RISCOS DO USO INDISCRIMINADO DE ESTERÓIDES ANABÓLICOS PARA JOVENS E ATLETAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202409071220


Eduardo Baldin Jaworski1
Isabela Ceni De Oliveira2
João Pedro Facundo Martins3
Rogelio Rocha Barros4


RESUMO  

Introdução: O uso indiscriminado de esteroides anabolizantes por jovens e atletas tem  se tornado uma preocupação crescente devido aos riscos significativos à saúde  envolvidos. Essas substâncias são frequentemente buscadas como uma forma de  melhorar a aparência física e o desempenho esportivo, porém, seu uso sem orientação  médica e sem conhecimento adequado dos efeitos colaterais pode acarretar graves  consequências. Objetivos: O presente estudo tem como objetivo analisar os riscos  associados ao uso irresponsável de esteroides anabolizantes em jovens e atletas,  ressaltando a importância da conscientização sobre esses perigos e da orientação  médica adequada para a prescrição dessas substâncias. Além disso, busca-se destacar  a necessidade de medidas preventivas e educativas para garantir uma prática esportiva  segura e saudável. Metodologia: Para atingir tais objetivos, será realizada uma revisão  da literatura científica, incluindo estudos epidemiológicos, que abordam os efeitos dos  esteroides anabolizantes em jovens e atletas. Serão analisados artigos que descrevam  os danos à saúde decorrentes do uso indiscriminado dessas substâncias, como doenças  cardiovasculares, transtornos psicológicos e hormonais, além de outros efeitos colaterais.  Conclusão: Este estudo destaca os riscos à saúde associados ao uso de esteroides  anabolizantes por jovens e atletas, ressaltando a importância da conscientização sobre  esses perigos e da orientação médica adequada. A análise dos efeitos adversos dessas  substâncias reforça a necessidade de medidas preventivas e educativas para evitar o  abuso e promover uma prática esportiva segura. Ademais, a supervisão médica é  fundamental para minimizar os riscos à saúde dos indivíduos que fazem uso dessas  substâncias, destacando a importância de uma abordagem responsável no uso de  esteroides anabolizantes. 

Palavras-chaves: Efeitos colaterais. Esteroides anabólicos. Saúde da população. 

ABSTRACT 

Introduction: The indiscriminate use of anabolic steroids by young people and athletes  has become a growing concern due to the significant health risks involved. These  substances are often sought after as a way to improve physical appearance and sports performance, however, their use without medical advice and without adequate knowledge  of the side effects can lead to serious consequences. Objectives: The present study aims  to analyze the risks associated with the irresponsible use of anabolic steroids in young  people and athletes, highlighting the importance of raising awareness about these  dangers and providing adequate medical guidance for prescribing these substances.  Furthermore, we seek to highlight the need for preventive and educational measures to  ensure safe and healthy sports. Methodology: To achieve these objectives, a review of  the scientific literature will be carried out, including epidemiological studies, which address  the effects of anabolic steroids on young people and athletes. Articles will be analyzed  that describe the damage to health resulting from the indiscriminate use of these  substances, such as cardiovascular diseases, psychological and hormonal disorders, as  well as other side effects. Conclusion: This study highlights the health risks associated  with the use of anabolic steroids by young people and athletes, highlighting the importance  of raising awareness of these dangers and providing appropriate medical guidance.  Analysis of the adverse effects of these substances reinforces the need for preventive and  educational measures to prevent abuse and promote safe sporting practice. Furthermore,  medical supervision is essential to minimize the health risks of individuals who use these  substances, highlighting the importance of a responsible approach to the use of anabolic  steroids. 

Keywords: Anabolic steroids. Population health. Side effects. 

1. INTRODUÇÃO 

O uso de esteroides anabolizantes tornou-se uma prática cada vez mais comum  entre jovens e atletas, impulsionado pela busca pela melhoria da aparência física e do  desempenho esportivo. No entanto, essa tendência levanta sérias preocupações devido  aos graves riscos à saúde associados ao uso indiscriminado dessas substâncias.  Problemas cardiovasculares, transtornos psicológicos e hormonais são apenas algumas  das consequências adversas documentadas (KANAYAMA, 2012). 

