SUPLEMENTAÇÃO DE CREATINA PARA PREVENÇÃO DE LESÕES MUSCULARES

CREATINE SUPPLEMENTATION FOR MUSCLE INJURY PREVENTION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10018648


Adrinne Valente Archanjo1
Matheus Soares Ferreira2
Maurício Rafael Novaes de Araújo3
Ronildo Oliveira Figueiredo4


RESUMO

O uso de suplementos alimentares nos últimos anos têm crescido demasiadamente para atender as necessidades da sociedade, tanto no que diz respeito a padrões estéticos, como também para melhorias relacionadas ao desempenho físico. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi verificar a eficácia da suplementação de creatina na prevenção de lesões, em indivíduos envolvidos em atividades físicas e esportivas. Para realização da pesquisa, a metodologia selecionada foi à revisão de literatura, os dados foram coletados por meio de revisões distribuídas em livros, artigos científicos, trabalhos de conclusão de curso e teses. Os resultados revelaram que a creatina demonstra uma variedade de benefícios que podem contribuir para a prevenção de lesões. Estes incluem o aumento da força e potência muscular, a melhora da recuperação pós-exercício, a redução da dor muscular, a promoção da hidratação celular e da termorregulação, bem como a redução da inflamação, além disso a creatina também oferece uma maior tolerância a cargas de treino pesadas, diminuindo a percepção de esforço e fadiga, de modo que esses efeitos apresentam impactos diretos no que diz respeito à prevenção de lesões musculares.

Palavras-chaves: Creatina. Lesões Musculares. Suplementos. Prevenção. Nutrição. 

ABSTRACT

The use of dietary supplements in recent years has grown dramatically to meet society’s needs, both in terms of aesthetic standards and improvements in physical performance. The aim of this study was to verify the effectiveness of creatine supplementation in preventing injuries in individuals involved in physical and sporting activities. In order to carry out the research, the methodology selected was a literature review. Data was collected through reviews distributed in books, scientific articles, course completion papers and theses. The results showed that creatine has a variety of benefits that can contribute to injury prevention. These include increasing muscle strength and power, improving post-exercise recovery, reducing muscle soreness, promoting cellular hydration and thermoregulation, as well as reducing inflammation. Creatine also offers greater tolerance to heavy training loads, reducing the perception of effort and fatigue, so these effects have a direct impact on muscle injury prevention.

Keywords: Creatine. Muscle injuries. Supplements. Prevention. Nutrition.

1 INTRODUÇÃO 

Atualmente, existe uma crescente demanda pela utilização de suplementos nutricionais. Além disso, há uma considerável preocupação com fatores estéticos ligados à prática de atividade física, especialmente no contexto da musculação. Além disso, é percebido que esses suplementos podem contribuir para a realização das metas desses indivíduos, que geralmente englobam o desenvolvimento de massa muscular, melhoria do desempenho físico e redução de gordura corporal (MATOS, 2020).

Ante ao exposto, não se pode negar o impacto considerável da mídia na crescente aceitação dos suplementos nutricionais, resultando na influência sobre as pessoas para aderirem ao seu uso. Esses produtos, de fato, podem desempenhar um papel na busca pelos ideais de corpo, que são muitas vezes estereotipados pela sociedade (AVELINO e FERREIRA, 2022).

Concomitante a isso, os suplementos alimentares são categorizados como substâncias desenvolvidas para suplementar a ingestão alimentar. Em outras palavras, têm a capacidade de restabelecer nutrientes ou vitaminas que possam estar em deficiência/escassez no organismo das pessoas (MATOS, 2020).

Alguns suplementos alimentares contribuem para reduzir a exaustão dos músculos decorrente do treinamento frequente de musculação. São compostos por proteínas, lipídios, carboidratos, aminoácidos, minerais e vitaminas. Podem ser prescritos por nutricionistas, especialistas que possuem competência técnica para orientar o uso apropriado desses produtos (SANTOS, MARTINS e FERREIRA, 2021).

Um dos suplementos mais amplamente utilizados na atualidade é a creatina, um suplemento do tipo ergogênico que demonstra a capacidade de aumentar a concentração de creatina nas fibras musculares (PIZO et al., 2023). Isso proporciona um desempenho aprimorado durante os treinos, resultando em uma maior adaptabilidade às variações nos programas de treinamento (RAMALHO et al., 2023).

