SAÚDE MENTAL EM MEIO A PRÁTICA CLÍNICA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6840156


Autoras:
Ana Luíza Rodrigues de Souza1
Brenda de Jesus Martins Soares Silva2
Gabriela de Oliveira Borges3


RESUMO

A Universidade de Brasília (UnB) dispõe da oportunidade de agregar conhecimento e experiência através da atuação extracurricular em estágio não obrigatório de maneira a preparar os estudantes para o trabalho produtivo e consequentemente, estimular ao exercício das competências desenvolvidas no ambiente acadêmico. Entretanto, assim como outras atividades produtivas e acadêmicas, o contexto de estágio possui agentes potencialmente estressores capazes de fragilizar a saúde mental e a qualidade de vida dos sujeitos. Nesse sentido, o presente estudo apresenta-se como um relato de experiência e tem o objetivo principal de discutir os impactos do estágio não obrigatório no contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA) na saúde mental dos estagiários de Terapia Ocupacional (TO). Sabendo que a terapia ocupacional apresenta inúmeras possibilidades de trabalho, ressalta-se a importância dos estudantes ocuparem esses espaços e expandir as oportunidades de forma a reforçar a relevância dessa atuação e da profissão fora do contexto acadêmico.

Palavras-chave: Estágio. Estudantes. Saúde mental. Terapia Ocupacional.

ABSTRACT

The University of Brasilia (UnB) offers an opportunity for students to add knowledge and experience through extracurricular work in a non-mandatory internship in order to prepare them for productive work hence encourage the exercise of skills developed in the academic field. However, like other academic production activities, the internship context has potentially stressful agents capable of weakening the subjects’ mental health and quality of life. With that being said, this article presents itself as an experience report that aims the discussion of the impacts of the non-mandatory internship in the context of Autism Spectrum Disorder (ASD) on the mental health of Occupational Therapy (OT) interns. Knowing that the field of Occupational Therapy presents numerous possibilities for work, it is needed to highlight the importance of students occupying these spaces and expanding opportunities in order to reinforce the relevance of this work and the profession outside the academic arena.

Keywords: Internship. Students. Mental Health. Occupational Therapy.

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, as universidades estão regidas sobre o “princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988), esse tripé permite o desenvolvimento e ampliação de competências tanto pessoais quanto profissionais dos estudantes (ARINO; BARDAGI, 2018; BARBOSA, 2020). Segundo Moita e Andrade (2009), esse preceito serve como “orientador da qualidade da produção universitária, porque afirma como necessária a tridimensionalidade do fazer universitário autônomo, competente e ético” (MOITA; ANDRADE, 2009, p. 1). Nessa perspectiva, o determinado modelo de educação superior mostra-se fundamental ao posicionar o discente como um ser ativo de mudança, de maneira a promover uma formação acadêmica munida de senso crítico e participação ativa na sociedade (BARBOSA, 2020).

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) (BRASIL, 2017), na área da saúde, a graduação deve estar direcionada para os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), o que envolve diretamente a “promoção, proteção e recuperação da saúde no contexto da integralidade da atenção e da gestão descentralizada das ações e serviços” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, p. 19). Portanto, essas diretrizes são capazes de projetar uma atuação profissional capaz de atender com qualidade, eficiência e eficácia, às necessidades de saúde dos usuários (BATISTA et al, 2018).

Nesse contexto, a Universidade de Brasília (UnB) dispõe da oportunidade de agregar conhecimento e experiência através da atuação extracurricular em estágio não obrigatório, isto é, “aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular obrigatória do curso e envolve remuneração” (UNB, 2009, p. 19). Dessa forma, a instituição visa a preparação para o trabalho produtivo e consequentemente, estimula ao exercício das competências desenvolvidas no ambiente acadêmico quando confrontadas com a realidade do país (UNB, 2009). Entretanto, assim como outras atividades produtivas e acadêmicas, o contexto de estágio possui agentes potencialmente estressores capazes de fragilizar a saúde mental e a qualidade de vida dos estudantes (RUDNICKI; CARLOTTO, 2007; SILVA et al, 2020).

