Nova Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro, Brasil, Ano 15, nº 86, Maio/Junho de 2012. http://www.novafisio.com.br
Remar: riscos e benefícios no envelhecimento saudável.
ROWING: RISKS AND BENEFITS IN HEALTHY AGING.
Kátia Regina Barcellos Santos *; José Luis de Martins Magalhães Junior**
* Aluna do curso de pós-graduação em fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida Campus Tijuca RJ: karegbar@yahoo.com.br
** Coordenador, orientador do curso de pós-graduação em fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida Campus Tijuca RJ.
Revisado por: Rodrigo Silva Perfeito (rodrigosper@yahoo.com.br)
Nova Fisio, Revista Digital. Rio de Janeiro, Brasil, Ano 15, nº 86, Maio/Junho de 2012. http://www.novafisio.com.br
Resumo:
O aumento da população idosa em todo o mundo esta visível. A mudança acontece também no Brasil, gerando a necessidade de ações que proporcionem aos idosos um aumento na longevidade. Na sociedade a importância do comprometimento de manter-se em movimento, incentiva, esclarece e proporciona a significância da qualidade de vida para o envelhecimento saudável. O remo “esporte” tem como objetivo neste estudo combater as doenças, alertar aos iniciantes quanto aos riscos da atividade física, despertar a sociedade sobre os benefícios do esporte no processo de envelhecimento. Foi adotado o método de revisão de literatura, bibliografias através de pesquisa em livros, artigos científicos, revistas especializadas e bases eletrônicas de dados. Foi aplicado o questionário de qualidade de vida SF-36 (genérico, auto-aplicável, e multidimensional) em 20 voluntários praticantes de remo, para obter resultados que informem o mínimo de impacto negativo no estado geral da saúde de quem pratica remo. Os estudos evidenciam que quanto mais ativa é uma pessoa, menos limitações físicas ela tem. O benefício principal promovido pelo exercício físico é a proteção da capacidade funcional, principalmente nos idosos. As modificações decorrentes do processo de envelhecimento atingem o organismo como um todo. A prática responsável e sistematizada de exercícios físicos proporciona um envelhecimento mais saudável e dinâmico.
Palavras chave: Atividade Física; Remo; Qualidade de vida.
Abstract:
The aging population worldwide is visible. The change also occurs in Brazil, generating the need for actions that give seniors an increase in longevity. In society the importance of commitment to keep moving, encourages and provides clarifies the significance of quality of life for healthy aging. The rowing \”sport\” in this study aims to combat disease, to warn beginners about the risks of physical activity, awaken the society about the benefits of sport in the aging process. We adopted the method of literature review by searching bibliographies of books, papers, journals and electronic databases. We used the quality of life questionnaire SF-36 (generic, self-administered, multidimensional) in 20 volunteers paddle practitioners, to report results for the least negative impact on the general health of those who practice paddling. Studies show that the more active a person is less physical limitations she has. The main benefit promoted by physical exercise is the protection of functional capacity, especially the elderly. The changes resulting from the aging process affect the organism as a whole. Practice responsible and systematic physical exercise provides a healthier aging and dynamic.
Keyword: Physical Activity; Remo; Quality of life.
Introdução:
Nos países desenvolvidos, o processo de envelhecimento da população ocorreu lentamente, comparado à situação de evolução econômica de crescimento do nível de bem-estar e redução das desigualdades sociais (MOREIRA, 1998). Com o passar dos anos, o envelhecimento passou a ganhar maior importância nos países em desenvolvimento com o aumento acelerado da população acima de sessenta anos em relação à população geral. Nos países da América Latina são esperados aumentos de até 300% da população idosa (TRUELSEN et al., 2001). No Brasil, o número de idosos (> 60 anos de idade) passou de três milhões em 1960 para sete milhões em 1975 e 14 milhões em 2002 (um aumento de 500% em quarenta anos). Estima-se que alcançará 32 milhões em 2020 (LIMA-COSTA e VERAS, 2003).
