SÍNDROME DE MUNCHAUSEN: SINAIS E SINTOMAS

MUNCHAUSEN SYNDROME: SIGNS AND SYMPTOMS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11198785


Dayvane Manuella Pereira Gomes1;
Douglas J. Angel2.


RESUMO 

Introdução: A síndrome de Münchausen é um distúrbio em que a pessoa simula falsos sinais e sintomas físicos ou psiquiátricos conscientemente, a fim de receber atenção e cuidados médicos. Objetivo: Coletar e reunir dados atualizados da literatura sobre a Síndrome de Munchausen. Método: Foi utilizado como fundamentação metodológica, a revisão integrativa de literatura, embasada nas seguintes bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), Revista brasileira de Psiquiatria, Revista Eletrônica Acervo Saúde e o Compêndio de Psiquiatria. As publicações foram feitas entre os anos de 2019 a 2022. Resultados: Embora a Síndrome seja conhecida desde 1951, os estudos utilizados para esta pesquisa são principalmente relatos de caso e revisões sistemáticas. Isso indica que questões importantes, como sexo/gênero, faixa etária, epidemiologia, prognóstico e tratamento, não são abordadas de forma satisfatória na literatura disponível. Além disso, em muitos casos, os pacientes se recusam a aceitar o diagnóstico, não seguem o tratamento e continuam procurando por novos serviços de saúde, o que dificulta ainda mais a notificação de casos. Conclusão: A pesquisa atual revela que há uma escassez de estudos na literatura sobre a epidemiologia, perfil do paciente e tratamento de doenças, resultando em dados pouco promissores. Há uma lacuna significativa em relação à prevalência de sexo/gênero, faixa etária, etnia, tratamento e prognóstico da doença. 

Palavras-chave: Sindrome de Munchausen. Munchausen. Saúde.  

ABSTRACT 

Introduction: Münchausen syndrome is a disorder in which a person consciously simulates false physical or psychiatric signs and symptoms in order to receive medical attention and care. Objective: Collect and gather updated data from the literature on Munchausen Syndrome. Method: An integrative literature review was used as a methodological basis, based on the following databases: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Virtual Health Library (VHL), PubMed, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5 ),Brazilian Journal of Psychiatry, Electronic Magazine Acervo Saúde and the Compendium of Psychiatry. The publications were made between the years 2019 and 2022. Results: Although the Syndrome has been known since 1951, the studies used for this research are mainly case reports and systematic reviews. This indicates that important issues, such as sex/gender, age group, epidemiology, prognosis and treatment, are not satisfactorily addressed in the available literature. Furthermore, in many cases, patients refuse to accept the diagnosis, do not follow the treatment and continue looking for new health services, which makes reporting cases even more difficult. Conclusion: Current research reveals that there is a scarcity of studies in the literature on epidemiology, patient profile and disease treatment, resulting in unpromising data. There is a significant gap regarding the prevalence of sex/gender, age group, ethnicity, treatment and prognosis of the disease. 

Keywords: Munchausen Syndrome. Munchausen. Health. 

INTRODUÇÃO 

A síndrome de Munchausen (SM) é definida na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) (Brasil, 2009) como um transtorno enganoso em que um indivíduo distorce sinais e sintomas sem necessariamente obter qualquer benefício secundário. Esta síndrome foi descrita pela primeira vez por Richard Asher em 1951. O autor observava que os doentes chegavam nos hospitais, contando histórias falsas e exageradas, apresentavam sintomas diversos (Millard, 2017). A síndrome leva o nome do oficial de cavalaria alemã, Barão Münchhausen (1720-1797), que contava suas histórias e aventuras de maneira falsa e imaginativa (Silva; Rafael (2013).   

A patologia da doença ainda é pouco conhecida pela comunidade científica. No Brasil alguns relatórios empíricos mostram que as pessoas com esta síndrome podem ter períodos de traumas de infância, como abuso sexual, violência física, déficit emocional ou psicológico ou emocional dos pais, além disso, períodos de perda de entes queridos podem desencadear outras crises psicológicas (Jimenez et al., 2020). Não há informações epidemiológicas completas sobre este transtorno delirante (American Psychiatric Association, 2014; Sadock; Sadock; Ruiz, 2017). A maior parte da literatura é baseada em relatos de casos de grandes impactos e conhecimento global. 

