SUPERANDO BARREIRAS: INCLUSÃO ESCOLAR E DÉFICIT DE APRENDIZAGEM

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12774653


Sílvia Helena Ferreira P. Zen Gorayeb1
Fabiana Helena Zen Gorayeb2


RESUMO: A inclusão escolar é um conceito fundamental na educação contemporânea, que busca assegurar que todos os alunos, independentemente de suas habilidades, deficiências ou outras condições, tenham acesso a uma educação de qualidade em um ambiente comum. Este conceito é baseado em princípios de igualdade, respeito à diversidade e direitos humanos.  É um compromisso com a equidade e a justiça social, exigindo esforços coordenados entre professores, administradores escolares, pais, alunos e a comunidade em geral. Ao promover a inclusão, a escola não apenas cumpre seu papel educativo, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

PALAVRAS-CHAVE: Déficit de Aprendizagem; Inclusão Escolar, Metodologias.

Introdução   

                  A inclusão escolar é essencial para criar uma sociedade mais equitativa e justa, onde todos os indivíduos têm oportunidades iguais de aprender, crescer e participar plenamente. A realização deste artigo teve por motivação discorrer sobre a importância da inclusão escolar de alunos com diferentes deficiências de aprendizagem.  Os ambientes de aprendizado, por sua própria natureza, devem ser compartilhados, excluindo-se deles qualquer tipo de discriminação que possa colocar o aluno à margem do processo de aprendizagem, e porque não dizer também de ensino, já que a inclusão em muito contribui para ensinar a todos o exercício diário da cooperação, desenvolvendo na escola um processo de ensino-aprendizagem participativo, que reconheça valor nas diferenças. 

                  Hoje, encontram-se nas escolas muitos docentes sem o devido preparo para essa nova realidade presente nas salas de aula. A falta de preparo dos docentes para a inclusão escolar é um desafio significativo que pode comprometer a eficácia das práticas inclusivas e o desenvolvimento de um ambiente educacional equitativo. Eles precisam de novos referenciais teóricos e metodológicos para continuar a desenvolverem sua atividade didática em salas que apresentavam alunos com déficit de aprendizagem. 

Muitos professores não possuem o conhecimento necessário sobre estratégias pedagógicas inclusivas, como o ensino diferenciado, o uso de tecnologias assistivas e a adaptação curricular. A formação inicial dos professores frequentemente não inclui treinamento adequado em educação inclusiva. Além disso, há uma escassez de oportunidades de formação continuada para atualizar e expandir suas habilidades. Outro desafio é a resistência à mudança, alguns professores podem resistir à inclusão devido a preconceitos, falta de compreensão sobre os benefícios da inclusão ou receio de não conseguir lidar com a diversidade na sala de aula. A sobrecarga de trabalho também pode ser mencionada, a inclusão escolar pode aumentar a carga de trabalho dos professores, que já enfrentam desafios como turmas grandes, falta de recursos e demandas administrativas.

Ouvindo os professores entrevistados foi possível entender que o déficit de aprendizagem não é algo raro nas salas de aula e, vem crescendo nos últimos anos, o que legitima a busca por metodologias diferenciadas e alternativas, ou seja, uma didática docente que se apoie em questões sociais e convívio com grupos, a fim de socializar esses alunos, que na maioria das vezes acabam sendo excluídos ou mesmo se excluem, dificultando ainda mais sua participação no processo de ensino-aprendizagem.                          

                  Assim, o presente estudo baseia-se, primeiramente na observação dos fatos descritos, buscando o devido embasamento teórico em autores que dissertam sobre o assunto e, na sequência,  intenciona oferecer metodologias de ensino que possam contribuir para amenizar essas diferenças, tendo por base a ética e a cidadania,  orientando o aprendizado  e a valorização da solidariedade no  processo de aprender e ensinar,  principalmente  contemplando o direito de  cada um, de ser como é, ou seja, o respeito a todas as diferenças.

Objetivo Geral

Compreender as barreiras educacionais através de uma análise dos desafios enfrentados por alunos com déficit de aprendizagem no contexto educacional, identificando as barreiras que impedem sua plena participação e desenvolvimento.