O grande desafio no século XXI será cuidar dessa população crescente de idosos, a maioria com níveis socioeconômico e educacional baixos e uma alta prevalência de doenças crônicas e incapacitantes. Os sistemas de saúde terão uma crescente demanda por procedimentos diagnósticos e terapêuticos das doenças crônicas não transmissíveis, principalmente as cardiovasculares e as neurodegenerativas, e a uma demanda ainda maior por serviços de reabilitação física e mental (RITCHIE et al, 1997; MOREIRA, 1998; CARVALHO et al., 2003; LIMA-COSTA e VERAS, 2003). Considerando-se a diversidade e a complexidade do idoso, a atuação de uma equipe interdisciplinar torna-se fundamental na medida em que participa, analisa e integra conhecimentos específicos de diversas áreas.
A prática do remo teve início como um meio de sobrevivência, transporte ou forma de atuar em guerras. Atualmente, é uma modalidade esportiva aquática que utiliza membros superiores e inferiores para a propulsão do barco, vias aeróbicas e anaeróbicas. É constituído de um movimento cíclico e sincronizado através da força e a capacidade fisiológica do remador. As características biomecânicas do ritmo podem ser influenciadas pelo diâmetro muscular, tipo de fibra predominante, eficiência do trabalho e capacidade metabólica (CARDOSO, 1987).
O número de adeptos em busca do esporte e atividades físicas aumentam cada vez mais, porém, a maioria desses indivíduos está descondicionados fisicamente, consequentemente, surgem lesões que poderiam ser evitadas, se os mesmos tivessem sido orientados por um médico (BARROS NETO e GHORAYEB, 1999). Antes de iniciar um programa de exercícios, é importante fazer uma avaliação funcional e cardiovascular para identificar condições que possam interferir no desempenho e na resposta ao exercício ou oferecer riscos como doenças coronarianas e hipotensão postural. As co-morbidades musculoesqueléticas podem limitar o treinamento e devem ser tratadas previamente (CARDOSO, 1987).
Os estudos demonstraram que, músculos em desequilíbrio, colisões, excessos de velocidade e de treinamento, a fadiga, fatores psicológicos como o estresse, são antecedentes para o risco de lesão. As causas mais comuns de lesões por “overuse” (micro traumas repetitivos) nos treinos de qualquer esporte ou atividade são: a dor, inflamação, degeneração, fratura de estresse, sinovites, neuropatias, miosite e fragilidade ligamentar (CONNOR et al., 1997).
Objetivos
Promover o remo no combate às doenças, alertar aos iniciantes quanto aos riscos da atividade física e despertar a sociedade sobre os benefícios do esporte no processo de envelhecimento.
De forma específica, divulgar o remo como um esporte completo, praticado em qualquer idade, enfatizar sobre as principais causas de dor, lesão, desidratação e transtornos alimentares. Classificar os efeitos benéficos do esporte no processo de envelhecimento, recomendar treinos na evolução do condicionamento físico e encorajar os indivíduos a adotar um estilo de vida ativo.
Metodologia
Utilizamos nesta pesquisa métodos exploratórios pelo fato desta objetivar o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições e a pesquisa bibliográfica cujo objetivo é permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Dentro da pesquisa bibliográfica à consulta de livros de literatura corrente e de referência informativa. Contudo, de forma quantitativa aplicou-se uma pesquisa de campo.
Revisão bibliográfica
O Remo
Um dos países com grande tradição no remo é a Inglaterra. No século XVIII o transporte de pessoas era feito por marinheiro para atravessar o rio Tâmisa. Ficaram então conhecidos por serem muito habilidosos. Não demorou a surgir o espírito de competição que mais tarde foi seguido por amadores. Em 1790 os estudantes de Oxford aderiram ao esporte. Cambridge começou pouco depois, pois o rio Cam era menos favorável que o Tâmisa. Em 1829 as duas universidades competiram pela primeira vez iniciando uma rivalidade que persiste até hoje.
Nos Estados Unidos o remo se tornou conhecido por competições entre marinheiros, sendo a primeira regata disputada no rio Hudson, em 1811. A regata entre Yale e Harvard é a mais antiga entre as universidades.