Os dados epidemiológicos destacam que a maioria dos usuários de esteroides  anabolizantes são homens jovens, com idades entre 18 e 35 anos, muitos dos quais  buscam aprimorar sua imagem corporal e desempenho atlético. O fácil acesso a essas  substâncias, seja através da internet ou por meio de amigos, contribui para o seu uso  sem supervisão médica e conhecimento adequado sobre os potenciais efeitos colaterais.  É preocupante observar que o uso dessas substâncias é geralmente feito sem prescrição  médica, apesar de serem consideradas substâncias controladas e requererem orientação  profissional para uso seguro (SANTOS, 2016). 

Além dos riscos à saúde, o uso indiscriminado de esteroides anabolizantes pode  acarretar implicações legais, uma vez que o comércio e uso sem prescrição médica são  considerados crimes no Brasil, sujeitos a punições penais e administrativas. Apesar disso,  muitos jovens e atletas continuam a ignorar essas leis, colocando-se em risco. 

A conscientização sobre os perigos do uso indiscriminado de esteroides  anabolizantes é crucial para prevenir esses problemas de saúde. A educação sobre os  riscos associados a essas substâncias e a necessidade de orientação médica antes de  usá-las é fundamental. Além disso, campanhas de conscientização e programas de  prevenção devem ser implementados para garantir que os jovens e atletas tenham  acesso às informações necessárias para tomar decisões informadas sobre sua saúde e  bem-estar. 

Diante deste cenário, este trabalho tem como objetivo analisar os riscos do uso  indiscriminado de esteroides anabolizantes para jovens e atletas, considerando seus  efeitos colaterais e os impactos na saúde pública. Serão apresentados dados  epidemiológicos sobre o consumo dessas substâncias no Brasil e no mundo, bem como as principais consequências para a saúde e as medidas preventivas que podem ser  adotadas para evitar o abuso dessas substâncias. 

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Introdução aos esteroides anabolizantes e seu uso entre jovens e atletas. 

Os esteroides anabolizantes são substâncias sintéticas derivadas da testosterona,  hormônio sexual masculino, conhecidos por seus efeitos anabólicos que estimulam o  crescimento muscular e o aumento da força (SMITH et al., 2018). Seu uso tem se tornado  cada vez mais comum entre jovens e atletas, motivados por padrões de beleza, desempenho esportivo e pressões sociais (JOHNSON et al., 2019). 

A facilidade de acesso a essas substâncias, seja pela internet ou através de  amigos, tem contribuído para o uso indiscriminado, especialmente entre homens jovens,  com idades entre 18 e 35 anos (THOMPSON et al., 2020). A pressão social e a cultura  do corpo perfeito também desempenham um papel significativo nesse cenário  (MATSUMOTO, 2017). 

No entanto, o uso indiscriminado de esteroides anabolizantes está associado a  uma série de riscos para a saúde, incluindo danos ao fígado, problemas cardiovasculares,  distúrbios hormonais, alterações emocionais e dependência (LEE et al., 2019; SOUZA,  2022). Portanto, é crucial promover a conscientização e educação sobre os perigos  dessas substâncias, além de incentivar práticas esportivas seguras e saudáveis  (JOHNSON et al., 2021). 

Figura 1: Forma química da testosterona

Fonte: (MARCHIORETTO, 2021) 

2.2 Efeitos físicos do uso indiscriminado de esteroides anabolizantes. 

O uso indiscriminado de esteroides anabolizantes pode acarretar uma série de  efeitos físicos indesejáveis. Pesquisas indicam que essas substâncias podem promover  um rápido aumento da massa muscular e da força (SMITH et al., 2018). No entanto, esse  ganho muitas vezes é acompanhado por retenção de líquidos e aumento da pressão  arterial, resultando em uma aparência inchada e não natural (JOHNSON et al., 2019). 

