RISCO DO USO INDISCRIMINADO DE ANOREXÍGENOS PARA O TRATAMENTO DE SOBREPESO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7367214


Jéssica De Abreu Cardoso De Luna1
Ms. Leonardo Guimarães De Andrade2


RESUMO

O Brasil é um dos países com maior consumo de inibidores de apetite no mundo. Esse fator pode estar relacionado a pressões sociais que fazem com que os indivíduos desenvolvam distúrbios de imagem, criando barreiras que podem levar à rápida perda de peso. O uso de inibidores de apetite vendidos sem receita pode trazer riscos à saúde. A obesidade é considerada um problema de saúde pública caracterizado pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo, principalmente no abdômen. O uso de medicamentos como ferramenta de perda de peso, motivado por uma busca imediata, contraria suas verdadeiras funções de bem-estar e saúde, podendo promover ou desencadear distúrbios alimentares, obsessivo-compulsivos, anormalidades metabólicas e até mesmo a morte, principalmente por automedicação. Medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade, sob monitoramento de dose, benefício e duração do tratamento, considerando o risco de dependência, destacam-se: anorexígenos, inibidores de apetite e de absorção de gorduras e anfetaminas. Além disso, substâncias ativas conhecidas por auxiliar na perda de peso com o uso de metformina, sibutramina, fluoxetina e bupropiona são amplamente utilizadas por meio de automedicação irresponsável. Portanto, nota-se a importância da intervenção medicamentosa, a importância do uso correto desses medicamentos.

Palavras-Chave: Anorexígenos; Automedicação; Sibutramina; Intervenção farmacêutica;

ABSTRACT

Brazil is one of the countries with the highest consumption of appetite suppressants in the world. This factor may be related to social pressures that cause individuals to develop image disorders, creating barriers that can lead to rapid weight loss. Using over-the-counter appetite suppressants can pose health risks. Obesity is considered a public health problem characterized by the excessive accumulation of adipose tissue, mainly in the abdomen. The use of drugs as a weight loss tool, motivated by an immediate search, goes against their true well-being and health functions, and can promote or trigger eating disorders, obsessive-compulsive disorders, metabolic abnormalities and even death, mainly by self-medication. Drugs approved for the treatment of obesity, under monitoring of dose, benefit and duration of treatment, considering the risk of dependence, the following stand out: anorectics, appetite and fat absorption inhibitors and amphetamines. In addition, active substances known to aid weight loss with the use of metformin, sibutramine, fluoxetine and bupropion are widely used through irresponsible self-medication. Therefore, the importance of drug intervention is noted, the importance of the correct use of these drugs.

Key words: Anorectics; Self-medication; Sibutramine; Pharmaceutical intervention;

INTRODUÇÃO

A obesidade é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o acúmulo anormal ou excessivo de gordura prejudicial à saúde e foi incluída na Classificação Internacional de Doenças em 1948. A obesidade é considerada uma doença porque predispõe os indivíduos à morte prematura e ao desenvolvimento de doenças, e também por ser um dos mais graves problemas de saúde. O principal método de diagnóstico da obesidade é através do índice de massa corporal (IMC). Segundo a Organização Mundial da Saúde, um IMC acima de 30 kg/m² é um sinal de obesidade (ABESO, 2016).

A sociedade não absorve a obesidade como qualquer outra doença existente em que o paciente merece atenção e cuidados especiais. Por outro lado, as pessoas obesas são vistas como indivíduos incompetentes, desleixados e descontrolados, e um corpo em forma está associado à disciplina e à força de vontade. Um novo termo surgiu na modernidade, obesofobia, para expressar aversão, preconceito e opressão dos indivíduos obesos por não se enquadrarem na imagem idealizada da sociedade atual (TAROZO & PESSA, 2020).

O estigma da sociedade contemporânea contra as pessoas obesas tem causado danos físicos e psicossociais. Como tal, tornou-se uma ferramenta para discriminar e excluir indivíduos, além disso, é sinérgico com problemas como bullying, depressão, suicídio, abuso de anorexia, cirurgia plástica, distorção da própria imagem, etc. É tudo um reflexo de uma geração suscetível à mídia, sem sentido (RADAELLI, 2016).

