REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202501242032
Carlos Evando Monteiro Cavallini; Cláudia Beatriz Coronel Perillo; Daniela Scheunemann Brito; Diana Varal da Silva Lazzaretti; Eduardo Moreira Melo; Fábio Machado Domingues; Fabrício Pereira Magalhães; Gabriel Lopes Machado; Jonatan Azambuja da Silva; Mateus Costa Teixeira; Nilson Diniz Garcia; Roselete Vettorello lawall Martins; Sisnando Leiria Júnior
RESUMO
Repensar a segurança pública é uma necessidade contemporânea diante dos desafios sociais, econômicos e tecnológicos da sociedade moderna. Modelos de gestão voltados para a confiança e o engajamento comunitário oferecem uma abordagem mais eficaz e inclusiva para enfrentar o aumento da violência e a complexidade dos problemas de segurança. A segurança pública tradicional, geralmente focada em repressão e controle, mostra-se limitada ao negligenciar as dinâmicas sociais que impactam as práticas e as políticas públicas. O conceito de confiança passa a ser essencial para construir uma relação de proximidade e apoio entre agentes de segurança e cidadãos, facilitando o diálogo e promovendo uma segurança mais acessível e legítima. O envolvimento da comunidade fortalece as políticas de segurança e cria uma rede de apoio que ajuda na prevenção e na resolução de conflitos. Modelos baseados na participação cidadã, com uma gestão que favorece a confiança, não só atendem às demandas locais de segurança, como também contribuem para o fortalecimento do tecido social. Dessa forma, a integração de tecnologias modernas, políticas inclusivas e a valorização da parceria com a comunidade propõem uma segurança pública que prioriza a coesão social e a justiça, buscando, sobretudo, respostas proativas e sustentáveis para os desafios contemporâneos.
Palavras-chave: Segurança pública. Confiança. Comunidade.
ABSTRACT
Rethinking public security is a contemporary necessity in light of the social, economic, and technological challenges facing modern society. Management models oriented toward trust and community engagement offer a more effective and inclusive approach to addressing the rising violence and complexity of security issues. Traditional public security, often focused on repression and control, proves limited as it overlooks the social dynamics that impact practices and public policies. The concept of trust becomes essential to building a close and supportive relationship between security agents and citizens, facilitating dialogue and promoting more accessible and legitimate security. Community involvement strengthens security policies and creates a support network that aids in conflict prevention and resolution. Models based on citizen participation, with management favoring trust, not only address local security demands but also contribute to strengthening the social fabric. Thus, integrating modern technologies, inclusive policies, and valuing partnerships with the community suggest public security that prioritizes social cohesion and justice, aiming primarily for proactive and sustainable responses to contemporary challenges.
Keywords: Public security. Trust. Community.
1 INTRODUÇÃO
Repensar a segurança pública é uma demanda emergente em face das transformações que marcam a sociedade moderna, permeada por novos desafios econômicos, sociais e tecnológicos. A tradicional abordagem repressiva e punitiva tem se mostrado insuficiente, ao passo que não atende às complexidades dos problemas atuais, frequentemente mais amplos e dinâmicos do que antes. Nesse contexto, revisitar as práticas de segurança pública torna-se essencial para promover uma sociedade mais segura e integrada, com políticas voltadas para o bem-estar coletivo.
Com uma gestão orientada pela confiança, é possível estabelecer relações mais próximas entre os agentes de segurança e a comunidade, o que resulta em uma atuação mais eficaz e com menor resistência. A confiança, enquanto fundamento essencial das relações interpessoais, promove o respeito e facilita o trabalho das autoridades junto aos cidadãos, que passam a enxergar o serviço de segurança como parte do seu suporte comunitário. A partir desse elo, é possível atuar não só na repressão, mas também na prevenção dos conflitos.
A participação da comunidade nas políticas de segurança é um diferencial que reforça o senso de responsabilidade coletiva, promovendo uma visão mais inclusiva e democrática da gestão pública. A segurança deixa de ser uma responsabilidade exclusiva do Estado e passa a ser uma meta compartilhada, na qual o envolvimento dos cidadãos se faz essencial. Tal integração permite uma resposta mais ágil e adaptável, alinhada às necessidades específicas de cada localidade.
A implementação de tecnologias modernas também exerce um papel crucial na redefinição da segurança pública. Ferramentas digitais e sistemas inteligentes oferecem suporte para identificar padrões de criminalidade e para a comunicação rápida entre agentes e cidadãos. Esses avanços ampliam a capacidade do Estado em antecipar riscos e responder de forma mais precisa, fomentando uma segurança que alia inovação e funcionalidade.