O Remo chega ao Brasil pelo Rio de Janeiro entre tais manifestações culturais. No século XIX, o Remo era atraído por cronistas, romancistas e poetas. As elites apoiavam o esporte e sempre presente nas regatas, já que a ideia era recriar um mundo europeu no Brasil. As competições contavam com a presença de figuras importantes como o Imperador e a Armada (atual Marinha), que consideravam o remo uma prática louvável. O desenvolvimento do remo estava associado ao progresso da nação e este era um dos principais motivos para o incentivo desse esporte. Nessa época, as classes populares participavam dos eventos esportivos torcendo e fazendo apostas.
Exercícios Físicos para o Envelhecimento
A relação entre saúde, envelhecimento, exercícios físicos, capacidade funcional e qualidade de vida têm sido estudado em inúmeros trabalhos científicos atuais.
Saúde não significa simplesmente a ausência de doenças. O termo saúde trata de aspectos físicos, psíquicos e sociais. A relação do indivíduo com seu meio necessitam para isso de uma capacidade funcional preservada. Entende-se por capacidade funcional a competência de realizar as atividades de vida de maneira independente, incluindo atividades de deslocamento, autocuidado, sono adequado e participação em atividades ocupacionais. O conceito de qualidade de vida envolve a capacidade de realizar as atividades da vida diária sem comprometer o equilíbrio do organismo.
A qualidade de vida na terceira idade tem sido motivo de muitas discussões no mundo todo, pois atualmente existe uma grande preocupação em cuidar da saúde e do bem estar global dessa parte da população para que tenham um envelhecimento saudável.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em países em desenvolvimento, onde a expectativa de vida é menor, os indivíduos idosos com mais de 60 anos, na grande maioria, nos garantem ser portador de pelo menos uma doença crônica. Nem todos se limitam por essas doenças, e muitos levam uma vida normal com suas doenças controladas. Um idoso com uma ou mais doenças crônicas pode ser considerado saudável se comparado a outro com as mesmas doenças, porém sem controle.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera uma nação envelhecida quando a demanda de pessoas com 60 anos atinge 7% com tendência a crescer. Neste contexto, o Brasil é considerado uma nação envelhecida no aspecto populacional, porque 8,56% do total da população são formadas por indivíduos acima dos 60 anos.
Uma das mais importantes alterações que ocorre com o aumento da idade cronológica é a diminuição da massa muscular esquelética, que gira em torno de 40%. Essa perda gradativa é conhecida como sarcopenia, termo genérico, e indica a perda da massa, força e qualidade do músculo esquelético e tem um impacto significante na saúde pública pelas reconhecidas consequências funcionais. A força muscular é uma adaptação funcional que sempre acompanha os níveis de massa muscular, sendo importante no dia a dia de todas as pessoas para a realização de suas tarefas, em especial no idoso, pois em sua grande maioria este é um sedentário que perdeu a aptidão física geral. Estudos também mostram a importância da força muscular para manter a homeostase e a hemodinâmica na vida diária. A perda de força muscular é a principal responsável pela deterioração na mobilidade e na capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo.
A intervenção pelos exercícios é uma medida eficaz para minimizar os efeitos das alterações fisiológicas que decorrem o processo de envelhecimento. Um idoso frágil e descondicionado, com limitações de força, equilíbrio e resistência, tem dificuldades para realizar atividades simples da vida diária como tomar banho e vestir-se, além da probabilidade a quedas que podem resultar em fraturas e podendo levar imobilidade. Mesmo com o avanço da idade muitas limitações são reversíveis, podendo o idoso melhorar sua capacidade funcional e autonomia, implantando o exercício físico em sua rotina diária.