 Objetivos Específicos

  •  Investigar diferentes abordagens e estratégias de intervenção que podem ser implementadas para apoiar alunos com déficit de aprendizagem, melhorando seu desempenho acadêmico e promovendo seu bem-estar emocional e social;
  •  Identificar as dificuldades do professor com a inclusão escolar; 
  • Proporcionar recomendações práticas para educadores, gestores escolares, formuladores de políticas e outros interessados ​​em como melhorar a educação inclusiva para alunos com déficit de aprendizagem, visando garantir sua participação efetiva e sucesso acadêmico.

1.Metodologia

                 O presente estudo se apoiou em pesquisa bibliográfica de artigos sobre o déficit de aprendizagem dos alunos e seu processo de inclusão escolar, como também em entrevistas com docentes do ensino técnico, buscando uma atualização sobre o tema e intencionando sugerir novas metodologias para o problema formulado, evidenciando sua relevância social.  Mediante uma revisão bibliográfica sobre o tema foram consultadas várias literaturas relativas ao assunto em estudo, uma vez que essa se constitui no referencial teórico, realizado por meio de um levantamento da bibliografia publicada em forma de livros, revistas, publicações avulsas impressas ou eletronicamente disponíveis, possibilitando assim um estudo fundamentado, auxiliando assim na análise e interpretação das informações obtidas.                

                  Foram realizadas entrevistas com docentes para que se pudesse avaliar as dificuldades presentes em sala de aula, com alunos que apresentam déficit de aprendizagem. Os autores desse estudo entrevistaram docentes de escolas técnicas. Os docentes foram entrevistados mediante uma abordagem com os seguintes questionamentos:

  • Qual o maior desafio enfrentado no dia a dia escolar?
  • Qual a maior dificuldade enfrentada durante as aulas quando existe(m) aluno(s) com déficit de aprendizagem?
  • O que você recomenda fazer e/ou já desenvolveu para amenizar tal dificuldade?

            Diante dos dados obtidos pela pesquisa bibliográfica e dos resultados coletados em entrevista com docentes, o presente estudo busca propor novas metodologias de ensino que intencionam colaborar com as dificuldades encontradas, facilitando o processo de inclusão escolar desses alunos, como também os motivando a participarem de atividades conjuntas que envolvam o saber técnico e sua socialização.

2. Referencial Teórico

2.1 Processo ensino-aprendizagem e a inclusão escolar

      A teoria sobre o processo de ensino-aprendizagem e a inclusão escolar envolve várias abordagens e conceitos interdisciplinares que buscam explicar como os alunos aprendem e como o ambiente escolar pode ser estruturado para acomodar a diversidade de estudantes, incluindo aqueles com necessidades educacionais especiais. Aqui estão algumas das principais teorias e conceitos relacionados a esses temas:

Teorias do Processo de Ensino-Aprendizagem

  1. Behaviorismo: Proposto por B.F. Skinner, esta teoria sugere que o aprendizado é um processo de mudança de comportamento através de reforços positivos e negativos. A aprendizagem ocorre quando as respostas corretas são reforçadas.
  2. Construtivismo: Jean Piaget e Lev Vygotsky são dois dos principais teóricos dessa abordagem. Piaget enfatiza que o aprendizado é um processo ativo onde as crianças constroem novos conhecimentos a partir das suas experiências. Vygotsky, por outro lado, introduziu o conceito de zona de desenvolvimento proximal, destacando a importância da interação social e do aprendizado mediado.
  3. Cognitivismo: Esta teoria foca nos processos mentais envolvidos no aprendizado, como memória, percepção, e resolução de problemas. Jerome Bruner e David Ausubel são figuras chave, com ênfase na organização do conhecimento e no aprendizado significativo.
  4. Teoria da Aprendizagem Social: Albert Bandura propôs que o aprendizado ocorra através da observação e imitação de modelos. Ele introduziu o conceito de autoeficácia, que é a crença na capacidade de realizar tarefas.

Cada pessoa é única e especial e, em um ambiente escolar é possível perceber esse fato, ou seja, que diversidades existem, mas todos têm direitos e deveres, inclusive quanto à educação.  A inclusão significa abranger, envolver e inserir. Portanto, a inclusão escolar é relevante, atual e versa sobre o sentido de abranger e envolver todos os alunos, independentemente de suas necessidades ou dificuldades, pois são todos iguais.

