por fim, as tecnologias leves – comunicação entre sujeitos (vínculo, acolhimento). Tornando-se válido ressaltar a importância do elo destes três aspectos, visto que num contexto da saúde é essencial um bom vínculo do profissional com seu paciente, bem como suas habilidades técnicas para executar seu trabalho diagnosticando o mesmo e utilizando de recursos materiais e tecnológicos suficientes para o apoio terapêutico.

No contexto da saúde a tecnologia está relacionada também com a gestão de instituições hospitalares, clínicas e laboratórios. Segundo Pixeon (2018) torna-se crucial que os administradores usufruam de sistemas modernos, que diminuam gastos e sejam mais eficientes favorecendo na eficácia dos serviços.

Lourenço (2018) apresenta mais algumas contribuições tecnológicas nessa área como: agendamento online, dispositivo prático para marcação de consultas; realidade virtual, tem sido utilizada como auxílio para diagnóstico e tratamento de pacientes; aplicativos médicos, programas orientados com informações sobre saúde de uma forma geral, não substituindo o profissional; redes sociais, forma de comunicação online gerando um vínculo mais próximo entre médico e paciente.

Percebe-se a variedade de recursos que podem ser utilizados atualmente visando mais produtividade e melhorias no setor da saúde. Lourenço (2018) enfatiza ainda como a tecnologia pode impactar de forma positiva na rotina dessas organizações, através do uso de sistemas de gestão trazendo benefícios como redução de custos, aumento na produção.

Os aplicativos para computadores e celulares têm relevante destaque na forma de entrega de utilitários informáticos. em Franco e Gomes (2017, p. 2) destacam que os aplicativos para aparelhos móveis são recursos que crescem de forma surpreendente na área da saúde, tanto para os pacientes como os específicos para os profissionais de saúde. Essa tecnologia tem auxiliado no condicionamento da saúde física das pessoas, e se inserindo também na saúde mental, possibilitando monitoramento e melhor bem-estar a estas. 

Para Torous e Roberts (2017), as perspectivas de aplicativos para smartphones e de tecnologias conectadas para a saúde mental para promoção do diagnóstico, melhora no tratamento e novas possibilidades tem recebido mais atenção. O uso de aplicativos voltados para a saúde mental pode desenvolver recursos que auxiliem as pessoas no combate ao estresse, a ansiedade, depressão, dentre outros transtornos mentais, principalmente se for levado em consideração que é um aparato tecnológico bem presente e cada vez mais acessível na sociedade.

A disseminação de aplicativos para atendimento clínico está bastante difundida, com o registro, em 2017, de mais de 10.000 apps voltados à saúde mental estão disponíveis para download em lojas de aplicativos, levando em consideração que os smartphones se tornam cada vez mais baratos e acessíveis para toda a população (TOROUS; ROBERTS, 2017). Uma demanda enorme de informações a cada dia, a hiperconexão, a modernidade, a acessibilidade, o crescente número de pessoas com transtornos mentais, tudo isso pode contribuir para o crescimento de aplicativos relacionados à saúde mental.

É importante a psicologia tem acionado recursos tecnológicos há décadas. Josua (2020) pontua que na década de 1960 houve a criação, por Joseph Weizenbaum, um cientista alemão, do primeiro “computador-terapeuta”, ELIZA, um programa de computador. Este foi preparado para atuar com base no método do psicólogo Carl Rogers. Lemos (2016) corrobora que ELIZA foi apontado como o primeiro sistema de computador a interagir de forma terapêutica. Lemos (2016) e Josua (2020) concordam que ELIZA não pode ser considerado um modelo de terapia online, devido a sua comunicação ser intermediada pelo computador e não por uma pessoa. 

No ano de 1995, em contexto internacional, já existia registro do psicólogo clínico Leonard Holmes, o qual cobrava para responder a uma pergunta de forma online, considerado como “conselheiro de saúde mental”. Porém, quem é tido como o precursor da terapia online é o psicólogo David Sommers, o qual ofertava atendimento psicológico com maior duração por meio de e-mail com criptografia, chats em tempo real e videoconferência, tendo trabalhado com mais de 300 pessoas de forma online, no período 1995 a 1998 (LEMOS, 2016).

Lemos (2016) destaca ainda que no ano de 1995, devido ao advento da internet houve aumento da oferta de psicoterapia online por sites de psicologia, tendo o Conselho Federal de Psicologia (CFP) iniciado as atividades para monitorar e autuar os serviços sem regulamentação específica e assim a tomar providências de acordo com resoluções homologadas.

Dentre os dispositivos tecnológicos disponíveis no contexto da psicologia, há aplicativos, realidade virtual aumentada, internet das coisas e, principalmente, o uso de aplicativos de comunicação. Assim, pacientes com fobias podem ser auxiliados na clínica com o uso de aplicativos, óculos de realidade virtual, simuladores como o EMDR – Dessensibilização e Reprocessamento por Meio dos Movimentos Oculares (COGNITIVO, 2019).

Para o Cognitivo (2019), outro exemplo é o da Estimulação cognitiva, possibilitando o estímulo de pacientes com dificuldades por meio de equipamentos de monitoramento cognitivo, em que antes apenas jogos físicos e medicações eram usadas. Além da utilização de jogos eletrônicos específicos para intervenções terapêuticas em demandas de ansiedade e depressão e que auxiliam no tratamento para crianças, adolescentes e idosos, ressaltando que os mesmos são desenvolvidos de forma especializada e aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia para aplicação em clínica.

Na área da avaliação psicológica, há instrumentos auxiliares para otimização e aprimoramento dos cálculos dos testes psicológicos, permitindo informações mais precisas para o diagnóstico (COGNITIVO, 2019).

Contudo, a terapia online, a partir do contexto da pandemia da Covid-19, tornou-se uma das principais ferramentas acionadas, tendo sido regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia diante da emergência sanitária, com suas ressalvas e especificações. Através dessa modalidade de atendimento se faz o uso de vários recursos tecnológicos como computador, tablet ou smartphone, internet, além de aplicativos e/ou plataformas digitais. Essa possibilidade de atendimento permite alcançar demandas específicas como pessoas com transtorno de fobia social, pessoas acamadas, ou até mesmo atender a contextos como o que vivenciamos da pandemia da Covid-19.

3. Aspectos metodológicos

Esta pesquisa, de natureza exploratória e qualitativa, foi realizada durante a pandemia da Covid-19, razão pela qual os dados tiveram que ser coletados de forma remota. Sendo assim, a pesquisa foi executada em ambiente virtual, através da plataforma digital Zoom Meetings, a qual apresenta várias funções como: compartilhamento de tela; gravação de webinars; acesso via telefone; upload de reuniões na nuvem, tendo seu destaque no início do ano de 2020 (CORTES, 2020).

A amostra foi constituída por profissionais psicólogos clínicos que residem e trabalham no município de São Luís – Maranhão. Foram entrevistados dez psicólogos clínicos que atuam de forma autônoma em seus consultórios particulares. Para o método de inclusão da amostra foram definidos critérios como: aceite de participação do estudo; residir e trabalhar do munícipio de São Luís – MA; ser psicólogo clínico e trabalhar em consultório privado, tendo as entrevistas online sido realizadas entre os meses de julho a setembro de 2020.

A análise de dados baseou-se na análise de conteúdo que, para Deslandes (2002, p. 74): “[…], através da análise de conteúdo, podemos encontrar respostas para as questões formuladas e também podemos confirmar ou não as afirmações estabelecidas antes do trabalho de investigação (hipóteses). […]”. 

