QUALIDADE ERGONÔMICA DO AMBIENTE DE TRABALHO EM HOME OFFICE, NO ESTADO DE PERNAMBUCO, DURANTE PANDEMIA DA COVID-19

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7843983


Caio Vinícius de Lima Vieira Florentino¹
Anderson Laursen¹


RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo verificar a qualidade ergonômica do ambiente de trabalho em Home Office, tendo em vista que no ano, 2020, o mundo foi atingido pela pandemia do covid-19, que repentinamente, colocou milhões de trabalhadores nesta modalidade de trabalho, sem que houvesse, por parte das empresas, um planejamento para isso. Para coleta dos dados, foi realizado um questionário com perguntas fechadas com 210 participantes, a fim de verificar as condições em que exerciam esta modalidade de trabalho e se conheciam as mudanças na legislação que abrangeram esta categoria de trabalho durante este período. Como resultados obtivemos que grande parte da massa trabalhadora do sertão de Pernambuco, representando 83,8% dos entrevistados estavam, durante o período de pandemia, exercendo suas atividades em regime de trabalho remoto e que, uma parcela significativa do contingente que respondeu o questionário, 59,9% dos entrevistados, afirmaram sentir dores nas regiões do corpo após o cumprimento de sua jornada de trabalho, refletindo os problemas ergonômicos enfrentados durante a realização do trabalho em Home Office.

Palavras- chave: Ergonomia, Home Office, Questionário.

ABSTRACT

The present work aimed to verify the ergonomic quality of the work environment in the Home Office, considering that in the year, 2020, the world was hit by the covid-19 pandemic, which suddenly placed millions of workers in this type of work, without there being, on the part of the companies, a plan for this. For data collection, a questionnaire with closed questions was carried out with 210 participants, in order to verify the conditions in which they exercised this type of work and whether they were aware of the changes in legislation that covered this category of work during this period. As a result, we found that a large part of the working mass of the hinterland of Pernambuco, representing 83.8% of the interviewees, were, during the pandemic period, carrying out their activities in a remote work regime and that, a significant portion of the contingent that answered the questionnaire, 59.9% of respondents said they felt pain in the body regions after completing their workday, reflecting the ergonomic problems faced while carrying out work at Home Office.

Keywords: Ergonomics, Home Office, Questionnaire.

1. INTRODUÇÃO

No início da era industrial, as organizações eram extremamente rígidas, centralizam o poder de tomada de decisão nos níveis mais altos da hierarquia organizacional e controlavam de perto o trabalho realizado pelo trabalhador. Com o advento da globalização e o avanço da tecnologia da informação, as organizações tiverem que rever sua forma de pensar e se organizar. Informações que antes demoravam dias para chegar ao seu destino, passaram a chegar em segundos, sendo necessário que as empresas adotassem formas mais flexíveis de trabalho, dando uma maior autonomia para o trabalhador, para não perder espaço no mercado.

Dessa forma, modelos de trabalho que antes eram considerados uma utopia para muitos, passaram a ser considerados uma realidade, como, por exemplo, o trabalho realizado fora do espaço convencional de trabalho, também conhecido como home Office. A necessidade de um funcionário ocupar um espaço físico de trabalho já não se mostra algo tão inflexível como a tempos atrás. Com o avanço das tecnologias, a mobilidade telefônica, notebooks e da internet estão permitindo que as pessoas trabalhem fora do ambiente convencional de trabalho, nos seus domicílios, nas rodovias, ou de qualquer ambiente (KUGELMASS, 1996).

Tal flexibilização, além de proporcionar que as empresas acompanhem um mercado cada vez mais globalizado, também traz benefícios para o trabalhador e para sociedade. Para esta, proporciona, por exemplo, uma redução da poluição, trânsitos mais leves. Já para aqueles proporciona uma redução do estresse ocasionado pelo deslocamento até o trabalho, maior tempo para passar com a família e horários de trabalho mais flexíveis.

Mas trabalhar em casa é tão fácil assim? Nesse sentido, vale a pena destacar algumas desvantagens do teletrabalho, como, por exemplo, a adaptação do ambiente domiciliar para realizar suas atividades laborais , inversão dos custos do trabalho que passam a ser do trabalhador, aumento da jornada de trabalho, isolamento do teletrabalhador dos demais funcionários e a falta de treinamento e dos materiais necessários para o colaborador realizar suas atividades, o que pode ocasionar problemas de saúde e prejudicar, significativamente, a sua produtividade.