No Brasil, o Projeto 2.431/11 autoriza a produção, comercialização e consumo de medicamentos para anorexia sob prescrição médica. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM), “a SBEM sempre defendeu o uso racional desses medicamentos e somos totalmente contra seu uso indiscriminado como no passado. Mas tirá-los do mercado nunca foi uma solução para a problema” (SILVA & CANTISANI, 2018).

Por outro lado, preocupante é a banalização do uso de pílulas dietéticas. Muitas pessoas inelegíveis para pacientes obesos que necessitam de tratamento obtêm esses medicamentos sem prescrição e orientação adequada e os utilizam de forma desarticulada, expondo-se a uma série de efeitos colaterais e dependência medicamentosa (Paim & Kovaleski, 2020).

A obesidade também é um problema de saúde pública, principalmente devido à má alimentação e falta de atividade física. Além disso, é um fator de risco para diferentes doenças, como diabetes II e problemas cardiovasculares. Estima-se que mais de 50% da população brasileira esteja com sobrepeso e obesidade, segundo o Ministério da Saúde, a taxa é de 55,7% (ABESO, 2018).

Na busca por uma vida mais saudável e com maior qualidade, alimentação adequada e atividade física podem estar ligadas a uma melhora no estado emocional do indivíduo e seu efeito no aumento da liberação de neurotransmissores, mas muitas vezes a prioridade é mais estética do que física e mental benefícios. Nesse contexto, as drogas são vistas como ferramentas simples e alcançáveis ​​para encontrar padrões de beleza, aceitação e felicidade.

OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é discutir sobre a utilização de medicamentos para emagrecimento, principalmente por automedicação, os seus riscos e a importância do conhecimento sobre o assunto.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

– Identificar o medicamento mais utilizado e quais os efeitos relacionados ao consumo indiscriminado de emagrecedores.

– Explicar o mecanismo de ação dos medicamentos emagrecedores no organismo;

– Avaliar a eficácia dos medicamentos emagrecedores;

– Investigar o consumo dos mesmos pela população;

– Analisar a relação entre o consumo de medicamentos com o emagrecimento;

JUSTIFICATIVA

A obesidade é considerada um problema de saúde pública caracterizado pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo, principalmente no abdômen. O objetivo deste estudo foi determinar o risco de tomar irregularmente pílulas de anorexia para obesidade, relatando uso pesado de pílulas dietéticas. A partir de tal premissa, muitas pessoas que optam por esse tratamento nem consideram os riscos que enfrentam.

METODOLOGIA

O presente trabalho consistiu uma revisão de literatura em que a pesquisa científica é utilizada para investigar o referencial teórico de periódicos da plataforma científica, a saber: SCIELO, PUBMED, GOOGLE ACADÊMICO. Os critérios de inclusão são trabalhos de 2018 a 2021 que tenham embasamento teórico e científico, trabalhos que percorram o tema geral e temas relacionados, além de fornecer dados de segurança para aprimorar o trabalho. Seja descritivo: perda de peso, medicação, automedicação, obesidade, medicação e risco.

REVISÃO DE LITERATURA

FISIOLOGIA DO EMAGRECIMENTO

Dados atuais do Ministério da Saúde indicam que cerca de 40,3% das pessoas no Brasil são hipoativas, fato preocupante e preocupante diante dos fatores de risco que estão diretamente ligados à obesidade na má alimentação e sedentarismo. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada pelo Ministério da Saúde em 2020 apontou que a prevalência de obesidade em mulheres chega a 38%, entre 40 e 59 anos (IBGE, 2019).

Vale ressaltar que é comum não ter um entendimento adequado da fisiologia da perda de peso e se decepcionar com uma dieta que não leva a uma perda de peso “saudável”. Algumas pessoas não comem direito sem a orientação de um profissional de saúde, então voltam a engordar, iniciando um ciclo de frustração e dúvida. Isso pode ser pior ao usar medicamentos para perder peso, que são usados ​​principalmente por pessoas fora da faixa de obesidade. Um dos fatores decisivos para mudar isso é a atividade física, grande aliada na prevenção e tratamento da obesidade (BRASIL, 2020).