Além disso, a creatina é reconhecida por seu papel na otimização da recuperação muscular após a prática de atividades físicas (FERREIRA et al., 2020). Nesse sentido, ela minimiza as chances de ocorrência de lesões, regula a temperatura corporal, aumenta a força e promove o crescimento das proteínas musculares, contribuindo assim para o processo de hipertrofia muscular (BRANDÃO et al., 2021).

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é verificar a eficácia da suplementação de creatina na prevenção de lesões musculares, em indivíduos envolvidos em atividades físicas e esportivas. Posto isso, a pesquisa caracteriza-se como sendo de grande relevância, haja vista que irá subsidiar informações consideravelmente relevantes a respeito do uso de suplementos alimentares, em especial a creatina, corroborando para que a sociedade tenha um maior entendimento a respeito do uso dessa substância. Além disso, o presente trabalho demonstra relevância para a comunidade acadêmica de nutrição, fornecendo insights para a prática profissional destes.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura com o intuito de investigar como o fenômeno acontece, através do qual foi possível obter conhecimento necessário acerca de suas causas e efeitos, além de atribuir importantes conclusões. A revisão de literatura procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações e teses. Desta forma, este método objetiva-se em fundamentar e responder os assuntos aqui propostos.

Dessa forma, após estabelecido o tema da pesquisa, problematizou-se a temática em questão, e concomitante a isso, foram delimitados os objetivos da pesquisa, sendo realizada uma revisão na literatura, buscando entender quais os principais aspectos relacionados aos impactos da creatina na prevenção de possíveis lesões durante a prática de exercícios físicos.

A revisão foi conduzida de acordo com os seguintes passos: primeiro, identificou-se a questão central da pesquisa. Em seguida, realizou-se uma busca por estudos relevantes sobre o tema em questão. Posteriormente, efetuou-se a seleção dos estudos a serem incluídos na análise, seguida pelo mapeamento dos dados contidos nos estudos examinados. Por fim, procedeu-se à descrição dos resultados obtidos (TRICCO et al., 2018). 

A busca foi realizada nos seguintes bancos de dados e bibliotecas: Scientific Electronic Library Online (SciELo), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Google Acadêmico. Utilizou-se os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Creatina, lesões musculares, suplementos, prevenção, nutrição. Todos os descritores foram cruzados utilizando os operadores booleanos “and”.

Para a escolha dos estudos, foram aplicados critérios rigorosos de seleção. Inicialmente, uma avaliação minuciosa dos títulos e resumos das publicações foi realizada. Somente após confirmar a pertinência do estudo em relação à suplementação da creatina e seus efeitos na prevenção de lesões foi feita uma análise completa do texto.

Os critérios de inclusão foram: estudos publicados no período de 2018 a 2023, no idioma português ou inglês, disponíveis na na íntegra. Os critérios de exclusão foram: artigos que não estivessem em consonância com a temática, repetidos e incompletos. Para análise dos resultados, utilizou-se a síntese de cada estudo incluído na revisão, bem como comparações entre as pesquisas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 O uso de suplementos alimentares em práticas esportivas 

Nos últimos anos, tem sido notório o quanto a prática de atividades esportivas tem sido demasiadamente influenciada nos mais variados âmbitos, levando em consideração todos os impactos positivos que uma vida ativa pode proporcionar ao indivíduo (CAVALCANTE e MATOS, 2022).

Neste contexto, torna-se então perceptível que a busca por suplementos alimentares também apresentou crescimento exponencial em função do aumento de práticas esportivas. Fato este intrinsecamente relacionado aos inúmeros benefícios que os suplementos podem propiciar, sobretudo, no contexto esportivo (NEVES et al., 2017).

Pesquisas apontam que os suplementos alimentares podem ser utilizados de maneira estratégica, partindo do pressuposto que eles propiciam um alcance mais eficaz dos objetivos dos sujeitos, além disso, corroboram demasiadamente tanto para uma melhor desenvoltura corporal como também para uma melhor performance durante a prática dessas atividades (OLIVEIRA, ALMEIDA e AMÂNCIO, 2021).

Infere-se que a prática contínua e a longo prazo de atividades físicas demandam uma maior energia, dessa forma, os suplementos alimentares emergem como um contexto favorável e viável no que tange a propiciar um melhor desenvolvimento individual. Isto porque essas substâncias repõem nutrientes do corpo do indivíduo e, além disso, complementam ainda a alimentação, de tal forma que, possibilitam uma melhor desenvoltura na execução das atividades (RAMALHO et al., 2023).

