ACTIVE AND PASSIVE FIRE PROTECTION SYSTEMS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7718643
Camila Zangerolame Santos
RESUMO
O incêndio é um fenômeno que apesar de ser conceituado como fogo sem controle, é passível de medidas de prevenção e proteção. Tais medidas são importantes, pois visam à proteção da vida humana, bem como a preservação dos bens patrimoniais. Assim, faz-se necessário a adoção de um sistema de proteção de combate à incêndios que seja eficiente tanto na fase de projeto das edificações, quanto na existência de fato do ocorrido, ou seja que atue passiva e ativamente. No presente artigo são apresentadas tais medidas, retomando e revisando as principais referências bibliográficas sobre o assunto dada a importância do estudo e aplicação das medidas de proteção contra incêndio nos mais diversos lugares e edificações.
Palavras-chave: Sistema de Proteção Contra Incêndio. Medidas Ativas. Medidas Passivas.
ABSTRACT
Even though it is conceptualized as uncontrolled fire, a fire is an event entitled to preventive and protective measures. Such measures are important because they aim the protection of human life, as well as the preservation of properties. Therefore, it is necessary to adopt passive and active fire protection systems that are efficient during the building project phase, as well as during the occurrence of the fact. This article aims to present such measures through the analysis and review of the main bibliographical references on this subject, given the importance of the study and the deployment of protective measures to combat fire in different locations and buildings.
Keywords: Fire Protection System. Active Measures. Passive Measures.
INTRODUÇÃO
A primeira medida a ser realizada quando há um incêndio é evitar a sua propagação, a fim de que haja tempo hábil para que as pessoas possam evacuar o local em segurança, ou seja, proteger a vida humana, além da proteção ao patrimônio. Como citado por Costa em seu trabalho, o objetivo primário da segurança contra incêndio nas edificações é proteger a vida humana. Mas a proteção ao patrimônio, de objetivo secundário, também vem sendo requerida em edificações comerciais, uma vez que os danos estruturais resultantes do sinistro podem levar à paralisação das atividades econômicas e afetar a imagem das empresas, onerando significativamente seus proprietários (COSTA, 2008).
A fim de alcançar esses objetivos devem ser tomadas medidas, as quais são denominadas medidas de proteção. Porém, em primeiro lugar, torna-se necessário definir o que é incêndio. Incêndio pode ser definido como fogo não controlado, o que pode ser bastante perigoso para vida humana e bens patrimoniais. Óbitos podem ocorrer pela exposição a um incêndio, quer por inalação de fumaça, ou pelo desmaio causado por ela ou, posteriormente, pelas queimaduras graves.
Como dito, o foco principal da segurança contra incêndio, definido anteriormente, é diminuir o risco à vida implementando medidas de proteção para atingir esse objetivo, que também conduzem à diminuição de danos patrimoniais. Tais medidas de proteção são subdivididas em duas categorias: as medidas de proteção passiva e as ativas. Essas medidas serão o foco do nosso estudo.
DESENVOLVIMENTO
Incêndio e Formas de Extinção
De acordo com o subitem 4.25.2 da Instrução técnica Nº 03/2015 do CBMSP (Corpo de Bombeiro Militar do Estado de São Paulo), o incêndio “é o fogo sem controle, intenso, o qual causa danos e prejuízos à vida, ao meio ambiente e ao patrimônio”. Segundo Brentano (2007), “o fogo é uma reação química, que ocorre com a oxidação rápida do material combustível com o ar, provocada por uma fonte de calor, que gera chama, libera calor, emite fumaça, gases e outros resíduos” e para que o fogo seja extinto (Bretano, 2007) é necessário eliminar apenas um dos três elementos que compõe o triângulo do fogo (Combustível, comburente e calor), como mostrado na Figura 1 ou interromper a reação em cadeia, sendo assim, os métodos adotados para extinção do fogo são:
a) Extinção por isolamento: retirada do material combustível do ambiente;
b) Extinção por abafamento: retirada do comburente (ar) por abafamento;
c) Extinção por resfriamento: retirada do calor através da redução da temperatura do material combustível;
d) Extinção por química: interrupção da combustão dos materiais através de agentes extintores, formando uma mistura não inflamável.
Figura 1- Triângulo e quadrado do fogo.
Fonte: Brentano, 2007.