A inclusão escolar refere-se à prática de educar todos os alunos, incluindo aqueles com deficiências ou outras necessidades especiais, em ambientes educacionais regulares. Alguns conceitos e abordagens importantes incluem:

  1. Educação Inclusiva: Um movimento que visa garantir que todos os alunos, independentemente de suas habilidades ou deficiências, tenham acesso à educação de qualidade na mesma sala de aula. Isso envolve a adaptação do currículo, das metodologias de ensino e dos recursos para atender às necessidades individuais.
  2. Design Universal para a Aprendizagem (DUA): Um framework que orienta o desenvolvimento de ambientes educacionais que são acessíveis e eficazes para todos os alunos. O DUA sugere múltiplos meios de representação, de ação e expressão, e de engajamento para acomodar a diversidade dos aprendizes.
  3. Modelos de Co-ensino: Práticas onde professores de educação regular e especial trabalham juntos na mesma sala de aula para fornecer instrução e suporte diferenciados.
  4. Planos Educacionais Individualizados (PEI): Documentos personalizados que detalham os objetivos educacionais, acomodações e serviços necessários para alunos com necessidades especiais. Eles são desenvolvidos por uma equipe que inclui professores, pais e outros profissionais.
  5. Intervenção Precoce: Programas e estratégias que visam identificar e atender as necessidades educacionais e de desenvolvimento das crianças desde cedo, a fim de proporcionar um melhor prognóstico educacional e social.

      A educação é um direito de todos e está expressa na Constituição Federal, que o considera um direito fundamental da pessoa humana, cabendo ao Estado o dever de implementação, conforme segue descrito o artigo 205 desse diploma legal.

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL, 1998)

      Nota-se que a inclusão escolar faz parte da educação como direito fundamental, uma vez que colabora para o processo de aprendizagem, sendo importante devido à necessidade cada vez maior de incluir e minimizar os preconceitos quanto aos alunos que apresentam algum tipo de deficiência. 

      Assim, quando a Constituição Federal garante a todos o direito à educação e ao acesso à escola, prescreve que toda escola deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade ou deficiência

      Muitos educadores buscam definir a inclusão, uma vez que afirmam ser uma etapa importante no sucesso do processo ensino-aprendizagem.

Inclusão é a restauração dos mais diferenciados componentes da educação, onde existem várias contestação e interferências.  Pessoas com necessidades especiais, de todo o mundo, travam uma luta à procura dos benefícios e lugar na sociedade. E está relacionada às pessoas que estão sem oportunidades junto à comunidade. (DELLANI, 2012)

      Práticas escolares que contemplem as mais diversas necessidades dos estudantes, inclusive eventuais necessidades especiais, devem ser regra no ensino regular e nas demais modalidades de ensino, como a educação profissional, não se justificando a manutenção de um ensino especial apartado.

      Na visão de Aranha (2002) a inclusão é a maneira pelo qual algumas pessoas com necessidades especiais devem ser inseridas e ajudadas a serem compreendidas por todo ambiente em que circulam. Nota-se assim, que as definições conduzem para o respeito aos direitos dessas pessoas em qualquer ambiente em que se encontrem, porém, a sociedade muitas vezes ignora esses direitos, impedindo que possam ser exercidos.

      A análise desse contexto escolar é importante para se entender a razão de tanta dificuldade e perplexidade diante da inclusão, especialmente quando o inserido é um aluno com alguma deficiência, seja ela física ou mental. Incluir é necessário, principalmente para melhorar as condições da escola, de modo que nela se possam formar gerações mais preparadas para viver a vida na sua plenitude, livremente e sem preconceitos.

2.2 O papel do professor frente à inclusão escolar

               O papel do professor na inclusão escolar é fundamental para garantir que todos os alunos, independentemente de suas habilidades ou necessidades especiais, tenham acesso a uma educação de qualidade em um ambiente acolhedor e inclusivo. O professor deve atuar como mediador, facilitador e adaptador do processo de ensino-aprendizagem. Aqui estão alguns dos principais aspectos desse papel:

1. Mediador do Conhecimento

O professor deve atuar como mediador do conhecimento, facilitando a construção do aprendizado de todos os alunos. Isso envolve:

  • Adaptação Curricular: Ajustar o currículo para que ele seja acessível e relevante para todos os alunos.
  • Ensino Diferenciado: Implementar estratégias de ensino que atendam às diversas formas de aprendizado, como a instrução direta, trabalho em grupo e uso de tecnologias assistivas.