O exercício físico na terceira idade pode trazer muitos benefícios tanto físicos, como sociais e psicológicos, contribuindo para uma vida mais saudável. Alguns dos efeitos do exercício físico são: o aumento do HDL – colesterol; a redução dos triglicerídeos; redução da pressão arterial e da tendência à arritmia pela diminuição da sensibilidade à adrenalina; redução da agregação plaquetária e estímulo a fibrinólise; aumento da sensibilidade das células à insulina; estímulo ao metabolismo dos carboidratos, estímulo hormonal e imunológico; redução da gordura corporal devido ao maior gasto calórico e tendência à elevação da taxa metabólica pelo aumento da massa muscular. Portanto, o exercício físico atua na profilaxia de doenças reduzindo os fatores de risco para o desenvolvimento de diversas patologias.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) o exercício físico diário melhora a qualidade e a expectativa de vida do idoso, em vários aspectos, principalmente prevenindo incapacidades.
A indicação de exercícios é desafiante porque há muitas questões envolvidas, entre elas, as clínicas e as psicológicas. Dessa forma, se faz necessário uma avaliação abrangente que contemple todos os aspectos inseridos no envelhecimento. A escolha do exercício físico também é complexa, pois muitas atividades que poderiam ser prazerosas para a pessoa são inviáveis devido à perda de aptidão decorrente da idade avançada ou do sedentarismo.
Os exercícios que atuam revertendo perdas como a da massa óssea, muscular e força, são os mais eficazes já que contribuem para uma maior autonomia funcional. O baixo risco de lesões, controle de frequência cardíaca e pressão arterial são aspectos que tornam certos exercícios seguros, portanto preferíveis. Por fim, a sensação agradável e de bem estar deve envolver o indivíduo para que este se sinta motivado a progredir com os exercícios.
Segundo a SBME e SBGG, o programa ideal de exercícios físicos para os idosos deve durar de 30 a 90 minutos, se possível, todos os dias da semana, incluindo exercícios aeróbicos, de força muscular, de flexibilidade e equilíbrio.
A Fisioterapia, cujos objetivos de estudo são principalmente o movimento humano e suas lesões, vem enriquecer a pesquisa lançando mão de conhecimentos e recursos fisioterápicos, com o intuito de melhor compreender os fatores que possam acarretar perda ou diminuição da qualidade de vida e bem estar. Dessa forma, a Fisioterapia é uma área que merece atenção e que é importantíssima no processo de envelhecimento, podendo o fisioterapeuta contribuir, além da reabilitação, na conscientização da população, exercendo seu papel de agente promotor de saúde e colaborar para o envelhecimento saudável.
Riscos da Prática de Esporte
Dentre os riscos da prática de esporte, para Veale (1987) está o excesso de atividade, que está relacionado a transtornos alimentares como um quadro de dependência presente em sujeitos com ideias fixas e doentias em perder peso, e insatisfação com o corpo. Yates et al. (1983) concluiu que atletas que não conseguiam parar ou diminuir o tempo e a intensidade de treinos, possuíam uma auto expectativa elevada, inibição da raiva, e tolerância elevada ao desconforto físico, preocupação com o desempenho, dieta e redução do peso. No futuro as análises poderão trazer informações adicionais importantes a respeito deste assunto.
Segundo Bermadote (1996) a hidratação é fundamental para a saúde e o desempenho físico. Na pratica do remo, por exemplo, os atletas perdem água e eletrólito através do suor. Por isso, é aconselhável que bebam líquidos antes, durante, e após os treinamentos e competições.
Ao mesmo tempo em que ocorre a desidratação, jovem esportistas tem um aumento muito rápido da temperatura em relação aos adultos, que possuem termorregulação mais eficiente, transpiram mais e aquecem menos. Para evitar desidratação durante treinos prolongados devemos ingerir líquidos a cada 15 ou 20 minutos (BAR-OR, 1994). Muitos indivíduos no entusiasmo em elevar desempenho, aumentar a massa muscular, diminuir gordura corporal, fazem uso de suplementos alimentares e sustâncias farmacológicas. Vale lembrar aos profissionais da área da saúde, em elucidar aos usuários os riscos dessas substâncias e a importância de uma alimentação equilibrada (MASSAD, 1995; JOHNSON e LAUNDRY, 1998).