Além disso, o uso prolongado de esteroides anabolizantes pode provocar  alterações na distribuição de gordura corporal, contribuindo para um aspecto estético  desfavorável (THOMPSON et al., 2020). Essas mudanças na composição corporal  podem comprometer a autoimagem e a saúde metabólica dos usuários. 

O risco de lesões musculoesqueléticas também aumenta com o uso de esteroides  anabolizantes. Essas substâncias podem promover um ganho desproporcional de força  muscular em relação à resistência dos tendões e ligamentos, tornando-os mais  suscetíveis a lesões, como rupturas e distensões (BROWN et al., 2017). Além disso, o uso de esteroides anabolizantes pode prejudicar a recuperação adequada de lesões pré existentes, prolongando o tempo de reabilitação (LEE et al., 2019). 

O sistema cardiovascular é profundamente afetado pelo uso indiscriminado de  esteroides anabolizantes. Estudos indicam que essas substâncias podem elevar os níveis  de colesterol LDL (colesterol ruim) e reduzir os níveis de colesterol HDL (colesterol bom),  aumentando assim o risco de doenças cardiovasculares (JOHNSON et al., 2021). Além  disso, o uso de esteroides anabolizantes pode elevar a pressão arterial e causar danos  nas paredes dos vasos sanguíneos, potencialmente levando a complicações cardíacas  graves (SMITH et al., 2018). 

Por fim, o uso indiscriminado de esteroides anabolizantes pode interferir no  equilíbrio hormonal do corpo. Essas substâncias podem suprimir a produção natural de  hormônios, resultando em desequilíbrios hormonais que podem afetar negativamente a  saúde e o bem-estar dos usuários (THOMPSON et al., 2020). Isso é especialmente  preocupante para os homens, pois pode levar à redução da produção de testosterona  endógena, e para as mulheres, pois pode resultar no desenvolvimento de características  masculinas indesejadas. 

Figura 2: Alto índice de colesterol ruim

Fonte: (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2023) 

Por fim, o uso indiscriminado de esteroides anabolizantes pode interferir no  equilíbrio hormonal do corpo. Essas substâncias podem suprimir a produção natural de hormônios, resultando em desequilíbrios hormonais que podem afetar negativamente a  saúde e o bem-estar dos usuários (THOMPSON et al., 2020). Isso é especialmente  preocupante para os homens, pois pode levar à redução da produção de testosterona  endógena, e para as mulheres, pois pode resultar no desenvolvimento de características  masculinas indesejadas. 

2.3 Efeitos psicológicos e emocionais associados ao uso dessas substâncias. 

O uso indiscriminado de esteroides anabolizantes não apenas impacta o corpo  fisicamente, mas também pode desencadear uma série de efeitos adversos na saúde  mental e emocional dos usuários. Estudos têm documentado diversos efeitos  psicológicos negativos associados ao consumo dessas substâncias (JOHNSON et al.,  2019). Entre esses efeitos, destacam-se alterações de humor, irritabilidade,  agressividade e episódios de raiva intensa, os quais podem ser atribuídos aos efeitos  diretos dos esteroides anabolizantes no sistema nervoso central (SMITH et al., 2018). 

Além disso, o uso indiscriminado de esteroides anabolizantes está correlacionado  a uma maior incidência de problemas de saúde mental, como transtornos de ansiedade  e depressão (BROWN et al., 2017). Esses transtornos podem ser desencadeados pelos  efeitos hormonais e neurológicos causados pelo uso dessas substâncias, afetando o  equilíbrio químico do cérebro (MENDES, 2014). 

Outra condição psicológica associada ao uso de esteroides anabolizantes é a  chamada “disforia do usuário de esteroides”, caracterizada por sentimentos de tristeza,  insatisfação e baixa autoestima (LEE et al., 2019). Essa disforia pode surgir durante  períodos de interrupção do uso ou após a cessação completa da substância, e está  relacionada à diminuição dos níveis de testosterona endógena e a alterações nos circuitos  cerebrais associados ao prazer e recompensa (DARTORA, 2014). 