Dessa forma, ao propor modelos de gestão baseados na confiança e na comunidade, a segurança pública alinha-se com valores sociais de justiça e inclusão. Essa abordagem é não apenas um reflexo das novas demandas sociais, mas também uma estratégia eficaz para enfrentar os desafios contemporâneos de maneira sustentável e transformadora.
2 DESENVOLVIMENTO
As transformações sociais e tecnológicas do século XXI exigem uma nova abordagem para a segurança pública. Os métodos repressivos e punitivos já não atendem aos desafios modernos, que requerem soluções mais abrangentes e dinâmicas. A tradicional atuação centrada no controle e na punição, além de desgastar a relação entre autoridades e cidadãos, tem limitado a efetividade das políticas de segurança. As complexidades dos problemas atuais demandam um modelo de gestão capaz de integrar fatores econômicos, sociais e culturais, propiciando uma resposta mais eficaz e adaptada à realidade. (BRITTO,2014)
Em um cenário onde a confiança é cada vez mais valorizada, uma gestão que busque fortalecer os laços entre agentes de segurança e comunidade demonstra ser uma abordagem promissora. A confiança reduz tensões e favorece uma cooperação mais efetiva, transformando a segurança pública em um pilar de suporte e acolhimento para a população. Isso vai além de uma simples alteração de abordagem; representa uma mudança estrutural no modo de operar a segurança pública, onde a confiança não é apenas um objetivo, mas um valor central que permeia todas as ações. (CAMPOS,2015)
A inclusão da comunidade nos processos de segurança pública promove o senso de pertencimento e responsabilidade coletiva. A participação ativa dos cidadãos nas políticas públicas gera uma rede de apoio onde todos contribuem para a preservação do bem-estar comum. Essa responsabilidade compartilhada contribui para uma abordagem preventiva, diminuindo o número de conflitos e aumentando o apoio às iniciativas de segurança. Assim, a segurança pública torna-se mais eficaz e alinhada às demandas da sociedade moderna. (COSTA,2018)
Com o avanço das tecnologias digitais, a segurança pública passa a dispor de ferramentas que possibilitam uma gestão mais precisa e estratégica. Sistemas de monitoramento e inteligência artificial auxiliam na identificação de áreas de risco e no combate a práticas criminosas. Além disso, esses sistemas facilitam a comunicação entre a população e os agentes de segurança, gerando uma resposta rápida e organizada. A tecnologia, portanto, emerge como um recurso essencial para aprimorar a eficácia e a proatividade das políticas de segurança. (LUNARDI,2016)
Ao adotar uma gestão de segurança pública baseada na confiança e na comunidade, o Estado reafirma seu compromisso com a justiça e a inclusão. A modernização das políticas de segurança não apenas responde às demandas da sociedade contemporânea, mas também fortalece o tecido social. Esse modelo transformador, ao integrar confiança, comunidade e inovação, propõe-se a enfrentar os desafios de forma sustentável, garantindo uma sociedade mais segura e coesa. (MACHADO,2020)
2.1 Reavaliando a Segurança Pública: Modelos de Gestão Baseados na Confiança e no Engajamento Comunitário
As transformações sociais e econômicas são aspectos centrais que impactam diretamente a segurança pública na sociedade contemporânea. Com o aumento da desigualdade e a crise de confiança nas instituições, os desafios de segurança tornam-se mais complexos e exigem soluções inovadoras. Em um ambiente onde os fatores econômicos e sociais se entrelaçam, a abordagem repressiva tradicional demonstra seus limites, necessitando de um redesenho que considere as dinâmicas sociais e o impacto das políticas de segurança. (ALMEIDA,2013)
Além das questões sociais, o avanço da tecnologia reconfigura o cenário de segurança pública. Ferramentas digitais têm o potencial de expandir a capacidade de monitoramento e resposta das autoridades, mas, sem uma gestão orientada pela confiança, esses recursos podem ser recebidos com resistência pela população. A implementação de tecnologias deve, portanto, ser acompanhada de um processo transparente e comunicativo, promovendo uma visão colaborativa entre Estado e cidadãos. (OLIVEIRA,2015)
A interação entre segurança e comunidade destaca a importância de uma abordagem que privilegie a confiança mútua. O distanciamento entre autoridades e cidadãos reduz a eficácia das políticas de segurança e aumenta o receio da população em relação ao Estado. Nesse sentido, uma gestão pautada na confiança e na colaboração é fundamental para fortalecer as relações e criar um ambiente seguro e inclusivo para todos. (CAMPOS,2015)
A reformulação das políticas de segurança para abranger práticas mais inclusivas e participativas também estimula o fortalecimento da sociedade. Quando a comunidade sente-se parte ativa das políticas de segurança, há um aumento na cooperação e no comprometimento coletivo com a manutenção do bem-estar comum. Essa participação ativa é uma das principais formas de prevenção e resolução de conflitos, tornando a segurança pública mais integrada e eficaz. (FERNANDES,2013)
