RELATOS DA SURDEZ COMO IDENTIDADE CULTURAL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th1025012412441


Zeni De Fatima Assis1
PROFª ORIENTADORA DRª LUCIA HELENA VASQUES2


Resumo

O presente trabalho aborda o tema dos relatos da surdez como identidade cultural, explorando como a experiência de ser surdo pode influenciar a vida e a identidade das pessoas surdas. A cultura surda é uma perspectiva que valoriza a surdez como uma diferença natural e destaca a língua de sinais como um elemento central da comunicação e da identidade surda. Os relatos da surdez como identidade cultural oferecem insights valiosos sobre as experiências e perspectivas das pessoas surdas, promovendo uma compreensão mais profunda e uma maior conscientização. Este artigo discute os objetivos de examinar os relatos da surdez como identidade cultural, destacando a importância de reconhecer e valorizar a cultura surda. Ao explorar a aquisição da língua de sinais, a história da comunidade surda, os desafios enfrentados na sociedade e a luta por acessibilidade e inclusão, esses relatos fornecem uma visão abrangente da experiência surda. Através de uma revisão teórica embasada em fatos e citações, este artigo analisa as manifestações culturais e identitárias da comunidade surda, demonstrando como a cultura surda pode ser uma fonte de empoderamento e resistência contra a audismo, a discriminação baseada na audição. Como também, são apresentadas as principais discussões sobre a importância da linguagem de sinais na formação da identidade surda e como essa identidade cultural pode ser celebrada e fortalecida.

Palavras-chave: surdez, cultura surda, identidade, linguagem sinais, inclusão.

1.  Introdução

Este artigo tem como objetivo explorar os relatos da surdez como identidade cultural, analisando como a experiência de ser surdo pode moldar a vida e a identidade das pessoas surdas. A cultura surda é uma perspectiva que valoriza a surdez como uma diferença natural e destaca a língua de sinais como um elemento central da comunicação e da identidade surda.

A importância desse tema reside na necessidade de reconhecer e valorizar a cultura surda como uma forma legítima de expressão e identidade. Será apresentada uma fundamentação teórica embasada em fatos e citações, explorando os diversos aspectos da cultura surda e como ela se manifesta como uma identidade cultural. Serão abordadas questões como a aquisição da língua de sinais, a história da comunidade surda, os desafios enfrentados e as lutas por acessibilidade e inclusão.

2.  Surdez e Identidade Cultural  

A cultura surda é uma forma de identidade cultural que se desenvolve entre as pessoas surdas, compartilhando uma língua de sinais, experiências e perspectivas únicas. Para compreender os relatos da surdez como identidade cultural, é importante explorar os diversos aspectos que moldam essa cultura e como ela se manifesta na vida das pessoas surdas (BERGAMO; SANTANA, 2005). 

Sendo assim, vale salientar que a aquisição da língua de sinais é um dos principais elementos da cultura surda. A língua de sinais é uma língua visual-espacial que permite a comunicação entre as pessoas surdas, e sua aquisição desempenha um papel fundamental na formação da identidade surda. Estudos mostram que a aquisição precoce da língua de sinais tem um impacto significativo no desenvolvimento linguístico e cognitivo das pessoas surdas, além de promover uma conexão mais profunda com a cultura surda (ALMEIDA, 2015). 

A história da comunidade surda também é um aspecto relevante a ser abordado. A comunidade surda tem uma longa história de resistência e luta por direitos e reconhecimento. Ao longo dos anos, as pessoas surdas enfrentaram discriminação e opressão, mas também conquistaram avanços significativos na busca por acessibilidade e inclusão. É importante compreender como a história da comunidade surda moldou sua identidade cultural e influenciou os relatos da surdez (PERLIN, 1998); (KELMAN, 2005). 

No entanto, os desafios enfrentados pelas pessoas surdas na sociedade são outra questão a ser explorada. Barreiras de comunicação, falta de acesso a serviços e discriminação ainda são obstáculos enfrentados por muitas pessoas surdas. A compreensão desses desafios é crucial para promover a inclusão e a igualdade de oportunidades para todos.

Dessa maneira, as manifestações culturais e identitárias da comunidade surda são fundamentais para compreender como a cultura surda se torna uma fonte de empoderamento e resistência contra o audismo, que é a discriminação baseada na audição. A cultura surda é caracterizada por uma linguagem de sinais rica e vibrante, tradições compartilhadas, expressões artísticas e valores culturais únicos (BATISTA; CANEN, 2012). 