Embora a adoção de modelos de trabalho mais flexíveis já serem uma tendência por parte das organizações, devido ao avanço tecnológico e a globalização. Este trabalho justifica-se pelo cenário atual que o mundo está passando, onde fomos atingidos pela pandemia do covid-19 que colocou, repentinamente, grande parte dos trabalhadores em regime de teletrabalho  sem que houvesse um planejamento por parte das organizações, para que os mesmos executassem essa modalidade laboral, o que acarretou alguns transtornos, dentre os quais se destaca o ergonômico, pois, na maioria das vezes, o ambiente domiciliar não está adaptado para receber tal modalidade de trabalho.

2.  OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

  • Ter uma noção de como se deu a inserção do trabalho em home Office no sertão de Pernambuco durante a pandemia do covid-19.

2.2 Objetivos Específicos

  • Aplicar um questionário para saber como se deu aplicação do teletrabalho no sertão de Pernambuco durante a pandemia.
  • Analisar se os trabalhadores tiveram ciência das alterações da legislação sobre teletrabalho durante a pandemia.

3. REFERENCIAL TEÓRICO E REVISÃO DA LITERATURA

A palavra ergonomia deriva do grego Ergon (trabalho) e nomos (normas, regras, leis) (ABERGO, 2020). Portanto, ergonomia pode ser conceituada como o conjunto de regras que regem o trabalho. De acordo com associação internacional de ergonomia (Internatinal Ergonomics Association – IEA), a ergonomia é uma disciplina científica que busca o entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos do sistema, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. Para (Slack, 2009), a ergonomia relaciona-se, primordialmente com os aspectos fisiológicos do ambiente de trabalho, ou seja, com o corpo humano e como ele se adéqua ao ambiente laboral.

(Falzon, 2007), destaca que a ergonomia se refere a moldagem do trabalho ao ser humano, tendo em vista que busca ofertar condições para que o trabalho seja feito de uma forma segura e saudável. Segundo (Barbosa Filho, 2010), o objetivo, da ergonomia é prover ao ser humano condições laborais que sejam mais benéficas, de forma a torna-lo mais desenvolto, por meio de um ambiente de trabalho saudável e seguro, o qual demande menos do trabalhador, e, por consequência, ele possua um menor desgaste e um maior resultado. Já para (Barnes, 1997), o objetivo da ergonomia seria adaptar o ambiente de trabalho ao colaborador, levando em consideração o ser humano suas limitações e habilidades

(Avancini e Ferreira, 2003) sinalizam que o objetivo da ergonomia é tornar o labor das pessoas mais seguro, cômodo e produtivo. Para (Panero e Zelnik, 2015), a relação entre o usuário e o ambiente projetado deve garantir conforto, segurança e uma vivência agradável. Para darem conta da amplitude dessa dimensão e poderem intervir nas atividades laborais é necessário o que os ergonomistas tenham uma abordagem sistemática de todo o campo de ação da disciplina, levando em consideração aspectos físicos e cognitivos, bem como sociais, organizacionais e ambientais (ABERGO, 2020).

Dessa forma, percebemos que a ergonomia vai muito além dos aspectos físicos relacionados ao trabalhador, abrangendo todo o ambiente que o circunda, inclusive, aspectos psicológicos. Com base nisso, surgem as denominações da ergonomia, que a subdividem em ergonomia física, ergonomia cognitiva e ergonomia organizacional. A ergonomia física leva em consideração as características da anatomia humana, antropometria e biomecânica, relacionadas com a atividade física. Destacam-se nesta denominação a postura no ambiente de trabalho, manejo de matérias, movimentos repetitivos, distúrbios músculo- esqueléticos relacionados ao trabalho e segurança e saúde do trabalhador, entre outros (Lida, 2015).

