RELAÇÃO DA CHIKUNGUNYA NO DESENVOLVIMENTO DE DOENÇAS REUMATOLÓGICAS

RELATIONSHIP OF CHIKUNGUNYA IN THE DEVELOPMENT OF RHEUMATOLOGICAL DISEASES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11188151


Lorena Fernanda Bezerra dos Santos1; Gabriele Herrera Timporim2; Wilson Antônio dos Santos Dourado3; Regiane Palomo Moraes4; Fernando Henrique Ferreira de Araujo5; Samira Oliveira Vilela de Carvalho6; Kenio Lopes Barbosa7; Anderson da Silva Santos8; Taynara Arlinda Souza Lopes9; Rafael Tadeu Zavislak10


RESUMO

A Chikungunya é considerada uma patologia que traz impacto social, físico e emocional no indivíduo, tornando um desafio na saúde pública devido ao alto custo nos serviços de saúde. Os vetores da doença são o Aedes Aegypti e o Aedes Albopictus sendo as fêmeas com a capacidade de infectar humanos através da picada. A artralgia é um dos sintomas mais característico da doença apresenta na forma poliarticular ou oligoarticular acometendo grande parte das articulações periféricas. O tratamento é baseado no alívio dos sintomas e em medidas preventivas buscando melhorar a qualidade de vida. O objetivo busca realizar uma abordagem da Chikungunya e os possíveis danos provocados nas articulações. Este estudo trata-se de um estudo de revisão bibliográfica descritivo com abordagem qualitativa. A coleta de dados deu-se através da busca online de trabalhos científicos como Google acadêmico, Medline, Scielo e BVS saúde. Desse modo, esse estudo aponta que a Chikungunya provoca limitações nas atividades diárias e complexas, sendo necessário mais estudos acerca da compreensão da dor e dos medicamentos, bem como a necessidade da avaliação do reumatologista oferecendo um tratamento de modo individualizado e humanizado.

Palavras- chave: Chikungunya. Dor crônica. Reumatologia. Tratamento Farmacológico.

ABSTRACT

Chikungunya is considered a pathology that has a social, physical and emotional impact on the individual, making it a public health challenge due to the high cost of health services. The vectors of the disease are the Aedes Aegypti and the Aedes Albopictus being the females with the capacity to infect humans through the bite. Arthralgia is one of the most characteristic symptoms of the disease, it presents in the polyarticular or oligoarticular form, affecting a large part of the peripheral joints. Treatment is based on symptom relief and preventive measures to improve quality of life. The objective is to approach Chikungunya and the possible damage caused to the joints. This study is a descriptive bibliographic review study with a qualitative approach. Data collection took place through the online search of scientific papers such as Google academic, Medline, Scielo and BVS health. Thus, this study points out that Chikungunya causes limitations in daily and complex activities, requiring further studies on the understanding of pain and medications, as well as the need for evaluation by a rheumatologist, offering treatment in an individualized and humanized way.

Keywords: Chikungunya. Chronic pain. Rheumatology. Pharmacological Treatment.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, os vetores da Chikungunya encontram-se na maioria dos municípios sendo suficientes para transmitir a doença. É considerada uma condição crescente tanto na morbidade quanto na mortalidade, resultando em aumento na demanda dos serviços de saúde devido as complicações ocasionadas pela doença (GOMES; AMORIM, 2021).

O período de incubação é de cerca de dois a seis dias e os sintomas aparecem quatro a sete dias após a infecção (CASTRO; LIMA; NASCIMENTO, 2016). As manifestações clínicas envolvem febre alta repentina, dores agudas e constantes nas articulações, cefaleia, fotofobia, mialgia e rasch cutâneo, somente 25 % dos casos são assintomáticos. Os sintomas aparecem em torno de 7 a 15 dias, entretanto o edema, a rigidez e as dores nas articulações podem demorar meses e até anos. Alguns fatores podem contribuir para essa cronificação como, a idade maior que 45 anos e a dor crônica concomitante (GOMES; AMORIN, 2021).

O desenvolvimento do CHIKV ocorre em três fases. A primeira é aguda com duração de sete a catorze dias com manifestação de febre e poliartralgias simétricas, que ocorrem em 80-97% dos casos. A segunda é a subaguda, em que persistem em 50% dos casos as dores nas articulações, enquanto a terceira é a crônica que variam entre 14,4-87,2%. É importante observar que essa dor nas articulações limita a atividade física, afeta a qualidade de vida e, por sua vez, aumenta os custos médicos (SOUSA; SILVA; CASTRO, 2018).

