SOCIEDADE DO EXCESSO: A INDÚSTRIA DO ENTRETENIMENTO E O CONSUMO DESENFREADO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202412171340


Alan Augusto Kasper; Angelo Tasca; Asta Conceição de Oliveira da Motta; Ayler Santos Schmitz; Carla Roberta Mattos Pires; Cristiane da Rosa Bittencourt; João Luiz Martins de Melo Filho; José Guilherme Paes; Lucas Pivetta; Lucian Marques Menezes; Maikel Munhoz Bisogno; Márcio Freitas Dutra;


RESUMO

A sociedade contemporânea caracteriza-se por um consumo exacerbado e um entretenimento desenfreado, elementos centrais no capitalismo atual. A expansão da indústria do entretenimento promove a criação e circulação de conteúdos que incentivam o consumo desenfreado, afetando comportamentos, valores e identidades individuais e coletivas. O entretenimento, que deveria funcionar como forma de lazer e cultura, se transforma em uma mercadoria voltada à venda constante de produtos e experiências. Dessa forma, as grandes corporações do setor mantêm uma relação simbiótica com o consumo, alimentando um ciclo de desejos e necessidades fabricados. As plataformas digitais, redes sociais e serviços de streaming reforçam essa dinâmica, oferecendo ao público acesso contínuo a um vasto conteúdo, condicionando-o a um consumo quase que ininterrupto. Esse fenômeno causa impactos sociais significativos, como a alienação, a perda da autonomia crítica e o enfraquecimento de laços comunitários e culturais. A busca constante por novidades gera uma insatisfação crônica, alimentada pela rapidez com que produtos e tendências são substituídos. Em um contexto onde o excesso é incentivado e a superficialidade é normatizada, o papel do entretenimento na sociedade capitalista suscita reflexões sobre o rumo da cultura, do consumo e do comportamento social em meio a essa lógica que prioriza o lucro em detrimento de valores mais duradouros.

Palavras-chave: Consumo. Entretenimento. Capitalismo. 

ABSTRACT

Contemporary society is characterized by excessive consumption and unrestrained entertainment, which are central to modern capitalism. The expansion of the entertainment industry promotes the creation and circulation of content that encourages relentless consumption, impacting behaviors, values, and individual and collective identities. Entertainment, which should function as a means of leisure and culture, has transformed into a commodity aimed at the continuous sale of products and experiences. In this way, large corporations in the sector maintain a symbiotic relationship with consumption, fueling a cycle of manufactured desires and needs. Digital platforms, social networks, and streaming services reinforce this dynamic by providing audiences with constant access to vast content, conditioning them to nearly uninterrupted consumption. This phenomenon has significant social impacts, such as alienation, the loss of critical autonomy, and the weakening of community and cultural bonds. The relentless search for novelty generates chronic dissatisfaction, fueled by the rapid replacement of products and trends. In a context where excess is encouraged and superficiality normalized, the role of entertainment in capitalist society raises reflections on the direction of culture, consumption, and social behavior within a framework that prioritizes profit over more enduring values.

Keywords: Consumption. Entertainment. Capitalism.

1 INTRODUÇÃO

A sociedade atual experimenta uma dinâmica de consumo e entretenimento sem precedentes, intensificada pelo sistema capitalista. A indústria do entretenimento ocupa uma posição central nesse cenário, promovendo um fluxo incessante de conteúdos e experiências que, em vez de atender a necessidades autênticas, visam a gerar demandas contínuas. Em um contexto de cultura digital, a busca por produtos e novidades tornou-se uma norma, alimentando o ciclo de desejo e obsolescência planejada. Essa tendência, por sua vez, molda comportamentos e valores.

Com o crescimento das plataformas digitais, a oferta de entretenimento tornouse praticamente ilimitada, o que estimula o público a consumir de maneira contínua e indiscriminada. Redes sociais, streaming e outros meios digitais atuam como catalisadores do consumo, fortalecendo a relação entre o entretenimento e a economia de mercado. Essa expansão do conteúdo de entretenimento leva à naturalização do consumo como parte integrante da rotina diária.

Além disso, a influência das grandes corporações de entretenimento vai além do lazer; ela impacta as formas de sociabilidade e as percepções culturais. No lugar de uma experiência enriquecedora e profunda, o entretenimento moderno frequentemente oferece produtos padronizados e efêmeros, o que acaba por reduzir o papel cultural desse setor na sociedade. O ciclo de novidades, ao ser constantemente renovado, promove a insatisfação, reforçando uma busca insaciável por consumo.