A ergonomia cognitiva se refere aos processos mentais, como, por exemplo, a percepção, memória, raciocínio e resposta motoras, relacionados com as interações entre pessoas e outros elementos que compõem o sistema. Destacam-se nesta denominação a carga mental, tomada de decisões, estresse e treinamento (Lida, 2015). Por último, a ergonomia organizacional que está ligada a otimização dos sistemas sócio- técnicos englobando estrutura organizacional, políticas e processos. Nesta denominação, se destacam a comunicação, projeto de trabalho, organizações em rede, teletrabalho, gestão da qualidade e cultura (Lida, 2015).

A adoção de políticas ergonômicas por parte das empresas aumenta a eficiência e a produtividade da organização, além de melhorar a qualidade vida do trabalhador, maximizando, dessa forma, os resultados das empresas. Dentre os principais benefícios que a ergonomia pode trazer para uma organização se destacam: A redução do absenteísmo (ausência do funcionário do posto de trabalho) gera a diminuição dos desperdícios da matéria-prima e dos produtos não conformes e uma maior satisfação dos clientes com a entrega dos produtos, pois estes são entregues dentro dos prazos, aumentando da qualidade de vida das pessoas, resultando em ambientes com um menor número de acidentes, melhoria na qualidade de produtos e serviços ofertados pelas empresas, pois os trabalhadores dão o melhor de si, diminuição da taxa de retrabalho, aumento da vantagem competitiva, maior satisfação do colaborar , pois se sente importante e a redução turnover (Heri Savall Apud Bispo, 2013).

Já falta de adoção de políticas ergonômicas por parte das organizações pode levar os trabalhadores a desenvolverem doenças laborais, como, por exemplo, LER e DORT. As lesões por esforços repetitivos (LER) e os distúrbios osteomusculares estão relacionados ao trabalho (DORT) são danos decorrentes da utilização demasiada do sistema que movimenta o esqueleto humano, correlacionada a pouco tempo para o trabalhador se recuperar. Vários são os sintamos relacionadas a estes distúrbios, que, para piorar a situação, geralmente aparecem num estágio avançado da enfermidade, afetando os membros superiores, causando dores, sensação de peso e fadiga. As principais lesões que acometem os trabalhadores se localizam nas regiões dos ombros, das articulações e dos tendões (Ministério da saúde, 2020). Tais doenças afetam a produtividade no trabalho e são responsáveis por grande parte do absentismo no ambiente laboral, aumentando os custos com pagamentos de indenizações, tratamentos e processos de reintegração à ocupação (Ministério da saúde, 2020).

3.1 HOME OFFICE

O termo Home Office surgiu nos Estados Unidos, e, traduzindo para o português, significa escritório em casa. Para (Kugelmass, 1996) o teletrabalho é uma forma de trabalho flexível, onde se verifica flexibilidade de tempo, espaço e da comunicação. Para (Mello, 1999) o teletrabalho permite levar o trabalho ao funcionário, em vez deste ir ao encontro do trabalho. (Di Martino e Wirth, 1990) salientam que o teletrabalho pode ser definido como a junção de atividades realizadas em ambiente externo a organização, e sem contato social direto com os demais colaboradores da empresa, porém com a possibilidade de contato com eles através de tecnologias de qualquer tipo.

A execução do trabalho fora do ambiente laboral possibilita uma série de vantagens. Para Mello (1999) realizar as atividades fora da organização, aumenta competição consigo mesmo e flexibiliza as rotinas e jornadas de trabalho. As vantagens podem ser pessoais e familiares, profissionais e empresariais. As vantagens pessoais e familiares são: Maior proximidade da família, maior independência, redução do estresse decorrente do trânsito. Já as vantagens profissionais são: Maior liberdade profissional, privacidade, redução de custos (aluguel, transporte, refeição), definição do próprio horário de trabalho. E por último, as vantagens empresárias que são: oferecimento de produtos e serviços com custos menores, economia com empregados e encargos sociais, atendimento 24 horas (SEBRAE, 2020).