Ademais, o uso indiscriminado de esteroides anabolizantes pode levar a  comportamentos de dependência e abuso de substâncias. Estudos têm demonstrado  uma correlação entre o uso prolongado dessas substâncias e a dependência química,  resultando em busca compulsiva pela droga, dificuldade em controlar o uso e sintomas  de abstinência quando a substância é interrompida (BARROS, 2016).

Esses efeitos psicológicos e emocionais negativos ressaltam a importância de  uma abordagem holística ao considerar os impactos do uso de esteroides anabolizantes,  não apenas no corpo físico, mas também na saúde mental e emocional dos usuários. 

2.4 Mecanismos de ação dos esteroides anabolizantes e seus efeitos no corpo humano. 

Os esteroides anabolizantes exercem seus efeitos no corpo humano por meio de  diversos mecanismos de ação. Derivados da testosterona, essas substâncias se ligam  aos receptores específicos nas células musculares, estimulando a síntese proteica e  promovendo o crescimento muscular, um processo fundamental para o aumento da  massa muscular e da força (SMITH et al., 2019). 

Além dos efeitos anabólicos, os esteroides anabolizantes também afetam outros  sistemas do corpo humano. Eles podem interagir com receptores hormonais em tecidos  como a pele, o cabelo e as glândulas sebáceas, levando a alterações visíveis, como acne  e aumento da oleosidade da pele. Esses efeitos são decorrentes da influência dos  esteroides anabolizantes sobre as glândulas sebáceas (BUCIS, 2023). 

Figura 3: Jovem fica com o corpo coberto de espinhas após usar anabolizantes 

Fonte: (BUCIS, 2023)

Outro mecanismo de ação dos esteroides anabolizantes é a inibição do processo  de catabolismo, a degradação muscular. Essas substâncias bloqueiam a ação de  enzimas responsáveis pela quebra de proteínas musculares, preservando assim a massa  muscular adquirida. Esse efeito anticatabólico é particularmente relevante para atletas e  indivíduos que buscam aumentar seu desempenho esportivo (BROWN et al., 2021). 

No entanto, é importante ressaltar que os esteroides anabolizantes também podem  ter efeitos adversos no corpo humano. Eles podem afetar negativamente o sistema  endócrino, interferindo nos níveis hormonais naturais e levando a desequilíbrios. Essas  alterações hormonais podem resultar em uma série de efeitos colaterais, como a  supressão da produção natural de testosterona, problemas de fertilidade e disfunção  sexual (THOMPSON et al., 2022). 

2.5 Prevalência do uso de esteroides anabolizantes entre jovens e atletas  

A compreensão da prevalência do uso de esteroides anabolizantes entre jovens  e atletas é crucial para avaliar a extensão desse fenômeno e orientar intervenções  preventivas eficazes. Estudos epidemiológicos têm investigado essa questão em diversos  países, revelando uma tendência preocupante de aumento no consumo dessas  substâncias (MENDES, 2014). 

Dados de pesquisas revelam que aproximadamente 10% dos jovens do sexo  masculino envolvidos em práticas esportivas relataram ter experimentado esteroides  anabolizantes em algum momento de suas vidas (SILVA et al., 2020). Essa estatística é  alarmante, pois sugere uma penetração significativa dessas substâncias no meio  esportivo jovem. 

A prevalência do uso de esteroides anabolizantes pode variar de acordo com o  contexto esportivo e a cultura do país. Por exemplo, em uma pesquisa envolvendo atletas  de diferentes modalidades esportivas, constatou-se uma maior prevalência do uso dessas  substâncias em esportes de força e potência, como musculação e levantamento de peso, em comparação com esportes de resistência, como corrida de longa distância (SANTOS  et al., 2019). 

Figura 4: Vários tipos de esteroides anabolizantes e seringas para injetáveis 

Fonte: (GETTY, 2013) 

Além disso, estudos específicos realizados em academias de ginástica também  revelaram números preocupantes. Aproximadamente 15% dos jovens frequentadores  desses estabelecimentos admitiram ter utilizado esteroides anabolizantes com o intuito  de melhorar sua aparência física e desempenho esportivo (CARVALHO et al., 2021). 

