TECHNOLOGY AND LITERACY: EXPLORING NEW PATHS TO ALPHABETIZATION
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202408032306
Jenerton Arlan Schütz¹; Edinaldo Enoque da Silva Junior²; Tânia Maria Urbano³; Magda Gonçalves da Costa4; Elenice Baú Meller5; Valdirene Agustinha dos Reis Oliveira6; Lidiane Paula Nicoletti7; Rosalva Miranda8; Keila da Silva Paiva Araújo9; Danilo Araújo10.
RESUMO
O presente artigo pretende abordar a interseção entre avanços tecnológicos e práticas de alfabetização, destacando como ferramentas digitais podem enriquecer e transformar o processo de ensino-aprendizagem. Inicialmente, é traçado um panorama histórico da evolução das ferramentas digitais na educação, destacando marcos significativos e inovações que mudaram a dinâmica das salas de aula. A seguir, o artigo analisa os impactos da tecnologia na alfabetização infantil, discutindo tanto os benefícios quanto os desafios associados à integração de recursos tecnológicos. Entre os benefícios, são citados o aumento do engajamento dos alunos, a personalização do aprendizado e a facilidade de acesso a uma vasta gama de materiais educativos. No entanto, também são abordados desafios como a disparidade no acesso à tecnologia, a necessidade de formação contínua dos professores e os riscos de dependência excessiva de dispositivos eletrônicos. Por fim, o artigo apresenta estratégias inovadoras para integrar tecnologia e letramento no ambiente escolar, oferecendo exemplos práticos e estudos de caso que ilustram como escolas e educadores têm utilizado aplicativos educacionais, plataformas de leitura digital e outras ferramentas tecnológicas para melhorar a alfabetização. São discutidas abordagens como o uso de jogos educativos, leitura interativa e programas de tutoria online. O artigo conclui enfatizando a importância de um equilíbrio entre métodos tradicionais e modernos, propondo que a tecnologia, quando usada de forma consciente e estratégica, pode ser uma aliada poderosa no desenvolvimento do letramento e na promoção de uma educação mais inclusiva e eficaz.
Palavras-chave: Tecnologia. Letramento. Alfabetização. Ferramentas digitais. Educação.
ABSTRACT
This article aims to address the intersection between technological advances and literacy practices, highlighting how digital tools can enrich and transform the teaching-learning process. Initially, a historical overview of the evolution of digital tools in education is outlined, highlighting significant milestones and innovations that have changed classroom dynamics. Next, the article analyzes the impact of technology on children’s literacy, discussing both the benefits and the challenges associated with integrating technological resources. Among the benefits are increased student engagement, personalization of learning and easy access to a wide range of educational materials. However, challenges such as the disparity in access to technology, the need for ongoing teacher training and the risks of over-reliance on electronic devices are also addressed. Finally, the article presents innovative strategies for integrating technology and literacy in the school environment, offering practical examples and case studies that illustrate how schools and educators have used educational apps, digital reading platforms and other technological tools to improve literacy. Approaches such as the use of educational games, interactive reading and online tutoring programs are discussed. The article concludes by emphasizing the importance of a balance between traditional and modern methods, proposing that technology, when used consciously and strategically, can be a powerful ally in the development of literacy and the promotion of a more inclusive and effective education.
Keywords: Technology. Literacy. Literacy. Digital tools. Education.
INTRODUÇÃO
A alfabetização tem sido historicamente reconhecida como um alicerce crucial para o desenvolvimento individual e social. Ela não só capacita os indivíduos a interpretar e interagir com o mundo ao seu redor, mas também serve como um meio vital para a inclusão social, o exercício pleno da cidadania e a promoção de oportunidades equitativas. À medida que o século XXI avança,
A paisagem educacional está sendo transformada por rápidas inovações tecnológicas que oferecem novas oportunidades e desafios. A integração de tecnologia no processo de alfabetização tem potencial para revolucionar a maneira como os alunos aprendem, proporcionando uma experiência de aprendizado mais rica, interativa e personalizada (SOARES, 2020, p. 352)
O presente trabalho pretende investigar a interseção entre tecnologia e alfabetização, examinando como as ferramentas digitais podem ser eficazmente incorporadas nas práticas pedagógicas para melhorar o processo de ensino-aprendizagem. Inicialmente, oferecemos um panorama histórico da evolução das ferramentas digitais na educação, destacando marcos significativos como o surgimento de softwares educativos, a proliferação de dispositivos móveis e a popularização das plataformas de aprendizagem online.