Esse fenômeno causa alienação e enfraquece a capacidade crítica da sociedade, pois o acesso ao entretenimento, ao invés de proporcionar reflexão, incentiva a distração. A crítica à cultura de consumo revela como a superficialidade e a padronização de valores são promovidas, dificultando o desenvolvimento de identidades sólidas. Em consequência, o capitalismo prioriza o lucro, afetando negativamente o equilíbrio cultural e social, muitas vezes ignorando questões sociais mais profundas.

Dessa forma, o impacto do consumo e do entretenimento capitalista na vida contemporânea demanda uma análise que transcenda os aspectos econômicos. É necessário considerar as consequências sociais, culturais e psicológicas desse modelo, refletindo sobre o papel da indústria do entretenimento e suas influências sobre a sociedade. Essa análise é essencial para entender como os valores e as práticas consumistas estão moldando a forma de viver e de se relacionar na sociedade atual.

2 DESENVOLVIMENTO

A cultura de consumo atual, impulsionada pela lógica capitalista, promove uma relação entre entretenimento e consumo que ultrapassa a função original de lazer e enriquecimento cultural. O entretenimento tornou-se uma mercadoria de fácil acesso, moldada para gerar lucro e estimular constantemente o desejo de consumo. A introdução de plataformas digitais, como redes sociais e serviços de streaming, intensificou essa realidade, oferecendo conteúdo sem limites e, ao mesmo tempo, condicionando o público a padrões de consumo incessantes. Esse sistema explora a fragilidade humana em relação ao desejo e à necessidade de se sentir parte de uma sociedade que valoriza o consumo como um critério de status e pertencimento. (BARBOSA,2016)

A obsolescência planejada desempenha um papel fundamental no capitalismo moderno, garantindo que produtos e tendências rapidamente se tornem ultrapassados. Esse fenômeno incentiva a busca constante por novos produtos e experiências, reforçando a insatisfação e a dependência de novas aquisições. Para as grandes corporações de entretenimento, esse modelo representa uma fonte constante de lucro e perpetuação de seu domínio sobre o mercado e sobre o comportamento dos consumidores. Assim, em vez de promover um entretenimento enriquecedor, essas empresas oferecem experiências superficiais e padronizadas, que acabam por fragmentar identidades culturais e comunitárias. (FERREIRA,2018)

O impacto social desse consumo desenfreado se manifesta em uma alienação crescente, que reduz a capacidade crítica e a autonomia das pessoas. A distração proporcionada pelo entretenimento digital torna-se uma espécie de fuga da realidade e limita a percepção crítica da sociedade em relação a problemas reais e significativos. Dessa forma, a cultura de consumo capitalista afasta o indivíduo de questões profundas e cria uma dependência de prazeres momentâneos e passageiros, dificultando a formação de valores sólidos e de uma consciência social mais ampla. Em um contexto onde o entretenimento é cada vez mais superficial, surgem reflexões sobre os efeitos de longo prazo que esse sistema pode provocar em uma sociedade que prioriza o efêmero em detrimento do duradouro. (GOULART,2014)

As redes sociais, que representam uma grande parcela do entretenimento contemporâneo, reforçam a necessidade de aprovação e status, intensificando a busca por produtos e experiências que traduzam sucesso e pertencimento. A exibição constante de uma vida idealizada promove comparações que afetam a autoestima e geram frustração, tornando o entretenimento uma fonte de ansiedade e alienação. Desse modo, o consumo desenfreado e o entretenimento desenfreado perpetuam uma cultura de superficialidade e valorização da aparência. (MENDES,2018)

Compreender esse processo e seus impactos é essencial para repensar o papel da indústria do entretenimento na sociedade. Ao avaliar como o consumo desenfreado afeta o comportamento e os valores sociais, emerge a necessidade de um modelo de consumo mais consciente e sustentável, que considere não apenas o lucro imediato, mas também o bem-estar social e cultural. A reflexão sobre o entretenimento capitalista e suas consequências pode abrir caminhos para uma cultura mais enriquecedora e que valorize a autonomia e a autenticidade. (PEREIRA,2017)