Esses dados epidemiológicos são fundamentais para orientar políticas públicas e  intervenções preventivas destinadas a reduzir o uso indiscriminado de esteroides  anabolizantes entre jovens e atletas. Eles fornecem uma base sólida para a  implementação de estratégias educacionais e regulatórias que visem conscientizar sobre  os riscos à saúde e promover práticas esportivas seguras e saudáveis.

2.6 Riscos específicos para jovens e atletas decorrentes do uso indiscriminado. 

A compreensão dos riscos associados ao uso indiscriminado de esteroides anabolizantes entre jovens e atletas é fundamental para conscientizar sobre os perigos  dessa prática. 

Um estudo realizado pelo Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, revelou que  usuários frequentes de anabolizantes têm um risco cinco vezes maior de sofrer acidente  vascular cerebral, parada cardíaca ou morte súbita em comparação com a população em  geral (VASCONCELOS, 2013). Essas substâncias também aumentam o risco de  desenvolvimento de arritmias cardíacas, que podem resultar em morte súbita, e estão  associadas ao aumento do risco de câncer no fígado, peliose hepática (pústulas que  sangram) e comprometimento dos rins (ABRAHIN, 2013). 

Figura 5: Riscos decorrentes do uso indiscriminado de anabolizantes e esteroides

Fonte: (VASCONCELOS, 2013)

Especialistas ressaltam que a busca por resultados rápidos não é uma opção  saudável quando se trata de saúde (DARTORA, 2014). O ganho gradual de massa  muscular, alcançado por meio de treinamento adequado e nutrição balanceada, é uma  abordagem mais segura e sustentável a longo prazo. Em contrapartida, o uso de  anabolizantes pode acelerar os resultados, porém os efeitos adversos podem persistir no  corpo por tempo indeterminado (SOUZA, 2022). 

O uso de esteroides anabolizantes causa um fenômeno conhecido como “feedback  negativo” no organismo, resultando na interrupção da produção natural de hormônios.  Mesmo que a produção hormonal natural possa se restabelecer após a suspensão do  uso, os danos podem já estar instalados. Além disso, o uso de anabolizantes injetáveis  aumenta significativamente o risco de infecções por HIV e hepatite (LIMA et al., 2011). 

O fígado é um dos órgãos mais afetados pelo uso de anabolizantes, pois essas  substâncias sobrecarregam suas funções. Isso pode levar à peliose hepática, uma  doença vascular induzida por drogas que pode resultar em hemorragias, cirrose, ruptura  espontânea do fígado e formação de tumores (BARROS, 2016). É importante destacar  que os esteroides anabolizantes classificados como 17-alfa-alquilados são os que mais  comumente causam peliose hepática. Essas substâncias apresentam alterações  moleculares que as tornam mais resistentes à metabolização hepática, o que está  associado a uma maior potência anabólica (GUASTALLI, 2021). 

No entanto, essa conformação molecular também traz consigo efeitos adversos  importantes, como danos ao fígado, evidenciados em exames laboratoriais através do  aumento das enzimas hepáticas (TGO, TGP, fosfatase alcalina, gama-GT), bilirrubinas e  diminuição da albumina. Além disso, esses esteroides impactam negativamente os níveis  de colesterol, aumentando o colesterol total, especialmente o LDL, e reduzindo o HDL  (KANAYAMA, 2016). 

Figura 6: Um dos representantes da classe 17-alfa-alquilados

Fonte: (Central Fitness, 2021) 

2.7 Medidas de prevenção e intervenção para evitar o uso problemático. 

A prevenção do uso problemático de esteroides anabolizantes entre jovens e  atletas requer a implementação de medidas abrangentes. Educação e conscientização  sobre os riscos e consequências do uso indiscriminado dessas substâncias devem ser  promovidas em ambientes esportivos, escolas e comunidades (COPELAND, 2014). 

Os programas de prevenção devem enfatizar os benefícios de uma abordagem  natural para o desenvolvimento físico e o desempenho esportivo, destacando a  importância de uma alimentação equilibrada, treinamento adequado e descanso  (GOLDBERG et al., 2022). 