Conforme aponta Soares (1998, p. 189):
Esses avanços tecnológicos têm potencial para facilitar o acesso a materiais educativos diversificados, promover a inclusão de estudantes com necessidades especiais e adaptar o ritmo e o estilo de aprendizagem às necessidades individuais dos alunos.
Em seguida, analisamos os impactos da tecnologia na alfabetização infantil. Entre os benefícios, destacamos o aumento do engajamento dos alunos, possibilitado por recursos multimídia interativos que tornam o aprendizado mais atraente e relevante. A personalização do aprendizado é outro aspecto significativo, permitindo que os educadores utilizem dados para adaptar os métodos de ensino às necessidades específicas de cada aluno. No entanto, convém destacar:
Também reconhecemos os desafios associados à integração tecnológica, como a disparidade no acesso a recursos digitais, que pode exacerbar as desigualdades existentes, e a necessidade de formação contínua dos professores para utilizar eficazmente essas ferramentas (FERREIRO; TEBEROSKY, 2022, p. 129).
Para ilustrar a aplicação prática da tecnologia na alfabetização, o artigo apresenta estratégias inovadoras e estudos de caso de escolas e educadores que têm utilizado com sucesso aplicativos educativos, plataformas de leitura digital e outros recursos tecnológicos. Exemplos incluem o uso de jogos educativos que incentivam a leitura e a escrita, programas de tutoria online que oferecem suporte personalizado e a leitura interativa que engaja os alunos de maneira dinâmica. Ferreiro (2018, p. 321) argumenta que: “Essas abordagens demonstram como a tecnologia pode ser um aliado poderoso na promoção do letramento, desde que utilizada de forma consciente e estratégica”.
Concluímos enfatizando a importância de equilibrar métodos tradicionais e modernos. Embora a tecnologia ofereça vastas possibilidades, ela não deve substituir as práticas pedagógicas consagradas, mas sim complementá-las. Propomos que a chave para uma alfabetização eficaz no século XXI reside na integração harmoniosa dessas abordagens, promovendo uma educação mais inclusiva, equitativa e adaptada às necessidades do mundo contemporâneo. Este artigo, portanto, busca contribuir para o debate sobre a integração da tecnologia na educação, oferecendo insights e sugestões práticas para educadores, formuladores de políticas e pesquisadores interessados em explorar novos caminhos para a alfabetização.
2 A EVOLUÇÃO DAS FERRAMENTAS DIGITAIS NA EDUCAÇÃO: UM PANORAMA HISTÓRICO
A evolução das ferramentas digitais na educação reflete uma trajetória de transformação e inovação que tem moldado profundamente o processo de ensino e aprendizagem. No início, a introdução de computadores nas escolas representou uma revolução. Além disso, Lerner (2022, p. 88) observa que: “Nas décadas de 1980 e 1990, os laboratórios de informática começaram a surgir, permitindo que os alunos tivessem acesso a programas educacionais básicos e aprendendo habilidades essenciais de informática”. Essa primeira onda de digitalização foi marcada pelo uso de softwares educativos simples que ajudavam na alfabetização e no desenvolvimento de habilidades matemáticas básicas.
Com o advento da internet no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, a educação digital deu um salto significativo. Em complemento, Soares (2008, p. 99), argumenta que “[…] a internet permitiu o acesso a uma vasta quantidade de informações e recursos educativos que antes eram inacessíveis. Plataformas de aprendizagem online começaram a surgir, oferecendo cursos e materiais didáticos de alta qualidade”.