De acordo com Lima et al. (LIMA et al, 2021), discentes universitários se apresentam mais vulneráveis para o desenvolvimento de sofrimento psíquico em relação a adultos que não vivenciaram a experiência acadêmica. Além disso, uma pesquisa nacional (ANDIFES, 2019) identificou que aspectos relacionados ao contexto universitário, tais como: carga excessiva de trabalhos, problemas emocionais e falta de disciplina nos estudos, são fatores que contribuem para o adoecimento mental desse público. Frente ao exposto, percebe-se que as exigências da vida acadêmica exercem uma influência considerável no bem estar e na saúde física e mental dos estudantes, demonstrando a necessidade do desenvolvimento de ações preventivas em saúde mental, reforçadas quando associadas a graduandos da área da saúde (RUDNICKI; CARLOTTO, 2007; SILVA et al, 2020; ANDIFES, 2019).

Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo discutir os impactos de estágio não obrigatório no contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA) na saúde mental dos estagiários, demonstrar a importância da atuação da Terapia Ocupacional (TO) nesse campo de atuação e aprofundar o entendimento quanto a experiência e seus impactos na produção de conhecimento para a profissão. De maneira a evidenciar que o acesso a outros ambientes, principalmente fora do contexto do SUS, abre fronteiras para debater assuntos e corroborar para a valorização da profissão em áreas de atuação que não são focalizadas no período de graduação.

2. TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) E A INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL (TO)

Designado como um grupo de distúrbios do desenvolvimento, o TEA é caracterizado por alterações das habilidades sociais, de comunicação e presença de comportamentos estereotipados (PEREIRA et al, 2021). De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o transtorno é tipificado:

Por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo déficits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais de comunicação usados para interação social e em habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos (APA, 2014, p. 31).

Apesar de apresentar subcategorias de acordo com os níveis de comprometimento, a saber: nível 1 (exige apoio), nível 2 (exige apoio substancial) e nível 3 (exige apoio muito substancial) (APA, 2014, p. 52), o diagnóstico de TEA tem implicação direta no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional do indivíduo (OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017).

De acordo com Botelho (2021), em 2016 a estimativa era de 13 mil pessoas com o diagnóstico no Distrito Federal (DF) e com esse número cada vez maior, a perspectiva para 2021 subiu para 15 mil pessoas. Segundo Oliveira e Sertié (2017), acredita-se que o TEA seja mais prevalente entre homens do que entre mulheres e afete cerca de 1% da população brasileira. Em uma comparativa de dados internacionais com informações da população brasileira, estimou-se que 4,8 milhões de crianças na faixa de 8 anos possuem algum grau de autismo (VIEIRA, 2022). Considerando essa expressiva quantidade, faz-se cada vez mais necessário a implementação de políticas públicas que assegurem direitos e atendimento especializado a esse público.

Nessa perspectiva, a Terapia Ocupacional (TO) emerge como a profissão que compreende a atividade humana, as ocupações, o cotidiano e o contexto singular de cada indivíduo, identificando-se como uma intervenção essencial para esse público (CREFITOa). Assim, o terapeuta ocupacional passa a atuar de forma colaborativa junto a rede familiar, contexto escolar, organizações e ainda, de forma multidisciplinar juntamente a outros profissionais a fim de oferecer o suporte necessário para que o sujeito participe ativamente das suas atividades cotidianas (CREFITOb).