Além disso, é essencial promover uma cultura esportiva saudável, livre de  estigmas e pressões excessivas. Treinadores e profissionais de saúde devem ser  capacitados para identificar sinais de uso de esteroides anabolizantes e oferecer  orientação adequada aos jovens e atletas (KANAYAMA, 2016). Programas de suporte  psicológico e emocional também podem ser implementados para ajudar os indivíduos a  lidar com as pressões sociais e as expectativas irreais que podem levar ao uso dessas  substâncias (COPELAND, 2014).

2.8 Necessidade de supervisão médica e uso responsável dessas substâncias. 

Para aqueles que legitimamente necessitam de terapia com esteroides  anabolizantes, como no caso de tratamentos médicos específicos, é fundamental a  supervisão e prescrição adequada de profissionais de saúde (BARROS, 2016). Os  esteroides anabolizantes devem ser utilizados apenas quando os benefícios superam os  riscos potenciais, e os pacientes devem ser devidamente informados sobre os efeitos  colaterais e monitorados regularmente durante o tratamento (SAGOE et al., 2020). 

Além disso, é importante incentivar a prática do esporte de maneira segura e  saudável, sem a busca desenfreada por resultados imediatos. Os jovens e atletas devem  ser educados sobre a importância do treinamento adequado, alimentação balanceada e  descanso para alcançar um bom desempenho esportivo (COPELAND, 2014). A  promoção de uma cultura de respeito, ética e integridade nos esportes também contribui  para evitar o uso irresponsável de esteroides anabolizantes (SOUZA, 2022). 

2.8.1 Razões pelas quais a supervisão médica e o uso responsável são importantes: 

Segurança: O uso indevido de medicamentos e suplementos pode levar a efeitos  colaterais indesejados e interações medicamentosas prejudiciais (KINDERMANN,  2014). Cada pessoa é única em termos de histórico médico, condições pré-existentes  e outros medicamentos que possam estar tomando. Um profissional de saúde pode  avaliar esses fatores e fornecer orientações específicas para garantir a segurança do  paciente (RASMUSSEN, 2017). 

Eficácia: Nem todos os produtos disponíveis no mercado são comprovadamente  eficazes. Muitos suplementos afirmam ter benefícios à saúde, mas a pesquisa  científica pode não sustentar essas alegações. Um médico ou profissional de saúde  qualificado pode ajudar a identificar tratamentos com base em evidências e  recomendar opções que sejam mais prováveis de fornecer benefícios reais (POPE JR  et al., 2018). 

Prevenção de danos: Alguns medicamentos e suplementos podem ser prejudiciais  quando usados em excesso ou por pessoas com certas condições médicas. Além  disso, substâncias como os medicamentos controlados têm o potencial de abuso e dependência. A supervisão médica pode ajudar a monitorar o uso adequado, evitar  danos à saúde e prevenir problemas relacionados à dependência (KINDERMANN,  2014). 

Individualização do tratamento: Cada pessoa é única e pode ter necessidades  diferentes quando se trata de tratamentos de saúde (SOUZA, 2022). Um profissional  de saúde pode levar em consideração fatores como idade, gênero, histórico médico,  estilo de vida e outras condições específicas para personalizar o tratamento e fazer  recomendações adequadas. 

Orientação e acompanhamento: A supervisão médica permite que o paciente  receba orientações adequadas sobre a dosagem correta, horários de administração,  interações com outros medicamentos e possíveis efeitos colaterais (KINDERMANN,  2014). Além disso, o acompanhamento regular com um médico ou profissional de  saúde pode ajudar a avaliar a eficácia do tratamento e fazer ajustes conforme  necessário (COPELAND, 2014). 

3. METODOLOGIA 

A pesquisa foi conduzida por meio de uma revisão sistemática da literatura,  visando examinar e compreender os efeitos do uso indiscriminado de esteroides  anabolizantes. A coleta de dados foi realizada em bancos de dados eletrônicos, incluindo  o Medline/PubMed, BVS/Bireme Scientific Eletronic Library (Scielo) e a US National  Library of Medicine (PMC), que disponibilizam artigos científicos e trabalhos acadêmicos  na área da saúde. 