Desse modo, a necessidade de reformular a segurança pública é evidente frente às demandas modernas, nas quais a sociedade busca não apenas proteção, mas também respeito e inclusão. Um modelo de gestão voltado para a confiança e o engajamento comunitário proporciona uma visão ampliada, que enxerga a segurança como um direito coletivo, em vez de uma imposição do Estado. Essa perspectiva é crucial para garantir uma segurança pública eficiente e justa, que dialogue com as demandas da sociedade contemporânea. (LUNARDI,2016)
A confiança entre a população e os agentes de segurança é fundamental para a efetividade das políticas públicas de segurança. A gestão orientada por essa confiança cria um ambiente no qual os cidadãos se sentem mais seguros e propensos a colaborar com as autoridades. Essa relação é fortalecida pela transparência das ações e pelo diálogo contínuo entre a comunidade e os agentes de segurança, o que permite uma construção coletiva de estratégias voltadas para a redução da criminalidade e o fortalecimento da segurança como um valor comum. (SILVA,2019)
A confiança também diminui a resistência da população em relação às políticas de segurança, especialmente quando há histórico de conflitos ou de desconfiança nas instituições. Esse fator é importante para reverter a imagem de repressão frequentemente associada aos agentes de segurança e substituí-la por uma visão de apoio e proteção. Quando a segurança pública é vista como uma rede de suporte, os cidadãos passam a enxergar os agentes como parte integrante de sua comunidade, reforçando o vínculo de cooperação. (BRITTO,2014)
Além disso, a confiança facilita o trabalho dos agentes de segurança, que passam a receber informações e apoio diretamente da comunidade. O diálogo e a troca de informações tornam a atuação mais precisa e ágil, permitindo que a segurança pública se antecipe a possíveis conflitos e aja preventivamente. Esse tipo de colaboração é essencial para que as políticas de segurança sejam eficazes e respondam de maneira adequada às especificidades locais, refletindo as necessidades reais da população. (VIEIRA,2015)
A construção da confiança é um processo contínuo, que requer investimentos tanto na formação dos agentes de segurança quanto na promoção de uma cultura de proximidade com a comunidade. Programas de capacitação para os agentes e ações comunitárias colaborativas são instrumentos que auxiliam na consolidação dessa relação. Esses esforços são essenciais para que a segurança pública transcenda o caráter punitivo e adote um papel mais preventivo e integrador, condizente com as expectativas de uma sociedade moderna. (ALMEIDA,2013)
Dessa forma, ao priorizar uma gestão de segurança pública baseada na confiança, o Estado promove uma sociedade mais coesa e segura. A confiança entre comunidade e agentes de segurança é não apenas um elemento facilitador, mas um pilar estrutural que transforma a segurança em uma responsabilidade compartilhada. Esse modelo fortalece o tecido social e responde às demandas contemporâneas de uma segurança mais humanizada e inclusiva. (MACHADO,2020)
A participação ativa da comunidade nas políticas de segurança pública transforma a relação entre cidadãos e Estado, promovendo um sentimento de pertencimento e responsabilidade coletiva. Ao integrar a comunidade nos processos de decisão e implementação das políticas de segurança, é possível construir um modelo mais democrático e alinhado às necessidades reais de cada localidade. Esse engajamento fomenta um ambiente onde a segurança é vista como um bem comum, compartilhado por todos. (COSTA,2018)
A participação comunitária também gera uma resposta mais rápida e adaptável aos problemas de segurança. Através de mecanismos como conselhos de segurança comunitários e plataformas de denúncia, a população tem a oportunidade de comunicar suas preocupações diretamente às autoridades. Essa troca de informações em tempo real permite uma resposta mais eficaz, alinhada às demandas específicas de cada localidade, o que aumenta a legitimidade das políticas de segurança pública. (FERNANDES,2013)
Além disso, a colaboração entre comunidade e agentes de segurança fortalece a capacidade de prevenção de crimes. Quando a população sente-se parte ativa das políticas de segurança, o senso de responsabilidade coletiva é amplificado, promovendo uma cultura de prevenção e de resolução de conflitos antes que eles se tornem incidentes graves. Esse tipo de atuação preventiva é mais sustentável e menos custosa para o Estado, proporcionando uma segurança pública mais eficaz. (LUNARDI,2016)
A inclusão da comunidade nos processos de segurança pública também contribui para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Ao envolver diversos grupos sociais, as políticas de segurança tornam-se mais representativas e acessíveis a todos, reduzindo a marginalização e a vulnerabilidade de certas populações. Essa representatividade é essencial para que as políticas de segurança reflitam a diversidade e as especificidades das diferentes comunidades. (OLIVEIRA,2015)
Dessa forma, a participação comunitária nas políticas de segurança pública fortalece não apenas as práticas de segurança, mas também o próprio tecido social. Esse modelo promove uma integração entre Estado e sociedade que transcende o caráter punitivo, oferecendo uma visão inclusiva e democrática da segurança, onde a responsabilidade é partilhada e o compromisso com o bem-estar coletivo é reforçado. (SILVA,2019)
