SÍNDROME DE BURNOUT E OS EFEITOS SOBRE SEUS PORTADORES: UMA REVISÃO DA LITERATURA

BURNOUT SYNDROME AND THE EFFECTS ON ITS CARRIERS: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8180174


Ana Paula dos Santos e Silva Rodrigues²; Cynthia Caroline Pires e Silva¹; Déborah Miranda Labre V. Cardozo¹; Elaine Cristina Guimarães Franchi²; Ellen Nascimento Barros¹; Erivaldo Pereira Passos¹; Janykelly Soares de Oliveira Alves¹; João Victor Rodrigues Penha¹; Juliana Martins Moreira¹; Lia Fontes de Morais Amorim¹; Lorena Ferreira França²; Maria Eduarda Moura Silva¹; Maria Luísa Ribeiro Bolina¹; Morgana Belém Rosa Guilherme¹; Ronilson Carreiro Dias Filho¹; Shara Cristine Bahia Galvão¹; Surama Grazielle Ribeiro da Costa Rigo Guimarães¹; Thales Sehaber Germendorff¹


RESUMO 

A síndrome de burnout é uma síndrome psiquiátrica, que, se não tratada pode associar-se a outras síndromes que afetam não só o psicológico do indivíduo, mas também sua relação em diversos âmbitos da vida, a qual vem apresentando preocupação mundial por conta do aumento dos números em relação a maior prevalência dos trabalhos em home office o que acarreta na elevação da quantidade das obrigações. Seu diagnóstico e tratamento adequado possui grande importância na saúde pública devido seu elevado índice de prevalência nos últimos anos. O presente estudo objetiva traçar os efeitos gerados pela Síndrome de Burnout sobre aqueles que a portam. Estudo de revisão de literatura com natureza descritiva sobre a Síndrome de Burnout. As bases de dados LILACS, PUBMED, MEDLINE, SCIELO, foram as entidades de buscar para construção da base teoria da literatura presente neste estudo. A Síndrome de Burnout requer um olhar diferenciado, no intuito de promover estratégias que busquem alcançar a redução de sua prevalência, para assim reduzir os danos gerados pela presença social da síndrome e construir um indivíduo com menor sobrecarga físico-mental, focando no bem-estar.

Palavras-Chave: Síndrome de Burnout. Prevalência da Síndrome de Burnout. Diagnóstico.

ABSTRACT

The burnout syndrome is a psychiatric syndrome, which, if not treated, can be associated with other syndromes that affect not only the individual’s psychology, but also their relationship in various areas of life, which has been of worldwide concern due to the increase of the numbers in relation to the higher prevalence of home office work, which leads to an increase in the number of obligations. Its diagnosis and adequate treatment are of great importance in public health due to its high prevalence rate in recent years. The present study aims to trace the effects generated by the Burnout Syndrome on those who suffer from it. Literature review study with a descriptive nature on the Burnout Syndrome. The LILACS, PUBMED, MEDLINE, SCIELO databases were the entities to search for the construction of the literature theory base present in this study. The Burnout Syndrome requires a different look, in order to promote strategies that seek to reduce its prevalence, in order to reduce the damage generated by the social presence of the syndrome and build an individual with less physical and mental overload, focusing on well-being. .

Keywords: Burnout syndrome. Prevalence of Burnout Syndrome. Diagnosis.

1 INTRODUÇÃO

A Síndrome de Burnout vem sendo tema de diversas discussões e pesquisas renomadas por se tratar de um problema que, nos últimos anos, tem acometido grande quantidade de indivíduos no Brasil e ao redor do mundo. O estado do Tocantins, principalmente no meio dos profissionais de saúde, foi alvo de uma alta incidência dessa síndrome com uma baixa adesão ao tratamento por fatores como o desconhecimento sobre a mesma. Com isso, qual será o perfil epidemiológico da síndrome de burnout nesse estado?

Burnout, conhecido também por Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio emocional com sintomas de esgotamento, estresse e esgotamento físico decorrentes de situações intensas de trabalho que exigem muita competitividade e responsabilidade. A principal causa desta doença é simplesmente o excesso de trabalho. Essa síndrome é comum entre profissionais que trabalham sob pressão diária e responsabilidade constante, como médicos, enfermeiros, professores, policiais e jornalistas. (Ministério da Saúde Pública). (MINISTÉRIO DA SAÚDE).

Uma extensa lista de sintomas clínicos atribuídos ao estresse/burnout refere-se à característica ‘psicologicamente não analisada’ de continuidade entre estados leves e graves. A lista de sintomas de esgotamento varia de incapacidade de concentração e “suspiros profundos” (como uma expressão de doença respiratória) a comportamento agressivo, abuso de substâncias, comportamento de risco e pensamentos suicidas. (REVISTA DE SAÚDE COLETIVA. 2019).

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Fisiopatologia

A palavra Burnout é composta por duas expressões, tais como burn que significa queima e out que está relacionado à parte externa ou fora, mostrando assim que alguma coisa não funciona devido ao esgotamento das reservas de energia, fadiga, psíquico e emocional, no qual não há uma relação íntima entre a pessoa e seu local de trabalho. (PRADO et al, 2017).