Lazzoli et al., (1998) relatam que crianças sedentárias se tornarão adultos obesos. Assim, para diminuir a incidência de excesso de peso, obesidade e doenças coronarianas, é preciso acostumar, desde a infância, o indivíduo a ter uma vida ativa, em longo prazo os benefícios aumentam ainda mais, pois o esporte a as atividades de impacto ajudam a fortalecer o tecido ósseo, evitando a osteoporose com o avançar da idade. Uma avaliação medica funcional ampla deve ser feita sempre antes de iniciarmos atividade de grande intensidade e ou competitiva, para assegurar a relação entre os riscos e os benefícios sejam favoráveis. Na infância e na adolescência, a competição desportiva pode trazer vários benefícios na educação e na socialização, entretanto, as cobranças excessivas podem causar aversão ao esporte.
Benefícios do Remo no Envelhecimento Saudável
A relação entre os exercícios e a longevidade, é um assunto curioso entre pesquisadores. Através de levantamentos feitos com ex-atletas que não continuaram realizando atividade de forma sistemática, observou-se que os mesmos apresentavam uma capacidade física (VO2máx.) maior que os sedentários que não eram atletas. Na observação de Paffenbarger (1993) os indivíduos que pararam de praticar remo e/ou outros esportes tiveram risco de morte 35% menor sobre os sedentários. Os estudos continuam confirmando com evidência cientifica que qualidade de vida está relacionada ao bom estado funcional, e de como é importante manter-se ativo antes e durante o envelhecimento (BRILL et al., 2000).
Dando continuidade aos estudos relacionados á atividade física e longevidade Matesudo et al. (2000) e Nelson et al., (2007) acrescentam, que os benefícios na pratica regular de esporte, são: os efeitos antropométricos (diminuição da gordura corporal, aumentos da densidade óssea, da massa e da força muscular, fortalece o tecido conetivo, e melhora a flexibilidade) os efeitos metabólicos (aumento do volume de sangue, da ventilação pulmonar, da resistência física, diminuição da frequência cardíaca no repouso e no trabalho, diminuição da pressão arterial, melhora nos níveis de colesterol total, melhora nos níveis de glicose e de doenças crônicas não transmissíveis, diminui os riscos de doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral tromboembólico, hipertensão, diabetes tipo 2, osteoporose, obesidade, câncer de cólon e de útero) os efeitos cognitivos e psicossociais (melhora o auto conceito, a auto estima, o incremento na socialização, a imagem corporal, o estado de humor, a tensão muscular, a insônia, na prevenção ou no retardo do declínio das funções cognitivas, diminui o risco de depressão, de estresse ansiedade, consumo de medicamentos) os efeitos nas quedas (redução dos riscos por queda e lesão, aumento da força muscular dos membros e da coluna vertebral, melhora do tempo de reação, a sinergia motora das reações posturais, a velocidade do andar, a mobilidade e flexibilidade) quanto aos efeitos terapêuticos (no tratamento de doença coronariana, hipertensão, enfermidade vascular periférica, diabetes tipo 2, obesidade, colesterol elevado, osteoartrite, claudicação, doença pulmonar obstrutiva crônica, ansiedade, depressão, demência, dor, insuficiência cardíaca congestiva, sincope, AVC, dor lombar, constipação e na profilaxia de tromboembolismo venoso e doença de Parkinson).
Pate et al. (1995) e Nelson et al. (2007) aconselham atividade física para a saúde do idoso e da população em geral durante o processo de envelhecimento, para um bom estado funcional, atividade aeróbicas como remo e a corrida, com intensidade moderada, 30 minutos diários durante cinco dias por semana, fortalecimento muscular com peso, efetuando dez a quinze repetições de oito a dez exercícios de dois a três dias na semana, trabalhar a flexibilidade todos os dias, com a duração dez a trinta segundos, em três a quatro repetições de cada movimento estático, e de equilíbrio três vezes por semana.