Assim, obteve-se a reprodução fiel das entrevistas gravadas para a análise qualitativa, sendo baseada na análise de conteúdo. Esta é definida como um conjunto de métodos de análise das comunicações que se utilizam de processos sistemáticos e com finalidade de descrição do conteúdo de mensagens, objetivando principalmente a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção, podendo surgir através de indicadores quantitativos ou não (Bardin, 1977, p. 38). Ou seja, explorar os depoimentos de psicólogos clínicos maranhenses com o intuito de analisar como estes percebem o uso de recursos tecnológicos em seu trabalho.

Para Bardin (1977), as fases da Análise de conteúdo se organizam em pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados, inferência e a interpretação, as quais foram executadas na presente pesquisa. Começando pela pré-análise, a primeira fase, em que se destaca o momento de organizar todo o material, fazendo a denominada leitura “flutuante” das transcrições das entrevistas, favorecendo a pesquisadora na aproximação da temática por meio da exposição da fala dos psicólogos. E em seguida, a constituição do corpus através de materiais pesquisados seguindo as regras da exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência.

Na fase de exploração do material, em que tratar o material é considerado codificá-lo, apresentam-se os estágios de unidade de registros, regras de contagem e escolha das categorias. Como unidade de registro tem-se o tema, considerando-o mais oportuno, com o intuito de identificar as motivações de opiniões, de atitudes, de tendências dos psicólogos sobre o uso da tecnologia em seu contexto de trabalho clínico. Com base nos depoimentos dos psicólogos descobriu-se os “núcleos de sentidos”, os quais fazem parte da comunicação e seu surgimento tornou-se relevante para o objetivo proposto.

Em continuidade se deu a definição das categorias, tendo as unidades de registros aglutinadas com base nas características semânticas definidas: Tipos de Recursos tecnológicos: quais recursos, frequência de uso e o que pensam sobre estes; Custos e preparo: questões financeiras e treinamento relacionados a essas novas tecnologias; o trabalho na pandemia; e a percepção dos psicólogos sobre o uso de novas tecnologias no contexto de trabalho clínico. Sendo os excertos retirados das falas dos psicólogos constituindo as categorias, estas tendo base na fundamentação teórica do estudo, ainda considerando as qualidades definidas por Bardin: exclusão mútua, homogeneidade, pertinência, objetividade e fidelidade, e produtividade. E por fim, nos estágios da inferência e interpretação, buscou-se um entendimento mais intenso acerca do material colhido nas categorias apresentadas, de forma a contrapor estes com a fundamentação teórica, objetivando mais significado e relevância para a pesquisa.

A pesquisa está de acordo com a Resolução n° 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (Anexo A), a qual delibera sobre procedimentos aplicados a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais, regido sobre a ética da pesquisa que envolve seres humanos (BRASIL, 2016). 

4. Profissionais de psicologia e as TICs: análise a partir do contexto clínico

Há no Brasil 386.292 psicólogas (os) registrados no Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2021), sendo o Maranhão um dos sete estados com menor quantidade de profissionais da área: são 3.805 profissionais (os) cadastrados no Conselho Regional de Psicologia do Maranhão – CRP-MA. 

Ao analisar o uso de recursos tecnológicos pelos psicólogos maranhenses na prática clínica, verificou-se que houve a incorporação de ferramentas e gadgets à rotina de trabalho, como se verifica nos excertos a seguir:

Sim, utilizo. Eu utilizo o zoom, o google meet, WhatsApp, youtube, netflix, alguns filmes. Frequentemente (Psicóloga 1, idade 35 anos, grifo nosso).

Olha, eu atualmente eu tô usando é […] todas as ferramentas, aplicativos de internet. Para a terapia eu tô usando GoTomeeting, Google meet e tô usando em quem não tem esses telefones com recursos tô usando também o WhatsApp por ser atualmente, ele é, como é que a gente diz, de ponta a ponta, ele tem recursos de segurança. E uso vídeos dentro das sessões, né! Frequentemente (Psicóloga 2, idade 54 anos, grifo nosso).

Então eu utilizo e-book, utilizo é, livros mesmo em pdf, utilizo computador com aplicativos zoom, Skype e GoogleMeet, é Facetime e o WhatsApp quando o paciente prefere. Utilizo aplicativos também, inclusive, outras coisas de apoio também, como de meditação, é, utilizo aplicativos específicos da TCC, o Cogni e Tools4life, vídeos, áudio de relaxamento, vídeo do youtube também pra psicoeducação, eu acho que é isso. Além dos e-mails, dos arquivos da psicoterapia que estão no computador. E a frequência na pandemia foi o tempo todo, e antes eu já fazia também uso. Fazia também terapia online, já com pessoas que eram meus pacientes e tinham ido embora (Psicóloga 5, idade 44 anos, grifo nosso).

É, assim, eu sempre utilizei né, é WhatsApp. Então assim, eu tô fazendo os atendimentos online tanto do consultório particular […] Tanto pelo computador como pelo celular, mais pelo celular porque é mais prático né. Então eu uso bastante (Psicóloga 6, idade 46 anos, grifo nosso).

Eu utilizo todos os dias esse aplicativo zoom, e eu utilizo um aplicativo chamado Cogni, do celular. E vez por outra eu acabo utilizando também o WhatsApp, porque ou eles mandam mensagem ou mandam áudio, eu acabo respondendo. Acaba que utilizo bastante principalmente esses, o zoom, o Skype também porque eu tenho paciente que eu atendo pelo Skype, aí dos aplicativos eu utilizo o Cogni, e o WhatsApp e os de meditação, […], então eu uso principalmente o Medite-se e um que é Serenidade, eu uso esses dois. Uso de vídeos pra psicoeducação, […], e utilizo alguns vídeos do youtube, com frequência. (Psicóloga 9, idade 40 anos, grifo nosso).

De acordo com os relatos, os psicólogos entrevistados têm acionado recursos tecnológicos na prática clínica, incluindo aplicativos para auxiliar o acompanhamento de pacientes. Apesar da popularidade de aplicativos como Cogni e Tools4life entre os profissionais de psicologia, identificou-se a baixa adesão ao uso de recursos tecnológicos antes do advento da pandemia da Covid-19 entre os profissionais de São Luís, como se observa no contexto apresentado por dois profissionais: “Antes da pandemia não usava nada mediado pela tecnologia não” (Psicólogo 3, idade 41 anos) e “Anteriormente a pandemia não, raramente eu utilizava” (Psicólogo 7, idade 31 anos). E na fala de um desses psicólogos ainda se constata uma dificuldade de aceitação das novas tecnologias: “Até mesmo senti uma própria resistência em relação a própria tecnologia, o atendimento mediado por vídeo, essas questões, né, foi só por um período dessa situação da pandemia mesmo, pelo contexto” (Psicólogo 3, idade 41 anos).

Verificou-se que o uso de recursos tecnológicos deu-se inicialmente para o atendimento online, sobretudo por meio do aplicativo WhatsApp para agendamento de consulta, contato breve com paciente ou videochamada para a terapia online, conforme exposto nos relatos abaixo:

Eu comecei a utilizar né, o atendimento online, nesse período de pandemia, então o recurso que eu utilizo é o celular, a conexão da internet né, e o aplicativo, esse que nós estamos falando que é o zoom. Mas teve situações que eu fiz o atendimento por ligação mesmo, de voz, devido as dificuldades com a conexão da internet do paciente. Antes da pandemia não usava nada mediado pela tecnologia não. Até mesmo senti uma própria resistência em relação a própria tecnologia, o atendimento mediado por vídeo, essas questões, né, foi só por um período dessa situação da pandemia mesmo, pelo contexto. (Psicólogo 3, idade 41 anos, grifo nosso).

