SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA: APRIMORAMENTO DOS PROCESSOS DE GESTÃO PARA MINIMIZAR O USO DE PAPEL EM UMA DISTRIBUIDORA EM MANAUS.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411151750


Claudia Christine Freitas Decares¹; Janaina Ferreira Souza²; Paulo André Nascimento De Sousa³; Riquelme Fernandes Cabral⁴; Thuanny Pereira Costa⁵; Luciana Oliveira do Valle Carminé⁶


RESUMO – O artigo em questão relaciona-se com as relevantes problemáticas com o uso excessivo de papel nas organizações. Os quais podem ser distribuídos em duas ramificações. Internamente; Impactando os seus processos, produzindo elevados custos financeiros de despesas operacionais e espaço físico, assim como na eficiência e produtividade. Quanto Externamente; Atuando no Impacto ambiental, uma vez que contribui para o desmatamento, poluição e resíduos. O estudo foi realizado em Manaus, numa Distribuidora de Medicamentos, a qual foi detectada a problemática de grandes gastos com papel tanto com a compra quanto com impressões. Assim resultando na lentidão nos processos, devido ao volume excessivo de documentos impressos diariamente. Desse modo, o presente artigo visou propor uma solução apontando alternativas para minimizar o problema e tornar seu processo um fluxo contínuo. O estudo desenvolveu-se através do Mapeamento e Fluxograma, integrando métodos qualitativos para avaliar o impacto do consumo de papel na organização. Sendo identificando através dele o fluxo de documentos e avaliação financeira dos gastos relacionados ao papel, incluindo impressão e armazenamento. Os resultados encontrados demonstram uma relação expressiva entre o setor financeiro e estoque, os quais possuíam gastos com papel em abundância, somadas desperdício e lentidão nos processos diários por conta desse alto volume de documentos impressos. Detectado pelo aplicativo PrintWayy, o qual controla os números de impressões e digitalizações realizadas pelas impressoras na organização. Ressaltando assim, a importância da implementação de tecnologias para a minimização do impacto causado.

Palavras-chave: Sustentabilidade Corporativa, Transformação Digital e Ferramentas, Gestão de Processos.

1. INTRODUÇÃO

O consumo de papel no Brasil tem aumentado muito com o passar dos anos, registros históricos indicam haver fábricas de papel desde o ano 1085 D.C e com o passar do tempo o papel veio a ser utilizado para higiene, escritas e até embalagens. Atualmente existem tecnologias para fazer a digitalização para diminuir o uso de papel, assim como inúmeras ferramentas digitais, resultando na diminuição do consumo exorbitante existente. Com a Gestão de Processos, visase melhorar a eficiência da organização ao realizar-se o mapeamento dos processos para identificar onde estão os gargalos de consumo elevado de papel.

A análise em questão foi feita em uma Distribuidora de Medicamentos e Produtos Hospitalares de Manaus, Amazonas, com o enfoque no setor de estoque que é onde tem alto índice de impressão, implementando estratégias e sistemas de armazenamento na nuvem fazendo com que tenha um menor impacto ambiental e conscientizando todos na organização, gerando uma nova cultura organizacional e que influencie outras empresas do mesmo segmento. Além de apresentar como a gestão de processos pode ajudar a melhorar a eficiência operacional, também será analisado como ela pode reduzir o desperdício de papel na empresa, promovendo uma maior eficiência e sustentabilidade corporativa por meio da digitalização e automação de atividades. A substituição do papel por um sistema de busca e armazenamento digital é fundamental, pois possibilita a redução de despesas e libera mais espaço para documentos relevantes, facilitando o gerenciamento por meios digitais (Blattmann, 2010).