Ante ao exposto, denota-se então que, os suplementos alimentares constituem-se por lipídios, carboidratos, proteínas, minerais, vitaminas, aminoácidos, entre outras coisas, dessa maneira, a pesquisa de Neves e colaboradores (2017), demonstra que essas substâncias apresentam a elevada capacidade de reduzir demasiadamente a fadiga durante exercícios esportivos pelos indivíduos que a consomem.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabeleceu uma definição na Resolução da Diretoria Colegiada nº 243 na qual define os suplementos alimentares como substâncias que se apresentam na forma de produtos farmacêuticos, podendo ser encontradas de forma isolada ou em combinação, e têm a finalidade de complementar a dieta, contendo nutrientes, probióticos, enzimas, substâncias ativas, proteínas, entre outros componentes (ANVISA, 2018).

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) apresentou uma outra definição relativa aos suplementos alimentares, descrevendo-os como produtos complementares à nutrição, que contém aminoácidos, lipídeos, minerais, vitaminas, fibras, ácidos graxos e outros componentes nutricionais, podendo ser encontrados de forma isolada ou combinada (CFN, 2020).

Outros benefícios associados ao uso de suplementos alimentares incluem o aumento da massa muscular, a redução da gordura corporal, o incremento notável da resistência física, a melhora do desempenho físico e corporal, bem como a facilitação na recuperação muscular (FERREIRA et al., 2020).

Suplementos alimentares podem ser prescritos por profissionais nutricionistas, que possuem conhecimento técnico e habilidades necessárias para orientar e recomendar o uso adequado desses produtos. Eles são capazes de avaliar as necessidades nutricionais individuais e determinar se um suplemento é necessário e qual a dosagem adequada para atender às necessidades específicas de um indivíduo (RAMALHO et al., 2023).

Além disso, os nutricionistas podem monitorar e ajustar as prescrições de suplementos com base nas mudanças nas condições de saúde e nos objetivos nutricionais de seus pacientes. Isso garante que o uso de suplementos seja seguro e eficaz, evitando possíveis riscos à saúde, potencializando então todos os seus efeitos benéficos (MATOS, 2020).

Relacionado a este ponto, é fundamental destacar que os nutricionistas devem avaliar qual suplemento é mais apropriado e, nesse contexto, também recomendar a dosagem adequada e o momento certo para a ingestão, tudo de maneira personalizada para cada indivíduo. Essas orientações só devem ser feitas após uma análise minuciosa das informações sobre as pessoas que irão utilizar o suplemento alimentar (SANTOS, MARTINS e FERREIRA, 2021).

Concomitante a isso, fica então denotado o quão importantes são os suplementos alimentares quando correlacionados a prática esportiva, dessa maneira, torna-se então cada vez mais imprescindível, que o âmbito da nutrição esportiva esteja consciente a respeito dos impactos dessas substâncias e como pode ser feito seu uso de maneira eficiente (AVELINO e FERREIRA, 2022).

3.2 Efeitos da creatina, no organismo

O primeiro ponto a ser delineado é que a creatina já é produzida pelo próprio organismo humano, no entanto, notoriamente, ela pode ser ingerida por meio de substâncias para a intensificação dos efeitos que ela pode proporcionar ao corpo. De maneira geral, um dos principais mecanismos da creatina é, sem dúvidas, trazer melhorias significativas no que concerne a adaptação do corpo ao treino a que está submetido (CAMPOS; CÓRDOVA; MAYNARD, 2023).

Dessa maneira, ela utiliza de alguns fatores que são cruciais para suas ações, incluindo a uma maior concentração de água nas células, o que pode favorecer a um aumento, de forma temporária, no tamanho das células musculares, de modo que se tem a impressão e aparência de maior volume e, além disso, corrobora demasiadamente para o aumento da força durante a execução dos exercícios (ATAÍDES; NETO FILHO, 2022).

Através da creatina, é possível de notar ainda que, há um crescimento notório do Fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1), essa é uma proteína que o fígado produz e assume papel de relevância indescritível no que tange a permitir um maior crescimento celular e, além disso, melhora a recuperação do músculo de maneira bastante significativa (SOUZA; SILVA, 2022).