Eu tenho inventários, […] uma formatação de algumas escalas de humor pra criança e pra adulto, aí eu consegui fazer em formato remoto. O Snaptest também, pra quando eu tô trabalhando questões de TDAH, eu envio remoto pros pais, […] É, tem a anamnese também, assim, de forma digital, eu preencho ele fazendo vídeochamada via zoom ou hangouts, né, do google. WhatsApp pra mim ele é fonte de marcação de consulta, de tirar dúvida de paciente. No consultório eu tenho o equipamento de realidade virtual pra dessensibilização sistemática. Em relação a frequência, com o contexto da pandemia ampliou muito, antigamente eu não fazia não. Eu já tinha recursos e ampliou agora (Psicólogo 4, idade 36 anos, grifo nosso).

Anteriormente a pandemia não, raramente eu utilizava (Psicólogo 7, idade 31 anos, grifo nosso).

Sim, eu tô utilizando as plataformas né, nesse momento eu tô utilizando skype, tenho utilizado Google Meet, e WhatsApp em virtude da questão da internet, a gente muitas vezes começa o atendimento em um e vai pulando, tem o plano a, o plano b, enfim. A mediação, antes de começar a vídeochamada, geralmente eu utilizo muito o WhatsApp, certo, e é isso (Psicólogo 8, idade 48 anos, grifo nosso).

Verifica-se, portanto, que o contexto da pandemia acelerou o processo de adoção de recursos das TICs pelos profissionais da área, inclusive para a terapia online, como discutido na próxima seção. 

4.1 As TICs e a terapia online

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) através da Resolução CFP 11/2018 autoriza os serviços prestados por meios tecnológicos da informação e comunicação, obedecendo as disposições do Código de Ética do profissional de Psicologia. De acordo com a resolução, o acompanhamento especificado como Orientação Psicológica apresentava um limite de sessões. Ela foi atualizada para Resolução nº 11, de 11 de maio de 2018, que “regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios de tecnologias da informação e da comunicação e revoga a Resolução CFP nº 11/2012 (ANEXO C)” (CFP, 2018). Algumas modificações no que tange a prestação de serviços conforme aponta o art. 2º da Resolução:

Art. 2º – São autorizadas a prestação dos seguintes serviços psicológicos realizados por meios tecnológicos da informação e comunicação, desde que não firam as disposições do Código de Ética Profissional da psicóloga e do psicólogo a esta Resolução:

  1. As consultas e/ou atendimentos psicológicos de diferentes tipos de maneira síncrona ou assíncrona;
  2. Os processos de Seleção de Pessoal;
  3. Utilização de instrumentos psicológicos devidamente regulamentados por resolução pertinente, sendo que os testes psicológicos devem ter parecer favorável do Sistema de Avaliação de Instrumentos Psicológicos (SATEPSI), com padronização e normatização específica para tal finalidade.
  4. A supervisão técnica dos serviços prestados por psicólogas e psicólogos nos mais diversos contextos de atuação (CFP, 2018).

Ressaltando as especificidades contidas na resolução. No que concerne à demanda

a ser atendida conforme item 1, do art. 2º acima, não se restringe mais a Orientação psicológica, permitindo atendimento para consultas e atendimentos em geral. Todavia, seguem algumas ressalvas: o atendimento de crianças e adolescentes ocorrerá conforme rege a resolução e mediante consentimento expresso dos responsáveis legais (CFP, 2018). Segue um quadro comparativo com as principais diferenças entre a resolução anterior e a atual:

Quadro 7 – Diferenças Resolução CFP 11/2012 e CFP 11/2018

Fonte: CATÃO (2019)

Destaca-se ainda, uma alteração feita recentemente em decorrência do contexto da pandemia da covid-19, em que muitos profissionais passaram a ofertar atendimento na modalidade online. Trata-se da Resolução nº 4, de 26 de março de 2020, que dispõe sobre a regulamentação de serviços psicológicos prestados por meio de Tecnologia da Informação e da Comunicação durante a pandemia do COVID-19. Com base no artigo 3º desta resolução, a prestação de serviços psicológicos está condicionada à realização de cadastro prévio na plataforma e-Psi junto ao respectivo Conselho Regional de Psicologia – CRP (CFP, 2020).

A terapia online foi adotada no contexto da pandemia do Covid-19 pela maioria dos psicólogos, estes ainda apontaram as vantagens e desvantagens dessa modalidade de atendimento. Apenas duas psicólogas relataram que já faziam a terapia online antes do contexto da pandemia do Covid-19, não tinham uma frequência, mas já tinham esse contato, e atualmente fazem o atendimento online de forma constante. Como vantagens apresentam “[…] a vantagem é as pessoas poderem continuar fazendo o atendimento sem correr o risco de se contaminar, né” (Psicóloga 6, idade 46 anos);[…] uma vantagem, dá a possiblidade de você ampliar o público (Psicóloga 10, idade 39 anos). Diante do contexto que se está, uma preocupação com as pacientes, além de trazer de certa forma benefícios como uma maior comodidade e o aumento de demanda de pacientes.

Antes da pandemia eu atendia só uma cliente que se mudou pra Índia, eu fazia o atendimento online, né só. Mas eu não atendia assim com frequência, com a pandemia eu tô atendendo online todos esses meses né. E assim, como tudo tem vantagens e desvantagens, a vantagem é as pessoas poderem continuar fazendo o atendimento sem correr o risco de se contaminar, né. Outra vantagem é você não ter que sair de casa, se arrumar e ter que estacionar o carro e tal, isso seriam as vantagens no meu ponto de vista (Psicóloga 6, idade 46 anos, grifo nosso).

Trabalho, é, faço sim. E nas minhas sessões online eu tenho conseguido resultados muito bons, muito bons mesmo, até porque eu uso muitos recursos, mais ainda na terapia online. Eu já tinha feito antes com um cliente ou outro, mas agora se tornou mesmo algo que eu acho que não vai mais acabar, porque eu já voltei a atender presencial, e alguns clientes não querem voltar pro presencial, e eu confesso que gostei também. […] e eu tô atendendo pessoas de outras cidades também, uma vantagem, dá a possiblidade de você ampliar o público (Psicóloga 10, idade 39 anos, grifo nosso).

Diante dos relatos dos entrevistados abaixo pode-se afirmar que os mesmos

passaram a fazer o uso da terapia online apenas em decorrência da pandemia do Covid-19, pela necessidade do contexto. Eles pontuaram como vantagens da terapia online os custos que seriam menores, tanto para o paciente quanto para o profissional, principalmente em relação a deslocamento e comodidade; o alcance do atendimento, já que não poderia ser feito de forma presencial, a possibilidade de ter uma modalidade online para atender, bem como alcançar um público maior de outras regiões; o aspecto da qualidade que não foi afetada em relação a presencial, mesmo com alguns contrapontos; e uma maior disponibilidade para o paciente.

Trabalho. Olha, as vantagens do atendimento online são os custos que são menores, é, o alcance que o atendimento online tem né, ahn., é, quê mas, acho que a comodidade do paciente, evita deslocamento. […] eu acho que tem a mesma qualidade do atendimento presencial, é isso. (Psicóloga 1, idade 35 anos, grifo nosso).