2.1 Excesso e Indústria: O Entretenimento e o Consumo Descontrolado na Sociedade

A sociedade contemporânea observa uma intensificação do consumo e do entretenimento como fenômenos centrais do capitalismo. Esse cenário resulta de uma indústria que visa gerar necessidades incessantes para aumentar o lucro. A lógica de consumo estabelecida nesse sistema baseia-se em uma demanda fabricada, onde o entretenimento serve como veículo de indução ao consumo. A população é constantemente exposta a produtos e conteúdos que parecem essenciais, mesmo que suas funcionalidades sejam efêmeras. Essa dinâmica tem contribuído para uma sociedade onde o consumo é um comportamento quase compulsivo, com valores e comportamentos sociais sendo moldados para se adaptarem a esse padrão de mercado. (ARTURO,2017)

A cultura digital amplificou essa relação entre consumo e entretenimento, permitindo que as pessoas tenham acesso ilimitado a uma variedade de conteúdos. Plataformas digitais, redes sociais e serviços de streaming oferecem uma vasta gama de opções que atraem o consumidor e estimulam a necessidade de participação contínua. Esse entretenimento sem fim e de fácil acesso reforça o papel central do consumo na sociedade, impondo um estilo de vida que privilegia a posse e a experiência momentânea. A facilidade de acesso ao conteúdo digital condiciona o comportamento social e afasta as pessoas de experiências e interações mais profundas. (GOULART,2014)

Além de impulsionar o consumo incessante, a indústria do entretenimento molda a maneira como a sociedade enxerga a si mesma e aos outros. A busca constante por novidades e experiências acaba por criar uma cultura de insatisfação, onde o consumidor está sempre à procura do próximo lançamento ou tendência. Isso leva a uma sensação de incompletude e constante desejo por algo que nunca é suficiente. Esse padrão social, alimentado pela mídia e pelas grandes corporações, fragiliza identidades culturais e valores, criando uma cultura superficial e vulnerável a influências externas. (RODRIGUES,2015)

Essa superficialidade impacta profundamente as relações sociais, pois a constante exposição a modelos de consumo torna a experiência humana cada vez mais centrada no efêmero. O entretenimento moderno, em vez de proporcionar momentos de lazer enriquecedores, oferece uma repetição de experiências com valor cultural reduzido. Dessa forma, a indústria do entretenimento promove uma cultura de alienação, onde o conteúdo consumido se limita a atender o apelo pelo novo e pelo descartável, afastando o indivíduo de uma percepção mais reflexiva da realidade. (MENDES,2018)

A dependência do entretenimento e do consumo como formas de preenchimento emocional reflete um sintoma profundo de insatisfação social. A sociedade capitalista fomenta a ideia de que o consumo traz felicidade e realização, mas na prática essa dinâmica resulta em uma busca contínua que gera frustração e ansiedade. Assim, o ciclo de entretenimento e consumo desenfreado fortalece uma estrutura que alimenta a insatisfação, perpetuando um sistema que valoriza o lucro acima das necessidades emocionais e culturais da população.  (DIAS,2016)

O crescimento das plataformas digitais transformou a oferta de entretenimento em uma experiência ilimitada, facilitando o consumo contínuo e indiscriminado. Redes sociais, serviços de streaming e aplicativos de vídeo impulsionam o consumo em massa ao proporcionar acesso imediato a uma variedade de conteúdos, condicionando o público a uma rotina de consumo sem pausas. Esse ambiente digital incentiva uma mentalidade de consumo instantâneo, onde a satisfação é momentânea e rapidamente substituída por novas ofertas de entretenimento. Essa disponibilidade cria um ciclo no qual o indivíduo se acostuma a buscar continuamente novos estímulos, reduzindo o espaço para reflexões e aprofundamentos. (SILVA,2018)

Além de fornecer entretenimento imediato, as plataformas digitais implementam algoritmos que monitoram e personalizam as preferências do usuário, criando uma experiência de consumo altamente individualizada. Ao adaptar o conteúdo oferecido ao comportamento do usuário, esses algoritmos reforçam o hábito de consumo contínuo e tornam a experiência de entretenimento mais viciante. O público é conduzido por uma sequência de conteúdos que correspondem aos seus interesses imediatos, o que limita o acesso a visões e perspectivas variadas e mantém o indivíduo em uma bolha de consumo personalizado. Assim, o consumo torna-se cada vez mais uma resposta automática ao entretenimento oferecido.  (MENDES,2018)