Para iniciar o entendimento da fisiologia da perda de peso, é necessário dividir o gasto calórico em três categorias: primeiro, o gasto gerado pelo metabolismo basal do corpo, que responde por uma proporção maior; em segundo plano, o gasto do metabolismo alimentar; e finalmente, o gasto gerado pela contração muscular. O balanço energético é a relação entre o gasto e o gasto calórico, e indica se um indivíduo vai ganhar, perna ou manter o peso. Quando você queima mais calorias do que queima, você ganha peso. Além disso, a energia não está prontamente disponível para o corpo, então ele a armazena para evitar a fome – por isso é mais fácil ganhar peso do que perder peso (TAROZO & PESSA, 2020).

Exercícios de musculação ajudam a acelerar o metabolismo basal e aumentar a massa muscular, o que afeta a perda de calorias. No entanto, deve-se notar que toda atividade física contribui para a queima de calorias, pois o indivíduo gastará mais energia do que em repouso (RADAELLI, 2016).

Além disso, o mecanismo de perda de peso não é simplesmente queima e ingestão de energia, envolve também o controle de fatores emocionais e metabolismo pelo cérebro humano através do mecanismo do apetite. A atividade é coordenada pelos sistemas nervosos central e periférico e regulada pelo hipotálamo, que produz a saciedade. Mais especificamente, a região dorsolateral é responsável por estimular a fome (MOREIRA, 2017).

A importância de uma alimentação saudável também tem sido destacada por sua proteção contra a obesidade, pois a absorção de micronutrientes como zinco, cromo e magnésio em pacientes obesos pode ser prejudicada devido às condições físicas (SILVA & CANTISANI, 2018).

MECANISMO DE AÇÃO DA TERAPIA MEDICAMENTOSA, MAIS COMUMENTE UTILIZADA COMO AUXILIAR NA PERDA DE PESO E SEUS EFEITOS NO METABOLISMO

Quanto à terapia medicamentosa, é indicada para pacientes com IMC ≥ 30 kg/m2 e pacientes com IMC ≥ 25 kg/m2 quando o tratamento não farmacológico não responde a fatores de risco como hipertensão, diabetes tipo 2, hiperlipidemia, apneia do sono, gota, ou maior ou igual a 102 cm para homens e 88 cm para mulheres. Portanto, os medicamentos aprovados ainda têm suas condições de uso, o que deve ser um parâmetro legal para o início do tratamento, sempre levando em consideração o uso racional desses medicamentos. Atualmente, os medicamentos liraglutida, orlistate e sibutramina são linhas de terapia aprovadas pela ANVISA. (ZAROS, 2018).

Além disso, como mencionado, a perda de peso é um processo complexo que envolve mudança de hábitos, acompanhamento multidisciplinar e adesão ao tratamento. Uma pesquisa da Universidade de Liverpool aponta que o tratamento medicamentoso por si só não oferece um benefício duradouro no tratamento da obesidade porque não trata sua causa (MOREIRA & ALVES, 2015).

Outro fato muito preocupante é que a obesidade infantil está crescendo em números alarmantes. Entretanto, nesses casos, a terapia medicamentosa não é recomendada, pois não há estudos sobre o uso desses medicamentos nessa faixa etária, tornando seu uso controverso quanto à segurança e benefício. Mais preocupante, é um forte indicador de obesidade na vida adulta (MOREIRA & ALVES, 2015).

– SIBUTRAMINA

A sibutramina é um medicamento usado para tratar a obesidade, desenvolvido originalmente como antidepressivo, após ensaios clínicos mostrarem que o medicamento pode reduzir o apetite e promover a perda de peso, por isso é usado como um medicamento para anorexia, pois passa por inibir a receptação de neurotransmissores cerebrais, aumenta a saciedade e a termogênese, ou seja, promove a perda de peso e acelera o metabolismo evitando a ingestão excessiva de alimentos (ANVISA, 2021).

Por ser um medicamento para perda de peso, é amplamente utilizado pela população, muitos efeitos adversos foram relatados, novos estudos o avaliaram e as vendas foram suspensas na Europa como medicamento de prescrição regulamentada no Brasil (ANVISA, 2021).

Os efeitos colaterais mais comuns mencionados na bula são: constipação, boca seca, insônia, taquicardia, palpitações, aumento da pressão arterial, vasodilatação (ondas de calor), náusea, piora das hemorroidas, delírio ou tontura, parestesia, dor de cabeça, ansiedade, sudorese, e mudanças no sabor (ANVISA, 2021).