A artralgia é um dos sintomas mais característico da doença apresenta na forma poliarticular ou oligoarticular acometendo grande parte das articulações periféricas como, joelho, cotovelo, punho, tornozelo, interfalângicas, ombro, quadril e coluna vertebral. Essa dor tem características esporádicas acompanhada de rigidez e edema (SANTOS, 2019). Além disso, interfere nos movimentos básicos como andar, levantar o braço e as mãos (LIMA; VILLARREAL, 2021). Desse modo, buscar responder o seguinte questionamento: quais as características da chikungunya que contribuem para o desenvolvimento de doenças reumáticas?

O objetivo desse estudo busca realizar uma abordagem da Chikungunya e os possíveis danos provocados nas articulações.  Este estudo é de suma importância pelo fato de a Chikungunya ser uma condição com implicações para a saúde pública e poucos estudos abordados dificultam o entendimento da dor e do tratamento adequado. Portanto, há necessidade de estudar as causas, direcionar de forma específica e avançar em terapias farmacológicas e não farmacológicas que proporcione melhor qualidade na saúde e no bem-estar. 

2 METODOLOGIA

O estudo trata de uma revisão bibliográfica, descritiva e de abordagem qualitativa. Os descritores utilizados na busca encontram-se na lista dos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS): “Vírus Chikungunya”, “Chikungunya vírus”, “Chikungunya Fever”, “fiebre chikungunya”. 

O levantamento dos materiais e a seleção foram através de uma leitura das publicações indexadas na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Scientific Electronic Library On line (SciELO), Google Acadêmico e livros. 

Os critérios de inclusão foram selecionar artigos disponíveis online, na íntegra, publicados em português, inglês e espanhol. Os critérios de exclusão incluem artigos repetidos e que não atendia o tema proposto.

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Chikungunya 

O vírus Chikungunya (CHIKV) pertence à família Togaviridae, gênero Alphavirus foi identificado pela primeira vez no ano de 1952 no ciclo urbano, considerado uma epidemia atingindo as costas de Muawiya, Makondo e Rondo. Esse nome tem origem do makonde – que significa “curva-se para frente” isso faz menção a posição adotada pelos indivíduos às dores articulares provocada pela infecção (MARQUES et al., 2017).

No Brasil, o vírus surgiu na cidade de Oiapoque (Amapa) em setembro de 2014 e desde então se espalhou para outros estados (BRASIL, 2021; HONORIO et al., 2015). Em 2015, 37.779 casos de infecção pelo CHIKV foram notificados, dos quais 12.849 confirmados. Segundo Brasil (2015), desde 2015 há uma epidemia endêmica associada ao vetor Aedes aegypti, porém o mecanismo de ação e manifestação do CHIKV permanecem deficientes. Logo no ano de 2020, 3.439 casos notificados, com incidência de 1,64 por 100.000 habitantes (BRASIL, 2021; HONORIO et al., 2015).

Os vetores da doença são o Aedes Aegypti e o Aedes Albopictus sendo as fêmeas com a capacidade de infectar humanos através da picada (MARQUES et al., 2017). A incidência e a prevalência da Chikungunya vêm crescendo gradativamente nos últimos. Os sintomas persistem após a infeção aguda no primeiro ano, estima-se 1 a 2 milhões de indivíduo sofrem dessa doença, além disso, está relacionada com maior grau de manifestações reumatológicos (CASTRO; LIMA; NASCIMENTO, 2016).

O vírus é encontrado principalmente em regiões tropicais e subtropicais da África, no Sul, Sudeste e Ilhas do Oceano índico responsáveis por casos graves e fatais (GOMES; AMORIN, 2021). Outrossim, está presente no Brasil, Caribe e Ásia (VASCONCELOS, 2014).

3.2 Manifestações Clínicas 

A Chikungunya é caracterizada por um quadro febril relacionado a dor abundante com poliartralgia debilitante (VASCONCELOS, 2014). Esse vírus tem a capacidade de acometer as células endoteliais, epiteliais, musculares, fibroblastos, dendritos, macrófagos, célula B provocando manifestações diversas (MARQUES et al., 2017).

A transmissão ocorre através da picada do mosquito infectado, por transfusão sanguínea, relações sexuais e transmissão vertical, principalmente em áreas urbanas. É considerado um problema de saúde pública na América Latina, em destaque o Brasil responsável por 94 % dos casos confirmados, com maior notoriedade para o nordeste brasileiro (LIMA; VILLARREAL, 2021).