2. Facilitador do Ambiente Inclusivo

Criar um ambiente de sala de aula que seja acolhedor e inclusivo é essencial. O professor deve:

  • Promover a Aceitação e Respeito: Encorajar atitudes de respeito e aceitação entre os alunos.
  • Desenvolver Relações Positivas: Estabelecer relações de confiança e apoio com todos os alunos.
  • Gerenciamento da Sala de Aula: Utilizar estratégias eficazes de gerenciamento de sala de aula que promovam a inclusão e o engajamento de todos.

3. Colaborador e Coordenador

O professor deve trabalhar em colaboração com outros profissionais da educação, pais e a comunidade para garantir o sucesso da inclusão escolar. Isso inclui:

  • Trabalho em Equipe: Colaborar com professores de educação especial, psicólogos, terapeutas e outros especialistas.
  • Comunicação com Pais e Cuidadores: Manter uma comunicação aberta e contínua com os pais e cuidadores, envolvendo-os no processo educacional.

4. Promotor da Aprendizagem Contínua

O professor deve estar comprometido com seu próprio desenvolvimento profissional contínuo para se manter atualizado sobre as melhores práticas de inclusão. Isso pode incluir:

  • Formação e Capacitação: Participar de cursos, workshops e outras oportunidades de formação contínua.
  • Reflexão sobre a Prática: Refletir regularmente sobre sua prática pedagógica e buscar formas de melhorá-la.

5. Implementador de Políticas Inclusivas

O professor deve estar ciente das políticas e legislações que promovem a inclusão escolar e trabalhar para implementá-las em sua prática diária. Isso envolve:

  • Conhecimento das Leis e Diretrizes: Estar informado sobre as leis e diretrizes que regem a educação inclusiva, como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI).
  • Defesa dos Direitos dos Alunos: Atuar como defensor dos direitos dos alunos com necessidades especiais, garantindo que eles recebam o apoio e os recursos necessários.

6. Avaliador e Ajustador de Práticas

O professor deve ser capaz de avaliar continuamente o progresso dos alunos e ajustar suas práticas pedagógicas conforme necessário. Isso inclui:

  • Avaliação Formativa: Utilizar avaliações formativas para monitorar o progresso dos alunos e adaptar a instrução.
  • Feedback Constante: Fornecer feedback constante e construtivo aos alunos para apoiar seu desenvolvimento.

2.3 A inclusão de alunos com déficit de aprendizagem

      Faz-se importante destacar que cada pessoa tem um ritmo de aprendizagem, sendo importante respeitar e identificar suas capacidades e limitações. A dificuldade de aprendizagem refere-se a um sintoma, barreira apresentada pelos alunos que pode ser cultural, cognitiva e emocional. Faz-se necessário um diagnóstico para identificar as causas, os motivos evitando consequências a longo prazo. 

A dificuldade de aprendizagem pode ser compreendida como uma forma peculiar e complexa de comportamentos que não se deve necessariamente a fatores orgânicos e que por isso são mais fáceis de serem removíveis”.  Esse déficit pode então estar associado à presença de situações negativas de interação social, caracterizando-se fundamentalmente pela presença de dificuldades no aprender maiores do que as naturalmente esperadas, gerando um aproveitamento pedagógico insuficiente e autoestima negativa. (CIASCA, 2003. p.27)

      Nesse sentido, cabe aqui entender que o déficit de aprendizagem normalmente está relacionado a fatores externos que acabam interferindo no processo do aprender do estudante, como a metodologia da escola e dos professores, a influência dos colegas e o uso contínuo de aparelhos eletrônicos.      

      Professores podem ser os mais importantes no processo de identificação e descoberta desses problemas, porém não possuem formação específica para fazer tais diagnósticos, que devem ser feitos por médicos, psicólogos e psicopedagogos. O papel do professor se restringe em observar o aluno e auxiliar o seu processo de aprendizagem, tornando as aulas mais motivadas e dinâmicas, não rotulando o aluno, mas dando-lhe a oportunidade de descobrir suas potencialidades

       Sassaki (2010) defende a ideia que deve haver modificações no meio físico, como no modo de pensar de todas as pessoas para assim cooperarem para uma visão inovada da sociedade. A inclusão é uma inovação que implica um esforço de modernização e de reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas, que precisam assumir que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam, em grande parte, do modo como o ensino é ministrado e de como a aprendizagem é concebida e avaliada.      