A linguagem de sinais desempenha um papel central na formação da identidade surda e na expressão da cultura surda. A língua de sinais é uma forma de comunicação visual-espacial que permite às pessoas surdas se expressarem plenamente e se conectarem umas com as outras. É uma linguagem completa, com gramática e estrutura próprias, e é transmitida de geração em geração dentro da comunidade surda (HOLDORF; ROBINSON, 2020). 

A importância da língua de sinais na formação da identidade surda é evidente quando se considera que a aquisição e fluência nessa língua são fatores fundamentais para o sentimento de pertencimento e para a conexão com a comunidade surda. A língua de sinais permite que as pessoas surdas se comuniquem livremente e expressem sua cultura e identidade de forma autêntica (STROBEL, 2009).

A cultura surda é uma fonte de empoderamento para as pessoas surdas, pois fornece uma base sólida para construir uma identidade positiva. Ao se envolverem com a cultura surda, as pessoas surdas encontram um espaço onde suas experiências e perspectivas são valorizadas e compartilhadas. Isso promove um senso de orgulho e autoestima, fortalecendo a identidade surda e capacitando as pessoas surdas a enfrentar o audismo e outras formas de discriminação (BERGAMO; SANTANA, 2005).

Diante do exposto, cabe salientar que ao celebrar e promover sua cultura e língua, as pessoas surdas desafiam as normas e as expectativas dominantes da sociedade que muitas vezes marginalizam e discriminam as pessoas surdas. Através da expressão cultural e da afirmação de sua identidade, busca criar mudanças sociais e garantir a inclusão e a igualdade de oportunidades para todos (HOLDORF; ROBINSON, 2020).

Ao analisar as manifestações culturais e identitárias da comunidade surda, podemos apreciar a riqueza e a diversidade da cultura surda, bem como compreender como ela serve como uma fonte de empoderamento e resistência contra o audismo. Valorizar a identidade surda e promover uma sociedade mais inclusiva e igualitária são passos importantes para construir um mundo onde todas as pessoas, independentemente da sua audição, possam ser respeitadas e valorizadas em toda a sua diversidade (KELMAN, 2005).

3.  Conclusão

Conclui-se que, a compreensão dos relatos da surdez como identidade cultural é essencial para promover a inclusão e a igualdade para as pessoas surdas. Reconhecer e valorizar a cultura surda não apenas enriquece a diversidade humana, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais justa e acessível para todos. Através das manifestações culturais e identitárias, as pessoas surdas encontram um espaço de pertencimento e expressão, fortalecendo sua identidade e promovendo mudanças sociais.

Referências

ALMEIDA, WG., org. Educação de surdos: formação, estratégias e prática docente. Ilhéus,BA: Editus, 2015.

BATISTA, C. A.; CANEN, A. Multiculturalismo e o campo da surdez: dialogando acerca das identidades e culturas das pessoas surdas. Revista Espaço. Rio de Janeiro, n. 38, jul /dez. 2012.

BERGAMO, A.; SANTANA, P. A. Cultura e identidade surdas: encruzilhada de lutas sociais e teóricas. Educ. Soc. 2005.  

HOLDORF, M.; ROBINSON, W. Barreiras de acessibilidade enfrentadas por pessoas surdas no setor de serviços: uma revisão integrativa da literatura. Saber Humano, ISSN 2446-6298, V. 10, n. 17, p. 165-191, jul./dez. 2020. 

KELMAN, C. A. Multiculturalismo e surdez: uma questão de respeito às culturas minoritárias. In: FERNANDES, E. (Org.). Surdez e bilinguismo. Porto Alegre: Mediação, 2005.

PERLIN, Gladis. Identidades surdas. Porto Alegre: Mediação, 1998.

STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. 2. ed. rev. Florianópolis:  Editora da UFSC, 2009.


1 Graduação em Pedagogia, UNIABC, ANHANGUERA. ESPECIALIZAÇÃO PARA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO ESPECIAL COM ÊNFASE EM DEFICIÊNCIA AUDITIVA. Faculdade São Luís. E-mail do autor: zeni.assis@gmail.com