As redes sociais, como parte desse ecossistema digital, também contribuem para a naturalização do consumo como prática cotidiana. A exibição constante de estilos de vida idealizados e produtos desejáveis incentiva o público a adotar um comportamento de consumo como forma de validação e pertencimento social. Essa dinâmica cria uma cultura de consumo onde o indivíduo é motivado a consumir não apenas para satisfazer suas necessidades, mas para construir uma imagem socialmente aceitável e relevante. A busca por aprovação nas redes sociais acaba incentivando o consumo de produtos e experiências que reforçam uma identidade alinhada às expectativas e normas do ambiente digital. (PEREIRA,2017)

Outro aspecto relevante é a rapidez com que as novidades são introduzidas e substituídas no mercado digital, promovendo um ciclo de obsolescência e renovação constantes. Produtos e tendências surgem e desaparecem em intervalos cada vez mais curtos, estimulando uma busca incessante por atualização e adequação aos padrões mais recentes. Essa obsolescência planejada é um mecanismo que mantém a economia capitalista em constante movimento, incentivando o consumo de curto prazo em detrimento de práticas mais sustentáveis e conscientes. A pressão para acompanhar as novidades cria um ambiente de ansiedade e insatisfação crônica. (CARDOSO,2015)

Em última análise, o consumo excessivo promovido pelo entretenimento digital tem implicações que ultrapassam o indivíduo, afetando toda a sociedade e a estrutura cultural. A dependência de estímulos contínuos e superficiais dificulta o desenvolvimento de valores e identidades mais sólidos, e as interações humanas se tornam cada vez mais mediadas pelo consumo. O papel da indústria do entretenimento, nesse contexto, deixa de ser o de proporcionar cultura e lazer enriquecedores para se tornar um canal que alimenta uma cultura de alienação e superficialidade, com consequências duradouras para o equilíbrio social e emocional. (ARTURO,2017)

A influência das grandes corporações de entretenimento estende-se para além do lazer, afetando as formas de sociabilidade e as percepções culturais. Empresas do setor desenvolvem estratégias de marketing que transformam o entretenimento em uma ferramenta de manipulação e persuasão, moldando os interesses e comportamentos do público. As produções culturais e de entretenimento são amplamente influenciadas por interesses econômicos, que visam não só ao lucro, mas também à fidelização dos consumidores. Essa prática afeta a autenticidade cultural, promovendo conteúdos que reforçam a cultura de consumo e a superficialidade. (FERREIRA,2018)

O efeito dessa influência é que o entretenimento passa a ocupar um papel central na construção da identidade individual e coletiva. Através de filmes, séries e produtos culturais, são transmitidos valores e estereótipos que se incorporam ao imaginário social, afetando a forma como os indivíduos percebem a realidade e constroem suas próprias identidades. Essa inserção constante de padrões de consumo e comportamento cria uma identidade social baseada em modelos idealizados e alinhados aos interesses das corporações, limitando a liberdade de expressão cultural e reduzindo a diversidade. (BARBOSA,2016)

Além de moldar identidades, a padronização cultural promovida pelas grandes empresas de entretenimento gera um impacto significativo nas culturas locais. Ao criar e distribuir conteúdos de alcance global, essas corporações minam expressões culturais regionais, que acabam sendo substituídas por produções mais homogêneas e comercialmente atrativas. Essa homogeneização cultural enfraquece tradições e valores locais, promovendo um consumo que se estende para além do material, afetando os aspectos imateriais da cultura e da identidade coletiva. (SILVA,2018)

Outro ponto importante é que a produção de entretenimento orientada pelo mercado limita a criação artística e cultural, pois as produções independentes e alternativas encontram menos espaço para se desenvolverem e alcançarem o público. As empresas priorizam conteúdos com maior apelo comercial, o que resulta em uma oferta cultural repetitiva e superficial. Esse processo de padronização limita o acesso a experiências culturais autênticas e diversificadas, reduzindo a capacidade do entretenimento de enriquecer o repertório cultural dos indivíduos. (DIAS,2016)

Portanto, a presença das grandes corporações na indústria do entretenimento evidencia uma transformação significativa na função social e cultural do entretenimento. De um meio de lazer e enriquecimento cultural, o entretenimento se torna uma ferramenta de consumo e alienação, orientada pelos interesses de um mercado que prioriza o lucro acima da diversidade e da profundidade cultural. A influência dessas corporações molda a maneira como as sociedades modernas vivenciam o entretenimento, afetando a dinâmica cultural de forma abrangente. (GOULART,2014)