Identificou-se os processos empresariais que mais contribuem para o uso excessivo de papel, através do mapeamento dos fluxos e as etapas que geram maior desperdício. Avaliou-se os impactos ambientais e financeiros do uso de papel nos processos organizacionais, destacando o custo e as consequências ambientais dos desperdícios, assim como as ferramentas que podem auxiliar na automação de processos.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Sustentabilidade Corporativa e o Modelo Triple Botton Line

A sustentabilidade corporativa refere-se à capacidade das empresas de operar de maneira ética e responsável, equilibrando objetivos econômicos com preocupações sociais e ambientais. Segundo Porter e Kramer (2011), a criação de valor compartilhado é imprescindível para que as empresas não apenas empenhem-se na busca por lucros, mas também contribuam para o bem-estar da sociedade e do meio ambiente. Ao modo que, ao atender às necessidades sociais e ambientais, as empresas possam, ao mesmo tempo, impulsionar seus negócios e fortalecer sua reputação, promovendo um crescimento sustentável e responsável. 

No que concerne à sustentabilidade corporativa, nota-se que a mesma tem ganhado destaque nas últimas décadas, refletindo uma crescente preocupação com o impacto ambiental das atividades empresariais. Segundo Elkington (2018), a abordagem tradicional de lucro, que visa apenas na geração de receita, está se expandindo para incluir a responsabilidade social e ambiental, formando o que ele denominou de TBL (Triple Bottom Line) ou o “Tripé da Sustentabilidade”. 

Tal modelo abrange as dimensões econômica, social e ambiental, propondo que as empresas avaliem seu sucesso não apenas pelos lucros financeiros, mas também pelos impactos sociais e ambientais de suas operações. Pontuando que para a empresa se desenvolver de forma sustentável esses três devem coexistir e interagir em harmonia (Lima et al., 2019).

Além disso, estudos indicam que organizações que incorporam os princípios do TBL em suas estratégias tendem a ter melhor desempenho financeiro a longo prazo e a atrair consumidores mais conscientes. A literatura atual também sugere que a implementação do TBL pode fomentar a inovação, já que empresas são desafiadas a repensar seus processos e produtos para atender às expectativas sociais e ambientais (Lima et al., 2019).

No Brasil, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, com sede em São e fundado em 1998, é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de interesse público). O instituto busca, principalmente, fomentar a adoção de práticas de sustentabilidade responsabilidade social nas empresas brasileiras. Seus métodos de trabalho baseiam-se nos conceitos do Triple Bottom Line (TBL), e atua junto com empresas de diferentes áreas e dimensões, fornecendo suporte, “Indicadores Ethos” e materiais para auxiliá-las na integração de valores éticos, sociais e ambientais em suas atividades e estratégias empresariais. (Ethos, 2023)

Segundo a Ethos (2023), empresas que adotaram o modelo Triple Bottom Line (TBL) observaram benefícios reais, incluindo maior eficiência operacional, atração de novos talentos, em muitos casos, aumento da lucratividade em um tempo estendido. O TBL igualmente desempenhou um papel importante ao aumentar a conscientização sobre a responsabilidade social corporativa e a importância da sustentabilidade nas atividades empresariais.

Ao adotar essa abordagem, as empresas são incentivadas a repensar suas operações para não apenas maximizar lucros, mas também gerar impactos positivos na sociedade e no meio ambiente. Isso leva à identificação de oportunidades para inovação, como a implementação de tecnologias mais eficientes, a adoção de práticas de economia circular e o desenvolvimento de produtos sustentáveis (Elkington, 2018).  

Além do mais, a promoção de uma cultura organizacional sustentável, por meio de treinamentos e iniciativas de engajamento, tem se mostrado eficaz na mudança de comportamento dos colaboradores e na minimização do desperdício. De acordo com Raineri e Paillé (2016), organizações que investem em programas de conscientização e capacitação em sustentabilidade não só aumentam o engajamento dos colaboradores, mas também potencializam a adoção de práticas sustentáveis nas rotinas diárias da organização.