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a síndrome de Munchausen é classificada como um transtorno aparente que ocorre em si ou em terceiros e é caracterizada por indução física e psicológica. Estimase que aproximadamente 1% dos pacientes hospitalizados apresentam sintomas que podem ser classificados como transtorno delirante (transtorno factício). Entende-se que a síndrome de Münchausen é a forma mais perigosa e crônica de um transtorno factício, sendo que a palavra factício remeta-se a algo artificial, ou seja, não natural, algo simulado (Millard, 2017). 

Partindo do que foi mencionado até o prezado momento, indaga-se a seguinte questão: Como os pesquisadores analisam o transtorno factício? O SM é considerado uma forma de abuso psíquico na infância?  Como é diagnosticado a síndrome de m Münchausen? A causa da síndrome de Munchausen é desconhecida, mas os pesquisadores estão investigando o papel de fatores biológicos e psicológicos no seu desenvolvimento, que pode surgir por uma história de abuso ou negligência na infância, o que muitas vezes resultou em extensa atenção médica ou diversas doenças que necessitaram de internação que podem ser fatores para o desenvolvimento da síndrome e de  transtorno de personalidade um transtorno mental que causa padrões anormais de pensamento e comportamento ressentimento contra figuras de autoridade ou profissionais de saúde. 

Com base no exposto, é apropriado que equipes interdisciplinares da saúde, ampliem seus conhecimentos em saúde mental na área relacionada aos aspectos bioéticos. Dessa forma eles podem obter apoio e sendo possível identificar o quadro clínico do SM e assim promover intervenções confiantes e coordenadas. Neste contexto, esta revisão de literatura tem como objetivo de compreender o SM a partir de sua descrição de diferenciação, causas, critérios de identificação, sintomas clínicos, diagnóstico, tratamento e equipe multidisciplinar de saúde. 

MATERIAL E MÉTODO  

Optou-se por uma revisão bibliográfica integrativa para a elaboração deste trabalho. Para a condução do estudo foram utilizadas as seguintes bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed, Revista Brasileira de Psiquiatria, Revista Eletrônica de Acervo Saúde e acervo psiquiátrico, com delimitação de tempo entre 2019-2022. 

A seleção dos artigos foi realizada em uma etapa orientada, sendo a primeira uma busca através dos critérios de inclusão: busca em bases de dados científicas, busca de artigos sobre síndrome de Münchausen, e artigos em português, inglês e espanhol. Na segunda fase do estudo, como critério de exclusão foram aplicados estudos meta-analíticos e ensaios clínicos. Na terceira e última etapa foram utilizados os seguintes descritores: síndrome de Munchausen, Munchausen e Saúde.  

Após a leitura dos títulos e resumos correspondentes às etapas acima, foram selecionados 54 artigos, sendo 30 do PUBMED e 24 do SCIELO. Dos 30 artigos submetidos ao PubMed, 11 foram elegíveis para este estudo e 6 foram lidos na íntegra como constam no quadro 1. Todas as seis leituras foram repetidas em outras bases. Embora 14 artigos tenham sido lidos na SCIELO, 5 não foram incluídos neste estudo e 9 foram lidos na íntegra. Dos 14 artigos lidos, 10 foram utilizados para elaboração do trabalho. 

Em resumo, os critérios de inclusão para este estudo foram definidos da seguinte forma: artigos sobre síndrome de Münchausen e síndrome de Münchausen, artigos em português, inglês e espanhol, disponíveis na íntegra e publicados entre 2019 e 2022. Os critérios de exclusão para este estudo foram: estudos meta-analíticos e ensaios clínicos. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Quadro 1. Descrição do artigo sobre síndrome de Munchausen, segundo Autor, Ano, Titulo, Objeto e resultados.   