A tecnologia exerce um papel transformador na redefinição das políticas de segurança pública, oferecendo novas ferramentas para monitoramento e prevenção. Sistemas de monitoramento por câmeras, sensores e inteligência artificial proporcionam uma análise detalhada e em tempo real das áreas de maior risco. Esse avanço tecnológico permite que a segurança pública seja mais eficiente e focada, identificando padrões de comportamento e pontos críticos de criminalidade, o que auxilia na alocação de recursos de forma estratégica. (CAMPOS,2015)
Além do monitoramento, a tecnologia facilita a comunicação entre a população e os agentes de segurança. Aplicativos de denúncia e plataformas de atendimento oferecem canais diretos para que os cidadãos informem problemas de segurança, possibilitando uma resposta mais rápida e eficaz. Essa interação digital fortalece o elo entre a comunidade e as autoridades, promovendo um ambiente de cooperação e confiança, onde todos participam ativamente da segurança pública. (VIEIRA,2015)
A análise de dados é outra inovação que enriquece as políticas de segurança pública. Ferramentas de big data e análise preditiva permitem que as autoridades identifiquem tendências criminais, compreendam padrões de comportamento e antecipem potenciais ameaças. Esse uso de dados possibilita uma abordagem mais preventiva, onde as estratégias de segurança são formuladas com base em informações concretas, tornando a gestão de segurança mais precisa e proativa. (COSTA,2018)
A tecnologia também ajuda a reduzir custos operacionais ao otimizar a alocação de recursos. Com a automação de processos e o uso de inteligência artificial, é possível direcionar o trabalho dos agentes de segurança para as áreas que realmente necessitam de intervenção, evitando desperdícios e aumentando a eficácia das ações. Assim, a tecnologia contribui para uma gestão de segurança pública mais econômica e sustentável. (MACHADO,2020)
Assim, ao integrar tecnologias modernas nas políticas de segurança pública, o Estado amplia sua capacidade de resposta e promove uma segurança mais funcional e acessível. A tecnologia, quando aliada à confiança e à participação comunitária, propicia uma abordagem de segurança pública inovadora, que atende às demandas contemporâneas e contribui para uma sociedade mais segura e integrada. (FERNANDES,2013)
A gestão de segurança pública baseada na confiança e na comunidade representa uma mudança de paradigma que valoriza a inclusão e a justiça social. Esse modelo reflete as demandas de uma sociedade que busca, além de proteção, respeito e reconhecimento dos direitos de todos os cidadãos. Ao alinhar-se com valores sociais, a segurança pública deixa de ser vista como uma força punitiva e passa a ser uma aliada na construção de uma sociedade mais justa e equitativa. (VIEIRA,2015)
Esse modelo de gestão contribui diretamente para a coesão social, um aspecto fundamental para a segurança pública. A confiança e a inclusão promovem a solidariedade entre os cidadãos, fortalecendo o sentimento de pertencimento e o compromisso com o bem-estar coletivo. Quando a sociedade percebe que a segurança é gerida de forma justa e inclusiva, aumenta o apoio às políticas públicas e a disposição para colaborar com as autoridades. (OLIVEIRA,2015)
Além disso, a abordagem baseada na confiança e na comunidade promove a transparência das ações de segurança, fortalecendo a credibilidade das instituições. A transparência é um elemento essencial para que as políticas de segurança sejam legitimadas pela população, que passa a enxergar o Estado como um defensor de seus direitos e de sua segurança. Essa credibilidade é fundamental para a estabilidade social e para o sucesso das ações de segurança. (BRITTO,2014)
Outro benefício desse modelo é a redução dos índices de criminalidade, uma vez que a confiança e a inclusão incentivam uma postura preventiva da sociedade. Ao promover uma cultura de paz e responsabilidade coletiva, as políticas de segurança reduzem a incidência de delitos, contribuindo para um ambiente mais seguro e menos propenso a conflitos. Essa abordagem preventiva é uma das características mais eficazes de uma segurança pública orientada pela comunidade. (SILVA,2019)
Assim, ao priorizar uma gestão de segurança pública que valoriza a confiança e a comunidade, o Estado reafirma seu compromisso com uma sociedade mais justa e segura. Esse modelo representa uma resposta contemporânea para os desafios modernos, promovendo uma segurança pública que não apenas protege, mas também fortalece o tecido social e contribui para a construção de um ambiente de paz e justiça para todos. (ALMEIDA,2013)
3 CONCLUSÃO
A necessidade de reavaliar os modelos de segurança pública torna-se premente à medida que a sociedade contemporânea enfrenta desafios cada vez mais complexos, que vão além da simples repressão de delitos. A abordagem tradicional, centrada na punição e na coerção, não consegue mais abranger a multiplicidade de fatores que influenciam a segurança nas comunidades.
