BURNOUT SYNDROME: IMPLICATIONS IN THE PROFESSIONAL LIFE OF THE PHYSICAL THERAPIST
ANA CRISTINA DA NÓBREGA MARINHO
Professora Visitante da Universidade Estadual da Paraíba
Doutoranda em Ciências da Saúde pela UFRN
RUA: ADIEL VALDEVINO, 102, CENTENÁRIO, CAMPINA GRANDE-PB.
RESUMO
Este artigo tem o objetivo de contribuir para a reflexão sobre a Síndrome de Burnout, visto que este problema é confundido com o estresse e maioria dos profissionais, dentre eles, o Fisioterapeuta, são acometidos em decorrência da tensão gerada por tal função. Portanto, é de extrema importância que os fisioterapeutas tenham conhecimento acerca desta síndrome, evitando transtornos a nível psíquico e físico.
Palavras-Chave: Síndrome de Burnout; Fisioterapia; Tensão
ABSTRACT
This article has the objective to contribute for the reflection on the Syndrome of Burnout, since this problem is confused with it stress and majority of the professionals, amongst them, the Physical Therapist, is acometidos in result of the tension generated for such function. Therefore, it is of extreme importance that the Physical Therapist have knowledge about of this syndrome, preventing upheavals the psychic and physical level.
Key-Words: Syndrome of Burnout; Physical Therapist; Tension
INTRODUÇÃO
A síndrome de Burnout foi observada, originalmente, em profissões predominantemente relacionadas a um contacto interpessoal mais exigente, tais como médicos, psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciários, professores, atendentes públicos, enfermeiros, funcionários de departamento pessoal, telemarketing e bombeiros. Hoje, entretanto, as observações já se estendem a todos profissionais que interagem de forma ativa com pessoas, que cuidam e/ou solucionam problemas de outras pessoas, que obedecem técnicas e métodos mais exigentes, fazendo parte de organizações de trabalho submetidas à avaliações, porquanto, a fisioterapia encontra-se enquadrada como uma profissão que também reage à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto e excessivo com os pacientes, gerando perda de interesse em sua relação com o trabalho, de forma que as coisas deixam de ter importância e qualquer esforço pessoal passa a parecer inútil.
SÍNDROME DE BURNOUT
A saúde é um bem essencial, é o amor pela vida. Entendemos por saúde como um construto multidimensional composto por uma dimensão externa constituída pelo ambiente ou contexto onde estamos inseridos e pelo grupo social ao qual pertencemos, com suas normas, suas crenças sobre o que é normal e patológico, suas formas de ser e se relacionar. Estas duas dimensões externas formam o ecossistema (Eco de ‘oikós’, em grego, casa, ‘habitat’). Este sistema o contexto contribui para nos proteger ou nos destruir na função docente. Ao mesmo tempo, e em íntima conexão com esse sistema, estão as dimensões internas: o corpo ou dimensão biológica e a dimensão psico-social, que constituem nosso organismo entendido como uma unidade integrada. Na interação do sujeito com o contexto, o comportamento humano se manifesta de forma saudável ou doentia 1.
Segundo Sarriera (2004) uma área de estudos recente é a denominada ‘Saúde do Trabalhador’. Ela se preocupou inicialmente com a saúde física do trabalhador, evitando os acidentes de trabalho, extremamente caros para o Sistema de Saúde… Atualmente, existe uma visão mais favorável ao trabalhador desde uma perspectiva bio-psico-social, com equipes interdisciplinares preocupadas com a promoção e prevenção da saúde, buscando as empresas, desde a responsabilidade social, maior qualidade de vida no trabalho. No entanto, ainda há uma mentalidade empresarial de que, preenchidas as necessidades materiais, o trabalhador não tem outras necessidades a satisfazer (valorização, participação, realização pessoal e profissional…).
Além da preocupação com o atendimento às necessidades do trabalhador por parte de algumas empresas, existe certo tipo de trabalho que, pelas suas características, exige muita maior atenção e desgaste emocional, são as atividades desenvolvidas em constante interação com as pessoas (pacientes, alunos). Quando o trabalhador envolvido nestas atividades não consegue manter seu equilíbrio pessoal, poderá apresentar um tipo de doença chamada de Síndrome do Desgaste Profissional ou Burnout 2.