Autor Ano Titulo Objeto resultados 
GONÇALVES et al. 2021 O transtorno factício das síndrome de Munchausen e síndrome de Munchausen por Procuração: uma revisão narrativa de literatura  Analisar a Síndrome de Munchaunsen (SM) e a Síndrome de Munchaunsen por Procuração (SMP). artigo aborda de forma geral a síndrome de Munchausen e a Síndrome de Munchausen por procuração  
BERUTTI, et al., 2020 Manifestaçõe s orofaciais na síndrome de Munchausen -Revisão de literatura Identificar as manifestaçõ es orofaciais apresentada s por pacientes diagnosticados com a SM. Incentiva-se a publicação de relatos de caso contribuindo para realização de um correto diagnóstico. 
JIMENEZ, X. F. ET AL.  2020 Características clínicas, demográficas, psicológicas e comportamentais do transtorno factício: uma análise retrospectiva  Este estudo procurou avaliar uma coorte de pacientes com DF quanto a variáveis demográficas e clínicas, mas também psicológicas e comportamentais não examinadas em estudos anteriores. A SM representa um distúrbio complexo de comportamentos anormais de doença com predisposição ao desenvolvimento e perpetuação de variáveis sociocomportamentai s anteriormente inexploradas. São consideradas direções futuras de investigação, educação e melhoria da qualidade. 
IWANAGAet al., 2019 2019 Munchausen syndrome mimicking refractory subcutaneous abscess with bacteremia, diagnosed by repetitive element sequence-based polymerase chain reaction: a case report Evidenciar a importância do rápido diagnóstico da Síndrome de Munchausen, bem como os possíveis danos em seu atraso O relato de caso demonstrou o diagnóstico através de uma associação genética, bem como evidencia que o diagnóstico dessa patologia requer a exclusão dedoenças físicas 
SCHRADER; BØHMER; AASLY , 2019 2019 The Incidence of Diagnosis of Munchausen Syndrome, Other Factitious Disorders, and Malingering Descrever a incidência do diagnóstico da Síndrome de Munchausen e outros transtornos factícios Há uma incidência significativa de subdiagnósticos e diagnósticos incorretos para os transtornos factícios em geral. 
LIMA KRF, et al.,  2019 Síndrome de Münchausen por Procuração: Revisão Integrativa  objetivo foi descrever o significado da síndrome, oferecer subsídios ao enfermeiro na identificação dos sinais e sintomas, apresentar as complicações geradas pela síndrome e enfatizar a contribuição do enfermeiro na identificação da SMP. O artigo aborda a Síndrome Munchausen por procuração, diante da visão da enfermagem. Além disso, discorre também sobre o papel do enfermeiro diante de um portador da SMP 

A caracterização foi feita segundo idioma e ano de publicação, sendo 5 artigos em português (80%) e 2 artigos em espanhol (20%). Quanto ao ano de publicação, 4 artigos foram publicados após 2015 e 3 artigos antes de 2015. Embora a síndrome seja conhecida desde 1951, os estudos publicados utilizados para este estudo são relatos de casos e revisões sistemáticas, portanto fica claro que faltam questões importantes como gênero/sexo, faixa etária, epidemiologia, prognóstico e tratamento ou não foram descritos na literatura. Além disso, em muitos casos, os próprios pacientes não aceitam o diagnóstico, não aderem ao tratamento e continuam a procurar novos serviços de saúde, o que dificulta a notificação dos casos. 

Estudos mostram claramente que a falta de dados descritos na literatura dificulta a compreensão da epidemiologia, prevalência de gênero, faixa etária, prognóstico e tratamento desses pacientes, dificultando o desenvolvimento do raciocínio clínico. 

É possível perceber na literatura que há uma diferença entre as informações fornecidas pelos autores, pois se justifica, apenas as informações sobre a síndrome em si, mas não o perfil dos pacientes. A síndrome de Munchausen e a síndrome de Münchausen são doenças descritas como transtorno delirante. O transtorno industrial é uma doença na qual o paciente fabrica vários sintomas para chamar a atenção para si mesmo, sem benefícios adicionais. Ao contrário da síndrome de Münchausen, a síndrome de Münchausen ocorre quando uma pessoa com a doença finge sintomas em outra pessoa em tratamento. Na maioria das vezes, esse abuso ocorre de mãe para filho (Pellitero-Maraña et al., 2018; Ojeda, González; Terreros, 2006). Síndrome de Munchausen: o transtorno que leva as pessoas a fingir doenças. 

A síndrome de Munchausen é um transtorno mental grave em que a pessoa simula, exagera ou induz sintomas de doenças físicas ou mentais. A síndrome de Munchausen foi descrita pela primeira vez em 1951 pelo psiquiatra Richard Asher. O nome é uma referência ao barão de Munchausen, um personagem de contos de fadas alemão que era conhecido por suas histórias exageradas e fantasiosas. 

Segundo Souza Filho (2017) a síndrome de Munchausen pode ser dividida em dois tipos, em Síndrome de Munchausen por procuração: neste tipo, a pessoa simula ou induz sintomas de doenças em outra pessoa, geralmente uma criança ou pessoa vulnerável e Síndrome de Munchausen por si mesmo: neste tipo, a pessoa simula ou induz sintomas de doenças em si mesma. 