O processo após a picada se dá pela saliva que contém moléculas com propriedades anti-hemostáticas e imunoduladoras induzindo o processo de infiltração celular e aumento das citocinas. Logo, tem a fase de reprodução viral e disseminação para o sistema linfático liberando na corrente sanguínea, conseguinte atingindo órgãos-alvo, como músculo e articulações (MARQUES et al., 2017).

Neste estudo, é importante ressaltar que a fisiopatologia da febre Chikungunya ainda é pouco compreendida. No entanto, a dor aguda é acompanhada de aumento de células pró-inflamatórias, como interleucinas IL-6, IL-1β, IL-2 e IL-15 e viremia, e a dor dura até 4 dias. Uma leve melhora na condição foi observada em alguns indivíduos afetados por volta do quinto dia, sugerindo que esse estágio está associado à carga viral. Em contrapartida, a outra parte essa dor continua persistindo para forma subaguda e posteriormente para crônica atingindo cerca de 60% até 80% dos indivíduos (LIMA; VILLARREAL, 2021)

O comprometimento articular é a principal queixa identificada durante a evolução da CHIKY, e é uma questão preocupante na saúde pública, visto que os estudos são escassos quanto`à eficácia do tratamento e a deficiência da fisiopatologia em relação à dor comprometem essa evolução do controle da dor (MARQUES et al., 2017).

O período de incubação varia entre 1 e 12 dias, com média de 3 a 7 dias. O mosquito infecta um hospedeiro suscetível e permanece infectante até o final da vida (6 a 8 semanas) (CHAVES et al., 2015). A doença é marcada por três fases, segundo Marques et al. (2017): a fase aguda com duração de 14 dias; a subaguda perfazendo até 3 meses e a crônica com sintomas presente maiores de 3 meses.

As manifestações clínicas podem variar desde febre alta, astenia, eritema, cefaleia e até dores musculoesqueléticas e dores nas articulações. Essas dores podem persistir desenvolvendo sintomas reumatológicos e às vezes, incapacitantes, como a poliartralgia bilateral e simétrica localizada nos tornozelos, punhos e falanges. Tendo em vista, esse quadro grave, acredita-se no mundo que aproximadamente 2 milhões de indivíduos sofrem dessa dor persistente, gerando alto custo no sistema de saúde e também são responsáveis pela incapacitação no trabalho, compromete as condições financeiras e as relações familiares (LIMA; VILLARREAL, 2021).

A infeção aguda da doença é sintomática em aproximadamente 80 a 97% dos indivíduos afetados. Esses sintomas podem variar desde os mais acentuados como febre de início súbito e artralgia ou artrite e menos frequente como astenia, mialgia, cefaleia, náusea/vômito, diarreia, fotofobia, dor retro orbital, exantema macular e linfadenopatia cervical ou generalizada (MARQUES et al., 2017).

Na fase subaguda, a febre diminui, mas a dor nas articulações distais, especialmente nos punhos e tornozelos, permanece. Essa dor articular inflamatória pode persistir por até três anos após o início dos sintomas (CHAVES et al., 2015). Segundo Silva et al. (2018) as dores articulares podem aumentar juntamente com poliartrite distal e tenossinovite hipertrófica do punho e tornozelo.

A fase crônica além da dor nas articulações pode acompanhar algia com ou sem edema, limitação para movimentação e deformidades (SILVA et al., 2018). A característica dessa dor é intermitente, ou seja, melhora em alguns dias e retorna em outros dias e assim sucessivamente (RIOS et al., 2018).

A dor crônica apresenta-se como recaídas, com melhora significativa no início e recorrências em intervalos de semanas a anos. Tais recorrências podem chegar a 72% dos casos. Pouco se sabe sobre os fatores que podem levar à cronicidade e mau prognóstico, no entanto, acredita-se que a doença atinja indivíduos maiores que 40 anos, seja do sexo feminino, tabagismo, viremia persistente e condições articulares pré-existentes (como diabetes) (MARQUES et al., 2017; PROCÓPIO et al., 2023). 

A dor articular crônica decorrente da infecção pelo CHIKV impacta diretamente na qualidade de vida do indivíduo ao longo do tempo devido às limitações causadas pela doença, principalmente as da vida diária. Nesse sentido, é necessário novas pesquisas no intuito de abordar novos tratamentos para sequelas provocadas pelo vírus (SILVA et al., 2018).