Desta maneira, a percepção dos colaboradores desempenha um papel crucial na implementação de práticas sustentáveis nas empresas. Segundo Raineri e Paillé (2016), o comprometimento dos funcionários com a sustentabilidade está fortemente ligado à sua percepção das iniciativas da empresa. E que, posteriormente, gera um senso de pertencimento e responsabilidade em seus colaboradores, à medida que as organizações comunicam suas práticas sustentáveis de forma clara e envolvem os colaboradores no processo. 

A definição de ESG (Environmental, Social and Governance) emergiu como uma diretriz crucial para empresas contemporâneas, enfatizando a responsabilidade ambiental, social e de governança, que revolucionou o ambiente empresarial promovendo uma nova forma de entender o valor corporativo (Pereira, 2020).  A adoção de práticas ESG não só melhora a reputação das empresas, mas tais estratégias tendem a proporcionar um desempenho financeiro superior, atraindo investimentos e aumentando a fidelidade do consumidor. Bem como, o estímulo à inovação, levando ao desenvolvimento de novos produtos que atendam tanto às necessidades do mercado quanto aos desafios sociais e ambientais. As empresas que se adaptam a essas novas expectativas do mercado frequentemente se destacam da concorrência (Romaro, 2023).

Desse modo, a abordagem ESG se revela como um pilar essencial na construção de um futuro empresarial mais responsável e rentável e flexível.

2.2 Impactos da Transformação Digital: Inovação, Tecnologia e Ferramentas.

A Transformação Digital (TD) é um fenômeno complexo que envolve a integração de tecnologias digitais em todos os aspectos de uma organização, resultando em mudanças significativas e profundas na forma como as organizações operam e geram valor mais eficiente aos clientes (Rogers, 2017). Nesse sentido, TD é um processo que vai além da simples adoção de tecnologias, sendo um fenômeno essencial para que as empresas se adaptem a um ambiente em rápida evolução. A transformação requer inovação contínua e uma mentalidade flexível, permitindo que as organizações não apenas sobrevivam, mas também prosperem na era digital (Kane et al., 2015).

Desse modo, Westerman et al., (2015) salienta que a mudança cultural é tão importante quanto a implementação tecnológica, onde também requer tal reavaliação da cultura organizacional e das estratégias de negócios. Significando que as organizações precisam:

  1. Reavaliar sua cultura organizacional: Isso implica em mudar mentalidades, comportamentos e valores dentro da empresa. Por exemplo, uma cultura que valoriza a inovação e a colaboração é fundamental para tirar proveito das novas tecnologias.
  2. Revisar as estratégias de negócios: As empresas devem ajustar suas abordagens e modelos de negócios para integrar efetivamente as tecnologias digitais. Isso pode incluir novas formas de atender os clientes, otimizar processos ou criar produtos e serviços inovadores.

Antes da era digital, as empresas enfrentavam desafios significativos que impactavam sua eficiência e eficácia. Segundo Brynjolfsson e McAfee (2015), a comunicação era predominantemente linear e dependia de documentos físicos e processos manuais, resultando em ineficiências operacionais e atrasos nas tomadas de decisão. Consequentemente ocasionando a troca de informações a seguirem um fluxo mais rígido. Tais fatores ressaltaram a necessidade de uma transformação digital abrangente para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.

Segundo Sebastian et al (2017), as novas tecnologias digitais, especificamente denominadas como tecnologias SMACIT (social, móvel, analítica, nuvem e internet das coisas), oferecem tanto oportunidades de mudança para novos negócios, quanto ameaças para grandes empresas antigas. Perante a esta realidade, as organizações são pressionadas a se reinventar, não apenas para ajustar suas ofertas às novas demandas, mas também para enfrentar a concorrência de empresas que surgem de forma acelerada para ocupar novos nichos de mercado.