De acordo com Menezes et al (2017), a SB se revela em classes:  Física: o trabalhador possui cansaço frequente, insônia e falta de apetite; Psíquica: desatenção, mudanças de memória, ansiedade e frustração; o Comportamental: o trabalhador é desleixado, há aborrecimento eventual ou momentâneo, desambição, aumento do estresse com os colegas;  Defensiva: retraimento da sociedade, sensação de incapacidade e de trabalho mal feito além dos sintomas relacionados à síndrome.

Segundo Prado et al (2017), trabalhadores com uma relação de alta frequência com outras pessoas por um longo período de muito esforço, sem intervalos estão mais propensos à exaustão, alguns exemplos desses profissionais são profissionais da saúde e policiais. 

A SB pode ser gerada por apenas um evento, pela associação de vários eventos ou até mesmo por vários problemas rotineiros, podendo ou não estar relacionados a traumas e grandes perdas.

É uma síndrome que tende a afetar adultos, com profissões e rotinas exaustivas, porém, nos últimos anos, passaram também a atingir adolescentes e jovens, principalmente aqueles que possuem em sua rotina o trabalho e o estudo.

2.2 Prevenção

Segundo a SBPH (2020), a prevenção da síndrome de burnout está diretamente ligada a modificação do sujeito somada a modificação do ambiente estressor que resulta na diminuição dos níveis de estresse ocupacional. 

Alterações no estilo de vida como a prática de exercícios físicos, momentos de lazer e até técnicas de relaxamento interior podem afetar drasticamente e positivamente para a prevenção dessa síndrome.


2.3 Sinais e sintomas

Os sinais e sintomas da SB geralmente começam logo após o evento estressando e não perduram por mais de 6 meses após o seu término. (PERNICIOTTI, 2020). 

Perniciotti (2020), afirma ainda que as manifestações mais comuns são humor deprimido, ansiedade e comportamento inadequado, porém há um alto risco para tentativas de suicídio e consumação do mesmo.

O emocional esgotado se refere a sentimentos de cansaço, em que não há mais energia emocional suficiente. A despersonalização, nesta síndrome, engloba um distanciamento na relação com os pacientes e colegas de trabalho, além de uma baixa empatia para com o outro; e a desvalia profissional é caracterizada por uma sensação de incapacidade produtiva, de autoestima diminuída em relação ao trabalho. (RBSO, 2017)

De acordo com o Ministério da saúde, as principais manifestações clínicas da Síndrome de Burnout são: Cansaço excessivo, físico e metal; Dor de cabeça frequente; Alterações no apetite e no sono; Dificuldade de concentração; Sentimento de fracasso, insegurança, negatividade constante, derrota, desesperança, incompetência; Alterações repentinas de humor; Isolamento; Fadiga; Pressão alta; Dores musculares; Problemas gastrointestinais; Alterações nos batimentos cardíacos.

2.4 Diagnóstico 

Apesar de a SB ser um tema amplamente estudado desde sua primeira descrição, a produção científica mundial sobre a mesma é permeada por divergências teóricas quanto à sua definição e critérios diagnósticos. (SBPH. 2020).

Segundo a SBPH (2020), o diagnóstico da SB é dado através de altas pontuações na dimensão Exaustão Emocional (EE) e Despersonalização (DP) associada a baixos valores em Realização Pessoal (RP).

De acordo com Medanha (2018), os pacientes devem apresentar: 1) Sinais e sintomas emocionais ou comportamentais durante 3 meses após a exposição a um evento estressante 2) Sofrimento acentuado desproporcional ao evento estressante (levando em conta fatores culturais e outros) 3) Prejuízo funcional social ou ocupacional significativo.

O psiquiatra e o psicólogo são os profissionais de saúde indicados para identificar o problema e orientar a melhor forma do tratamento, conforme cada caso. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Rede de Atenção Psicossocial (RASP) está apta a oferecer, de forma integral e gratuita, todo tratamento, desde o diagnóstico até o tratamento medicamentoso. (MINISTÉRIO DA SAÚDE).

Muitas pessoas não buscam ajuda médica por não saberem ou não conseguirem identificar todos os sintomas e, por muitas vezes, acabam negligenciando a situação sem saber que algo mais sério pode estar acontecendo. Amigos próximos e familiares podem ser bons pilares no início, ajudando a pessoa a reconhecer sinais de que precisa de ajuda, (MINISTÉRIO DA SAÚDE). 

2.5 Tratamento

De acordo com o instituto de psiquiatria paulista, geralmente o psiquiatra, após o diagnóstico correto, prescreve medicamentos adequados para que o indivíduo consiga voltar a ter o seu autocontrole. Feito isso, o tratamento passa a ser com a ajuda de um psicólogo, o qual vai guiar a mudança dos hábitos de vida, criando novas estratégias para que o mesmo consiga voltar ao trabalho aos poucos, são exemplos dessas estratégias: Higiene do sono: dormir corretamente e com um sono de qualidade, diminuindo, assim, a concentração de cortisol e obtendo uma ajuda na saúde mental; Nova forma de trabalho: mudança de área, setor, função, reorganização das tarefas, demandas; Investimento na vida pessoal e social: cuidado com si, incluindo alimentação, atividades de lazer e socialização com amigos e familiares; Prática de atividades físicas: ajuda a liberar a tensão e o estresse.