Os problemas articulares afetam principalmente as mãos, punhos, tornozelos e pés e, às vezes tem caráter incapacitante (MARQUES et al., 2017). As dores articulares em caso graves são simétricas e irreversíveis com evolução crônica e febre maior que 38,5ºC (SILVA et al., 2020). Além disso, pode evoluir em artrites deformantes com deficiência funcional nas articulações acometida, especialmente em membros superiores, como nos inferiores (VASCONCELOS, 2014).

Segundo Costa, Lima e Nascimento (2016), as dores articulares tendem a ser mais intensas pela manhã e pioram com atividades físicas mais extenuantes. A prevalência da infecção por CHIKV em termos de manifestações crônicas varia entre 14,4% e 87,2%, na América Latina com 47,6% desenvolve problemas articulares (MARQUES et al., 2017).

Ademais, as formas graves da infecção acometem indivíduos com comorbidades como insuficiência respiratória, diabetes, doença renal, artrite e patologias reumáticas subjacentes (PROCÓPIO et al., 2023). Além das queixas reumatológicas pode observar problemas neurológicas presentes em 40% dos pacientes, destes apenas 10% tem sintomas persistentes, entre eles tem a neuropatia periférica e compressiva mais comum relacionada a dor e parestesia (CASTRO; LIMA; NASCIMENTO,2016).

Portanto, essa dor resulta em sérios impactos negativos nos serviços de saúde devido ao alto custo no tratamento. Além disso, compromete as atividades diárias, redução da produtividade, perca da autonomia, incapacitação no trabalho e afeta consequentemente as dimensões econômicas, sociais e emocionais. Nesse víeis, a identificação das manifestações clínicas e as causas são importantes para o planejamento das medidas preventivas, tratamento e redução dos impactos negativos (SANTOS, 2019).

Os desafios frente essa doença consiste em identificar a melhor terapia para aliviar os sintomas e uma terapêutica adequada. Para esse fim, determinar os mecanismos fisiopatológicos associados à dor crônica e os componentes neuropáticos que podem estar envolvidos podem contribuir ao desenvolvimento de protocolos farmacológicos mais eficazes para controlar a dor por Chikungunya (LIMA; VILLARREAL, 2021).

3.3 Diagnóstico da Chikungunya

Vários critérios são necessários para diagnosticar a febre Chikungunya. A primeira é essencialmente clínica, tendo em conta os sintomas febris agudos e os critérios clínico-epidemiológicos associados à dor articular. Desta forma, deve levar em conta alguns critérios (MARQUES et al., 2017).

Fonte: Marques et al. (2017, p.4).

Além disso, Marques et al. (2017) aponta outros critérios estabelecidos em casos de doença articular crônica (DAIC) pós-Chikungunya.

Fonte: Marques et al. (2017, p.5).

Além disso, o diagnóstico engloba exames laboratoriais, baseado no PCR em tempo real (RT-PCR) ou isolamento viral, relacionado com à presença do quadro clínico da doença. A presença dos anticorpos IgM é realizado pelo teste de Elisa ou imunofluorescência indireta (BRASIL, 2017) e detectável seis a doze semanas após o quadro inicial e o IgG entre cinco e seis dias após febre (CASTRO; LIMA; NASCIMENTO, 2016; CAMPOS, 2015).

O isolamento viral, segundo Campos (2015) é realizado na fase aguda e quando bem-sucedido é capaz de identificar o vírus, após isso utiliza-se o antígeno a partir do isolamento e posteriormente identificar o anticorpo. 

Logo após o diagnóstico estabelecido devem buscar medidas para minimizar os sintomas e assim proporcionar uma melhor na qualidade de qualidade de vida. Essa melhora resulta na busca de alternativas profiláticas, por exemplo, vacinas para evitar novas crises e fornecer um diagnóstico rápido e eficaz (SILVA et al., 2020).

3.4 Tratamento da Chikungunya

É importante esclarecer que a terapêutica é baseada nas manifestações clínicas e em medidas preventivas. Destina-se reduzir a febre, a dor, eliminar o edema e minimizar a ocorrência de erupções cutâneas e danos articulares crônicos (CASTRO; LIMA; NASCIMENTO, 2016).

As medidas preventivas são fundamentais nesse processo evitando a proliferação dp vetor como evitar água parada, utilizar repentes e instalação de telas nas janelas (SILVA et al., 2020). Outro ponto preocupante dessa doença é o impacto negativo gerado pelas consequencias da CHIKV coo o absenteismo no trabalho e escola, a indisposição e a dificuldade de realizar as atividades diárias como levantar, correr e carregar objetos, a redução da produtividade e da autonomia (SANTOS, 2019).