      Dessa forma, o processo de mudança da pedagogia tradicional com leituras, cópias, exercícios no caderno ou livro para uma pedagogia inclusiva, pouco a pouco transforma o docente em pesquisador de sua prática pedagógica, pois a nova dinâmica de ensino faz com que adquira habilidades para refletir sobre sua docência e aperfeiçoá-la continuamente. O docente aprende a reconhecer o valor e a importância do trabalho colaborativo e da troca de experiências com seus colegas professores, os quais podem contribuir de forma sistemática sobre novas formas de ensinar, de lidar com velhos problemas e de se desenvolver profissionalmente¨.

      Assim, é preciso estar atento ao perfil de cada aluno e buscar diversificar as formas de ensinar visando contemplar a todos.

3. Entrevista com Docentes 

                  A partir da evidência do problema proposto e da pesquisa bibliográfica, trazendo conceitos de autores que estudam o déficit de aprendizagem e o processo de inclusão, foi possível realizar a comparação desses dados com as entrevistas dos docentes do ensino técnico, os quais mediante os questionamentos formulados, assim responderam:

P1 ¨Quando na classe existe aluno com déficit de aprendizagem fica muito difícil envolvê-los no assunto da aula. Geralmente são muito dispersos e ao mesmo tempo ficam isolados na sala. Quando questionados parecem que estavam longe mentalmente. Parece que só conseguem se concentrar quando existe uma atividade com colegas que eles têm mais afinidade. ¨
P2 ¨Alunos com déficit de aprendizagem se apresentam muito alheios a tudo. Gostam de celular e não conseguem manter a atenção em nada. São impacientes e nervosos. Acabam por distanciar-se dos colegas. Confesso que é muito difícil ministrar aulas em salas que têm alunos com esse problema. Eles gostam de realizar atividades fora da sala de aula. ¨
P3 “A inclusão é muito importante para acabar com as diferenças, mas quando houve um aluno com déficit de atenção na turma eu não sabia como lidar com essa situação. Eu fui preparada para dar aula para jovens sem esse tipo de dificuldades e me sentiu perdida, pois em uma sala com 40 alunos é muito difícil dar atenção para cada um ¨
P4 ¨ Ö professor do ensino médio não tem a devida preparação para lidar com esses alunos, e isso acaba dificultando não só o aprendizado desses discentes, mas da turma toda, pois muitas vezes os alunos com necessidades especiais acabam sendo indisciplinados. Deveríamos ter cursos preparatórios, pois a educação deve ser inclusiva e não se basear apenas nos alunos considerados padrão. 
P5 “Está sendo mais comum trabalharmos com estes tipos de alunos e a dificuldade é enorme, eles não conseguem acompanhar a turma, sempre preciso criar alternativas, trabalho em grupo, perguntas diferenciadas do mesmo assunto e na maioria das vezes conversar pessoalmente para perceber e trabalhar exatamente a dificuldade do aluno”.
P6 ” às vezes não ser dizer se é déficit de aprendizagem ou rotina do uso de tecnologias e celular, pois quando faço atividades práticas, dinâmicas, o interesse aparece. É preciso verificar se realmente o aluno que tem esse tipo de problema e promover trabalhos específicos, envolvendo-o com a turma por meio de dinâmicas e atividades práticas. ¨
P7 ¨O aluno com déficit de aprendizagem é muito agitado, não consegue ficar quieto. Eles querem mexer em celular o tempo inteiro e tem um olhar bem distante. Se isolam, acredito que têm medo de não serem aceitos. Quando peço para se unirem em grupos eles relutam, mas depois aceitam e acabam ajudando o grupo na atividade. ¨
P8 ¨Esses alunos são muito dispersos. Confesso que fica difícil me relacionar com eles. Eles se distanciam dos demais alunos e estão sempre com celular. São agitados e nervosos. Às vezes acho que o nível de ansiedade é muito elevado. Já notei que gostam de atividades fora da sala de aula. ¨
P9: “É difícil ministrar aula para alunos com dificuldade de aprendizagem, tenho um aluno que apresenta dificuldades com cálculos. O aluno compreende o exercício e sabe resolvê-lo, visto que as perguntas que faço ele responde. A sua dificuldade está em passar o exercício para o caderno, pois têm dificuldade em transcrever o cálculo que resolveu mentalmente.”