Não obstante, a literatura tem demonstrado que a creatina tem se mostrado bastante enfática no que concerne a ativar genes e, além disso, na síntese de outras proteínas, de tal forma que, isto apresenta efeitos diretos tanto no aumento da força como também permite que o sujeito melhor se adapte a atividades de maior intensidade (CAMPOS; CÓRDOVA; MAYNARD, 2023).

Quando a creatina é absorvida pelas células musculares, ela é convertida em fosfocreatina e armazenada como uma reserva de energia. Isso ocorre especialmente nos músculos esqueléticos. Dessa forma, quando ocorre uma demanda repentina por energia, a fosfocreatina é rapidamente quebrada para fornecer um grupo fosfato a uma molécula de adenosina trifosfato (ATP). O ATP é a forma de energia utilizada pelas células para realizar trabalho (SALES, 2019).

O ATP perde um grupo fosfato durante a contração muscular para liberar energia, transformando-se em adenosina difosfato (ADP). A fosfocreatina doa seu grupo fosfato ao ADP, convertendo-o de volta em ATP. Isso é uma reação reversível e ocorre rapidamente (SOUZA; SILVA, 2022).

A capacidade de regenerar ATP rapidamente a partir da fosfocreatina permite ao praticante de atividades físicas mais intensas, como é o caso da musculação manter um suprimento constante de energia durante atividades de alta intensidade e curta duração, como levantamento de peso, sprints e exercícios de alta intensidade. Isso ajuda a prolongar o tempo de resistência durante o treinamento e pode levar a melhorias significativas no desempenho do indivíduo, favorecendo assim melhores resultados (CAMPOS; CÓRDOVA; MAYNARD, 2023).

É possível inferir que, a creatina apresenta efeitos diretos no organismos humano, um deles é a elevada capacidade de regeneração do ATP, sendo este ponto crucial, já que esta é a principal fonte de energia que as células apresentam, sendo assim, isso favorece uma melhor desenvoltura dos indivíduos durante a execução de determinados exercícios (ATAÍDES; NETO FILHO, 2022).

Não restringindo-se somente a isso, é possível ressaltar ainda que, a capacidade de sintetizar proteínas a longo prazo por intermédio da creatina fato esse que é imprescindível para o organismo, uma vez que as proteínas são essencialmente importantes, já que têm a função intrínseca de trazer melhorias a imunidade, fortalece os músculos e, não restringindo-se somente a isso, pode ser bastante enfática no ganho de massa magra (RAMALHO et al., 2023).

Neste viés, a creatina também se destaca por reduzir em níveis consideráveis a fadiga, isso ocorre por uma série de fatores, mas, sem dúvidas, o aumento da ressíntese de ATP, melhorias correlacionadas a síntese de água intracelular e a minimização da acidez muscular, são alguns dos principais pontos que reduzem a fadiga, oferecendo maior energia, disposição e melhor desempenho (MATOS, 2020).

A recuperação acelerada também é outro efeito extremamente pertinente quando se discute a respeito da creatina, partindo do pressuposto que, o exercícios de maior intensidade podem gerar o estresse oxidativo, que ocorre quando são produzidos radicais livres e, concomitante a isso, as células musculares passam pelo processo de estresse oxidativo, emergindo dessa forma não somente a inflamação, mas também a danos musculares (ATAÍDES; NETO FILHO, 2022).

Correlacionado a isso, a creatina emerge então como um contexto fundamental nesse cenário, pois através dela pode-se denotar algumas propriedades antioxidantes, de tal modo que, ela ajuda de maneira diretamente proporcional na neutralização dos radicais livres, reduzindo significativamente o estresse oxidativo  das células, e, dessa forma, há também a diminuição da inflamação relacionada a esse processo e, posteriormente ao dano muscular (AVELINO e FERREIRA, 2022).

Além desses efeitos supracitados anteriormente, é perceptível ainda que a creatina pode ajudar de maneira notória a reparação e, principalmente a recuperação de determinadas fibras musculares que foram de alguma maneira atingidas durante a prática de determinados exercícios. Devido a elevada capacidade da creatina de regenerar o ATP, ela pode intervir de maneira rápida e eficaz na reparação desses danos (BRITO, 2020).