Segundo o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITOb), dentre os métodos mais utilizados pelos terapeutas ocupacionais encontra-se a integração sensorial, definida como um “processo neurofisiológico, que identifica a função do sistema nervoso central em organizar, interpretar, processar e modular as informações advindas dos sistemas sensoriais” (OLIVEIRA; SOUZA, 2022, p. 2). Essa abordagem tem o fundamento de que é a partir da integração dos sistemas visual, olfativo, gustativo, tátil, auditivo, vestibular e proprioceptivo, que as pessoas respondem aos estímulos e vivências do dia a dia, entretanto, em alguns casos como os de TEA, existe uma disfunção desse processamento, o que dificulta essa capacidade de resposta (OLIVEIRA; SOUZA, 2022). Além disso, utiliza-se ainda a ciência de Análise do Comportamento Aplicada (ABA), que dispõe de um programa de ensino segundo o comportamento e o desempenho ocupacional da pessoa diagnosticada com TEA (CREFITOb).

Independentemente da abordagem utilizada, o acompanhamento terapêutico ocupacional mostra-se indispensável no processo de tratamento do TEA, uma vez que a profissão busca alcançar a autonomia e independência nas ocupações humanas, sendo elas: Atividade de Vida Diária (AVD), Atividade Instrumental de Vida Diária (AIVD), gestão de saúde, descanso e sono, educação, trabalho, brincar, lazer e participação social. (AOTA, 2015).

3. O CAMPO DE ESTÁGIO E SUAS NUANCES

O presente relato foi vivenciado por estudantes de Terapia Ocupacional da Universidade de Brasília (UnB) no contexto de uma clínica privada especializada em atendimento ao público infantil com TEA, Síndrome de Down e demais transtornos globais do desenvolvimento. A proposta do local é a realização de atendimentos e oficinas diversas de integração socioeducativa com todas as intervenções baseadas na ciência ABA. A clínica conta com uma equipe multidisciplinar composta por: Fonoaudiólogo, Terapeuta Ocupacional, Psicólogo, Psicopedagogo, Nutricionista e Musicoterapeuta, ambos especializados e qualificados para essa aplicação. Dessa maneira, aliado ao modelo ABA, o objetivo terapêutico se concretiza por meio do ensino intensivo para aprimorar as habilidades, através do ensino de condutas sociais, acadêmicas, aprimoramento do desempenho nas Atividades de Vida Diária (AVDS) e redução de comportamentos estereotipados, repetitivos, autolesões e outros (FERNANDES; AMATO, 2013).

Em relação ao funcionamento das atividades, a dinâmica do espaço consiste na prática de circuito em que a criança se encontra em uma terapia específica a cada 30 minutos durante um determinado período (matutino ou vespertino). Segue-se o seguinte modelo de exemplo: 30 minutos na sessão de TO, 30 minutos na sessão de Fonoaudiologia, 30 minutos na sessão de Psicopedagogia e 30 minutos na sessão de Psicologia ABA. Se necessário, faz-se oficinas em grupo no contraturno, como musicoterapia, orientação pedagógica, equoterapia, entre outros. A organização desses atendimentos é baseada em um cronograma semanal confeccionado em planilha, onde estipula-se a ordem de terapias de cada criança.

No que se refere a atuação do terapeuta ocupacional, a criança é compreendida pelas suas individualidades e por todos os contextos que a permeiam, isso inclui os ambientes familiares, escolar (se frequentada), e de aprendizado de maneira geral (FOLHA; BARBA, 2020). Esses contextos influenciam diretamente no cotidiano e no desenvolvimento da criança, sendo também de importante relevância a ocupação principal exercida na infância: o brincar. Por meio do brincar lúdico funcional, o profissional de TO é capaz de intervir e aprimorar habilidades por meio da ocupação (GOMES; OLIVER, 2010). Parte-se então para o desenvolvimento da Integração Sensorial, intervenção primordial na regulação e aceitação do recebimento de informações sensoriais e na adequação de respostas aos mesmos (de forma neurológica), compreendendo a dificuldade na regulação sensorial que é encontrada de formas singulares em cada criança com TEA (AYRES, 1972). Nesse sentido, aprimora-se as habilidades motoras, cognitivas, sociais, comportamentais, orientação corporal e espacial, além de promover a independência e a autonomia nas AVDS, proporcionando desde a infância o desenvolvimento do protagonismo do sujeito no seu dia a dia durante toda a sua vida.