Os sintomas da síndrome de Munchausen podem variar de acordo com o tipo de transtorno. No entanto, alguns sintomas comuns incluem falsas histórias sobre doenças ou sintomas: a pessoa pode inventar histórias sobre ter uma doença grave, como câncer ou AIDS. Exageração de sintomas reais: a pessoa pode exagerar sintomas reais, como dor ou fadiga. Indução de sintomas: a pessoa pode induzir sintomas, como vomitando, causando sangramentos ou tomando medicamentos que causam efeitos colaterais (Jimenez, et al., 2020). 

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) afirma que aproximadamente 1% dos pacientes hospitalizados atendem aos critérios para um transtorno delirante. Em artigo publicado por Gattaz (2003), a EM é mais comum em homens de 20 a 30 anos. Sadock (2017) afirma que os sinais e sintomas psicológicos são dominados pelos homens, enquanto os sinais e sintomas físicos são dominados pelas mulheres, especialmente aquelas que já estão envolvidas na indústria da saúde, como enfermeiras e profissionais de saúde. Apesar disso, a prevalência segundo sexo e faixa etária ainda não foi determinada, mas diferenças podem ser encontradas na literatura. 

A prevalência de SMP é de 0,5-2,0% por 100.000 crianças menores de 16 anos (Lima Krf et al., 2019). Alguns dos sinais e sintomas observados nas vítimas incluem dor abdominal ou dor recorrente em vários locais, distúrbios metabólicos ou eletrolíticos inexplicáveis, feridas que não cicatrizam e sangramento em vários locais, infecções recorrentes do trato urinário, hematúria e proteinúria, infecções recorrentes em vários locais. locais, lesões genitais, convulsões, lesões cutâneas, doenças oculares recorrentes, enfisema subcutâneo e envenenamento não acidental em crianças (Sousa Filho et al., 2017; Gonçalves et al. 2021). 

Além disso, as mães tendem sempre a ficar próximas do filho, sem dar oportunidade ao filho de se expressar, conversando ativamente com ele sobre os sintomas relatados pela criança e evitam a saúde pública quando questionadas sobre a veracidade dos fatos. (Pellitero Maraña et al., 2018). 

O diagnóstico da síndrome é feito com base nos critérios apresentados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Sousa Filho (2017) também traz o diagnóstico pela visão da própria equipe de saúde, onde a equipe deve estar atenta às características, por exemplo, um paciente que já visitou diferentes serviços de saúde, que tem uma síndrome ampla e diversificada, que tem uma o anterior. conhecimento, por ex. com terminologia médica e exame físico e laboratorial sem modificação baseada em queixas. 

O principal objetivo do tratamento da síndrome de Munchausen é proteger o paciente de procedimentos desnecessários. Para tanto, além de medicamentos como antidepressivos e antipsicóticos, também pode ser utilizado apoio físico, psicológico e social (Gattaz et al., 2003; Dominguez, 2011; Menezes et al., 2002). 

Alguns autores veem a necessidade de internação psiquiátrica involuntária desses pacientes e argumentam que esses pacientes apresentam risco de vida e não podem ser tratados apenas ambulatorialmente, pois a terapia é muito difícil e a adesão à terapia é baixa. Contudo, segundo Sousa Filho (2017), com base em revisões e relatórios empíricos de médicos experientes, nenhuma terapia biológica ou psicológica ainda se mostrou eficaz. 

O conhecimento sobre a síndrome de Munchausen ainda não está difundido entre os profissionais de saúde e a comunidade acadêmica, sugerindo uma possível explicação para as dificuldades na identificação de casos com implicações no limitado conhecimento substantivo da síndrome. É difícil para os profissionais tratarem esses pacientes sem que os médicos tenham uma visão negativa de seus clientes, pois podem degradar as habilidades diagnósticas dos profissionais para atingir seus próprios objetivos (Sadock; Sadoque; Ruiz, 2017). 

Diversas patologias psiquiátricas fazem diagnóstico diferencial com a síndrome de Munchausen, bem como com doenças físicas simuladas e reais. A simulação é um dos principais diagnósticos diferenciais e é caracterizada pela produção de doenças físicas e/ou psiquiátricas para ganho secundário através de recompensas externas, como compensação financeira ou fuga criminal, uma distinção fundamental da EM. (Sousa Filho et al., 2017). 