Para Bretano (2007), os agentes extintores são “substâncias químicas, sólidas ou gasosas”, que atuam sobre um ou mais elementos, cuja função é extinguir a combustão dos materiais combustíveis. Para cada tipo de material combustível existe um tipo de agente extintor adequado pelo fato de conter características específicas de combustão (BRETANO, 2007):
a) Agente extintor com Água: incêndios de classe A;
b) Agente extintor com Pó químico: incêndios de classe B e C e para classe D (pó químico especial);
c) Agente extintor com Espuma mecânica: incêndios de classe B;
d) Agente extintor com Gás carbônico CO2: incêndios de classe C, mais pode ser utilizado em incêndios de classe A e B;
e) Agente extintor com Halon: incêndios de classe B e C.
Definido incêndio e as formas de extinção, é necessário adotar medidas de proteção com a finalidade de evitar a sua propagação.
Medidas de Proteção Ativa
As medidas de proteção ativa são aquelas que englobam as ações de combate contra o fogo a partir de uma abordagem mais direta, ou seja, responde aos estímulos provocados pelo fogo.
O Sistema de Controle de Incêndio (SDCI) ativa é constituído basicamente pelos seguintes componentes: detectores automáticos de incêndio, acionadores manuais, painel de controle e ativação elétrica, fonte de alimentação elétrica e infraestrutura. Além desses equipamentos, fazem parte das medidas ativas as sinalizações, as rotas de fuga, saídas e iluminação de emergência (Damasceno; SKOP, 2019).
A extinção manual e/ou automática incluem:
– Extintores portáteis: fazem parte do sistema básico de segurança contra incêndio em edificações e devem ter como características principais: portabilidade, facilidade de uso, manejo e operação, e tem como objetivo o combate de princípio de incêndio. Extintores de incêndio possuem agentes (água, pó químico, etc) específicos para combater incêndios gerados em diferentes tipos de materiais combustíveis e/ou locais tais como madeira, papel, combustíveis líquidos, painéis e circuitos elétricos, entre outros.
– Sistema de hidrantes e de mangotinhos: sistema fixo de combate que funciona sob comando e libera água sobre o foco de incêndio em vazão compatível ao risco do local que visa proteger, de forma a extingui-lo ou controlá-lo em seu estágio inicial;
– Chuveiro automático (sprinklers): sistema fixo de combate a incêndio e caracteriza-se por entrar em operação automaticamente, quando ativado por um foco de incêndio, liberando água de forma rápida para extingui-lo ou controlá-lo em seu estágio inicial. Apresenta menor tempo decorrido entre a detecção e o combate ao incêndio, evitando a propagação para o restante da edificação e propiciando tempo de fuga aos usuários.
Já o sistema de iluminação de emergência complementa a viabilidade da saída dos ocupantes do edifício, portanto não pode ser concebido isoladamente dos demais sistemas de segurança da edificação.
Quanto aos gases gerados, grande parte das mortes em incêndios é causada pela fumaça e não pelo fogo em si. O controle de fumaça é um sistema projetado, que inclui todos os métodos isolados ou combinados, para modificar o movimento da fumaça, de forma a facilitar a evacuação; diminuir o risco de inalação de gases ou partículas aquecidas, venenosas aos seres humanos; e facilitar a identificação do foco do incêndio e seu combate. Geralmente o sistema de controle de fumaça trabalha associado ao sistema de detecção e alarme de incêndio.
Para o projeto e a instalação adequada das medidas de proteção ativas, é necessária uma boa integração entre o projeto arquitetônico e os projetos de cada sistema.
Todas essas medidas são indispensáveis para que a evacuação do local seja segura e ocorra em tempo hábil.
Medidas de Proteção Passiva
Em contrapartida, na proteção passiva, como o próprio nome remete, atua independentemente da ocorrência de incêndios. As medidas passivas são aquelas incorporadas ao sistema construtivo do edifício e formadas por materiais resistentes ao fogo. O objetivo principal da proteção passiva na segurança contra incêndios é evitar que as chamas se propaguem, protegendo a construção e permitindo a fuga dos usuários e a aproximação e ingresso nas edificações para desenvolvimento das ações de combate.
Brentano cita que:
“a proteção passiva envolve todas as formas de proteção que devem ser consideradas no projeto arquitetônico para que não haja o surgimento ou, então, a redução da probabilidade de propagação e dos efeitos do incêndio já instalado (…) com o objetivo de evitar a exposição dos ocupantes e da própria edificação ao fogo.”
Assim, conclui-se que os sistemas de proteção passiva contra incêndios dizem respeito, a materiais e soluções que ajudam a aumentar o tempo de resistência contra a ação do fogo e suas possíveis consequências.