Valem ressaltar os benefícios do esporte no portador de diabetes tipo 2 (patologia muito comum na idade avançada). Nos estudos de Helmrich et al. (1998) à medida que aumenta o índice de massa corporal majora o risco da doença, ao contrário da atividade física, que quanto mais intensa e prolongada os riscos diminuírem e os benefícios aparecem a curto, a médio e longo prazo. Entre esses impactos positivos em curto prazo, destacam-se a glicemia controlada através dos músculos, que quando em atividade, usam a glicose como combustível, e este processo hiperglicêmico pode perdurar por horas e até dias após exercícios, os benefícios a médio e longo prazo diminui os riscos de doenças cardiovasculares (também muito comum nos diabéticos) tendo em vista que um bom programa de atividade física, uma dieta saudável e equilibrada, assistência medica e sanitária contribuem na prevenção, no tratamento desta patologia e na qualidade de vida. O remo é uma das atividades aeróbicas que pode ser indicada para portadores de diabetes tipo 2, pois trabalha grandes grupos musculares por um tempo prolongado, porém, é importante respeitar o gosto do individuo pelo esporte.
Após surgimento de dois estudos: (GULLETE e BLUMENTHAL, 1996; MARON, 2000) é sugestivo ponderar o quanto de beneficio os exercícios trazem para a saúde e o quanto a inatividade e o sedentarismo são fatores de risco para o agravamento e surgimento de doenças, contam também como a atividade física beneficia no tratamento dos quadros depressivos e ansiosos. Numa das revisões de Morgan (1985) evidencia-se que a melhora desses quadros está relacionada pelo fato do individuo afastar-se de situações de estresse e com a continuidade, as atividades contribuírem para o aumento dos níveis centrais de serotonina, noradrenalina e endorfina, resultando em bem estar físico e psíquico.
Com o aumento da idade cronológica, existe uma tendência de modo geral nos indivíduos de diminuírem suas atividades físicas implicando no risco de sedentarismo, porém, planos de políticas públicas de saúde podem ser implantados para o declínio desses índices, possibilitando o encorajamento em adotar um estilo de vida ativo, enternecendo a população de todas as idades e principalmente após os cinquenta anos de idade sem habilidades, conhecimento ou equipamento especifico, a motivação de tornar-se fisicamente ativa. É evidente que a função do médico e da família em facilitar o comprometimento com a pratica de atividade nesta fase da vida é muito importante para evitar e controlar doenças crônicas, promover mobilidade, capacidade funcional, atividade aeróbica, fortalecimento muscular e do equilíbrio, que são fundamentais para o aumento do tempo de vida saudável e qualidade de vida (MATESUDO e MATESUDO, 2007).
As pesquisas mostram, através dos dados acima expostos, que podemos concluir dos estudos referentes às doenças dispostas, uma associação contrária entre atividade física e mortalidade, a importância do estimulo do esporte, da atividade física regular e de sua manutenção ou uma mudança de estilo de vida ativo especialmente após os cinquenta anos de idade que é de fato um impacto positivo na saúde e para longevidade.
Metodologia e resultados
Foi aplicado o Questionário de Qualidade de Vida SF-36, um questionário genérico, auto aplicável, multidimensional formado por 36 itens (11 perguntas) englobados em oito domínios. Sendo eles: Capacidade Funcional, Limitação por Aspectos Físicos, Dor, Estado Geral de Saúde, Vitalidade, Aspectos Sócias, Aspectos Emocionais e Saúde Mental.
Participaram desta pesquisa 20 voluntários de ambos os sexos, com idades entre 18 e 47 anos, praticantes de remo em Escaler (tipo de barco) de forma regular e prolongada (de 2 a 3 horas de treinos) há mais de seis meses. Realizada no primeiro semestre de 2012 no Clube regatas do Botafogo, localizado no estado do Rio de Janeiro.
Devido à pesquisa envolver atletas de uma respectiva instituição, não será exposto informações dos respondentes, os mesmos foram classificados de 1 a 20 em todos os domínios.
Fase 1
Pode se perceber que há uma diferença entre alguns respondentes na primeira fase do questionário, porém todos estão com um alto desempenho.