O conceito de Burnout surgiu nos Estados Unidos em meados dos anos 70, para dar explicação ao processo de deterioração nos cuidados e atenção profissional nos trabalhadores de organizações. Ao longo dos anos esta síndrome de “queimar-se” tem se estabelecido como uma resposta ao estresse laboral crônico integrado, por atitudes e sentimentos negativos Não existe uma definição unânime sobre esta síndrome, existe um consenso em considerar que aparece no indivíduo como uma resposta ao estresse laboral. Trata-se de uma experiência subjetiva interna que agrupa sentimentos e atitudes e que tem um semblante negativo para o indivíduo, dado que implica alterações, problemas e disfunções psicofisiológicas com conseqüências nocivas para a pessoa e para a organização3.
Freudenberger (1974 apud Silva, 2000), afirma que o Burnout é resultado de esgotamento, decepção e perda de interesse pela atividade de trabalho que surge nas profissões que trabalham em contato direto com pessoas em prestação de serviço como conseqüência desse contato diário no seu trabalho. Amorim et. al. (1998 apud Silva, 2000) acrescentam ainda, que alguns pesquisadores realizaram propostas de delimitação conceitual e assim estabeleceram procedimentos e critérios para o diagnóstico diferencial. Pines; Aronson e Kafry (1981), correlacionam a fadiga emocional, física e mental, sentimentos de impotência e inutilidade, falta de entusiasmo pelo trabalho, pela vida em geral e baixa auto-estima a estados que combinam esta síndrome.
Na definição de Maslach e Jackson (1981), o esgotamento nervoso e despersonalização podem ser entendidos pela situação que os trabalhadores sentem quando já não podem dar mais de si mesmo afetivamente, é uma situação de esgotamento da energia dos recursos emocionais próprios, uma experiência de estar emocionalmente esgotado, devido ao contato diário mantido com pessoas que hão de atender como objeto de trabalho. A despersonalização pode ser definida como o desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativos e cinismo para as pessoas destinatárias do trabalho. Estas pessoas são vistas por profissionais de forma desumanizada, rotuladas negativamente, devido a um endurecimento afetivo e os profissionais ainda os responsabilizam de seus problemas.
Amorim et al (1998 apud Silva 2000), afirmam que a síndrome de Burnout é uma experiência subjetiva, que agrupa sentimentos e atitudes implicando alterações, problemas e disfunções psicofisiológicas com conseqüências nocivas para a pessoa e a organização, sendo que esta afeta diretamente a qualidade de vida do indivíduo. Por isso, é necessário um estudo também filosófico onde se explicita a natureza humana e, principalmente, as dinâmicas interpessoais que possam interferir no desempenho e produtividade no trabalho. Segundo Maslach e Jackson (1981) esta síndrome estava estritamente ligado a profissionais de saúde, que perdiam então, o interesse, empatia e o próprio respeito por seus pacientes.
Os sintomas básicos dessa síndrome seriam, inicialmente, uma exaustão emocional onde a pessoa sente que não pode mais dar nada de si mesma. Em seguida desenvolve sentimentos e atitudes muito negativas, como por exemplo, um certo cinismo na relação com as pessoas do seu trabalho e aparente insensibilidade afetiva. Finalmente o paciente manifesta sentimentos de falta de realização pessoal no trabalho, afetando sobremaneira a eficiência e habilidade para realização de tarefas e de adequar-se à organização.Esta síndrome é o resultado do estresse emocional incrementado na interação com outras pessoas. Algo diferente do estresse genérico, a Síndrome de Burnout geralmente incorpora sentimentos de fracasso. Seus principais indicadores são: cansaço emocional, despersonalização e falta de realização pessoal 8.
As profissões mais afetadas pela síndrome são: polícia, enfermeiras, professores. Neste grupo ainda se encontram os terapeutas ocupacionais, psicoterapeutas e outros relacionados à saúde mental. Fica claro a importância do bem-estar e a saúde do indivíduo no trabalho, pois é no trabalho que passa-se a maior parte do tempo. Os fisioterapeutas por estabelecerem relações com os seus pacientes, durante um período de tempo relativamente longo, são sérios candidatos a apresentarem tal síndrome 9;10;11.
Wolfe (1981) definiu o Burnout nos fisioterapeutas, como sendo um sentimento de exaustão físico e emocional, acompanhado de um profundo sentimento de frustração e insucesso. Concluiu ainda, que um negativo auto-conceito e atitudes profissionais, manifestam-se por uma diminuição da preocupação do paciente e uma alienação do fisioterapeuta ao seu ambiente de trabalho.