Vale inferir que os efeitos da creatina não restringem-se somente ao corpo físico, mas também interferem em fatores mentais. Ante ao exposto, a literatura aponta que essa substância age como um neuroprotetor, isso implica dizer que, ela emerge como sendo antioxidante e, consomitante a isso, podem então ser denotadas melhoras na capacidade cerebral dos sujeitos (SANTOS, MARTINS e FERREIRA, 2021).

De modo geral, fica então delineado que, de fato, um dos principais efeitos da creatina no organismo humano está intimamente relacionado ao metabolismo energético. Ou seja, caso haja uma escassez no corpo dessa proteína, notoriamente, haveria uma limitação perceptível do desempenho físico do indivíduo (BRITO, 2020).

Vale ressaltar ainda que, entre os efeitos mais discutidos, está a hipertrofia muscular, estudos demonstram que, a creatina pode favorecer, inegavelmente, o aumento da massa muscular no corpo humano. Sobretudo, porque há um estímulo por parte da creatina nas células musculares, proporcionando assim um aumento relacionado à síntese proteica e também a retenção da água no interior das células, fatores esses imprescindíveis para a composição corporal (CAMPOS; CÓRDOVA; MAYNARD, 2023).

É ainda pertinente destacar que, a creatina apresenta mínimos efeitos colaterais, autores têm apontado que esse suplemento alimentar é bastante seguro quando ingerido de maneira adequada e sob orientação de um profissional especializado, o acompanhamento com um nutricionista é indispensável para prevenir efeitos negativos e prováveis complicações posteriores. Ante ao exposto, é preciso ainda delinear que a creatina tem se mostrado favorável na prevenção de lesões em pessoas que praticam atividades físicas intensas, vale então debruçar-se a respeito do assunto (PIZOLATTO; BURIM; BOM, 2022).

3.3 Impactos da creatina na prevenção de lesões musculares em praticantes de atividade física

De maneira inegável, atividades de elevada intensidade exigem um maior esforço muscular e corporal, inerente a isso, pode ainda submeter os indivíduos praticantes a riscos intrínsecos de lesões musculares, neste sentido, o uso da creatina tem sido levado em consideração em determinadas pesquisas no que concerne à prevenção e recuperação de lesões musculares (AVELINO; FERREIRA, 2022).

Posto isso, discutir a respeito dos impactos que a creatina pode propiciar quando se refere a prevenção de lesões musculares torna-se importante, haja vista que a incidência de lesões em indivíduos que praticam a musculação têm crescido exponencialmente nos últimos anos (CARVALHO, 2023).

Estudos apontam que o uso de creatina pode ajudar a prevenir lesões musculares, especialmente em atividades de alta intensidade e repetitivas. Além disso, pesquisas relatam que a creatina pode ajudar a acelerar o processo de recuperação muscular após lesões. Isso ocorre porque a creatina pode estimular a síntese proteica e promover a regeneração das fibras musculares danificadas (BRITO, 2020).

Neste mesmo sentido, constata-se ainda que, conforme já citado anteriormente, a creatina apresenta elevado potencial neuroprotetor. Dessa maneira, essa substância pode então agir protegendo os neurônios e reduzindo a morte celular em casos de lesões traumáticas. Isso pode ser especialmente útil em lesões musculares associadas a danos nos nervos (TOMAZ; CRUZ, 2022).

Devido ao fato da creatina corroborar para o aumento da força, fica então visível que há também um aumento considerável da resistência do músculo quando submetidos a atividades de elevada intensidade, isso é um dos fatores primordiais para a prevenção de lesões, pois o aumento da força muscular é inversamente proporcional à sobrecarga dos músculos e aos riscos de lesões por fadiga, ou seja, quando mais o indivíduo tem força, notoriamente, menos exposto ao risco de lesão estará (CABRAL et al., 2022).

Diferentes formas de suplementação de creatina têm sido estudadas, como a creatina monoidratada e a creatina malato. Ambas as formas mostraram benefícios na prevenção de lesões musculares, porém o mais importante é utilizar a forma correta, seguindo recomendação médica ou nutricional (AVELINO; FERREIRA, 2022).

Novos estudos estão sendo realizados para investigar os mecanismos de ação da creatina e suas possíveis aplicações clínicas. É essencial que atletas e profissionais da saúde estejam atualizados sobre as melhores práticas na utilização da creatina como suplemento preventivo de lesões musculares.