Adotei no contexto da pandemia, acho ótimo, então, atender em casa é tranquilo, acho que pra eles também é muito bom. Então, assim, isso é uma vantagem, acho que se torna mais barato pro paciente em termos de deslocamento e tempo, né. (Psicóloga 5, idade 44 anos, grifo nosso).

Sim, concordo, no início eu não utilizava. A partir desse momento da pandemia, pra facilitar a acessibilidade dos pacientes né. (Psicólogo 7, idade 31 anos, grifo nosso).

Então desde o começo eu atendo online, alguns pacientes eles aderiram desde o começo, outros não, aí depois acabou de outros pacientes começaram a voltar nessa modalidade online mesmo, e até hoje eu estou na modalidade online. Agora a vantagem que eu vejo é não parar o processo, né, na questão mesmo da evolução da terapia. Uma vantagem eu tenho ainda de olhar essas mini expressões do rosto do paciente aqui pelo visor e também o apoio que eu acho né, então a qualquer momento mesmo que não seja um horário de terapia eu possa acessar meu paciente, nesse momento a gente fica mais próximo. (Psicóloga 9, idade 40 anos, grifo nosso).

Percebeu-se também a resistência de alguns psicólogos em aderir ao atendimento

online, em que para uns foi uma surpresa a adaptação a modalidade, resistência por parte de pacientes também que preferiram aguardar o retorno dos atendimentos presenciais; já outros se viram obrigados e possivelmente não continuarão mais na frente, após a pandemia do Covid19. Ressaltando que todos os psicólogos entrevistados, independentemente de ter a prática da terapia online antes ou não, adotaram essa modalidade durante a pandemia do Covid-19.

Olha, eu acho, é, no momento eu só vejo vantagens. Eu tive tantas resistências e olha como são as coisas, e no momento eu não encontrei desvantagens, é não encontrei. É, os pacientes tão evoluindo. […] hoje eu vejo como uma possibilidade. (Psicóloga 2, idade 54 anos, grifo nosso).

Então, como eu lhe disse, eu fui obrigado a trabalhar, me vi na obrigação de dar um suporte pras pessoas que tinham essa necessidade emergencial dos atendimentos. E os pontos positivos a gente alcançar esses momentos onde as pessoas ficam indisponíveis para estar presencialmente. (Psicólogo 3, idade 41 anos, grifo nosso).

É, bom, avaliação eu já trabalho, mas a terapia em si eu fiz algumas sessões, mas eu ainda encontro muita resistência de pessoas. Eu não uso hoje com frequência, já utilizei algumas sessões, mas eu acredito que pros pacientes que eu tinha no momento eles se sentiram mais confortáveis em aguardar a pandemia, pro presencial (Psicólogo 4, idade 36 anos, grifo nosso).

Adotei inicialmente por conta da pandemia, eu migrei do consultório presencial para o atendimento online, né, passei por um processo de adaptação. Então, vamos começar pelas vantagens, eu observei alguns processos que deram guinadas no momento que vieram pra internet, muito interessante isso; um outro aspecto é a questão da comodidade, do conforto, né; a gestão de tempo, a administração com relação a rotina. (Psicólogo 8, idade 48 anos, grifo nosso).

Por meio do atendimento psicológico online, não apenas no contexto da pandemia do Covid-19, mas demandas como pessoas que não podem sair de casa, seja por problemas físicos, ou questões de transtornos que as impossibilitam, idosos com dificuldades de locomoção, ou pessoas que em sua região não tenha profissionais capacitados, passam dessa forma a ter o acesso a um tipo de tratamento. Conforme Catão (2019) “acamados, pessoas com deficiência, gestantes de risco, brasileiros que moram no exterior ou qualquer pessoa que por algum motivo relevante não possa comparecer ao consultório presencial são alguns dos beneficiados”.

Os psicólogos se posicionaram também em relação as desvantagens da terapia online, pontuando aspectos como a perda da percepção real do paciente, ou seja, a possibilidade de analisar de forma mais detalhada os gestos, a entonação da voz, o comportamento do paciente, detalhes mais perceptíveis quando de forma presencial e que são extremamente importantes para o processo terapêutico. Além de poder estar mais próximo deste quando ele precisar, caso não esteja se sentindo bem, apresente choro ou tenha uma crise, o que a modalidade online não permite totalmente.

Mas tem algumas ressalvas, certo. Um dos maiores impactos que percebo em relação a ressalva é a questão do face a face, você não consegue perceber algumas nuances do comportamento humano. Por exemplo, a entonação da voz, a postura que ela tá na poltrona, algumas questões que são fundamentais pra que você não caia numa falha observação, entendeu. (Psicólogo 7, idade 31 anos, grifo nosso).

Agora desvantagens, eu fico pensando que a primeira e principal delas é justamente a percepção da outra pessoa, então de alguma maneira o presencial me permite ter um, digamos assim uma perspectiva mais ampla, mais detalhada, do modo como a pessoa tá vivenciando determinada questão. […] o atendimento remoto exige mais da minha presentificação; outro aspecto, que é uma desvantagem é a questão da internet, estamos no Brasil né, no Maranhão, nós estamos em São Luís, né, então, ou seja, a gente não pode fechar os olhos pra essa questão, enfim, esse é o primeiro fator. O segundo, é algo que é parecido, que são os aspectos ambientais, no consultório tem um controle maior dessas variáveis ambientais interferindo na tua atuação. Eu acho que é isso, ganhos e perdas, cada um tem as suas. (Psicólogo 8, idade 48 anos, grifo nosso).

Então, eu acho que a desvantagem principal é realmente esse contato mais próximo com o paciente, porque por exemplo, ás vezes meu paciente começa a chorar, eu não posso oferecer uma água, é, eu não posso pegar um lenço, de repente aproximar um pouquinho mais minha cadeira pra ficar um pouquinho mais pertinho dele, então eu acho que essa realmente é a desvantagem, o paciente acaba ficando muito tempo sozinho do outro lado né. E também como eu te falei eu não consigo avaliar completamente nas expressões ou mesmo nos comportamentos não verbais, então eu acho que isso aí realmente continua sendo uma desvantagem (Psicóloga 9, idade 40 anos, grifo nosso).

Fatores como problemas voltados para questões técnicas do acesso à internet, como falha e queda de conexão no momento da sessão com o paciente; o atendimento online ser mais cansativo que o presencial; o atendimento infantil nem sempre poder ser feito e quando ocorre exige mais do profissional, além de poucos recursos terapêuticos online para esse público, foram citados pelos psicólogos.

As desvantagens, eu acho que em alguns momentos a gente pode perder um pouquinho da questão do olhar do paciente, né, embora que, isso a gente consiga perceber, mas, a tecnologia ela falha também, ela trava, é, o atendimento online ele é um pouco mais cansativo pro profissional. No atendimento online de crianças, eu acho que exige mais do profissional também, no preparo de materiais, de recursos lúdicos, para que esse atendimento tenha qualidade e engajamento da criança (Psicóloga 1, idade 35 anos, grifo nosso).

E até por exemplo, casos de atendimento infantil eu acho praticamente inviável de fazer online, é muito difícil porque você não tem o material, não tem os instrumentos né. Outra coisa também que eu percebo, o atendimento online ele é muito mais cansativo que o atendimento presencial. Às vezes falha, às vezes tem que ligar e desligar de novo, eu faço geralmente chamada de vídeo, né, enfim, todas essas questões. (Psicóloga 6, idade 46 anos, grifo nosso).