                 Diante das informações obtidas através das entrevistas com os professores, percebe-se que a inclusão escolar é importante, atual e necessária para bem acolher e ensinar os alunos que apresentam algum déficit de aprendizagem. 

4. Resultados: Apresentação e Discussão

                  Através das pesquisas bibliográficas pudemos ter acesso ao conceito de inclusão e a importância desse processo no ambiente escolar com os alunos que apresentam déficit de aprendizagem.

      As entrevistas relataram uma realidade, na qual vem crescendo o número de alunos com esse tipo de deficiência, apurando-se uma necessidade imperiosa de capacitar os docentes para o tratamento com esses alunos de maneira a propiciar sua inclusão no ambiente escolar.

                 Alguns docentes relataram que a deficiência de aprendizagem e atenção está relacionada à necessidade ou ansiedade desses alunos se manterem conectados a aparelhos eletrônicos, principalmente à internet, em redes sociais. Muitos alunos que apresentam esse tipo de dificuldade não conseguem se concentrar e, no relato dos docentes preferem atividades fora da sala de aula, outros ainda apresentam dificuldades de relacionamento, mantendo-se afastados dos demais colegas de classe. Outros relatos dizem respeito a como esses alunos preferem aulas com dinâmicas interativas, uma vez que gostam de se movimentar.

                 Diante dos fatos, o presente estudo se propõe nesse momento a sugerir metodologias alternativas que possam auxiliar o docente frente às necessidades relatadas, uma vez que tais projetos visam propiciar uma maior inclusão escolar desses alunos e por consequência favorecer e motivar o aprendizado desses alunos.

O papel do professor na inclusão escolar é complexo e multifacetado, exigindo conhecimento pedagógico, sensibilidade, empatia e um compromisso contínuo com a formação e o desenvolvimento profissional. Com o apoio adequado e uma abordagem colaborativa, os professores podem criar ambientes de aprendizagem inclusivos que beneficiem todos os alunos, promovendo a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento pleno de cada indivíduo.

4.1 Apresentação de Sugestões: Metodologias Alternativas

                 Conforme as dificuldades relatadas pelos docentes entrevistados, sugere-se algumas metodologias alternativas, as quais objetivam envolve os alunos trabalhando juntos em pequenos grupos para alcançar objetivos comuns. Isso promove a interação social e permite que os alunos aprendam uns com os outros. A aplicação do ensino multissensorial utiliza múltiplos sentidos (visão, audição, tato etc.) para facilitar o aprendizado, especialmente útil para alunos com dificuldades de aprendizagem. O foco no desenvolvimento de competências específicas em vez de apenas transmitir conhecimentos teóricos. Avalia o que os alunos são capazes de fazer com o que aprenderam. E a gamificação envolve a utilização de elementos de jogos em atividades educacionais para tornar o aprendizado mais divertido e motivador.

Atividade:   Intervalos Integrativos
Desenvolvimento: A sala é dividida em grupo. Cada grupo terá seu dia para montar no pátio da escola, durante o intervalo, uma brincadeira que envolva uma atividade física, pode ser amarelinha ou corrida de saco etc., conforme a criatividade do grupo. Todas as brincadeiras precisam ter o momento em que os participantes responderão às perguntas formuladas pelo grupo e que envolvam o conhecimento das matérias do curso. Os ganhadores receberão pequenos brindes de participação
Atividade:   Videoaula
Desenvolvimento: A sala é dividida em grupo.  Faz-se um sorteio dos temas. Cada grupo prepara um vídeo com a explicação do tema.  O professor corrige e marca as datas para apresentação dos grupos. Depois disso os alunos podem disponibilizar esse vídeo sobre o tema no youtube,  
Atividade:   Projeto Social Educativo
Desenvolvimento: Os alunos são divididos em grupos e no dia agendado visitam a entidade beneficente em companhia do docente. Nessa visita eles observam todas as dificuldades da entidade. Cada grupo relata o que observou. Mediante isso cada grupo propõe soluções para os problemas observados. Essas soluções vão desde desenvolvimento de campanhas solidárias envolvendo toda a escola até consertos de equipamentos, trocas de torneiras, etc… Os alunos são orientados pelos docentes do curso a realizar os reparos que já conseguem executar.  
Atividade:    Gincana do Conhecimento – Quiz
Desenvolvimento: Os alunos são divididos em grupos. Cada grupo receberá trechos de obras literárias com pistas que ajudarão a encontrar envelopes escondidos com charadas de conteúdo interdisciplinar. Cada charada decifrada conduzirá ao próximo envelope com mais pistas. O grupo que completar o circuito primeiro recebe um prêmio e nota de participação.
Atividade:  Estímulos Visuais
Desenvolvimento: Disponibilizar material didático com estímulo visual, como gráficos, figuras, ilustrações etc., visando obter a atenção do aluno e incentivando atividades em grupo. Isso proporciona ao aluno sentar-se junto com os colegas que sejam mais próximos e pacientes para ajudá-lo durante as atividades, favorecendo o diálogo que o incentiva e motiva a participar da aula.