A respeito da relação inicial do estagiário com a clínica, a mesma decorre por meio de convocação de entrevista seguida do processo de seleção, sendo este totalmente realizado pela equipe de Recursos Humanos (RH). Em seguida, é proposto uma vivência no local a ser acompanhada do profissional responsável pelo segmento específico, no caso, o de TO. Nesse momento, capacidades como a experiência com o público infantil, habilidades relacionadas ao saber acadêmico e manejo, bem como outros critérios de interesse para os supervisores, são criteriosamente analisadas. A contratação decorre através de assinatura de termos legais de compromisso e seguro de vida, assim como o envio de documentação referente a vacinação, vínculo com a universidade e demais dados pessoais, novamente de responsabilidade da equipe de RH. Após essa admissão, o estagiário dispõe de um profissional de referência, de acordo com a área de contratação, sob o qual deve responder e ser orientado para que a partir dessas etapas, passe a atuar como parte da equipe.

Dessa maneira, dá-se início a possibilidade de crescimento pessoal e acadêmico profissional, pois neste momento enfrenta-se a teoria aprendida em sala de aula com a realidade da prática clínica. Sendo de responsabilidade do terapeuta ocupacional formado, supervisionar o estudante e guiá-lo na trilha do conhecimento e da aprendizagem da prática. Deixando ao cargo do estagiário a responsabilidade das atividades desempenhadas e a atuação profissional e ética de forma a honrar os termos de compromisso.

Entretanto, uma vez evidenciada a posição de estágio, isto é, local este onde o estudante exerce uma carga de 20h semanais e dispõe-se no papel de aprendiz, consequentemente de inferioridade à hierarquia profissional, encontra-se um desafio. A partir dessa premissa, segue-se a lógica de que quanto maior sua posição, maior será seu poder de ordem ao restante da equipe, fator que é evidenciado principalmente através das experiências nas relações interprofissionais do local. Assim, ao encontrar-se em um ambiente privado com vínculos hierárquicos visíveis e muitas vezes, reforçados pela coordenação e chefia, asseguram-se os limites éticos profissionais, mas em mesma medida, abre-se espaço para conflitos e para a desvalorização de conhecimentos.

4. IMPACTO NA SAÚDE MENTAL DO ESTAGIÁRIO

Existe uma desvalorização, falta de reconhecimento, sobrecarga na demanda de trabalho sem o suporte necessário, desvio de funções e em certos casos até mesmo despreparo profissional, o que acaba gerando frustrações, ansiedade e desmotivação entre os estagiários, reforçado pelo contexto de pandemia.

Segundo uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), nos meses de maio, junho e julho de 2020, 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa por conta da pandemia do novo coronavírus. A pesquisa ouviu 1.996 pessoas maiores de 18 anos de idade e foi divulgada nas redes sociais. (CAVALLI, 2020)

Assim, existe a necessidade que a gestão do ambiente tenha ciência do papel do estagiário bem como suas leis, inserir e incluir os estagiários nas equipes visando que o mesmo pode contribuir com o espaço trazendo inovações, ideias e até mesmo ânimo para a equipe visto que estão de certa forma com um ‘’gás’’ a mais, vontade de aprender, fazer o seu diferencial e abraçando a oportunidade. Cabe aos coordenadores e gestores buscar sempre motivar seus estagiários e profissionais. Sabemos que profissionais desmotivados, com sobrecarga no trabalho, sem reconhecimento acabam passando isso para seus estagiários e não conseguem oferecer o suporte e a atenção correta e por vezes os estagiários chegam a ficar desassistidos pelos supervisores.

É de extrema importância que a gestão tenha uma visão, missão e valores a serem seguidos, bem como planejamento, organização, empatia, que busque estar sempre motivando seus profissionais, incluindo os estagiários, com qualificações, reuniões semanais ou mensais. Pois são pequenos gestos que fazem a diferença no ambiente e no empenho de cada indivíduo e cliente/paciente que frequenta o espaço.