Dentre as patologias psiquiátricas, os transtornos de personalidade são um dos diagnósticos diferenciais mais importantes, especialmente a personalidade borderline. A esquizofrenia com sintomas vivenciais e os transtornos de humor, especialmente a depressão, também são diagnósticos diferenciais importantes (Caselli, 2017). 

O diagnóstico correto da síndrome de Munchausen é uma das condições médicas mais difíceis de determinar. É extremamente importante que os profissionais médicos estejam atentos e reconheçam esta difícil identificação, que muitas vezes é demorada e requer uma recolha extensa e sistemática de dados relevantes e visitas clínicas prévias a outros centros de saúde para encontrar a cronologia correta. Os procedimentos de diagnóstico variam dependendo da condição clínica e departamento médico onde o paciente está internado citado (Geile et al., 2020).  

Um dos maiores obstáculos para o sucesso do diagnóstico dessa síndrome é evitar esses pacientes, pois ao se encontrarem, as pessoas tendem a negar a doença e procurar tratamento em outro lugar, o que dificulta o reconhecimento da doença. Esses pacientes podem ser bastante persuasivos faça os testes e procedimentos que você deseja sem ele indicação médica, se não consegue, dramatizam situações e podem até ameaçar colocar suas vidas em perigo. Podem até recorrer a medidas legais, tornando-se disruptivas e criando um sentido de contratransferência (Sinha; Smolik, 2021). 

Em uma revisão sistemática que incluiu a maior amostra de distúrbios fingidos já analisados, foram analisados os fatores que influenciam o diagnóstico de EM, sendo o mais importante a apresentação clínica não comprovada, seguida de histórico de uso de saúde e doença atípica, falha no tratamento, simulação. sinais e sintomas, comportamento e autorrelato do paciente, exame e finalmente confissão espontânea do paciente (Yates Gr, 2016). 

Esses pacientes para obterem o que querem, usam artimanhas e argumentos convincentes para convencer as pessoas ao seu redor a cederem aos seus desejos.  terem a garantia do custeio pelo plano de saúde. A prescrição médica para isso é recomendada, pois quando eles não conseguem, eles exageram na situação (Menezes et al., 2002). 

Além disso, suas situações se tornam ainda mais perigosas, podendo até mesmo ameaçar sua própria vida. Eles têm a opção de utilizar ações legais, que podem se tornar perturbadoras e provocar o sentimento de contratransferência (Sinha; Smolik, 2021). 

Também não podemos negar o medo atual de estigmatizar o paciente de alguma forma pejorativa, que ainda decorre do estigma subjacente às perturbações de saúde mental. Outra questão relacionada é o medo de possíveis ações legais ou pedidos de indenização decorrentes de procedimentos e testes aparentemente “não razoáveis” realizados. Portanto, na maioria dos casos, os médicos tentam evitar possíveis diferenças, o que permite alta desses pacientes (GEILE et al., 2020), sendo que eles não sabem que ao fazê-lo estão alimentando o doente com um ciclo vicioso de automutilação, razão pela qual evitar tal comportamento se torna um objetivo ético e humanitário muito maior. Por outro lado, também é um facto que quando profissionais enfrentam um caso de EM, eles ignoram dúvida e continua pesquisando devido ao receio de que o diagnóstico orgânico seja negligenciado, acarretando enormes custos e utilização excessiva dos serviços de saúde, o que aumenta o risco de maiores danos aos pacientes que se submetem a exames e procedimentos invasivos desnecessários (Schrader; AASL; Bøhmer, 2017). 

Portanto, ambos os cenários são fatores desfavoráveis no diagnóstico desses pacientes. Deve-se ressaltar que os danos causados por esta síndrome ultrapassam o limite subjetivo do paciente e atingem também pessoas de fora, o que pode gerar uma problemática questão jurídica e punição injusta de determinadas pessoas devido à pretensa atitude dessas pessoas. Geile et al., 2020). 

Outro grande problema do subdiagnóstico da EM é que os pacientes que se deparam com um médico questionável fogem do hospital onde estão ou, se não fogem, recusam uma consulta psiquiátrica. Esse fato afeta sobremaneira a relação médico-paciente, o que impede a formação de vínculo, o que dificulta ainda mais o diagnóstico e o tratamento desse transtorno (Caselli et al., 2017). 

Parte do erro de diagnóstico é a confusão para a linha tênue entre simulação (Z76.5) e perturbação pedido de desculpas em si (Schrader; Bøhmer; Aasly, 2019). Muitos profissionais subestimam a SM e superestimam a simulação por desconhecerem as diferenças entre as duas patologias. Um fato interessante é que os pacientes que fingem sintomas psiquiátricos são mais subdiagnosticados do que os pacientes que fingem patologias físicas. 