– LORCASSERINA

A Lorasserin chegou ao Brasil em 2016 e foi liberada em janeiro de 2017 para fabricação, importação, comercialização e operação para o tratamento da obesidade. É uma droga serotoninérgica, pois atua como agonista seletivo do receptor 5-HT2c, que modula a atividade calórica em um indivíduo, aumenta o catabolismo e produz saciedade. Alguns estudos sugerem que o agonismo do receptor 5-HT2c pode acelerar o metabolismo basal e a termogênese (NERES et al., 2019).

As reações adversas mais comuns foram hipoglicemia, dor de cabeça, fadiga, baixa contagem de glóbulos brancos, infecção do trato respiratório superior e nasofaringe, tontura, erupção cutânea, ansiedade (em diabéticos), depressão (em diabéticos), estresse (em diabéticos), insônia (em diabéticos), diabetes, hipertensão arterial, visão turva. Não há estudos que viabilizem a terapia combinada (ANVISA, 2021).

O medicamento registrado Belviq foi suspenso em 2020 com base em padrões de segurança de medicamentos e pesquisas conduzidas pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA. O estudo, que envolveu 12.000 participantes, encontrou uma relação entre o uso de drogas e a prevalência de câncer de reto, pâncreas e pulmão (OTTO, 2020).

– ORLISTATE

Orlistate é um inibidor reversível de ação prolongada das lipases pancreáticas e gastrointestinais. Após atingir o lúmen gastrointestinal, forma uma ligação covalente com a serina parte do sítio ativo da lipase gástrica e pancreática, e a atividade do fármaco não é absorvida sistemicamente, de modo que a enzima inativada não consegue hidrolisar a gordura do alimento, resultando em cerca de 30 % do alimento ingerido A gordura é excretada nas fezes. É indicado para o tratamento de pacientes obesos ou com sobrepeso associados à dieta hipocalórica, auxilia na perda de peso, hipercolesterolemia, hiperinsulinemia, diabetes tipo 2, intolerância à glicose, hipertensão arterial e promove redução da gordura visceral (ANVISA, 2021).

Reações adversas muito comuns e comuns são evacuações e flatulência com vazamento de óleo, evacuações rápidas, aumento das evacuações, dor abdominal, fezes aquosas, infecções do trato respiratório superior e inferior, dor de cabeça, hipoglicemia, incontinência fecal, fezes moles, desconforto retal e alterações na gengiva, ciclos menstruais irregulares, ansiedade, fadiga, cistite, inchaço (ANVISA, 2021).

– LIRAGLUTIDA

A liraglutida está disponível sob vários nomes comerciais, como Victoza, Saxenda e Xultophy, todos injetáveis. É um agonista do receptor humano análogo do peptídeo glucagon 1 (GLP-1) no SNC e regula o apetite e o gasto calórico suprimindo a fome. A liraglutida é uma droga anoréxica hipoglicêmica que estimula a liberação de insulina e inibe a secreção de glucagon, resultando em diminuição da glicemia de jejum e pós-prandial (ANVISA, 2021).

As reações adversas comuns ou muito comuns mencionadas nas instruções são: náuseas, vômitos, diarreia, constipação, boca seca, indigestão, gastrite, refluxo gastroesofágico, dor epigástrica, flatulência, arrotos, inchaço, perda de apetite, local de estimulação da aplicação, fraqueza, fadiga, hipoglicemia, colelitíase, tontura, disgeusia insônia, lipase e amilase elevadas (pancreatina) (SOUZA et al., 2017).

AQUISIÇÃO INDISCRIMINADA DESSES FÁRMACOS

A insatisfação com a imagem corporal cria uma busca incansável pela perda de peso. Pessoas com excesso de peso são influenciadas por ideais de beleza, criando expectativas muitas vezes inatingíveis, a mídia vincula essas expectativas à saúde física, resultando em custos financeiros e riscos à saúde, além disso, a decisão de compra desses produtos é mais impulsiva, aumentando a compra desse impulso dos produtos. Use o crescimento e perder peso de forma irracional torna-se um problema de saúde pública (LIMA & JUNIOR, 2020).