A Proteção Passiva Contra Incêndio (PPCI) pode ocorrer de duas diferentes maneiras: a compartimentação – também conhecida por firestop –, que isola o foco de incêndio, evitando que as chamas cheguem a outros ambientes, e a proteção de estruturas metálicas – chamada de fireprotection ou PFP (Passive Fire Protetion), que permite que essas estruturas resistam ao fogo por um período determinado de tempo. Essas medidas necessitam de aprovação de laboratórios certificados.
De acordo com Fagundes (2013), as principais medidas de proteção preventiva ou passiva nas edificações, são:
• Afastamento entre edificações;
• Segurança estrutural das edificações;
• Saída de emergência;
• Acesso de viatura de corpo de bombeiros junto às edificações;
• Sistema de detecção de calor;
• Controle de materiais de revestimento e acabamentos;
• Brigada de incêndio.
Já de acordo com o Manual de Segurança contra Incêndio e Pânico do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (Campos; Conceição 2006) as medidas de proteção passivas mais conhecidas são discriminadas conforme se segue:
a) Meios de prevenção contra incêndio e pânico:
– correto dimensionamento das instalações elétricas;
– sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA);
– sinalização de segurança;
– sistema de iluminação de emergência;
– uso adequado de fontes de ignição; e
– uso adequado de produtos perigosos.
b) Meios de controle do crescimento e da propagação do incêndio e pânico:
– controle de quantidade de materiais combustíveis incorporados aos elementos construtivos, decorativos e de acabamentos;
– controle das características de reação ao fogo dos materiais incorporados aos elementos construtivos;
– controle da fumaça e dos produtos da combustão;
– compartimentação horizontal e vertical;
– afastamentos; e
– aceiros.
c) Meios de detecção e alarme:
– sistema de alarme;
– sistema de detecção de incêndio;
– sistema de comunicação de emergência; e
– sistema de observação e vigilância.
d) Meios de escape:
– saídas de emergência; e
– aparelhos especiais para escape.
e) Meios de acesso e facilidade para operação de socorro:
– vias de acesso;
– acesso à edificação;
– dispositivos de fixação de cabos para resgate e salvamento;
– hidrantes urbanos; e
– mananciais.
f) Meios de proteção contra colapso estrutural:
– correto dimensionamento das estruturas à ação do fogo.
g) Meios de administração da proteção contra incêndio e pânico:
– brigada de bombeiros particulares (brigada de incêndio).
CONCLUSÃO
Após essa revisão e estudo, pode-se concluir que para a preservação tanto da vida humana quanto dos bens patrimoniais é imprescindível adotar medidas de proteção para que o incêndio seja evitado e por fim extinguido. Tais meios são denominados medidas de proteção e são subdivididas em Ativas e Passivas. Enquanto a ativa extingue o incêndio ainda na sua origem, a passiva evita que o fogo se propague pela edificação.
As proteções ativas e passivas são complementares e juntas corroboram para preservação dos bens e em especial da vida humana.
É importante o acompanhamento por especialistas para que exista uma compatibilização entre as medidas ativas e passivas propostas, a fim de que haja um melhor desempenho das medidas de segurança contra incêndio em sua totalidade.
REFERÊNCIAS
BRENTANO, Telmo. Instalações hidráulicas de combate a incêndio nas edificações. 3 ed. Porto Alegre: EDPUCRS, 2007.
CAMPOS, André Telles; CONCEIÇÃO, André Luiz Santana da Conceição. Manual de segurança contra incêndio e pânico: proteção passiva. Brasília: 2006. Disponível em: http://www.eopires.com.br/manuais/manual_ protecao_passiva.pdf
CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Instrução Técnica 06/2015 – Acesso de viaturas na edificação e áreas de risco. São Paulo, 2015.
COSTA, Carla Neves. Dimensionamento de elementos de concreto armado em situação de incêndio. São Paulo: USP, 2008.
DAMASCENO, Paulo Augusto. Proteção ativa e passiva contra incêndios: o que é e qual a diferença?. São Paulo, 2019. Disponível em: https://www.mifire.com.br/2019/11/28/protecao-ativa-e-passiva-contra-incendios-o-que-e-e-qual-a-diferenca/
FAGUNDES, Fabio. Plano de prevenção e combate a incêndios: Estudo de caso em edificação residencial multi pavimentada. Monografia (Departamento de Ciências Exatas e Engenharias) Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, URNRS, Santa Rosa, 2013.
SKOP. Principais medidas de proteção ativa contra incêndio em edificações. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: http://www.skop.com.br/2019/03/19/principais-medidas-de-protecao-ativa-contra-incendio-em-edificacoes/