Os fisioterapeutas vêem os seus desejos e as suas expectativas em relação ao tratamento dos seus doentes serem defraudados por um excessivo numero de pacientes e um excessivo papel burocrático. As queixas de falta de tempo para tratamento dos doentes é uma constante. Conflitos entre uma chefia autocrática e inflexível, e o pessoal consciencioso, podem resultar num desequilíbrio entre as exigências a serem cumpridas e o suporte de cada membro do pessoal. Se o sujeito for pouco solicitado este pode sentir-se desmotivado ou mesmo frustrado. A compensação dos deficientes recursos humanos, conduz a uma sobrecarga de trabalho dos técnicos de saúde 13.
Não são só as implicações ao nível pessoal que preocupam, mas também as repercussões que podem surgir, no local de trabalho com aumento do absentismo, mudanças de emprego ou profissão, desgaste e outros comportamentos de afastamento profissional. Todos estes fatos afetam a qualidade dos serviços prestados aos pacientes 14.
Segundo Sousa (2002) embora os fisioterapeutas não sejam os profissionais que apresentam níveis de stress e Burnout mais elevados, são profissionais com características muito especificas e com problemas ocupacionais que não devem ser ignorados. Deverá ser da responsabilidade dos próprios fisioterapeutas o estudo destas suas realidades, embora as entidades oficias competentes (Ministério da Saúde, Ministério do Emprego e da Segurança Social ), assim como, as entidades empregadoras e as chefias não podem ser alheias do seu papel na promoção e manutenção da saúde dos seus empregados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.SARRIERA, Jorge Castellá. A Síndrome do Burnout : a saúde em docentes de escolas particulares. Disponível em: www.sinprors.org.br/cepep/palestraSimproburnout.doc.Acesso em 8 de maio de 2004.
2.MASLACH, C. & LEITER, M.P. Trabalho: Fonte de prazer ou desgaste? Guia para vencer o estresse na empresa (M.S. Martins, Trad.). Campinas: Papirus,1999.
3.SILVA, Flávia Pietá Paulo da. Burnout: um desafio à saúde do trabalhador. Revista de Psicologia Social e Institucional, vol 2, n.1, junho, 2000.
4.FREUDENBERGER, H. J. Staff burn-out.In: SILVA, Flávia Pietá Paulo da. Burnout: um desafio à saúde do trabalhador. Revista de Psicologia Social e Institucional, vol 2, n.1, junho, 2000.
5.AMORIM, C. et. al. . A Síndrome de Burnout: modelos teóricos e avaliação. In: SILVA, Flávia Pietá Paulo da. Burnout: um desafio à saúde do trabalhador. Revista de Psicologia Social e Institucional, vol 2, n.1, junho, 2000.
6.PINES A, Aronson E & Kafry D. From tedium to personal growth. New York. The Free Press.1981.
7.MASLACH, C. JACKSON, SE. The measurement of experienced burnout. Journal of Occupational Behavior. 1981.
8.BALLONE, GJ – Síndrome de Burnout. PsiqWeb Psiquiatria Geral. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/cursos/stress4.html. Acesso em 04 de janeiro de 2002.
9.LINDSTORM K. Work Organization and well-being of finnish health care personnel. Scandinavian Journal of Work Environment and Health. 1992.
10.DONOHOE E, NAWAWI A, WILKER L, et al. Factores associated with burnout of physical therapists in Massachusetts rehabilitation. Physical Therapy. 1993.
11.FIGUEROA, J. F.; VELIZ-CAQUIAS, R. E. El síndrome de quemazón y el ambiente de trabajo en una muestra de enfermeras psiquiátricas. Rev. Ciencias de la Conducta, 1992.
12.WOLFE GA. Burnout of therapists: inevitable or preventable? Physical Therapy. 1981.
13.SQUIRES, A. LIVESLEY, B. Beware of Burnout. Physiotherapy. 1984.
14.DECKARD GJ, PRESENT R. Impact of role stress on physical therapists emotional and physical well-being. Physical Therapy. 1989.
15.SOUSA, João Paulo da Fonseca e. O Impacto do Stress Ocupacional no Bem Estar Físico e Emocional dos Fisioterapeutas.Fisionet Jornal. Disponível em: http://www.fisiopraxis.pt/fnj/out98.html. Acesso em 9 de maio de 2004.