Alguns psicólogos se preocuparam em abordar a questão do sigilo terapêutico, uma preocupação necessária, por ser uma das exigências a ser cumpridas pelo Código de Ética do Psicólogo. A segurança não só em relação à rede, aos aplicativos e plataformas utilizadas para a terapia online, como também o ambiente em que o paciente estaria inserido, sua residência, seu trabalho, se estaria sozinho ou se teria alguém próximo a ele. Além de enfatizar as restrições de atendimento online conforme o Código de Ética do Psicólogo especifica, é vedado o atendimento a pessoas e grupos em situação de urgência e emergência de forma online, bem como o atendimento de pessoas e grupos em situação de violação de direitos ou de violência, pelos meios de tecnologia e informação previstos nesta Resolução (CFP, 2018).

[…] tem um ponto aí que eu acho que merece ser avaliado aí, não como uma crítica, mas como uma ampliação de risco, vale a pena a gente mencionar. É, toda ferramenta tecnológica, ela por ser em rede, ela tem um nível de risco em relação ao sigilo. Então é um fato isso, a questão do sigilo, eu acho que a gente não tem maiores garantias, total garantia. Outra coisa é que a gente também não aceita para a terapia online, a, algumas restrições de casos como, violência doméstica, ideação suicida, então por aí vai. (Psicóloga 2, idade 54 anos, grifo nosso).

A desvantagem é, eu relaciono a atendimentos a crianças pequenas né, situações de urgência e emergência, que tem relação com o Código de ética e responsabilidade com o profissional, e a qualidade da internet da gente né, de todo mundo, uma qualidade ruim. Ah, e a questão de controle do ambiente também, porque, o paciente pode gravar e expor, e a gente não tem esse controle; é, a interrupção dos pais, por exemplo, no ambiente do jovem, e das crianças, a agitação das crianças pequenas. Então, pra mim, as desvantagens foram essas aí, mas ainda assim eu acho que tem mais vantagem do que desvantagem. (Psicóloga 5, idade 44 anos, grifo nosso).

[…] Então a gente tem algumas limitações. Minha opinião, é possível, mas você tem que averiguar o contexto e a necessidade do seu paciente. (Psicólogo 4, idade 36 anos).

Fatores relacionados a abordagem terapêutica, um dos psicólogos disse que atendeu apenas seus pacientes que se dispuseram a ser atendidos de forma online e porque já tinha contato com eles, deixando claro que não atenderia pacientes novos por mencionar a questão transferencial. A outra psicóloga também expõe a questão do vínculo terapêutico, mas enfatiza mais a dificuldade para a demanda infantil e não por relação com linha de trabalho.

Foram pessoas que eu já atendia, eu tive uma demanda de uma pessoa de outro estado para iniciar online e eu optei por não iniciar e indicar para uma colega profissional. Porque eu achei, por essa questão transferencial, e eu já ter tido contato com os pacientes, eu preferi, optei por tentar o atendimento online, mas quem eu iria iniciar, por ser uma pessoa de outra cidade, eu não tive vontade. Mas os pontos negativos, a questão da conexão com a internet, do espaço físico do paciente né, da residência dele. (Psicólogo 3, idade 41 anos, grifo nosso).

Agora assim, uma desvantagem dependendo do cliente, às vezes a formação de vínculo pode ser comprometida, mas isso depende muito do cliente, eu ainda não tive nenhum problema nesse aspecto, a não ser com crianças (Psicóloga 10, idade 39 anos, grifo nosso).

A tecnologia está presente nos dias de hoje, e o recurso da terapia online já é uma realidade não atual, mas agora de certa forma mais explorada, desbravada, usada com mais frequência pelos psicólogos diante do contexto da pandemia do Covid-19. Diante do exposto sabe-se das vantagens e desvantagens, torna-se válido pois pensar na possibilidade de uma ferramenta a ser usada com mais frequência por estes profissionais, diante dos benefícios já apresentados, ressaltando também as limitações, ponderando caso a caso em que deve ser aplicada.

4.2 Custos e manejo dos recursos tecnológicos 

No que concerne a “custos e manejo”, enfatizou-se fatores relacionados a questões financeiras e treinamento relacionados a essas novas tecnologias. Alguns psicólogos opinaram que afeta a renda de forma negativa e outros de forma positiva de acordo com os relatos seguintes:

Não, eu acho que continua igual ao atendimento presencial, assim, no início foi um período de adaptação, alguns clientes não acolheram bem a ideia, mas assim, logo eu consegui preencher meus horários e eu tô atendendo tanto quanto eu atendia quando era presencial, não teve essa mudança. (Psicóloga 6, idade 46 anos, grifo nosso).

Sim, tem uma diferença. Porque assim, eu vou tá usando meu espaço de casa muita das vezes, né, então eu não tenho nenhum tipo de ônus né, a não ser a internet e a energia elétrica, né, e o meu conhecimento técnico, diferente de eu ter que me locomover de carro, ter que alugar a sala onde eu atendo, entendeu. Então, assim, se torna mais acessível né o preço do meu serviço, e quanto mais você puder facilitar esse acesso em questões econômicas pra quem precisa, melhor ainda, você se ajuda como terapeuta, porque você vai crescer, você também não vai sofrer um impacto tão grande da crise financeira e também você vai ajudar outras pessoas a terem esse acesso. (Psicólogo 7, idade 31 anos, grifo nosso).

Essa tua pergunta não tem como fugir de contexto, e considerando o contexto da pandemia que foi o contexto que eu comecei a atuar, ela acaba ficando um elas por elas no seguinte sentido, por um lado eu economizei no investimento no espaço físico, por outro lado, eu me senti na necessidade de estabelecer uma relação de maior flexibilidade com relação a negociação de valores de honorários, em virtude de um contexto de incertezas, de desemprego, enfim. (Psicólogo 8, idade 48 anos, grifo nosso).

Torna-se válido ressaltar que como muitos psicólogos não faziam uso de recursos tecnológicos antes da pandemia, responderam ao questionamento com base no uso da terapia online. Para uns não teve alteração significativa na renda, outros afirmaram que apesar das adaptações estava havendo um equilíbrio financeiro, e ainda destacaram a flexibilidade de valores aos pacientes por conta do contexto vivenciado.

Destaca-se um impacto financeiro positivo por esses psicólogos, pois alegam que com o uso de recursos tecnológicos aumentam a qualidade nos atendimentos, há uma busca maior pelo atendimento por parte dos pacientes, aumentando assim a demanda, e declaram que os custos são poucos se comparado aos benefícios que terão.

Ah, eu acho que pode ter sim. Eu acho que, no dia de hoje você não usar, se isentar completamente da tecnologia, eu acho que traz uma baixa na qualidade dos atendimentos. Eu acho que, que, pode sim trazer uma qualidade pros atendimentos, consequentemente, é, na minha renda, de forma positiva. Pode ter algum custo, mas é muito baixo, pro que eu utilizo é baixo. (Psicóloga 1, idade 35 anos, grifo nosso).

Sim, a psicologia mediada pelos recursos tecnológicos, o que que acontece, ela amplia o teu público. […] mas agora nesse contexto de pandemia, eu tenho certeza que eu não ia cumprir minha meta se eu não tivesse, a minha meta econômica, quantitativa, se eu não tivesse me aberto a novas tecnologias, entende. Então eu acho que amplia sim a renda, não tenho a menor dúvida. Então, o uso das tecnologias ele traz um impacto financeiro muito positivo, entende. (Psicóloga 2, idade 54 anos, grifo nosso).