A creatina pode desempenhar um papel na proteção das células nervosas. Relacionado a isso, infere-se dizer que, um sistema nervoso saudável é crucial para a coordenação muscular e a resposta a estímulos durante o exercício, o que pode ajudar a prevenir lesões causadas por desequilíbrios ou falta de controle motor (AVELINO; FERREIRA, 2022).

A creatina auxilia na regeneração de ATP, uma fonte de energia importante para os músculos. Isso significa que, ao repor as reservas de fosfocreatina e glicogênio muscular rapidamente, a creatina pode ajudar a manter a energia muscular durante atividades intensas, reduzindo a probabilidade de fadiga e, consequentemente, o risco de lesões relacionadas à fadiga muscular (CABRAL et al., 2022).

Pode-se delinear ainda que, essa substância tem sido enfática em reduzir a percepção de esforço e fadiga pode permitir que os atletas realizem treinos mais intensos e prolongados com menos desconforto. Isso pode ajudar a evitar a exaustão que, muitas vezes, está associada a erros técnicos e ao aumento do risco de lesões (CAMPOS; CÓRDOVA; MAYNARD, 2023).

Manter uma temperatura corporal adequada e estar bem hidratado é fundamental para evitar lesões musculares, como cãibras e distensões. A creatina pode influenciar positivamente a termorregulação e a hidratação celular, contribuindo indiretamente para a prevenção de lesões relacionadas a esses fatores (KREIT; STOUT, 2021).

Além disso, a literatura aponta ainda que a creatina pode ajudar a reduzir a inflamação, que é uma resposta comum ao exercício intenso. A inflamação crônica pode aumentar o risco de lesões musculares e articulares. Concomitante a isso, a capacidade da creatina de reduzir a inflamação pode ser benéfica na prevenção de lesões (WU et al., 2022).

Em conjunto, esses mecanismos sugerem que a suplementação com creatina pode ter um impacto positivo na prevenção de lesões, tornando o corpo mais resistente ao estresse físico, promovendo uma recuperação mais rápida e reduzindo a inflamação. No entanto, é importante observar que a eficácia da creatina na prevenção de lesões pode variar de pessoa para pessoa e depende de vários fatores, incluindo a dosagem, a duração da suplementação e o tipo de atividade física praticada (HARMON et al., 2021).

4 CONCLUSÕES

Sem dúvidas, a demanda pelo uso de suplementos alimentares têm crescido de maneira desordenada, conforme constatado nos resultados do presente trabalho. No geral, o uso dessas substâncias estão intimamente relacionados à busca por uma melhor performance física e também por questões estéticas.

De fato, os suplementos alimentares apresentam impactos diretos no que tange a permitir que os indivíduos que praticam atividades físicas obtenham resultados mais satisfatórios em um menor espaço de tempo, mas, apesar disso, é essencial o acompanhamento com um profissional que possa orientar todo o uso de maneira adequada, com base nas necessidades de cada indivíduos.

Entre os suplementos alimentares, um dos mais enfáticos é a creatina, onde foi possível constatar que, esse suplemento tem emergido como sendo imprescindível para pessoas que praticam atividades de elevada intensidade, propiciando uma série de benefícios que abrangem desde a esfera física, até mesmo a mental e a redução de lesões musculares.

Através do desenvolvimento da pesquisa foi denotado que, a creatina apresenta efeitos diretos no aumento da força e resistência, esses benefícios agem de maneira enfática na prevenção de lesões musculares, já que tendem a suportar as demandas do exercício executado, reduzindo assim a probabilidade de sobrecarga e lesões associadas.

Os resultados obtidos nesta pesquisa indicam que a suplementação de creatina pode ser extremamente favorável na prevenção de lesões musculares, devido a capacidade de manter as células hidratadas, maior habilidade de regeneração e devido aos seus fatores antioxidantes. 

Há ainda lacunas na literatura científica que requerem pesquisa adicional. Estudos de longo prazo e ensaios clínicos mais abrangentes são necessários para fornecer diretrizes mais específicas sobre o uso da creatina na prevenção de lesões musculares em diferentes populações e contextos esportivos.

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1Acadêmica de Nutrição – Universidade Nilton Lins
Manaus, Amazonas, Brasil
2Acadêmico de Nutrição – Universidade Nilton Lins
Manaus, Amazonas, Brasil
3Docente do curso de Nutrição – Universidade Nilton Lins
Manaus, Amazonas, Brasil
4Docente do curso de Nutrição – Universidade Nilton Lins
Manaus, Amazonas, Brasil