Fase 2
CAPACIDADE FUNCIONAL
Não há uma diferença relevante entre os respondentes, todos estão com alta capacidade funcional, divergindo de uma para o outro apenas pela frequência e o tempo que praticam o remo.
LIMITAÇÃO POR ASPECTOS FÍSICOS
Os aspectos físicos são parte fundamental na prática de qualquer esporte, e no remo, é importantíssimo, pois ele exerce força em todo o corpo. Entende-se que com o tempo o rendimento diminua e os aspectos físicos se tornam mais visíveis, quanto aos riscos na prática do esporte, e três dos respondentes estão no nível médio, que requer maior atenção por parte dos fisioterapeutas.
O índice de dor é pequeno, porém, ainda existe quando se trata de movimentos repetitivos. Entre os respondentes, poucos sentem dor elevada, porém, a maioria está no nível médio com relação ao volume da dor, e apenas dois quase não sentem dor. Isto ocorre devido ao condicionamento físico de cada respondente, sendo avaliado, o aquecimento, alongamento, a execução dos movimentos e principalmente o alongamento no termino do treinamento.
Todos os respondentes estão acima da média do estado de saúde, apenas um, esta acima da média, mostrando que independente da idade, ou dos aspectos sócias, o exercício físico em especial o remo, traz um ótimo condicionamento físico.
A maioria dos respondentes esta acima do nível médio neste quesito, e exceto um esta abaixo. Os exercícios físicos necessários no remo, também estimulam o bem-estar, a sensação de satisfação, no início a dor é incomoda, mas a frequência e a forma como os exercícios são executados, traz prazer.
Todos os respondentes estão na média ou acima dela, demonstrando o ótimo resultado trazido pelo bem-estar e a satisfação pessoal, que interfere diretamente no meio em cada um vive. Em sua maioria atingem o ponto máximo, onde cada uma além de estar bem fisicamente, atingiu aspectos pessoais.
Neste aspecto a maioria atingiu o ponto máximo, a satisfação pessoal foi conquistada. Apenas um respondente não esta satisfeito emocionalmente, aspecto que deriva de questões do dia a dia, mas que a movimentação do corpo estimula a melhorar.
A saúde mental é um dos aspectos que mais há variação, devido a inúmeros fatores que determinam este quesito, porém vale ressaltar que a maioria esta acima da média demonstrando mais uma vez os benefícios que traz o remo.
Discussão
A pesquisa comprova que quanto mais ativa é uma pessoa menos limitações ela tem. Entre vários benefícios que a prática de exercícios físicos promove, um dos principais é a proteção da capacidade funcional em todas as idades. A prática de exercício físico regular é aconselhada a fim de preservar o bem estar físico, psíquico e social das populações. Atividade física age de forma benéfica no organismo, trazendo benefícios como correção postural, fortalecimento muscular e ósseo, equilíbrio, coordenação motora, oxigenação dos tecidos, controle da pressão arterial, prevenção das doenças coronárias, controle de peso, diminuição do risco de doenças metabólicas, melhoria de humor e sensação de bem estar, melhoria das capacidades cognitivas e oxigenação cerebral, menor possibilidade de depressão, alívio do estresse, etc.
A atividade funcional de uma articulação é essencial para esta manter-se saudável, dentro dos limites fisiológicos. As atividades de remo melhoram o funcionamento das articulações, diminuindo a necessidade do uso de medicamentos. Os exercícios em meio aquático é uma das modalidades mais indicadas para idosos portadores de osteoartrose. Além dos benefícios funcionais, a atividade física aquática também influencia o lado psicossocial, tornando o ambiente relaxante, permitindo ainda, um melhor convívio social.
A prática de exercícios físicos promove mudanças corporais, melhora a auto estima, a autoconfiança e a afetividade, aumentando a socialização, corroborando para um envelhecimento saudável.