Com um ambiente social e econômico em constante mudança, é evidente que novas demandas exigem políticas de segurança pública adaptativas e orientadas pela construção de uma relação sólida entre agentes de segurança e cidadãos. Esse vínculo é a base para uma segurança pública eficaz, pois somente a confiança mútua pode permitir uma interação colaborativa que valoriza o diálogo e o entendimento sobre as causas profundas da insegurança.
O papel da confiança nesse modelo é um elemento transformador que reconfigura o próprio propósito da segurança pública, distanciando-a de uma imagem autoritária e aproximando-a de um serviço que visa o apoio comunitário. Esse vínculo de respeito mútuo redefine a segurança pública como uma prática integrada, onde as ações do Estado refletem as necessidades e os anseios da população.
A confiança, nesse sentido, fortalece a cooperação entre autoridades e comunidade, minimizando a resistência social e permitindo que as políticas de segurança sejam conduzidas de forma mais transparente e humanizada. Esse modelo transforma as ações de segurança em redes de apoio, promovendo uma segurança que se fundamenta no reconhecimento e na proteção dos direitos dos cidadãos, em vez de se limitar à imposição da ordem.
Além disso, a participação ativa da comunidade na formulação e implementação de políticas de segurança pública reforça a ideia de que a segurança deve ser vista como um compromisso compartilhado entre Estado e sociedade. A inclusão cidadã amplia a visão da segurança pública, proporcionando uma gestão mais democrática, onde o envolvimento da população é essencial para a construção de um ambiente seguro.
Esse modelo colaborativo representa uma nova concepção da segurança, onde cada indivíduo tem um papel ativo na proteção e no bem-estar coletivo, fortalecendo, assim, a própria coesão social. Ao contribuir para a segurança, os cidadãos exercem uma responsabilidade que transforma a segurança pública em um reflexo direto das necessidades e das peculiaridades de cada comunidade, tornando o modelo mais próximo e adaptado à realidade.
O uso de tecnologias digitais complementa esse modelo participativo, potencializando as capacidades do Estado de atuar de forma preventiva e eficaz no combate à criminalidade. Sistemas de monitoramento, inteligência artificial e ferramentas de comunicação rápida não só aprimoram a capacidade de resposta das autoridades, mas também integram a população no processo de segurança pública.
Quando aliados à confiança e ao engajamento da comunidade, esses recursos tecnológicos permitem uma segurança pública mais ágil e proativa, que se antecipa aos problemas e promove uma resposta rápida e adaptada às necessidades locais. Esse uso estratégico da tecnologia, orientado pela inclusão e pela transparência, fortalece o elo entre os agentes de segurança e a sociedade, criando uma rede de proteção que une inovação e eficiência.
Por fim, a adoção de um modelo de gestão de segurança pública orientado pela confiança e pelo engajamento da comunidade representa uma resposta contemporânea e efetiva aos desafios da sociedade atual. Esse paradigma, ao integrar justiça, inovação e inclusão, transforma a segurança pública em uma atividade sustentável, que busca a coesão social e promove o bem-estar coletivo. A abordagem baseada na confiança não apenas responde às demandas por uma segurança mais eficaz, mas também reflete um compromisso com a dignidade e os direitos da população. Essa combinação de princípios permite que a segurança pública se torne um pilar na construção de uma sociedade mais segura, justa e solidária, proporcionando um modelo de convivência pacífica e fortalecimento do tecido social que almeja atender às necessidades e aos desafios de forma contínua e adaptativa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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