Portanto, a transformação digital não é apenas uma tendência, mas percorre na necessidade estratégica para as empresas contemporâneas. Ignorar essa mudança pode resultar em perda de competitividade e relevância no mercado. À medida que avançamos, as organizações que adotam essa transformação não apenas sobrevivem, mas prosperam, aproveitando as oportunidades que a era digital oferece.

Em um estudo sobre a redução do consumo de papel em uma agência bancária, diversas ações foram aplicadas a fim de diminuir o desperdício, como apresentações de slides e prévia avaliação da necessidade de impressão deste arquivo. Também foi pontuando a importância da revisão de documentos para identificar se todas as páginas precisam ser impressas e não possuem propagandas indesejadas. Por fim, identificou-se que muitas pessoas não sabiam onde descartar folhas usadas para posteriormente, serem recicladas (Duarte Souto-Maior e Bocasanta, 2019).

Após a implementação de campanhas de redução de consumo de papel em uma empresa bancária de Florianópolis, Santa Catarina; Duarte Souto-Maior e Bocasanta (2019) alegam que o houve uma diminuição em 38,83% no consumo de papel A4 que resultou, consequentemente, na preservação de pelo menos 38 árvores por ano. Destaca ainda que a campanha gerou uma economia significativa de quase setenta mil reais anuais e expos que alguns funcionários desconheciam algumas soluções tecnológicas para redução do consumo de papel A4. Avaliouse, portanto, a importância da organização na comunicação interna e na promoção de capacitação quanto à utilização de ferramentas tecnológicas para redução de desperdício.

Nota-se que técnicas simples de combate ao desperdício de papel têm impactos significativos tanto na questão sustentável quanto financeira. No entanto, novas alternativas se fazem mais relevantes neste cenário, permitindo um alinhamento com as demandas sustentáveis e a competitividade da organização. Surge então o conceito de desmaterialização, que apesar das diferentes definições, (Oliveira et al., 2021) definem que ela se equipara à redução no uso de papel por meio da digitalização de informações e adoção de políticas sem papel nas empresas e organizações, também conhecido pelo termo “escritório sem papel”.

A implementação de um escritório sem papel pode mitigar algumas problemáticas como a ocupação de espaço desnecessário, a lentidão na transmissão da informação por meio desse papel, a dificuldade de realizar alterações, visto que seria necessária uma nova impressão e está mais sujeito à destruição do que documentos digitais. Os resultados do estudo mostram que o “escritório sem papel” impacta positivamente as organizações em virtude da lucratividade e da redução de custos. Além do mais, favorece a imagem da empresa por conta da contribuição com a causa ambiental. No entanto, o autor destaca que com a desmaterialização os documentos poderão se tornar mais suscetíveis a ataques cibernéticos (Oliveira et al., 2021).

De acordo com Yousufi (2023) um sistema de gerenciamento de documentos sem papel torna a gestão de documentos do escritório mais fácil. Isso permite que haja uma economia de espaço, uma vez que os arquivos digitalizados ficam em um servidor e podem ser acessados de qualquer lugar do mundo e transferidos com facilidade nos mais diversos formatos de arquivo tornando o processo mais ágil e eficiente. 

Segundo o ReportLinker (2020), em 2019 mercado global de sistemas de gerenciamento de documentos estava avaliado em 4,89 bilhões de dólares e com expectativa de atingir 10,17 bilhões de dólares até 2025. Além disso, os sistemas de gerenciamento de documentos possuem diversas ferramentas para recuperação de dados e armazenamento estruturado que possibilitam o recebimento de insights estratégicos.

Yousifi (2023) destaca os softwares mais populares usados no mundo sendo eles a Microsoft SharePoint que serve como uma plataforma colaborativa entre os usuários por meio de sites, permitindo armazenar, organizar e compartilhar arquivos. O Google Drive, solução de armazenamento baseada em nuvem que possui os mesmos princípios do Dropbox e One Drive. Além disso, o Evernote que permite armazenar notas, documentos e imagens, o DocuSing juntamente com o Adobe Document Clound, que além do gerenciamento de documentos digitais, permite assinatura de documentos eletronicamente e o Alfresco, plataforma de código aberto que auxilia as organizações no compartilhamento de informações.