Ferramentas como enciclopédias online, bibliotecas digitais e recursos multimídia passaram a complementar o ensino tradicional, proporcionando uma experiência de aprendizagem mais rica e diversificada. Na década de 2010, a proliferação de dispositivos móveis como tablets e smartphones trouxe uma nova dimensão à educação digital. Nesse sentido, Morais et al (2018, p. 99) destaca que: “Aplicativos educativos tornaram-se amplamente disponíveis, permitindo que os alunos aprendessem de maneira interativa e envolvente, em qualquer lugar e a qualquer momento”. Esses aplicativos cobriam uma ampla gama de disciplinas, desde a alfabetização até o aprendizado de línguas estrangeiras e habilidades científicas. A personalização do aprendizado tornou-se uma possibilidade real, com algoritmos que adaptavam o conteúdo às necessidades individuais dos alunos, oferecendo feedback em tempo real e ajustando o nível de dificuldade conforme necessário.
Além disso, a educação a distância ganhou um novo impulso com o desenvolvimento de plataformas de aprendizado online robustas e interativas. É importante notar que, conforme Bardin (2024, p. 08):
Coursera, Khan Academy e edX são exemplos de como as universidades e outras instituições educativas começaram a oferecer cursos online gratuitos ou de baixo custo, acessíveis a estudantes de todo o mundo. Essas plataformas não só democratizaram o acesso à educação de alta qualidade, mas também introduziram novos métodos pedagógicos, como o ensino híbrido, que combina aulas presenciais e online.
Mais recentemente, a pandemia de COVID-19 acelerou ainda mais a adoção de tecnologias digitais na educação. Com as escolas fechadas, professores e alunos tiveram que se adaptar rapidamente ao ensino remoto. De igual modo, Bardin (2024, p. 12) ressalta que:
Plataformas de videoconferência como Zoom e Microsoft Teams tornaram-se ferramentas indispensáveis, enquanto ambientes virtuais de aprendizagem como Google Classroom e Moodle foram amplamente utilizados para gerenciar aulas e distribuir materiais educativos.
Esse período destacou tanto as potencialidades quanto as limitações do ensino digital, enfatizando a necessidade de infraestrutura adequada e a importância da formação contínua de educadores para o uso eficaz dessas ferramentas. Nesse contexto, a inteligência artificial (IA) e a aprendizagem de máquina estão começando a desempenhar um papel cada vez mais importante na educação. Como menciona Brandão e Leal (2023, p. 31):
Ferramentas baseadas em IA podem analisar grandes quantidades de dados educacionais para identificar padrões de aprendizado e fornecer recomendações personalizadas. Chatbots educativos e tutores virtuais estão emergindo como auxiliares no processo de ensino, oferecendo suporte imediato aos alunos e ajudando a aliviar a carga de trabalho dos professores.
Em resumo, a evolução das ferramentas digitais na educação é um processo contínuo de inovação que tem transformado o ensino e a aprendizagem. “Desde os primeiros computadores e softwares educativos até as atuais plataformas de aprendizado online e ferramentas baseadas em IA, cada avanço trouxe novas possibilidades e desafios” (BRANDÃO; LEAL, 2023, p. 18). A integração eficaz dessas tecnologias no ambiente educativo requer não apenas investimentos em infraestrutura, mas também um compromisso com a formação contínua de professores e uma abordagem pedagógica que aproveite as vantagens do digital sem perder de vista a importância do ensino presencial e das interações humanas. Assim, o futuro da educação digital parece promissor, com o potencial de tornar o aprendizado mais acessível, personalizado e eficaz para todos os alunos.
2.2 IMPACTOS DA TECNOLOGIA NA ALFABETIZAÇÃO INFANTIL: BENEFÍCIOS E DESAFIOS
A introdução da tecnologia na alfabetização infantil tem gerado um impacto significativo, tanto positivo quanto negativo, na forma como as crianças aprendem a ler e escrever. Esses impactos podem ser observados em várias dimensões, desde o aumento do engajamento e da personalização do aprendizado até os desafios relacionados à disparidade no acesso a recursos tecnológicos e à formação adequada de professores.
Um dos benefícios mais notáveis da tecnologia na alfabetização infantil é o aumento do engajamento dos alunos. Ferramentas digitais interativas, como aplicativos educativos e jogos, tornam
O processo de aprender a ler e escrever mais atraente e divertido para as crianças. Aplicativos como ABCmouse e Reading Eggs utilizam animações, músicas e jogos para ensinar fonética, vocabulário e compreensão de leitura, capturando a atenção das crianças e incentivando a prática contínua. Esse engajamento é crucial, pois crianças motivadas tendem a aprender mais rapidamente e a reter melhor as informações. (CORRÊA et al, 2022, p. 07).