Para a seleção dos descritores mais relevantes, utilizou-se a ferramenta de  pesquisa Medical Subject Headings (MeSH). Os descritores escolhidos foram  “Esteróides”, “Anabolizantes” e “Efeitos adversos”, tanto em português quanto em inglês,  agrupados em pares correspondentes (“esteróides/steroids”, “anabolizantes/anabolic  steroids”, “efeitos adversos/adverse effects”). 

Foram considerados para análise os artigos científicos e trabalhos acadêmicos  publicados entre 2010 e 2022, que abordaram os efeitos do uso indiscriminado de esteroides e anabolizantes, e estavam disponíveis na íntegra. Foram excluídos os artigos  não relacionados ao tema da pesquisa e aqueles com acesso restrito. 

O processo de seleção dos artigos foi conduzido de forma independente por dois  pesquisadores, seguindo os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Nos casos de  divergência, um terceiro processo de seleção foi realizado com a participação de um  terceiro pesquisador. 

Os dados coletados foram analisados por meio de uma revisão crítica e sistemática  da literatura, visando identificar os principais efeitos adversos associados ao uso  indiscriminado de esteroides e anabolizantes. 

Em relação às considerações éticas, o trabalho foi conduzido conforme as  diretrizes éticas estabelecidas pela Declaração de Helsinque e pelas normas da  Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Todos os dados foram analisados  de forma anonimizada, e não houve conflito de interesses entre os pesquisadores. 

4. CONCLUSÃO 

A pesquisa realizada proporcionou uma análise abrangente e preocupante dos  riscos inerentes ao uso indiscriminado de esteroides anabolizantes entre jovens e atletas.  Os resultados destacam não apenas os efeitos adversos físicos, psicológicos e  emocionais dessas substâncias, mas também a necessidade premente de ações  preventivas e intervenções eficazes. 

É inegável que os esteroides anabolizantes, embora amplamente utilizados para  melhorar a aparência física e o desempenho esportivo, acarretam uma miríade de riscos  para a saúde. Desde problemas cardiovasculares até distúrbios hormonais, danos  hepáticos e impactos psicológicos negativos, os perigos associados ao uso  indiscriminado dessas substâncias são significativos e multifacetados. 

A crescente prevalência do uso de esteroides anabolizantes entre jovens e atletas  é motivo de alarme, sendo exacerbada pela fácil acessibilidade dessas substâncias. A  disseminação de informações incorretas e a pressão social para atingir padrões irreais de beleza e desempenho atlético contribuem para a perpetuação desse problema de saúde  pública. 

Diante desse cenário complexo e desafiador, é imperativo adotar uma abordagem  abrangente e coordenada para mitigar os riscos associados ao uso de esteroides  anabolizantes. Isso inclui campanhas educativas abrangentes, destinadas a informar  jovens, atletas, pais, treinadores e profissionais de saúde sobre os perigos do uso  indiscriminado dessas substâncias. 

Além disso, medidas preventivas tangíveis, como regulamentações mais  rigorosas sobre a venda e distribuição de esteroides anabolizantes, são necessárias para  limitar sua disponibilidade e reduzir sua acessibilidade a grupos vulneráveis. A promoção  de uma cultura esportiva baseada em valores éticos, integridade e saúde também  desempenha um papel crucial na prevenção do uso indevido de substâncias para  melhorar o desempenho. 

Por fim, é fundamental ressaltar a importância da supervisão médica e do uso  responsável de esteroides anabolizantes, especialmente para indivíduos que necessitam  de tratamento terapêutico legítimo. Garantir a segurança, eficácia e prevenção de danos  deve ser uma prioridade fundamental em todas as fases do tratamento com essas  substâncias. 

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1Acadêmico de Medicina do Centro Universitário Aparício Carvalho (FIMCA)
2Acadêmica de Medicina do Centro Universitário Aparício Carvalho (FIMCA)
3Acadêmico de Medicina do Centro Universitário Aparício Carvalho (FIMCA)
4Docente do Centro Universitário Aparício Carvalho (FIMCA).