2.3 Gestão de processos na otimização organizacional.

A gestão de processos compõe a estrutura fundamental de atividades dentro de uma organização, no entanto, é necessário primeiro entender as diferentes definições de processos. Conforme Xavier (2022) ao analisar os diferentes conceitos de processos nota-se que possuem certas atividades que estão unidas entre si a fim de transformar input em output agregando valor aos produtos ou serviços oferecidos aos clientes. De acordo com Tonini (2020) por mais que as empresas tenham um objetivo em comum, são divididas em diferentes partes que atuam de maneira independente. Esse tipo de interação que atua tanto de maneira separada quanto unida caracteriza o que se chama de processos organizacionais.

Por fim, Crivellaro e Vitoriano (2022) definem que um processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que tem objetivos explícitos e que sigam certa rotina de aplicação para atingir os objetivos estabelecidos pela organização. Cada atividade desempenhada pelos setores forma uma sequência de ações que integram os processos da empresa.

Diante desse contexto, evidencia-se a importância da gestão de processos, que emerge como uma forma estratégica de aperfeiçoar essas atividades para garantir que os produtos e serviços agreguem valor ao cliente final. Dessa forma, Lemańska-Majdzik (2023) afirma que a gestão de processos pode ser entendida como fundamentos e processos que visam estruturar e otimizar o sistema de processos do negócio.

Ademais, é possível reparar que com o uso crescente de tecnologias e a constante produção de dados, tornaram-se imensas as quantidades de informações recebidas, produzidas e acumuladas nas organizações contemporâneas. Diante disso, Bueno, Maculan e Aganette (2019) evidenciam que reconhecer a importância do gerenciamento eficaz de informações é essencial, visto que, identificar qual o momento certo para arquivar, eliminar ou utilizar dados é de suma importância para o bom andamento dos processos decisórios. 

Há a necessidade, portanto, de uma estratégia, e dentro disso está o mapeamento de processos emergindo como ferramenta elementar para o bom desenvolvimento organizacional. Bueno,

Maculan e Aganette (2019 p.4) complementam afirmando que,

[…] O mapeamento de processos é o ponto de partida para implementar a gestão por processos. Ele é o instrumento para identificar, representar, visualizar e analisar os processos de negócios existentes em uma organização e aperfeiçoar com melhorias e modelar os novos processos com os objetivos estratégicos das empresas.

Ademais, entre as diversas ferramentas que compõem o mapeamento de processos, os fluxogramas destacam-se. Isso porque para Grosskinsky, Jørgensen e Hammer (2019) os fluxogramas são ferramentas que facilitam a visualização de informações complexas, dividindo-as em blocos que possuem uma conexão entre si, permitindo uma análise simplificada e compreensível. Nesse contexto, Gonçalves et al (2021) salientam a importância do fluxograma parcial ou descritivo quando se trata de uma análise mais detalhada dos processos internos da organização, porém, sempre deve-se levar em consideração a especificidade de cada estudo.

3. METODOLOGIA 

Este estudo foi conduzido em uma distribuidora de medicamentos em Manaus, com o objetivo de reduzir o uso excessivo de papel no setor de estoque, promovendo um ambiente mais sustentável e eficiente. A pesquisa adota uma abordagem mista, integrando método qualitativos e observação in loco para avaliar o impacto do consumo de papel na organização.

Etapas da Pesquisa:

1. Revisão de Bibliografia

A primeira etapa da pesquisa consistiu na revisão de literatura.

2. Mapeamento e Fluxograma do Processo

Foi realizado o mapeamento dos processos de documentação no setor de estoque, detalhando cada etapa que envolve o uso de papel, desde a entrada até o descarte. Utilizamos fluxogramas para identificar pontos críticos onde o consumo de papel poderia ser reduzido.

3. Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada por meio de questionários aplicados aos funcionários da distribuidora. O questionário abordou questões relacionadas ao uso do papel, frequência de impressão, e práticas de descarte, além da percepção sobre o impacto ambiental e financeiro do consumo excessivo de papel.

4. Análise Financeira

Foi realizada uma análise financeira dos custos associados ao consumo de papel, considerando despesas com impressão, armazenamento e descarte. Essa análise permitiu avaliar o impacto financeiro direto e as economias potenciais com a redução do uso de papel.

5. Tecnologias de Digitalização e Gestão Documental

Como alternativa ao uso de papel, investigou-se a implementação de ferramentas de digitalização e sistemas de gestão documental, incluindo plataformas como Google Drive e Alfresco, que permitem o armazenamento digital seguro e acessível. A adoção dessas ferramentas foi analisada quanto à sua eficácia em promover a digitalização dos processos e reduzir o consumo de papel.

6. Avaliação de Impacto e Validação

A última etapa envolveu a análise dos dados coletados e a avaliação do impacto das possíveis mudanças propostas na rotina da distribuidora. Um feedback dos colaboradores foi coletado para validar a aceitação e viabilidade das estratégias sugeridas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados foram analisados qualitativamente, por meio das percepções dos colaboradores. Os resultados foram comparados a estudos de caso semelhantes e apresentados em termos de impacto ambiental e viabilidade financeira. Esse formato enfatiza as etapas do estudo, a coleta e análise de dados, e as soluções tecnológicas propostas para promover a sustentabilidade na distribuidora.

No levantamento realizado in loco, observou-se que a empresa não possuía um responsável direto pela organização, distribuição e controle de papel entre os setores da empresa, porém foi constatado que dois setores, Financeiro e Estoque, tinham gastos com papel em abundância, mais situações de desperdício e lentidão nos processos diários por conta desse alto volume de documentos impressos. 

Essa constatação foi comprovada através do Aplicativo PrintWayy, o qual controla os números de impressões e digitalizações realizadas pelas impressoras na organização, conforme Figura 1.

Figura 1 – Demonstrativo do quantitativo de impressões no período de estudo

FONTE: Sistema PrintWayy da empresa Assistech Service, 2024.

Sabendo-se que cada impressão gera custo para a empresa e se o somatório total passar de 12.000 páginas por mês, a empresa precisará pagar multa por páginas excedentes (R$0,05), observou-se que no período de 1 mês, entre as datas de 17/09/2024 e 17/10/2024, houve esse excedente no somatório total. Com os dados da Figura 1, nota-se que o setor do Estoque é onde ocorre a maior concentração de impressões (representado pela cor Verde claro), por isso mapeou-se as atividades do setor e foram analisados os fluxos de impressões através do fluxograma da Figura 2, a qual demonstra as atividades de distribuição de vendas.

Tendo em vista que o Estoque imprimiu 4447 páginas num período de 30 dias, que cada resma de papel contém 500 folhas e cada caixa comprada contém 5 resmas, observa-se que o Estoque necessita de cerca de 9 resmas de papel por mês (Aproximadamente 2 caixas de resmas por mês). Ou seja, representa um alto consumo de papel principalmente comparado aos outros setores da empresa.

Conforme Figura 2, pode-se observar o fluxo do processo de Vendas e Entrega aos Clientes, retratando desde quando o pedido é emitido no setor de vendas até quando há a ocorrência do arquivamento e o pós-venda. Esse processo foi mapeado por ser o fluxo onde mais ocorre a impressão de documentos, com o objetivo de agilizar as atividades desse fluxo e posteriormente, a mesmas técnicas serem implementadas no restante da organização.