                  As atividades sugeridas buscam o desenvolvimento do aluno com base na aprendizagem colaborativa, que se define por meio de um conjunto de práticas envolvendo grupos de alunos, que trabalham juntos em atividades de aprendizagem. Essas atividades integram princípios cognitivos, comportamentais e construtivistas. Com esse conjunto de práticas, a aprendizagem cooperativa proporciona um forte estímulo para sua aplicação no processo de ensino em salas que contam com a presença de alunos com déficit de aprendizagem.

5. Considerações Finais

     O professor tem por objetivo proporcionar a aprendizagem aos alunos e para que isso aconteça, é preciso estar capacitado para proporcionar a inclusão escolar.  A influência dos professores sobre os alunos vai além dos conhecimentos e habilidades que são ensinadas, uma vez que no processo ensino-aprendizagem incidem valores, atitudes, hábitos e motivações simultaneamente. Para isso, o docente explora recursos e estratégias para melhorar o relacionamento e incentivar os alunos na busca do conhecimento. Nesse intento o papel do professor é o de facilitar o processo de aprendizagem, estimulando nas aulas, a busca de materiais e recursos diferenciados para melhorar a atenção, a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno.

                 A influência do professor no desenvolvimento acadêmico, na aprendizagem e na autoestima do aluno é percebida diante da nova realidade escolar, a qual se apresenta acelerada e em contínuo processo de mudança. 

                  As sugestões de metodologias estão pautadas em fundamentos da aprendizagem cooperativa, que essas práticas facilitam o manejo na sala de aula e integram os alunos de forma a propiciar maior respeito com as diferenças e ajuda mútua dos alunos durante as aulas. São práticas que favorecem a atenção dos alunos, permitindo maior disciplina e foco nos estudos.                

                  Assim, o professor como facilitador e mediador do conhecimento leva todos os alunos a participarem, e valendo-se de algumas estratégias de ensino, que acabam por mobilizar os alunos na construção e elaboração do conhecimento. Isso desperta uma valorização da atenção e afetividade na relação e um olhar mais atento sobre as dificuldades desses alunos com deficiência de aprendizagem, podendo ainda auxiliar na prevenção de muitos dos problemas de ensino.     

                 Diante da falta de atenção e da ansiedade que esses alunos apresentam em seu comportamento, a sugestão de metodologias alternativas para o processo de aprendizagem escolar é um caminho para aquele professor que ao buscar soluções para as dificuldades dos alunos, acaba por extrair delas algumas lições e até mensagens para a superação de suas próprias, enquanto docente de uma época que apresenta contínuas mudanças. 

                  Percebe-se que apesar das dificuldades relatadas, os professores, constantemente, buscam por metodologias alternativas que favoreçam a inclusão dos alunos com déficit de aprendizagem. Percebe-se também o amor, empenho e dedicação dos professores ao magistério, visando compreender e atender os alunos potencializando o seu desenvolvimento cognitivo.

                  Para tanto, os docentes necessitam de formação adequada, com metodologias diferenciadas para que ocorra a verdadeira inclusão desses alunos, tanto na vida escolar como na profissional, uma vez que o foco desse estudo é o ensino técnico.

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