Fatores como depressão e insatisfação física são os principais gatilhos para atitudes extremas em relação ao uso indevido de produtos para emagrecer. As consequências desses comportamentos podem levar à perda de peso (efeito sanfona), dependência de terapia, problemas intestinais, doenças hepáticas e problemas cardíacos. Além disso, a busca pela perda de peso pode levar a transtornos alimentares, tratamento permanente e extrema insatisfação com a imagem corporal, o que pode levar à depressão e afetar o funcionamento psicossocial do indivíduo (MENDES et al., 2016).

O controle da obesidade é importante, mas não deve ser confundido com a busca excessiva da imagem corporal ideal, que não é necessariamente um sinal de saúde. Diante disso, percebe-se que todo o processo que leva à perda de peso é muito mais complexo do que um desejo individual de beleza, envolvendo todo um processo cultural, psicossocial e de saúde. O uso de medicamentos para perda de peso pode resultar em perdas irreparáveis, que podem promover ou iniciar transtornos alimentares, levando à dependência, falta de controle metabólico nos indivíduos e risco de morte. Os transtornos alimentares tornaram-se comuns e reais ao longo do tempo, tornando-se um dos problemas mais visíveis neste campo (LIMA & JUNIOR, 2020).

FORMAS SAUDÁVEIS PARA EMAGRECER

Como foi demonstrado na Fisiologia da Perda de Peso, a perda de peso saudável é ideal com uma dieta equilibrada e atividade física; essa combinação pode levar a melhorias significativas na saúde e na perda de peso (BRASIL,2020).

Embora existam medicamentos para perda de peso, também é importante estar atento aos seus efeitos colaterais, portanto, esses medicamentos só devem ser usados ​​em casos de obesidade, onde a saúde do paciente está comprometida pelo excesso de peso ou pela adoção de uma alimentação mais saudável, atividade física e nenhum efeito sobre a perda de peso foi demonstrado. No entanto, mesmo na perda de peso induzida por medicamentos, é necessária uma alimentação equilibrada e saudável, devendo ser utilizada por um curto período de tempo para não criar qualquer grau de dependência, e com a ajuda de um profissional qualificado (BRASIL,2020).

Ao descrever a obesidade como uma doença multifatorial, entende-se a necessidade do uso de medicamentos e modificação de hábitos, que busca não apenas a redução do tecido adiposo, mas também um estado de homeostase que reduza os fatores de risco para a obesidade. Várias condições, aumento da auto-estima pessoal e a compreensão de que a medicação sozinha não pode fazer essas mudanças (BRASIL,2020).

USO IRRACIONAL DOS ANOREXÍGENOS 

O uso racional de medicamentos deve levar em consideração as necessidades de cada indivíduo e respeitar sua condição física e clínica. Em relação ao uso irracional de drogas, este é um problema no mundo e no Brasil, inclusive no caso da anorexia (DA SILVA PAULA et al., 2021). 

No entanto, uma busca rápida e eficiente leva as pessoas a consumir anorexígenos de forma irresponsável, sem prestar atenção aos efeitos colaterais que refletem as condições físicas, mentais e psicológicas. Sem esquecer a possibilidade de efeito rebote, muitas pessoas aproveitam essa abordagem equivocada, alimentada pela mídia, para incentivar a cultura do corpo perfeito porque não acreditam em outros tratamentos (ANJOS, 2016). 

A comercialização de anoréxicos é alvo de várias controvérsias, pois seu consumo é considerado insignificante, confirmando seu uso irracional e alta incidência de prescrição, manipulação do abuso do consumo dessas drogas, ao invés da ênfase no tratamento, como dieta, cirurgia, mudanças de hábitos e atividade física (LUCAS et al., 2019).

Os medicamentos devem ser usados ​​com cuidado e responsabilidade, pois os efeitos colaterais são numerosos e podem prejudicar a saúde do indivíduo. As pessoas ainda estão percebendo a adoção de dietas não convencionais sem nenhum acompanhamento adequado e o esquecimento de plantas medicinais e fitoterápicos sem conhecer seus efeitos e riscos. Portanto, o uso de anoréxicos deve ser complementado com mudanças de hábitos de vida, dieta, exercícios etc. (ANJOS, 2016).

IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA

Os farmacêuticos são os principais profissionais quando se trata de qualquer tipo de medicamento. A Resolução nº 383, de 6 de maio de 2004, estabelece que o farmacêutico é um profissional qualificado e com amplo conhecimento da atenção farmacêutica, pois é capaz de reconhecer sinais e sintomas, monitorar medicamentos, planejar e orientar pacientes, devendo o farmacêutico auxiliar pacientes para proteger, promover e restaurar a saúde (PAULA et al., 2019).

No contexto da perda de peso, os farmacêuticos podem variar desde a avaliação crítica das prescrições médicas até ajudar a desenvolver diretrizes de dosagem e bons hábitos. Os medicamentos são produtos especiais que são recursos terapêuticos utilizados para diagnosticar, prevenir, curar ou aliviar sintomas e devem sempre avaliar os riscos benéficos. O cuidado medicamentoso é muito importante para a saúde do indivíduo e começa com o uso sob a devida orientação de um serviço de tratamento medicamentoso em consultório, abordando questões como interações medicamentosas ou alimentos, dependência, resistência a medicamentos e possíveis riscos que podem resultar da medicação para perda de peso (PAULA et al., 2019).

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que o uso de medicamentos para perda de peso em circunstâncias específicas deve ser realizado por indivíduos obesos que não respondem aos tratamentos não farmacológicos, mas de forma responsável e acompanhada, pois não existe uma forma mágica de obter resultados. Para os indivíduos fora do âmbito das necessidades, o uso é uma necessidade direta da sociedade. Além disso, o fácil acesso a esses medicamentos no país também contribui para o aumento das taxas de automedicação.

Portanto, hoje em dia, as pessoas buscam a perda de peso oportuna sem prestar atenção aos riscos que correm porque não estão procurando a maneira certa de perder peso. Muitas pessoas usam inibidores de apetite, também conhecidos como anorexígenos, e os medicamentos usados ​​para emagrecer têm efeitos adversos, pois agem diretamente no sistema nervoso central, causando diversas reações como surtos, dependência química e física, euforia, esquizofrenia. A anorexia apresenta muitos riscos à saúde física, como causar doenças graves, como pressão alta, doenças cardíacas, dependência física e química, alterações comportamentais, distúrbios psicológicos, alucinações e arritmias cardíacas.

No entanto, os riscos e efeitos colaterais do uso contínuo de inibidores de apetite são negligenciados, pois, os consumidores, principalmente mulheres que procuram perder peso em um curto período de tempo, os consideram uma solução milagrosa e os tomam. Irracional, desrespeitando orientações e prescrições médicas, causando inúmeros danos à saúde física, mental e mental.

Nesse sentido, é fundamental a assistência de uma equipe de saúde multidisciplinar, principalmente um profissional de farmácia que possa acompanhar e orientar nos cuidados com a terapia medicamentosa, dosagem, duração do tratamento, risco de interações e dependência medicamentosa.

Portanto, para reduzir o consumo irracional dessas drogas, são necessárias políticas públicas que conscientizem os indivíduos sobre os riscos e efeitos colaterais do uso continuado de inibidores de apetite.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABESO, (2016). Diretrizes brasileiras de obesidade: 2016. Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). São Paulo.

ANJOS, LISLAINE DOS. Venda irregular de sibutramina em MT é anunciada em rede social. Site G1, 2016. Disponível em: http://g1.globo.com/matogrosso/noticia/2016/10/venda-irregular-de-sibutramina-em-mt-e-anunciada-em-redesocial.html

ANVISA,Bulárioeletrônico.Disponívelem:http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/index.asp. Acesso: 20/08/2022

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (SAPS). Saúde prepara ações para controle do excesso de peso e da obesidade. 2020. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/noticia/10137

DA SILVA PAULA, CLAUDIA COSTA; CAMPOS, RENATA BERNARDES FARIA; DE SOUZA, MARIA CELESTE REIS FERNANDES. Uso irracional de medicamentos: uma perspectiva cultural. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 3, p. 21660-21676, 2021.

IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal. Pesquisa nacional de saúde 2019. Rio de Janeiro. IBGE, 2020. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101764.pdf

LIMA, RAFHAELA RIBEIRO; JÚNIOR, PAULO CILAS MORAIS LYRA; A influência da mídia sobre os medicamentos para emagrecer; Repositório FAEMA, Roraima,2020

LUCAS, BÁRBARA BELMIRO et al. Farmacoterapia da obesidade: uma revisão da literatura. 2019. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Farmácia da Universidade Federal de Campina Grande.

MENDES, LÜBECK RAFAEL; HOFFMANN, SAMPAIO ClÁUDIO; HOROWITZ, VIEIRA MARCIA; Antecedentes e consequentes da intenção do uso de emagrecedores. Organizações em contexto, São Bernardo do Campo, 1982-8756, Vol. 12, n. 24, jul-dez. 2016. Disponívelem:https://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/14234/2/Antecedentes_e_Consequentes_da_Intencao_do_Uso_de_Emagrecedores.pdf

MOREIRA FRANCIELLY; ALVES, ARMINDO ANTÔNIO; Utilização de anfetaminas como anorexígenos relacionados à obesidade. Rev. Cient. FHO/UNIARARAS. 2015; vol. 3 nº1, p.84-91. Disponível: http://www.uniararas.br/revistacientifica/_documentos/art.9-029-2015.pdf. Acesso em: 18/08/2022.

NERES, MILENA SANTANA; NETTO, PEDRO ANTÔNIO; GUSMÃO, RODOLFO VITOR et al. A Liraglutida no Tratamento da Obesidade. Goiânia, 2019. Disponível em: https://facunicamps.edu.br/repositorio/58_A%20LIRAGLUTIDA%20NO%20TRATAMENTO%20DA%20OBESIDADE.pdf.

OTTO, M. ALEXANDER; Lorcaserin (Belviq ) Withdrawn From US Market Due to Cancer Risk; Medscape, 2020. Disponível em: https://www.medscape.com/viewarticle/925253#:~:text=Lorcaserin%20(Belviq%20)%20Withdrawn%20From%20US%20Market%20Due%20to%20Cancer%20Risk,M.&text=The%20Food%20and%20Drug%20Administration,an%20increased%20occurrence%20of%20cancer.

PAIM M.B. & KOVALESKI D.F. (2020). Análise das diretrizes brasileiras de obesidade: patologização do corpo gordo, abordagem focada na perda de peso e gordofobia. Saúde e Sociedade, 29, e190227.

PAULA, CRISTIANE COIMBRA DE; OLIVEIRA, GORETE DE FÁTIMA DE; LAMARE, AQUINO VIEIRA DE; SHIMOYA, WALKIRIA et al.; DOI 10.22533/at.ed.9181919111. Atena editora/ 2019, Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica, Importância das intervenções farmacêuticas na prática clínica. Disponível em: https://www.atenaeditora.com.br/wpcontent/uploads/2019/11/EbookFarmaciaClinicaeAtencaoFarmaceutica.pdf

RADAELLI M. et al. (2016). Farmacoterapia da Obesidade: Benefícios e Riscos. Saúde e Desenvolvimento humano, 4(1), 101-115.

SILVA B.L. & CANTISANI J.R. (2018). Interfaces entre a gordofobia e a formação acadêmica em nutrição: um debate necessário. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, 13(2), 363-380.

SOUZA, A. et al. Análise da utilização de medicamentos emagrecedores dispensados em farmácias de manipulação de Ipatinga-MG. ÚNICA Cadernos Acadêmicos, v. 3, n. 1, 2017.

TAROZO M. & PESSA R.P. (2020). Impacto das consequências psicossociais do estigma do peso no tratamento da obesidade: uma revisão integrativa da literatura. Psicologia: Ciência e Profissão, 40.

ZAROS, KARIN JULIANA BITENCOURT, O uso off label de medicamentos para obesidade. Centro de informação sobre medicamentos do conselho regional de farmácia do estadodoParaná,2018ed.nº2.Disponívelem:https://www.crfpr.org.br/uploads/revista/33657/CeW0qho1ZWuSJg2f4Ioml1hrF99F2Etv.pdf.


1Acadêmica UNIG – Universidade Iguaçu, Curso de Graduação em Farmácia, Nova Iguaçu-RJ, Brasil.

2Professor orientador UNIG – Universidade Iguaçu, Curso de Graduação em Farmácia, Nova Iguaçu-RJ, Brasil.