O uso de analgésicos e anti-inflamatório não hormonais (AINES) visa reduzir os sintomas através do bloqueio da formação de mediadores inflamatórios e da síntese de prostaglandinas (CASTRO; LIMA. NASCIEMENTO, 2016). Considerando a dor da CHIKV, a farmacoterapia atual inclui os glicocorticoides, drogas antirreumáticas modificadoras, imunomoduladores e antidepressivos, dependendo da fase e apresentação clínica (LIMA; VILLARREAL, 2021).

Na fase aguda a terapêutica aplicada consiste no alívio dos sintomas como a dor e a febre e também prevenir as complicações e a evolução para fase crônica. Desse modo, são utilizados analgésicos não-opioides, como paracetamol, dipirona, tramadol e codeína. No entanto, nessa fase não se usa os glicocorticoides devido o potencial de imunossupressão que pode levar a exacerbação das artrites virais. A escassez de evidências de estudo quanto aos benefícios nessa fase aguda reforça a não indicação da medicação. Os salicilatos também são contraindicados devido a indução de quadros de hemorragias e o difícil diagnostico diferencial entre a doença e a dengue (LIMA; VILLAREAL, 2021).

Os medicamentos podem ser recomendados em qualquer fase da Chikungunya. Ademais a associação de medicação com a fisioterapia é fundamental para evolução do tratamento, e as fases subagudas e crônicas delimitadas pela dor crônica merece atenção de uma equipe especialista como o reumatologista (BRASIL, 2017).

Segundo Lima e Villarreal (2021) existem poucos estudos sobre à eficácia dos antidepressivos utilizados na dor ou no diagnóstico de componente neuropático. Isso se deve as limitações como a deficiência de infraestrutura no atendimento e a capacitação dos profissionais de saúde. O escasso conhecimento acerca da fisiopatologia da dor e o curto tempo das consultas médicas resulta em dados efetivos para o controle da dor.

O aliado no tratamento da CHIKY de forma de preventiva e na reabilitação de casos já instalados é a fisioterapia. Além de processos educacionais realizados em postos de saúde e grupos de convivência contribuem para identificação das vulnerabilidades e alertando à sintomatologia (GOMES; AMORIN, 2021).

4 CONCLUSÃO

A infecção pelo vírus chikungunya continua sendo um desafio para a comunidade médica e científica, e dados epidemiológicos alarmantes sobre a disseminação do CHIKV no Brasil demonstram que a doença já é um problema de saúde pública. Para minimizar a perda de milhares de pacientes que sofrem indefinidamente com dor e incapacidade após a fase aguda, é necessário entender os mecanismos pró-inflamatórios e estabelecer protocolos diagnósticos e estratégias terapêuticas específicas.

Ainda são poucos os trabalhos e estudos sobre o assunto. Os poucos artigos encontrados são tipicamente relatos de casos e séries de casos. Portanto, mais estudos de coorte e clínicos são necessários para entender quais fatores são importantes no desenvolvimento da artrite, tendinite e na dor persistente após chikungunya e estabelecer medidas preventivas. 

Sugere-se a realização de mais estudos com amostras maiores para encontrar diferenças mais significativas. Portanto, há a necessidade de estabelecer protocolos clínicos e organizar melhor o fluxo de acompanhamento dos pacientes crônicos após a chikungunya, a fim de proporcionar melhor atendimento a essas pessoas e minimizar suas dores e sequelas. 

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 1Graduanda do Curso Superior de Medicina da Universidade Brasil – Campus Fernandópolis
  2Graduanda do Curso Superior de Medicina da Universidade Brasil – Campus Fernandópolis
  3Graduanda do Curso Superior de Medicina da Universidade Brasil – Campus Fernandópolis
  4 Graduada no curso Superior de Enfermagem na UNASP
  5Graduanda do Curso Superior de Medicina da Universidade Brasil – Campus Fernandópolis
 6Graduanda do Curso Superior de Medicina da Universidade Brasil – Campus Fernandópolis
  7Graduanda do Curso Superior de Medicina da Universidade Brasil – Campus Fernandópolis
  8Graduanda do Curso Superior de Medicina da Universidade Brasil – Campus Fernandópolis
  9Graduanda do Curso Superior de Medicina da Universidade Brasil – Campus Fernandópolis
  10Graduanda do Curso Superior de Medicina da Universidade Brasil – Campus Fernandópolis