Eu acho que dá pra ganhar mais. Primeiro porque, eu no meu caso, eu consigo pegar mais clientes, considerando que você não tem o desgaste de deslocamento, é, eu acho que os clientes faltam menos, atrasam menos, sendo online por exemplo. […] fora que você pode atender clientes que não estão morando aqui, então facilita pra eles e pra gente. E eu acho que, eu no meu caso, acredito que ajuda muito nos resultados, isso aumenta a satisfação do teu cliente, do consumidor, e aí aumenta a propaganda. (Psicóloga 10, idade 39 anos, grifo nosso).

Esses psicólogos enfatizaram o impacto financeiro negativo mais pela situação atual, por diminuição de pacientes ou flexibilização de valores para estes, além de gastos para adaptação a modalidade de atendimento online.

Eu acho que o que influenciou foi a pandemia, né, negativamente, porque aí as pessoas pediram realmente uma flexibilidade do valor, eu acho que isso, é, foi mais impactante do que por ser necessariamente online. Porque antes eu já fazia até mesmo atendimento por telefone com pais, e sempre foi normal, o valor que era a sessão, a quantidade de tempo da sessão era tudo igual, só mudava realmente o meio né. (Psicóloga 5, idade 44 anos).

Então assim, no começo, no meu caso particular eu gastei horrores, porque tive que aumentar a internet, comprar uma máquina nova, fazer um plano do zoom, um monte de coisa. Agora estabilizou, tá dando legal, acho que no começo onera bastante até você se organizar. (Psicóloga 9, idade 40 anos).

Este psicólogo (Psicóloga 9) não afirmou se impactou nem positivamente nem negativamente, disse que depende do uso de que recursos tecnológicos são usados, mas citou o exemplo da ferramenta de realidade virtual, quando agregado em seu trabalho com certeza aumentará o valor do seu produto, ou o uso do WhatsApp que se usado para marcação de consulta gera economia.

Depende do teu plano de marketing. Então assim, eu vejo que tudo tem seu valor, se você tá agregando valor ao seu tratamento com questões que vão realmente fazer a diferença, a tendência é que possa elevar o preço em algumas situações, como a da realidade virtual. O próprio fato de você estar usando o WhatsApp pra agendamento te economiza de ter uma pessoa que fique só registrando as coisas pra você. […] acredito que varia de acordo com o recurso que você tá utilizando e o motivo pelo qual você decidiu usar aquele recurso, é mais ou menos nessa perspectiva. (Psicólogo 4, idade 36 anos, grifo nosso).

Em relação a preparação para o manejo dessas novas tecnologias em seu trabalho, a maioria dos psicólogos demonstrou em suas falas que ainda não tinha buscado conhecimento, um treinamento sobre os recursos tecnológicos, os quais se deram no momento da pandemia, como nas falas: “Assim, pós pandemia né. Pós pandemia, eu tenho buscado aprender mais sim, até pra ter, pra dar mais qualidade pros meus pacientes” (Psicóloga 1, idade 35 anos, grifo nosso) e “Sim, teve a questão desses espaços de troca com outros psicólogos online e teve também, principalmente no início muito o uso de busca por tutoriais no Youtube, com relação ao uso das plataformas” (Psicólogo 8, idade 48 anos, grifo nosso).

Há necessidade dos profissionais se capacitarem pra isso né. Em partes a minha resistência vem disso também, por eu não ter me capacitado pra esse tipo de atendimento. Como eu lhe falei, meu objetivo é mais emergencial dos atendimentos online, das pessoas que eu já tenho esse vínculo né, essa transferência instalada, mas se eu pensasse realmente em oferecer esse tipo de serviço eu ia procurar me capacitar antes, eu não ia entrar às cegas digamos assim. Eu acho que nesse contexto de entrar às cegas os ruídos podem ser muito maiores ainda, ruídos de comunicação mesmo. (Psicólogo 3, idade 41 anos, grifo nosso).

Envolvidos por um contexto de emergência de atendimento, dúvidas de como lidar com o atendimento psicológico online, que postura assumir, que demandas eram possíveis atender, questões relacionadas a valores a serem cobrados, bem como formas de divulgação que poderiam ser feitas, conforme expõe entrevistados:

Eu fiz um curso, recebi selo, [..] eu acho que tem que se preparar, eu realmente não me sentiria confortável sem uma formação, com uma carga horária mínima, com os aspectos marketing para psicólogos, habilidades sociais, né, e métodos no atendimento online, essa questão, a qualidade das ferramentas, a própria questão ética. Tudo que você faz presencial você vai precisar fazer online só que com algumas adaptações a mais (Psicóloga 2, idade 54 anos, grifo nosso).

Eu assisti alguns tutoriais pra mexer principalmente no zoom, apesar dele ser mais simples do que eu imaginava. Também fiz uns cursos bem rápido online de como atender ou como captar pacientes pelo online agora né. (Psicóloga 9, idade 40 anos, grifo nosso).

Sim, lendo artigos o tempo todo, principalmente, é, recentemente eu encontrei um artigo falando desses desafios né, e acompanhando também o conselho de psicologia né, que também traz várias possibilidades de intervenção. Então, eu busquei bastante coisa pra poder me basear, pra ter um atendimento mais qualificado, entendeu. (Psicólogo 7, idade 31 anos, grifo nosso).

Uma psicóloga afirmou que diante do contexto da pandemia, o qual precisou fazer o atendimento online apenas usava um tipo de ferramenta e não precisou se capacitar para o mesmo,

[…] pros atendimentos eu uso a chamada de vídeo que é uma coisa que eu já sabia usar, assim eu não uso outras plataformas. É muito mais fácil fazer a chamada de vídeo mesmo” (Psicóloga 6, idade 46 anos, grifo nosso). Outra entrevistada declarou que tudo ocorreu pela prática dos atendimentos, “Não, eu aprendi com os pacientes, então assim, não foi um preparo, um curso, nada assim formal. Foi mais pela prática mesmo” (Psicóloga 5, idade 44 anos, grifo nosso).

6. Considerações Finais 

Buscou-se neste trabalho analisar como as TICs foram utilizadas e percebidas no contexto de trabalho de psicólogos clínicos maranhenses. Perceber essa relação entre tecnologia e psicologia sob o olhar de profissionais da psicologia permitiu explorar os impactos das novas tecnologias e da pandemia de Covid-19. 

Verificou-se que a maioria dos profissionais utilizam-se de alguma ferramenta, como o uso de computador e celular; uso de internet e ligação telefônica, áudios, filmes, vídeos e jogos eletrônicos; aplicativos como: WhatsApp, Youtube, Netflix, Cogni, Tools4life; plataformas como: Zoom, Google Meet, GoToMeeting, Skype e FaceTime para o atendimento online; equipamento de realidade virtual; e uso de documentos digitais como: inventários, escalas, anamnese, e-books; ficando nítida a relação mediada por vários recursos tecnológicos. Por outro lado, constatou-se que alguns psicólogos não faziam uso da tecnologia antes do contexto da pandemia do Covid-19, esse uso se deu principalmente para o atendimento online, bem como usar o aplicativo do WhatsApp para agendamento de consulta e contato breve com paciente, percebendo-se ainda um receio em aceitar as novas tecnologias.