Além disso, a tecnologia permite a personalização do aprendizado. Programas educativos baseados em algoritmos podem ajustar automaticamente o nível de dificuldade das atividades de acordo com o progresso individual de cada aluno. Isso significa que crianças que aprendem em ritmos diferentes podem receber suporte personalizado, ajudando a prevenir frustrações e a manter o interesse no aprendizado. Adicionalmente, Corrêa et al (2022, p. 08) indica que: “Ferramentas como Raz-Kids e Lexia Learning monitoram o desempenho dos alunos e fornecem atividades específicas para abordar áreas de dificuldade, promovendo um aprendizado mais eficaz e eficiente”.
Outro benefício importante é a acessibilidade aos recursos educativos. A internet oferece uma vasta quantidade de materiais gratuitos ou de baixo custo que podem ser utilizados para complementar o ensino tradicional.
Conforme aponta Galvão (2011, p. 751):
Vídeos educativos, e-books interativos e plataformas de leitura digital, como Epic! e Storyline Online, proporcionam uma ampla gama de textos e atividades que podem enriquecer o ambiente de aprendizagem. Além disso, tecnologias assistivas, como leitores de tela e software de reconhecimento de voz, ajudam a tornar a alfabetização mais acessível para crianças com necessidades especiais.
No entanto, a introdução da tecnologia na alfabetização infantil também apresenta desafios significativos. Um dos principais é a disparidade no acesso a recursos tecnológicos. Convém destacar que, segundo Soares (2018, p. 42): “Muitas escolas, especialmente em regiões menos favorecidas, não possuem a infraestrutura necessária para integrar eficazmente a tecnologia no ensino”. A falta de acesso a dispositivos, internet de alta qualidade e suporte técnico adequado pode exacerbar as desigualdades educacionais, deixando alguns alunos em desvantagem.
Além disso, o uso excessivo de tecnologia pode levar a uma dependência das telas, o que pode ter efeitos negativos no desenvolvimento cognitivo e social das crianças. “Estudos sugerem que o tempo excessivo em frente a telas pode prejudicar a capacidade de concentração, reduzir o tempo de interação social e afetar negativamente a saúde física e mental das crianças”, aponta Infante; Letelier (2019, p. 34). É crucial que o uso de tecnologia na alfabetização seja equilibrado com atividades off-line, como a leitura de livros físicos e a interação direta com colegas e professores.
Outro desafio significativo é a necessidade de formação contínua dos professores para o uso eficaz das ferramentas tecnológicas. Muitos educadores não se sentem preparados para integrar a tecnologia em suas práticas pedagógicas de maneira eficaz.
Cabe mencionar que, conforme Tfouni (2009, p. 109):
Programas de formação e desenvolvimento profissional são essenciais para capacitar os professores a utilizar as ferramentas digitais de forma estratégica, maximizando os benefícios e minimizando os desafios. Além disso, os professores precisam de suporte contínuo e recursos adequados para adaptar suas metodologias de ensino às novas tecnologias.
Em resumo, a tecnologia tem o potencial de transformar a alfabetização infantil, oferecendo inúmeros benefícios, como o aumento do engajamento, a personalização do aprendizado e a acessibilidade a recursos educativos. No entanto, para que esses benefícios sejam plenamente realizados, é necessário abordar desafios significativos, como a disparidade no acesso a recursos tecnológicos, a dependência excessiva das telas e a formação contínua dos professores. Conforme aponta Tfouni (2009, p. 171): “A chave para o sucesso reside em uma abordagem equilibrada, que combine métodos tradicionais e tecnológicos, promovendo uma experiência de aprendizagem inclusiva, equitativa e eficaz para todas as crianças”.
2.3 ESTRATÉGIAS INOVADORAS PARA INTEGRAR TECNOLOGIA E LETRAMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Integrar tecnologia e letramento no ambiente escolar requer estratégias inovadoras que maximizem os benefícios das ferramentas digitais enquanto abordam os desafios associados. Importa frisar que, conforme Morais; Nascimento (2018, p. 24): “A implementação eficaz dessas estratégias pode transformar a maneira como os alunos desenvolvem habilidades de leitura e escrita, tornando o processo mais dinâmico, interativo e acessível”. Uma das estratégias mais eficazes é a utilização de jogos educativos digitais, que combinam elementos de entretenimento e aprendizagem para manter os alunos engajados.