5. RELEVÂNCIA ACADÊMICA, PROFISSIONAL E PESSOAL DA EXPERIÊNCIA

Diferente da construção em saúde realizada durante a graduação na UnB, ou seja, voltada para os princípios, diretrizes e atuação para o Sistema Único de Saúde (SUS), o estagiário ao se deparar com o ambiente da iniciativa privada, observa que as diferenças são expressivas. Sobretudo, acabam por complementar e enriquecer o conhecimento, seja esse em âmbito acadêmico profissional, empresarial ou pessoal.

Apesar de ofertada apenas a partir do 6º semestre na grade e matriz curricular do curso de TO na instituição, essa modalidade de estágio é uma oportunidade extra para praticar e testar hipóteses que antes eram apenas lidas e teorizadas em sala de aula. Logo, ainda durante a graduação o estudante tem o benefício de agregar conhecimento, adquirir uma experiência diferencial para o currículo, ajuda de custos e a possibilidade de acrescentar créditos optativos, de módulo livre ou em atividades complementares no decorrer do curso, se a documentação necessária estiver regularizada e devidamente assinada (MACHINESKI et al. 2011) (UNB, 2009).

No que se refere à relevância profissional da experiência, destaca-se a criação de uma rede de contatos importante para a atuação profissional, bem como “a capacitação prática na sua área de formação, obtendo experiência, atualização, desenvolvimento de habilidades e interagindo com outros profissionais no decorrer do desenvolvimento do estágio” (MACHINESKI et al. 2011, p. 1569). Ademais, tendo em vista os interesses da empresa privada, é possível que a mesma possa se beneficiar no final do processo de estágio. Além de contribuir com o desenvolvimento de habilidades, o local pode desfrutar da capacitação desses estudantes para promover uma contratação e assim, reduzir o tempo de adaptação e treinamento interno do contratado (MACHINESKI et al. 2011).

Em relação ao contexto individual, sobressai a vivência e o aprendizado referente às relações interpessoais e interprofissionais, construção de vínculo profissional com os outros e com a área de interesse, assim como a capacidade de atuar em equipe e de desempenhar valores como o respeito e a ética (MATOS et al., 2017; MACHINESKI et al. 2011). Além disso, o processo contribui para o amadurecimento da “capacidade crítica de julgamento, tomada de decisão e intervenção diante do novo e do inusitado” (MATOS et al., 2017, p. 24).

6. CONCLUSÃO

Os pilares de ensino, pesquisa e extensão da educação universitária, assim como a sua inseparabilidade, mostram-se essenciais no processo de aprendizagem pessoal, profissional e de aproximação dos discentes à realidade da prestação de serviço para a comunidade externa. Nesse sentido, o presente artigo destaca a importância da UnB oferecer esses campos extracurriculares como meio de adquirir experiência, agregar habilidades e saberes acadêmicos, profissionais e pessoais, fatores essenciais durante e após a graduação.

Sugere-se assim, um apoio e organização por parte da comissão de estágio não obrigatório bem como uma maior divulgação da oportunidade aos graduandos oferecendo experiências, vivências e suporte para uma maior qualificação profissional. Apesar da universidade disponibilizar organização para intermediação de documentos, nota-se falta de atendimento e atenção exclusiva ao setor de estágio não obrigatório, visto que este âmbito ainda é pouco explorado e recebe pouco suporte no ambiente acadêmico.

Compreende-se que o valor dessa experiência perpassa os muros estudantis envolvendo profissionais já habilitados e atuantes no mercado de trabalho com perspectivas diferentes que influenciam na pluralidade do conhecimento do estudante. Sabendo que a terapia ocupacional apresenta inúmeras possibilidades de trabalho, ressalta-se a importância dos estudantes ocuparem esses espaços e expandir as oportunidades de forma a reforçar a relevância dessa atuação e da profissão fora do contexto acadêmico.

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