Constatou-se que a utilização da realidade virtual no processo terapêutico ainda não é uma realidade na prática da maioria dos psicólogos entrevistados, seja por questões financeiras, demandas não correspondentes e abordagens teóricas não condizentes para o uso. Contudo, os apontamentos indicam posições positivas ao recurso tecnológico, principalmente para o tratamento de fobias, relatando evidências científicas. 

E quanto ao uso de dispositivos móveis (como relógios inteligentes), boa parte dos psicólogos desconhece, e após breve explicação sobre os mesmos, alguns emitiram seus posicionamentos, pontuando não haver necessidade, além da possibilidade de causar dependência do terapeuta, e outros enfatizaram que depende da demanda e o cuidado com a parte ética envolvida.

No que concerne à terapia online, esta foi adotada no contexto da pandemia da Covid-19 por todos os psicólogos, apenas uma minoria fazia uso antes, os quais apontaram como vantagens: custos mais baixos, o alcance do atendimento, demandas específicas que não podem ser atendidas de forma presencial, dentre outras. Foi perceptível também uma resistência por parte dos profissionais e dos pacientes na mediação da tecnologia para o atendimento psicoterápico. Em relação as desvantagens foram pontuados aspectos principais como a questão do vínculo com o paciente, a falha de conexão e a ética em relação ao sigilo.

No quesito trabalho e pandemia, constatou-se que esta afetou o trabalho de forma negativa em alguns aspectos como a interrupção do processo terapêutico, a resistência de alguns pacientes, impactos financeiros negativos. Como pontos positivos obteve-se a reinvenção como profissional, a proximidade da relação com a tecnologia, a terapia online como modalidade de atendimento psicológico adotada no momento, dente outros.

E respondendo ao problema central, obteve-se a percepção dos psicólogos sobre o uso de novas tecnologias no contexto de trabalho clínico. A maioria dos psicólogos acredita no favorecimento do tratamento do paciente através desses recursos, sendo enfatizado o contexto da pandemia, por meio do uso intenso da terapia na modalidade online. Muitos acreditam na contribuição dos recursos tecnológicos para a motivação do paciente para o tratamento, e alguns psicólogos afirmam que depende do caso e da demanda. 

Como limitações desta pesquisa, enfatiza-se a fundamentação teórica ainda escassa voltada para o tema de estudo e o contexto da pandemia da covid-19. Por outro lado, é também importante ressaltar o desafio superado em algumas dessas limitações, como a flexibilização para a realização da entrevista online em virtude da realidade vivenciada da pandemia.

REFERÊNCIAS

ACT INSTITUTE. Conheça 8 aplicativos para psicólogos. Disponível em: <http://actinstitute.org/blog/conheca-8-aplicativos-para-psicologos-e-inspirados-pela-area/>. Acesso em: 30 nov. 2019.

ALBUQUERQUE, E.; CASSIOLATO, J. As Especificidades do Sistema de Inovação do Setor Saúde. Revista de Economia Política, vol. 22, n. 4, p. 134-151, out-dez, 2002. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/240631812>. Acesso em: 6 out. 2019.

ALMEIDA, M. Cultura organizacional e atitudes contra mudanças tecnológicas. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/adm/article/view/7983>. Acesso em: 7 set. 2019.

ALMEIDA, M. Cultura organizacional e atitudes contrárias a mudanças tecnológicas: um estudo de caso em empresa estatal. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 133f. 1996. 

ALMEIDA, R. Estudo de caso: foco temático e diversidade metodológica. In. Métodos de pesquisa em Ciências Sociais: Bloco Qualitativo. São Paulo: SESC/CEBRAP, 2016.

ARIA, M; CUCCURULLO, C. bibliometrix: An R-tool for comprehensive science mapping analysis. Journal of informetrics, v. 11, n. 4, p. 959-975, 2017.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. 225 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução n° 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais e dá outras providências,Brasília, DF, 2016. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2016/res0510_07_04_2016.html>. Acesso em: 30 nov. 2020.

CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

CATÃO, C. Telepsicologia: novas Tecnologias aliadas à Saúde Mental. Disponível em: <http://telemedicinesummit.com.br/artigo/telepsicologianovastecnologiasaliadasasaudemental/>.Acesso em: 10 nov. 2019.

COGNITIVO. Tecnologia e Psicologia: veja como a área vem se transformando. Disponível em:<https://blog.cognitivo.com/tecnologia-e-psicologia-veja-como-a-area-vem-setransformando/>. Acesso em: 23 dez. 2020.

CONCEITO.DE. Conceito de software aplicativo. Disponível em:<https://conceito.de/software-aplicativo>. Acesso em: 13/10/19.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução nº 11, de 11 de maio de 2018. Regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios de tecnologias da informação e da comunicação. Disponível em: <https://site.cfp.org.br›RESOLUÇÃO-Nº-11DE-11-DE-MAIO-DE-2018>. Acesso em: 19 nov. 19.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução nº 4 de 26 de março de 2020. Dispõe sobre regulamentação de serviços psicológicos prestados por meio de Tecnologia da Informação e da Comunicação durante a pandemia do COVID-19. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-4-de-26-de-marco-de-2020-250189333>. Acesso em: 22 jan. 21.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução nº 11 de 2012. Regulamenta os serviços psicológicos realizados por meios tecnológicos de comunicação a distância. Disponível em: <site.cfp.org.br › Resoluxo_CFP_nx_011-12>. Acesso em: 22 jan. 21.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Serviços: quantidade de psicólogos. Disponível em: <http://www2.cfp.org.br/infografico/quantos-somos/>. Acesso em: 22 fev. 2021.

CORDIOLI, A. As principais psicoterapias: fundamentos teóricos, técnicas, indicações e contra-indicações. In: CORDIOLI, A. Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 19-41.

CORDIOLI, A. GIGLIO, L. Como atuam as psicoterapias: os agentes de mudança e as principais estratégias e intervenções psicoterápicas. In: CORDIOLI, A. Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 42-57.

CORTES, A. Plataforma Zoom: entenda o que é, para que serve e como ela cresceu em 2020. Disponível em:<https://www.remessaonline.com.br/blog/plataforma-zoom/>. Acesso em: 15 jan. 2021.

DESLANDES, S. A construção do projeto de pesquisa. In: MINAYO, M. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2002.

FRANCO, A; GOMES, M. Desafios e oportunidades na saúde digital. Cad. Saúde Pública, n. 33, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v33n11/1678-4464-csp-33-11e00090417.pdf>. Acesso em: 8 nov. 19.

GARCIA-CEJA, E. et al. Mental health monitoring with multimodal sensing and machine learning:    a          survey.            Disponível      em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1574119217305692>. Acesso em 19 nov. 2019.

GIL, A. Como classificar as pesquisas. In: GIL, A. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

JOSUA, D. A psicologia na era digital: novas tecnologias podem ajudar a psicoterapia. Disponível em:<https://danjosua.blogosfera.uol.com.br/2020/02/13/a-psicologia-na-eradigital-novas-tecnologias-podem-ajudar-a-psicoterapia/>. Acesso em: 23 dez. 2020.

KARASINSKI, L. O que é tecnologia? Tecmundo, 2013. Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/tecnologia/42523-o-que-e-tecnologia-.htm>. Acesso em: 20 set. 2019.

LASTRES, H. ; FERRAZ, J. Economia da Informação, do Conhecimento e do Aprendizado. In: LASTRES, H. ; ALBAGLI, S. Informação e globalização na era do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 27-57.