Como escreve Corrêa et. al. (2022, p. 18):
Jogos como Endless Alphabet e Starfall são projetados para ensinar fonética, vocabulário e habilidades de compreensão de leitura de uma maneira divertida e interativa. Esses jogos utilizam gráficos coloridos, personagens cativantes e desafios progressivos que incentivam as crianças a aprenderem de forma autônoma e prazerosa.
A gamificação do aprendizado pode aumentar significativamente a motivação dos alunos e promover a prática constante, essencial para o desenvolvimento das habilidades de letramento.
Outra abordagem inovadora é a integração de plataformas de leitura digital no currículo escolar.
Ainda segundo Corrêa et. al. (2022, p. 18):
Ferramentas como Epic! e Raz-Kids oferecem uma vasta biblioteca de e-books interativos que podem ser acessados em qualquer lugar, proporcionando aos alunos uma variedade de textos adaptados aos seus níveis de leitura. Essas plataformas permitem que os professores monitorem o progresso dos alunos, identifiquem áreas de dificuldade e personalizem as atividades de leitura de acordo com as necessidades individuais.
Além disso, a leitura digital pode incluir recursos como áudio e animações que enriquecem a experiência de leitura e ajudam os alunos a entender melhor o conteúdo. Os programas de tutoria online também representam uma estratégia inovadora para integrar tecnologia e letramento. Nesse sentido, Tfouni (2009, p. 737) escreve que: “Plataformas como Reading Rockets e Learn with Homer oferecem tutoria personalizada, onde os alunos podem receber orientação direta de tutores especializados”. Esses programas utilizam videoconferências e outros recursos interativos para fornecer feedback imediato e suporte individualizado. A tutoria online pode ser especialmente benéfica para alunos que precisam de atenção adicional ou que enfrentam desafios específicos na alfabetização, proporcionando uma forma flexível e acessível de apoio educacional.
Além disso,
A realidade aumentada (RA) e a realidade virtual (RV) estão começando a ser exploradas como ferramentas poderosas para o letramento. Essas tecnologias imersivas podem criar ambientes de aprendizado envolventes, onde os alunos podem interagir com textos e cenários de maneira totalmente nova. Por exemplo, aplicativos de RA como Quiver permitem que os alunos vejam personagens e cenas de livros ganharem vida em 3D, o que pode tornar a leitura mais emocionante e facilitar a compreensão do conteúdo. A RV pode ser usada para criar experiências de leitura imersivas, onde os alunos podem explorar histórias e narrativas de uma maneira profundamente interativa e envolvente (TFOUNI, 2009, p. 132).
Outra estratégia promissora é o uso de ferramentas de escrita digital que incentivam a expressão criativa e a prática da escrita. Importante observar segundo Corrêa et. al. (2022, p. 21): “Aplicativos como Storybird e Book Creator permitem que os alunos criem suas próprias histórias digitais, combinando texto e imagens para produzir livros eletrônicos”. Essas ferramentas não só ajudam a desenvolver habilidades de escrita, mas também incentivam a criatividade e o pensamento crítico. Além disso, “a publicação digital permite que os alunos compartilhem seus trabalhos com colegas, familiares e uma audiência mais ampla, o que pode aumentar a motivação e o orgulho pelo trabalho realizado” (CORRÊA et. al., 2022, p. 28).
A formação contínua e o desenvolvimento profissional dos professores são cruciais para a integração eficaz da tecnologia e do letramento. Os educadores precisam estar bem preparados para utilizar as ferramentas digitais de maneira estratégica e pedagógica. De acordo com Ferreiro; Teberosky (2022, p. 29): “Programas de formação profissional que incluam workshops, cursos online e comunidades de prática podem ajudar os professores a se familiarizarem com as tecnologias mais recentes e a desenvolverem novas metodologias de ensino”. Além disso, o suporte técnico e pedagógico contínuo é essencial para garantir que os professores possam adaptar suas práticas de ensino às necessidades dos alunos e aos recursos tecnológicos disponíveis.