A cultura do consumo incentivada pelo entretenimento digital contribui para a alienação, enfraquecendo a capacidade crítica da sociedade. Esse fenômeno é resultado de um processo de distração constante, que limita a atenção e a capacidade de reflexão dos indivíduos. A exposição contínua ao entretenimento digital leva a um comportamento passivo, onde o indivíduo se torna consumidor de conteúdos previamente moldados para evitar questionamentos e incentivar o consumo. Em vez de estimular o pensamento crítico e a conscientização, o entretenimento digital promove uma conformidade social baseada em padrões de comportamento preestabelecidos. (ARTURO,2017)

Essa alienação é agravada pela superficialidade dos conteúdos de entretenimento, que muitas vezes oferecem informações fragmentadas e sensacionalistas. Em vez de incentivar discussões e reflexões mais profundas, os conteúdos digitalizados privilegiam o impacto imediato e a superficialidade, criando uma cultura de distração e alienação. A sociedade é condicionada a absorver conteúdos sem questionamentos, o que compromete a capacidade de análise crítica e a compreensão de questões sociais relevantes. Essa passividade enfraquece a capacidade do indivíduo de se posicionar frente a problemas reais. (RODRIGUES,2015)

As plataformas de entretenimento, ao fornecerem conteúdos altamente direcionados, restringem o acesso a informações e ideias diversificadas, limitando o desenvolvimento da autonomia intelectual. A personalização do conteúdo contribui para uma visão limitada do mundo, onde o indivíduo é exposto apenas ao que reforça suas crenças e interesses imediatos. Esse tipo de entretenimento reduz o espaço para o contato com novas ideias e diferentes perspectivas, fortalecendo um ciclo de alienação que dificulta a construção de uma visão mais ampla e crítica da sociedade. (FERREIRA,2018)

Além disso, o consumo exagerado de entretenimento digital contribui para o enfraquecimento dos laços comunitários e culturais. O tempo dedicado ao consumo digital reduz a interação pessoal e o envolvimento em atividades comunitárias, criando uma sociedade mais isolada e individualista. A dependência do entretenimento digital gera uma fragmentação da vida social e uma desconexão com a realidade local, promovendo uma cultura centrada em experiências virtuais que substituem o convívio físico e o fortalecimento de laços reais. (CARDOSO,2015)

Esse processo de alienação e superficialidade impacta diretamente o desenvolvimento social, pois uma sociedade alienada e desprovida de senso crítico é mais suscetível à manipulação. A cultura de consumo promovida pelo entretenimento digital incentiva a conformidade e desestimula a reflexão, criando uma sociedade passiva e desengajada. Assim, a alienação promovida pela cultura digital compromete a capacidade da sociedade de enfrentar desafios sociais e políticos de forma autônoma e consciente. (MENDES,2018)

O impacto do consumo e do entretenimento capitalista demanda uma análise ampla sobre suas consequências sociais, culturais e psicológicas. A influência desse modelo econômico se estende para além da economia, afetando o comportamento e a saúde mental das pessoas. A busca por satisfação imediata, promovida pelo entretenimento desenfreado, contribui para uma cultura de superficialidade, onde os valores duradouros são substituídos por desejos momentâneos. Esse processo afeta a capacidade de se estabelecerem vínculos emocionais sólidos, criando uma sociedade mais vulnerável e ansiosa. (SILVA,2018)

Do ponto de vista cultural, o entretenimento capitalista representa um desafio para o desenvolvimento de identidades autênticas. Ao promover padrões de consumo homogêneos e superficiais, o sistema limita a diversidade e a individualidade, promovendo uma uniformidade cultural que compromete a expressão pessoal e a valorização das diferenças. A exposição constante a esses padrões interfere na construção da identidade individual e coletiva, promovendo uma sociedade onde o consumo se sobrepõe à essência cultural. (BARBOSA,2016)

As consequências psicológicas do consumo excessivo também são notáveis, especialmente no que se refere à satisfação e ao bem-estar emocional. A busca contínua por novidades e experiências gera uma insatisfação constante, pois o desejo de consumir nunca é plenamente realizado. Esse ciclo de insatisfação e ansiedade reflete um vazio emocional que não é preenchido pelo consumo material, o que leva o indivíduo a um estado de frustração e descontentamento crônico, que impacta a saúde mental. (GOULART,2014)

A sociedade moderna, ao adotar o consumo como forma de preenchimento, contribui para um distanciamento das necessidades emocionais e sociais mais profundas. Em vez de buscar experiências enriquecedoras e significativas, as pessoas são incentivadas a consumir produtos e conteúdos que oferecem apenas uma satisfação momentânea. Esse comportamento resulta em uma sensação de vazio, onde a busca pelo novo se sobrepõe à valorização de conexões e experiências duradouras. (RODRIGUES,2015)