O tratamento da Síndrome de Burnout pode durar alguns meses e deixar a pessoa afastada do trabalho por algum período (se necessário). Ao voltar ao trabalho ou continuar trabalhando concomitantemente à psicoterapia, uma melhora significativa deve ser sentida, como mais confiança e rendimento, mais tranquilidade e sensação de bem-estar, bem como a ausência dos sintomas físicos de forma gradativa. (INSTITUTO DE PSIQUIATRIA PAULISTA).

Os sinais de piora da SB surgem quando o indivíduo não segue o tratamento adequado. Diante disso, os sintomas se agravam e podem acarretar em perda total da motivação e distúrbios gastrointestinais. Em casos mais graves, o paciente pode desenvolver depressão, o que muitas vezes pode ser indicativo de internação para avaliação detalhada e possíveis intervenções médicas. (PÊGO, 2016).

2.6 Complicações

Complicações como problemas de relacionamento com outros colaboradores, falta de cooperação nesse ambiente, um desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional, falta de tempo para lazer e atividades físicas e dificuldades para ter autonomia em sua vida podem potencializar o surgimento da síndrome. (MEDANHA, 2018).

Geralmente, aqueles que estão próximos ao desenvolvimento desta síndrome tendem a entrar em looping:

  • Rotina desgastante;
  • Cansaço e sensação de esgotamento;
  • Frustrações que tem como consequência o acúmulo de mais trabalho;
  • Maior esgotamento o que passa a atrapalhar ainda mais a rotina;

Todos esses fatores acumulados, já acarretam na SB, porém, somado a falta de tratamento adequado, diversas outras patologias psiquiátricas, ou até mesmo sistêmicas podem ser desenvolvidas.

A falta de conhecimento sobre a SB é motivo de muita preocupação em toda comunidade científica pelo fato do maior índice de complicações que esse desconhecimento pode causar. Logo, com esse fato, é notória uma maior evolução dos quadros, principalmente para doenças psiquiátricas graves com tratamentos mais difíceis, o que acarreta em maiores danos à vida social e profissional desses indivíduos.

METODOLOGIA

O estudo se constitui como uma Revisão de Literatura, com caráter descritivo. A estratégia de identificação e seleção dos artigos de base para compilação do atual estudo foi por busca na base de dados MEDLINE, PUBMED, LILACS e Google School. Os critérios de inclusão utilizados para construir o referencial teórico foram Artigos que se alinhavam ao eixo temático proposto; Artigos em outros idiomas além do Português, como Inglês e Espanhol; Artigo com data de publicação mínima dos últimos 10 anos. Sobre os critérios de Exclusão se teve Artigos que discorriam sobre outros tipos de transtorno além da Síndrome de Burnout; Artigo com datação superior a 10 anos; Artigos com especificidade de comparações de comorbidades com outros transtornos psiquiátricos. Os autores estavam sujeitos ao estresse de elaboração, coleta e análise dos dados ao de longo do desenvolvimento da pesquisa. Os benefícios sobrepõem qualquer risco, visto que, visa à evidenciação da importância em relatar sobre a Síndrome de Burnout e sua ascendência social e como obstáculo para saúde pública.  Afastando qualquer interesse pessoal ou financeiro relativos aos dados coletados, afirmando o puro interesse científico para avaliar características de prevalência pré-estabelecidas de acordo com os objetivos pautados na pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Burnout é uma condição que requer atenção e consideração na sociedade moderna. O aumento da carga de trabalho, o estresse constante, as demandas emocionais e a falta de apoio podem levar ao esgotamento físico e mental. É importante reconhecer os primeiros sinais de fadiga e tomar medidas para prevenir e tratar a condição. Ao lidar com o esgotamento, é importante buscar apoio profissional, como terapia e aconselhamento, para ajudá-lo a gerenciar o estresse e desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis. As empresas também desempenham um papel importante na prevenção do esgotamento, fornecendo aos funcionários um ambiente de trabalho saudável, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, programas de bem-estar e apoio emocional adequado. 

Torna-se fundamental fomentar uma cultura de cuidado e foco na saúde mental nos níveis individual e organizacional, isso inclui reconhecer a importância do autocuidado, estabelecer limites saudáveis, buscar um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal e desenvolver estratégias de gerenciamento. Também se precisa combater a cultura do excesso de trabalho e promover uma abordagem de produtividade mais equilibrada e sustentável. Finalmente, a fadiga não deve ser ignorada ou minimizada, é uma doença grave que pode afetar a vida pessoal e profissional das pessoas. Ao priorizar a saúde mental e emocional individual e coletiva, se pode trabalhar para criar um ambiente mais saudável e harmonioso no qual todos possam prosperar e crescer.

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1 Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, Brasil.
2 Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC, Porto Nacional/TO, Brasil.