Figura 2 – Fluxograma

FONTE: Próprios autores (2024)

Após isso, realizou-se um questionário de origem qualitativa, para analisar os tipos de documentos impressos, o quantitativo de papéis descartados e reutilizados, a frequência de digitalização de documentos e como isso afetava os processos de trabalho de cada colaborador.

Os documentos com maior frequência de impressão são os Pedidos de Separação de Venda, Notas Fiscais, Duplicatas, Boletos e as cópias ou novas emissões dos mesmos, abrangendo cerca de 75% dos documentos impressos no Estoque. Observando o gráfico 1, pode-se perceber que há baixíssima aderência a digitalização dos documentos na empresa, quantidade representada pelas linhas brancas, o que contribui ainda mais para o uso e acúmulo de papel nas impressões e cópias, representadas no gráfico 1 pelas linhas pretas.

Gráfico 1 – Demonstrativo da Quantidade de Impressões e Digitalizações entre 17/09 – 17/10

FONTE: Sistema PrintWayy da Empresa Assistech Service (2024)

Através das respostas, foi possível observar que os colaboradores também expressaram insatisfação com o volume de papéis, pois isso atrapalha no processo de entrega além de gerar acumulação e desperdício quando ocorre o arquivamento. Enquanto alguns ainda permaneceram com certa resistência às mudanças e inovações propostas. Outros, se mostraram entusiasmados com a perspectiva de solução, assim como de mudança nos processos e métodos utilizados para melhorar a auditoria interna na busca por documentos, a entrega facilitada e otimizada das Notas Fiscais como também a segurança de proteção dos documentos. 

Por isso, sugere-se que a empresa adote as ferramentas de digitalização de documentos e nuvem propostas nesse trabalho, como também realize investimentos em sistemas de gestão documental e aparelhos tecnológicos, para auxiliar no processo de recebimento e entrega, bem como no arquivamento de documentos 100% digital. Além disso, conscientizar os trabalhadores a verificar a necessidade de impressão dos documentos, realizar a digitalização e a utilizar as ferramentas disponíveis para tornar mais produtivo o fluxo de trabalho da organização como todo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados da pesquisa, nota-se que um descontrole do uso de papel na organização, a falta de ferramentas de Digitalização de Documentos e  a deficiência de sistemas de apoio e arquivamento digitais pode gerar grandes custos, assim como a perca de agilidade e atraso nos processos da empresa.  

Portanto, uma mudança na gestão do uso de papel na empresa resultará em grandes benefícios como mais eficiência e eficácia nos processos, aumento da produtividade, a diminuição dos gastos significativos com papel, como também a própria marca aumentará seu reconhecimento pela inovação tecnológica implantada e melhora nos resultados, ainda avançará mais um passo rumo à Sustentabilidade Corporativa, visto que esse é um dos valores da empresa estudada.

Nesse sentido, é importante uma conscientização em toda a organização sobre essas políticas e ferramentas socioambientais, a qual resultará em uma mudança na cultura dentro da empresa sobre as práticas ambientais e de busca pela inovação nos processos. Porém, se já houver uma mudança no setor de estudo, mediante os problemas e soluções apresentadas, já será um avanço e contribuirá com a continuidade dessas inovações na gestão da empresa trazendo resultados de melhoria significativos gradativamente.

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¹Graduanda de Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Fametro. E-mail: claudia_decares@hotmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0002-5307-8816
²Graduanda de Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Fametro. E-mail: Janainaf019@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0007-4633-4654
³Graduando de Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Fametro. E-mail: pa.nascimento096@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0009-6689-9403
⁴Graduando de Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Fametro. E-mail: riquelmefernandes608@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0006-6692-331X
⁵Graduanda de Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Fametro. E-mail: tuthuannypr@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0006-9235-4421
⁶Orientadora: Professora do Centro Universitário Fametro e Mestre em Engenharia de Produção. E-mail: lucianadovalle@hotmail.com. ORCID: https://orcid.org/0009-0008-3525-8278