Em resumo, a integração de tecnologia e letramento no ambiente escolar pode ser realizada por meio de estratégias inovadoras que utilizam jogos educativos, plataformas de leitura digital, programas de tutoria online, tecnologias imersivas como RA e RV, e ferramentas de escrita digital.
Ademais:
A chave para o sucesso reside na preparação adequada dos educadores, no equilíbrio entre métodos tradicionais e digitais, e no uso consciente e estratégico da tecnologia para promover um aprendizado mais engajado, personalizado e inclusivo. (FERREIRO; TEBEROSKY, p. 2022, p. 78)
Essas abordagens têm o potencial de transformar a alfabetização, tornando-a mais acessível e eficaz para todos os alunos, independentemente de suas origens e habilidades.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A incorporação de tecnologia na alfabetização infantil apresenta uma série de benefícios significativos. A utilização de ferramentas digitais interativas, como aplicativos educativos e plataformas de leitura, tem demonstrado aumentar o engajamento dos alunos, tornando o aprendizado mais atrativo e dinâmico. A personalização do aprendizado, viabilizada por algoritmos que ajustam as atividades conforme o progresso individual de cada aluno, possibilita um ensino mais adaptado às necessidades específicas, promovendo um desenvolvimento mais eficiente das habilidades de leitura e escrita. Além disso, a acessibilidade a uma ampla gama de recursos educativos online oferece aos alunos oportunidades de aprendizado que ultrapassam as limitações físicas e temporais das salas de aula tradicionais.
Contudo, os desafios também são notáveis e não podem ser ignorados. A disparidade no acesso a recursos tecnológicos ainda é uma realidade em muitas regiões, o que pode aprofundar as desigualdades educacionais. A dependência excessiva de dispositivos eletrônicos também levanta preocupações sobre o impacto negativo no desenvolvimento cognitivo e social das crianças. Além disso, a falta de formação adequada dos professores para o uso eficaz das ferramentas tecnológicas representa um obstáculo significativo à plena integração dessas inovações no currículo escolar.
Para maximizar os benefícios e mitigar os desafios, é essencial adotar uma abordagem equilibrada que combine métodos tradicionais e digitais. Os educadores devem ser capacitados continuamente para utilizar as tecnologias de forma estratégica, garantindo que as ferramentas digitais complementem, em vez de substituírem, as práticas pedagógicas convencionais. Políticas públicas que promovam a inclusão digital e investimentos em infraestrutura são igualmente cruciais para assegurar que todos os alunos tenham acesso equitativo aos benefícios das tecnologias educativas.
O futuro da alfabetização digital parece promissor, com a potencial utilização de tecnologias emergentes como a inteligência artificial e a realidade aumentada para criar experiências de aprendizado ainda mais imersivas e personalizadas. A integração dessas tecnologias deve ser guiada por princípios pedagógicos sólidos, focados no desenvolvimento integral dos alunos e na promoção de uma educação inclusiva e equitativa.
Em conclusão, a tecnologia tem o potencial de revolucionar a alfabetização infantil, oferecendo novas oportunidades para tornar o aprendizado mais envolvente, personalizado e acessível. No entanto, para alcançar esses objetivos, é necessário enfrentar os desafios associados à desigualdade de acesso e à preparação dos educadores. Com uma abordagem consciente e equilibrada, a integração da tecnologia na educação pode promover uma alfabetização mais eficaz e inclusiva, preparando as crianças para as demandas de um mundo cada vez mais digitalizado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, Ana Cláudia Pereira; LEAL, Tânia Fonseca. Alfabetizar e letrar na educação infantil: o que isso significa? In: BRANDÃO, Ana Cláudia Pereira; ROSA, Eliana da Cunha Santos (Orgs.). Ler e escrever na educação infantil: discutindo práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2023, p. 13-31. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/index.php?journal=dialogia&page=article&op=view&path%5B%5D=11235&path%5B%5D=9625 . Acesso em: 29 jul. 2024.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7-32, 1999. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bak/a/cPYgcqRbX3pXX38WJS4mnbm/?format=pdf. Acesso em: 29 jul. 2024.