Considerações finais
Não é possível evitar o envelhecimento, no entanto, é possível alterar diretamente no modo de como envelhecer. A prática regular de exercícios físicos representa, portanto, uma alternativa para se envelhecer melhor, apresentando-se as mesmas como uma possibilidade de proteção às doenças. Também é suscetível à melhoria da capacidade funcional, já que os exercícios físicos são capazes de prevenir, evitar a progressão e até ajudar no tratamento de possíveis doenças que acabam incapacitando a pessoa idosa. Esta pesquisa agregou informações muito importantes quanto à prática de esporte e o quanto o remo beneficia o ser humano com seus movimentos e seus resultados. Demonstrando que é possível um envelhecimento saudável.
Referências bibliográficas
BERNARDOT, D. Working with Young athletes: views of a nutricionistof the sports medicine team. Int J Sports Nutr 1996; 6: 110-20
BAR-OR, O. Unnitham VB. Nutritional requirements of Young soccer players. J Sports Sice 1994; 12: S39-S42.
BARROS; TURIBIO; GHORAYED; NABIL. O exercício. São Paulo, Editora Atheneu, 1999, 268.
BRILL, P; MACERA, C.; BLAIR, S.; GORDON, N. Muscular strength and physical function. Med. Sci. Sports Exerc. 32, 412-416, 2000.
CARDOSO, J. Características antropométricas e de aptidão física em remadores. 1987.
CARVALHO, J; GARCIA; R. Theaging process in the Brazilian population: a demographic approach. Cad. Saúde Pública, v. 19, p. 725-733, 2003.
CONNOR et al. MANAGING OVERUSES INJURIES: A systematic Approach. The Phisician and Sportsmedicine – vol. 25, n. 05 – 03/1997
GULLETE, E; BLUMENTHAL, J. Exercise therapy for the Prevention and treatment of Depression. Journal of Practice Psychology and Behavioral Healthy, 5: 263-271, 1996.
JOHNSON, W; LAUNDRY, G. Nutritional Supplements: Facts vs Fiction. Adolesc Med, 9: 501-13, 1998.
LAZZOLI, J.K. et al. Atividade Física e saúde na infância e adolescência. Ver. Bras. Med. Esporte, 1998.
LIMA-COSTA, M; VERAS, R. Saúde pública e envelhecimento. Cad. Saúde Pública, v. 19, p. 700-701, 2003.
MASSAD, S; SHIER, N; KOCEJA, D; ELLIS, N. High School Athletes and Nutritional supplements: a study of knowledge and use. Int J Sports Nutr. 5: 232-45, 1995.
MATSUDO, S. Envelhecimento, atividade física e saúde. Brasilia, DF. 2 ed. 2007.
MATSUDO, S; MATSUDO, V; BARROS NETO, T. Efeitos benéficos da atividade física na aptidão física e saúde mental durante o processo de envelhecimento. Rev. Bras. Ativ. Fís. Saúde, 2000.
MARON, B. The paradoxo of exercise. The New England Journal of Medicine, in Sports and Exercise, 17: 94-100, 1985.
MOREIRA, M. O envelhecimento da população brasileira em nível regional; 1940-2050. In: ENCONTRO ACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, XI. Anais… p. 3030-3124, Caxambu: Associação Brasileira de Estudos Populacionais, 1998.
NELSON, M et. al. Physical activity and public health in older adults. American College of Sports medicine and the American Heart Association – Circulation. 166, 2007.
PAFFENBARGER, R. et al. The Association of changes in physical – Activity level and o ther life style characteristics with mortality among men. N. Engl. J. Med. 328, 1993.
PATE, R et al. Physical activity and public health. Center for disease Control and Prevention and the American College of Sports medicine. Jama, 273, 1995.
RITCHIE, K. et al. Establishing the limits and characteristics of normal age-related cognitive decline. Rev Epidemiol ante Publique, v. 45, p. 373-81, 1997.
TRUELSEN, T; BONITA, R; JAMROZIK, K. Survillance of stroke: A global perspective. Int J Epidemiol, v. 30, p. S11-S12, 2001.
VEALE, D. Exercise Dependence. British Journal of Addiction, 82: 735-740, 1987.
YATES, A. et al. Running: an analogue of anorexia. New England Journal of Medicine. 308: 251-255, 1983.