O estudo de Caselli (2017) conclui que há maiores dificuldades de diagnóstico e classificação em pacientes que simulam sintomas psicológicos em vez de físicos. Considerando todas as dificuldades encontradas e as características marcantes desses pacientes, nota-se a importância da conscientização e cooperação familiar para obtenção de ajuda diagnóstica e entre os especialistas responsáveis pelo caso atual e os médicos que realizaram os transplantes anteriores. Com a ajuda dessas pessoas, os profissionais de saúde podem encontrar informações e evidências importantes, como possíveis materiais autolesivos, como seringas, agulhas e materiais biológicos. Essas evidências são encontradas nos pertences pessoais e nos quartos desses pacientes, podendo até ser utilizada videovigilância desde que aprovada pelo consultor jurídico. Tudo isso pode ser a chave para um diagnóstico precoce e correto (Inui et al., 2016; Iwanaga et al., 2019). 

Os pacientes com transtorno factício geralmente se apresentam de uma forma dramática, acelerada, simulando uma emergência, mostrando dor no peito atrás do esterno, falta de ar repentina e até um derrame (Patel; Daniels, 2018). Nessas interpretações, os médicos focam no estudo de caso, prestando atenção aos sintomas agudos, sem considerar a falsificação desses pacientes, pois não suspeitam que tais sintomas sejam simulados (Aadil et al., 2017). 

Algumas dicas foram relatadas na comunidade científica para ajudar especialistas para identificar possíveis casos da síndrome Munchausen, essas faixas incluem: sintomas dramáticos ou inconsistente com o diagnóstico apresentado na história; inconsistências entre os resultados laboratoriais e outros testes necessários para detectar os sintomas; inconsistência entre as informações fornecidas pelos pacientes e o histórico médico de informações anteriores; extenso histórico médico; descrições completas referenciando a literatura médica; profissionais de saúde; danos contrários à capacidade de escrita e especialmente pronta aceitação procedimentos médicos perigosos e invasivos  (Carnahan; Jha,2021). 

Além de completar essas possíveis referências os médicos devem considerálos e prestar atenção aos pacientes que mentem deliberadamente e que recorrem a hospitais e outros centros de saúde com queixas semelhantes num período de tempo relativamente curto. Porém, nem sempre apresentam as mesmas queixas, por isso o especialista deve estar atento às demais apresentações e sinais citados, manter sempre os olhos abertos para enxergar além das classificações rígidas e estar ciente de que esses pacientes podem se apresentar das mais diversas formas. formas clínicas (Aadil et al., 2017). 

CONCLUSÃO 

Esta pesquisa foi realizada com o objetivo de promover a síndrome de Munchausen e a divulgação do conhecimento sobre a síndrome de Munchausen de forma simples e objetiva. Este estudo revelou que ainda existem poucos estudos na literatura, portanto os dados não são muito promissores em termos de epidemiologia, perfil dos pacientes, nem gênero/sexo, faixa etária ou prevalência de origem étnica. além do tratamento e prognóstico, aqueles com doença tardia. A falta de informações sobre a síndrome tem dificultado as pesquisas e deixado lacunas na estrutura deste artigo. Com base no exposto, entendemos sua importância conhecimento desta patologia, pois a partir do momento em que o faz, o especialista entende que por trás dos sintomas causados ou agravados está um sofrimento real e pesado. intencionalmente e assim toma conhecimento do juramento prestado ao cumpri-lo. Dadas as diversas dificuldades de diagnóstico e os caminhos tortuosos que os profissionais médicos muitas vezes tomam para se livrarem de potenciais devido a complicações, observa-se uma diferença crescente em um um caminho decisivo, pois muitas vezes há falta de comunicação eficaz e visão excessivamente técnica desses pacientes. 

Portanto, conclui-se que é muito importante que o assunto seja mais estudado, pois a síndrome de Münchausen é descrita na literatura desde a década de 1950 e contribui para o aumento da morbidade e mortalidade dos pacientes, além disso, há uma grande escassez. de dados que possam fortalecer a evidência científica. 

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1Acadêmica de Medicina. Centro Universitário UNINORTE, Rio Branco, AC, Brasil.
2Orientador e Docente do Centro Universitário UNINORTE, Rio Branco, AC, Brasil.