Assim, refletir sobre o impacto do consumo e do entretenimento capitalista é essencial para promover uma sociedade mais equilibrada e consciente. A análise dos efeitos psicológicos, sociais e culturais desse modelo de entretenimento permite questionar a estrutura atual e considerar alternativas que promovam um desenvolvimento mais sustentável e enriquecedor. Essa reflexão é fundamental para compreender o papel do entretenimento e do consumo na construção de uma sociedade que valorize o bem-estar coletivo e a diversidade cultural. (FERREIRA,2018)

3. CONCLUSÃO

A análise do consumo e do entretenimento na sociedade capitalista revela um panorama onde o lucro e o estímulo ao desejo desenfreado de consumir ocupam o centro das dinâmicas sociais e culturais. Essa busca incessante por produtos e experiências rápidas alimenta uma cultura de insatisfação e superficialidade, impactando a forma como as pessoas se relacionam com o mundo ao seu redor. A indústria do entretenimento, em sua função de provedora de conteúdos e experiências, passa a ser um mecanismo de manipulação que molda valores e comportamentos em prol do consumo.

Esse modelo de consumo constante, intensificado pelas plataformas digitais, condiciona o público a uma mentalidade de busca por satisfação momentânea. A oferta ilimitada de conteúdos e a personalização algoritmada fortalecem um ciclo de consumo automático e impulsivo, limitando a capacidade crítica e a autonomia das escolhas individuais. Assim, a sociedade contemporânea é condicionada a uma vida centrada no consumo, onde o entretenimento deixa de proporcionar enriquecimento cultural e passa a ser um canal de alienação e dependência de estímulos rápidos e superficiais.

Além dos impactos econômicos, essa estrutura de consumo desenfreado traz consequências culturais e psicológicas profundas. A obsolescência programada e o ciclo constante de novidades promovem uma insatisfação contínua e uma necessidade insaciável de acompanhar padrões efêmeros. Esse fenômeno gera um esvaziamento cultural e uma homogeneização das expressões culturais, além de reforçar a ansiedade e o vazio emocional no indivíduo, que busca preenchimento em produtos e experiências sem valor duradouro.

Em um cenário onde o entretenimento e o consumo prevalecem, valores autênticos e profundos são deixados de lado em prol de uma vida orientada pela aparência e pela aprovação social. Essa dinâmica impede que a sociedade valorize o que é essencial para a construção de uma identidade cultural sólida e de laços comunitários profundos. Ao priorizar o consumo sobre a essência, o entretenimento na sociedade capitalista contribui para um ambiente de alienação e superficialidade que afeta a qualidade de vida e a coesão social.

Portanto, refletir sobre as consequências do consumo e do entretenimento desenfreado é crucial para repensar as bases culturais e sociais da sociedade contemporânea. É necessário questionar o papel da indústria do entretenimento e buscar alternativas que promovam uma vivência mais consciente e enriquecedora. Somente assim será possível construir uma cultura que valorize a diversidade, a autenticidade e o bem-estar coletivo, resgatando valores duradouros em meio à lógica capitalista de consumo e superficialidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARTURO, Luiz. Sociedade e cultura: o consumo na era digital. São Paulo, 2017.

BARBOSA, Marta. O império do efêmero: consumismo e identidade. Recife, 2016.

CARDOSO, Paulo. Alienação e entretenimento: a lógica do mercado no século XXI. Brasília, 2015. 

DIAS, Fernanda. Entretenimento e controle social: uma análise crítica. Rio de Janeiro, 2016.

FERREIRA, Juliana. Cultura e consumo: um ciclo vicioso na modernidade. Porto Alegre, 2018.

GOULART, Rodrigo. Obsolescência programada e consumismo: a indústria do efêmero. Curitiba, 2014. 

MENDES, Camila. A superficialidade digital: redes sociais e o consumo. Salvador, 2018. 

PEREIRA, Henrique. Entretenimento e alienação: a sociedade do espetáculo revisitada. Florianópolis, 2017. 

RODRIGUES, Carolina. O novo capitalismo: consumo e entretenimento desenfreado. Belo Horizonte, 2015. 

SILVA, Bruno. Tecnologia e cultura: o impacto do digital no comportamento social. Campinas, 2018.