LAKATOS, E; MARCONI, M. Metodologia Científica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 269281.

LEMOS, C. Inovação na Era do Conhecimento. In: LASTRES, H. ; ALBAGLI, S. Informação e globalização na era do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 122-144.

LEMOS, M. Conheça a história da orientação psicológica online no Brasil e no Mundo – Parte 1. Disponível em:<https://www.psicologiasdobrasil.com.br/conheca-historia-daorientacao-psicologica-online-no-brasil-e-no-mundo-parte-1/>. Acesso em: 23 dez. 2020.

LORENZETTI et al., J. Tecnologia, inovação tecnológica e saúde: uma reflexão necessária. Texto contexto – enferm., vol. 21, n. 2, Florianópolis, abril-jun, 2012. p. 432-439. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072012000200023>. Acesso em: 21 set. 2019.

LOURENÇO, F. Tecnologia e saúde: entenda o futuro da medicina. Disponível em: <https://cmtecnologia.com.br/blog/impacto-de-tecnologias-na-melhoria-da-saude/>. Acesso em: 13 out. 2019.

MARQUES, I.; SOUZA, A. Tecnologia e humanização em ambientes intensivos. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672010000100024>. Acesso em: 13 out. 2019.

MERHY, E; FRANCO, T. Trabalho em saúde. Dicionário da Educação Profissional em Saúde. Disponível em: <http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/trasau.html>. Acesso em: 13/10/19.

MICHAELIS. Dicionário online. Tecnologia. Disponível em:<https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/tecnologia/>. Acesso em: 29 set. 2019.

MUNHOZ, J.; ALVES, A.; COSTA, C. Atendimento psicológico online: um novo conceito em psicoterapia. Disponível em: <https://www.iessa.edu.br›revista›index.php›jornada›article›download>. Acesso em: 19 nov. 2019.

OIT. Covid-19 e o mundo do trabalho. Disponível em:<https://www.ilo.org/brasilia/temas/covid-19/lang–pt/index.htm>. Acesso em: 1 mar 2021.

OLIVEIRA, J.; SILVA, R. A internet das coisas (IOT) com enfoque na saúde. Disponível em: <http://revista.faculdadeprojecao.edu.br/index.php/Projecao4/article/view/824>. Acesso em 12 out. 2019.

PACHECO, L. et al. Capacitação e Desenvolvimento de Pessoas. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2009. p. 22.

PIXEON. Tecnologia na saúde: como otimizar processos com ferramentas digitais. Disponível em: <https://www.pixeon.com/blog/tecnologia-na-saude/>. Acesso em: 13 out. 2019.

PRIBERAM. Dicionário online. Internet. Disponível em:<https://dicionario.priberam.org/internet>. Acesso em: 29 set. 2019.

PRIBERAM. Dicionário online. Internet das   coisas. Disponível em:<https://dicionario.priberam.org/internet>. Acesso em: 29 set. 2019.

PRIBERAM. Dicionário online. Tecnologia. Disponível em:<https://dicionario.priberam.org/tecnologia>. Acesso em: 29 set. 2019.

RIVA, G.; MOLINARI, E.; VINCELLI, F. Interaction and presence in the clinical relationship: virtual reality (vr) as communicative medium between patient and therapist. Disponível em:<https://www.researchgate.net/publication/11079620_Interaction_and_presence_in_the_clinic al_relationship_Virtual_reality_VR_as_communicative_medium_between_patient_and_thera pist>. Acesso em: 18 nov. 19.

SANTOS, P. Realidade Virtual: o que é e como aplicar essa tecnologia no mercado. Disponível em: <https://inteligencia.rockcontent.com/realidade-virtual/>.Acesso em: 18 nov.

SILVEIRA, R.; BAZZO, W. Ciência e tecnologia: Transformando a relação do ser humano com o mundo. Disponível em: <http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:3M11Um6YOkcJ:www.uel.br/grup oestudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais9/artigos/workshop/art19.pdf+&cd=1 &hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b-d>. Acesso em: 22 set. 2019.

SOUZA, L. Saúde, desenvolvimento e inovação: uma contribuição da teoria crítica da tecnologia ao debate. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00029615>. Acesso em: 6 out. 2019.

TELES, A. et al. Internet of Things applied to Mental Health: concepts, Applications, and Perspectives. Disponível em:<https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-030-429348_4>. Acesso em: 20 set. 2019.

TIGRE, P. Comércio Eletrônico e Globalização: Desafios para o Brasil. In: LASTRES, H.; ALBAGLI, S. Informação e globalização na era do conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 84-104.

TOOLS4LIFE. O que é. Disponível em:<https://www.tools4life.com.br/>. Acesso em: 22 fev 2021.

TOROUS, J.; ROBERTS, L. Needed innovation in digital health and smartphone applications for mental health transparency and trust. JAMA Psychiatry, n. 74, p. 437-438, 2017. Disponível em: <https://wishworkshop.files.wordpress.com › 2017/01>.Acesso em: 8 nov. 19.

VERASZTO, E. et al. Tecnologia: Buscando uma definição para o conceito. Revista Prisma.com. n. 7, p. 60-85, 2008. ISSN: 1646 – 3153.

VILLARINO, J. Internet das coisas: um desenho do futuro. Disponível em: <https://www.proof.com.br/blog/internet-das-coisas/>. Acesso em: 9 out. 2019.

WENDT, G. Tecnologias de interface humano-computacional: realidade virtual e novos caminhos para pesquisa. Disponível em:<https://www.researchgate.net/publication/216650361_Tecnologias_de_interface_humanocomputacional_realidade_virtual_e_novos_caminhos_para_pesquisa>. Acesso em: 18 nov. 19.


1Mestra em Psicologia pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA (2021). Especialista em Psicoterapia Cognitivo Comportamental pelo Instituto Cognitivo (2020). Especialista em Neuropsicologia pela Faculdade Unyleya (2018). Graduada em Psicologia pela Universidade Ceuma (2017). Professora do Centro Universitário Estácio São Luís. Atua como psicóloga clínica em consultório particular. Psicóloga concursada da EMSERH. Participou do projeto de pesquisa Estudos Organizacionais e Psicologia do Trabalho: abordagens multidisciplinares na Amazônia Orienta, financiado pela CAPES (2019-2021). MBA em Gestão de Pessoas pelo Instituto Superior de Administração e Negócios – ISAN/FGV (2013). Graduada em Turismo pela Universidade Federal do Maranhão (2010). Contato: tcarvalhofdiniz@gmail.com

2Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp (2013), Mestre em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo (2010) e Especialista em Gestão de Organizações de Ciência e Tecnologia pela ENSP/Fiocruz (2014). É professor do Departamento de Administração e Ciências Contábeis na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É coautor da Cartilha de Combate ao Assédio Moral e Sexual na Fiocruz (disponível online) e autor de um dos únicos livros sobre o sistema postal brasileiro, intitulado Os Correios e as Políticas Governamentais: mudanças e permanências (Edufba – disponível online). Tem experiência em Gestão de Organizações de CTI (Fiocruz e Incra) e em gestão de projetos de pesquisa e extensão (Procad, Universal Cnpq, gestão de TEDs para projetos ministeriais etc.) nas áreas de gestão pública, regulação de mercado, políticas públicas e sociologia do trabalho. É líder do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas e Estudos Organizacionais – GPPDEO. Contato: tadeu.teixeira@ufma.br