CÔRREA, Karina Cristiane do Prado; MACHADO, Maria Aparecida de Paula; HAGE, Simone Rabello de Vasconcelos. Competências iniciais para o processo de alfabetização. CoDAS, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 1-8, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2317-1782/20182017039. Acesso em: 29 jul. 2024.
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 2022
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 2018.
GALVÃO, Ana Maria de Oliveira. Letramento e alfabetização de pessoas jovens e adultas: um balanço da produção científica. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 41, n. 143, p. 734-751, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cp/a/3QkGdY5zNdshmBzxNYCjMQG/?lang=pt . Acesso em: 29 jul. 2024.
INFANTE, María Isabel; LETELIER, María Elena. Alfabetização na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 35, n. 1, p. 1-25, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/er/a/YCG8T3F3PTHTzqC3yRjsFfh/?lang=pt. Acesso em: 29 jul. 2024.
LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Penso, 2002.
MORAIS, Artur Gomes de; SILVA, Ana da; NASCIMENTO, Gisele Santana do. Ensino da notação alfabética e práticas de leitura e escrita na educação infantil: uma análise das três versões da Base Nacional Comum Curricular. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 23, n. 73, p. 1-25, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/cPYgcqRbX3pXX38WJS4mnbm/?format=pdf . Acesso em: 29 jul. 2024.
MORAIS, Artur Gomes de; SILVA, Ana da; NASCIMENTO, Gisele Santana do. Ensino da notação alfabética e práticas de leitura e escrita na educação infantil: uma análise das três versões da Base Nacional Comum Curricular. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 23, n. 73, p. 1-25, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/cPYgcqRbX3pXX38WJS4mnbm/?format=pdf . Acesso em: 29 jul. 2024.
SOARES, Magda. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever. São Paulo: Contexto, 2020. 352 p.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 34, n. 2, p. 255-270, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/HM57Rdygkxck6wTKxZh5FFH/?lang=pt . Acesso em: 29 jul. 2024.
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento nas políticas públicas: convergências e divergências com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 34, n. 2, p. 255-270, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bak/a/cPYgcqRbX3pXX38WJS4mnbm/?format=pdf. Acesso em: 29 jul. 2024.
TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e alfabetização: um olhar sobre as práticas sociais de leitura e escrita. Educação & Sociedade, Campinas, v. 30, n. 106, p. 737-757, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/VrDdF3CfjGy3c9G5m8Yp3hH/?lang=pt. Acesso em: 29 jul. 2024.
¹Doutor em Educação nas Ciências.
Instituição de formação: Unijuí.
Endereço: Ceres, Goiás, Brasil.
E-mail: jenerton.schutz@p.ucb.br
²Doutorando em Ciências da Educação.
Instituição de formação: UNADES.
Endereço: São Miguel do Oeste, Santa Catarina, Brasil.
E-mail: eenoquejr@gmail.com
³Mestranda em Ciências da Educação.
Instituição de formação: UNADES.
Endereço: Caldas Novas, Goiás, Brasil.
E-mail: prof_tania_urbano@hotmail.com
4Mestranda em Ciências da Educação.
Instituição de formação: UNADES.
Endereço: Formosa, Goiás, Brasil.
E-mail: magdacostaa@gmail.com
5Mestranda em Ciências da Educação.
Instituição de formação: UNADES.
Endereço: Formosa, Goiás, Brasil.
E-mail: elenicebau_meller@hotmail.com
6Mestranda em Ciências da Educação.
Instituição de formação: UNADES.
Endereço: Caldas Novas, Goiás, Brasil.
valdirenereisoliveira@gmail.com
7Mestranda em Educação nas Ciências.
Instituição de formação: Unijuí.
Endereço: Bozano, Rio Grande do Sul, Brasil.
E-mail: lidiane.nicoletti@sou.unijui.edu.br
8Mestranda em Ciências da Educação.
Instituição de formação: UNADES.
Endereço: Caldas Novas, Goiás, Brasil.
E-mail: rosalva0701@gmail.com
9Mestranda em Ciências da Educação.
Instituição de formação: UNADES.
Endereço: Formosa, Goiás, Brasil.
E-mail: keila.fsa.paiva@gmail.com
10Doutorando em Ciências da Educação.
Instituição de formação: UNADES.
Endereço: Formosa, Goiás, Brasil. E-mail: daraujo79@gmail.com