Ao mesmo tempo que o home Office proporciona vantagens, também, proporciona desvantagens. As desvantagens, também, podem ser empresariais, profissionais, pessoais e familiares. As desvantagens profissionais são: ambiente de trabalho confinado (antissocial) e falta de atualização profissional em processos gerenciais. As desvantagens pessoais e familiares são: Perda da privacidade pessoal, possibilidade de excesso de carga de trabalho, tendência de isolamento social, indefinição de horários de trabalho e lazer, se não houver planejamento. As desvantagens empresárias são: interferência de assuntos domésticos nos assuntos profissionais, dificuldade de sucessão em caso de necessidade de transição (SEBRAE, 2020). Ainda podemos citar como desvantagens: Menos possibilidade para desenvolvimento profissional, sentimento coletivo de pertencer a organização pode ser enfraquecido, falta de suporte técnico para realizar as atividades (Mello; Trope, 1999; Kugelmass, 1996).

3.2 ALTERAÇÃO DA LEGISLAÇÃO

No Brasil, a previsão da execução do trabalho em regime de home office está prevista no decreto lei Nº 5.452, de 1º de maio de 1943 (consolidação das leis do trabalho). Para a CLT (consolidação das leis do trabalho), o teletrabalho e conceituado como:

Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias da informação e comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo.

Por sua vez, com o advento pandemia do covid-19, foi editada, no Brasil, a editada a medida provisória 927 que a possibilidade da execução do trabalho sob o regime de Home Office, com a finalidade de evitar a o contato social por conta da crise sanitária decorrente do novo coronavírus. Tal medida provisória trouxe algumas alterações e novas características sobre essa modalidade de trabalho, dentre as quais se destacam: a antecipação das férias individuas, férias coletivas, aproveitamento e antecipação e feriados, sistema de compensação de jornada de trabalho, suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde no trabalho (GENJURIDICO, 2020).

Porém, tais medidas trazidas pela medida provisória 927 trazem bastantes polêmicas, principalmente no que se refere a suspensão de exigências administrativas em segurança e saúde no trabalho, por não possibilitar ao empregador e aos auditores do trabalho realizarem a fiscalização dos procedimentos obrigatórios relacionados a segurança e saúde do trabalhador, inclusive, em relação ao cumprimento das normas regulamentadoras, como, por exemplo, aquelas que se referem ao local dedicado a trabalho e ergonomia (CONJUR,2020).

4. METODOLOGIA

A presente pesquisa pode ser classificada de cunho descritivo e caráter exploratório, pois fez um levantamento para descrever as características observadas no comportamento das pessoas que executam suas atividades em ambiente laboral de home Office. Na pesquisa descritiva, ocorre o levantamento de dados através de questionários, formulários e entrevistas. Já o caráter exploratório tem por finalidade apresentar mais informações sobre o assunto estudado. Para a análise das informações e dos dados coletados, utilizou-se de recursos e técnicas estatísticas, conferindo aos resultados uma abordagem quantitativa (PRODANOV e FREITAS, 2013).

Para coleta dos dados, utilizou-se um questionário online, por meio da plataforma Google forms. O recrutamento dos participantes foi feito a partir de convites de divulgação através de Whatsapp e das demais redes sociais. A coleta durou cerca de uma semana, entre os períodos compreendidos entre os dias 22 de junho a 29 de junho de 2020. Após a realização da coleta de dados, foi feita a análise das respostas e dos resultados obtidos.

4.1 O QUESTIONÁRIO

O questionário utilizado era composto de 10 perguntas com respostas fechadas, dicotômicas, sim ou não, e uma pergunta com resposta única. Para Mattar são as seguintes as principais vantagens das questões dicotômicas:

Rapidez e facilidade de aplicação, no processo e análise;
Facilidade e rapidez no ato de responder;
Menor risco de parcialidade do entrevistador;
Apresentam pouca possibilidade de erros;
São altamente objetivas. (MATTAR, 2013, p.178)

Com base no exposto acima, o questionário foi elaborado de uma forma de ser fácil de ser respondido e, ao mesmo tempo, não cansativo para os informantes.

4.2 OBJETIVOS DO QUESTIONÁRIO

O questionário teve por objetivo investigar como se deu a implementação do teletrabalho, durante a pandemia do COVID-19, nas cidades do interior de Pernambuco. Com base nisso, o formulário buscou saber quantas pessoas estavam em regime de teletrabalho, durante a pandemia; Se essas pessoas receberam algum tipo de treinamento das empresas para exercer esta modalidade de trabalho, assim como se a empresa lhe forneceu alguma informação sobre as alterações provocadas na legislação, durante o estado de calamidade pública decorrente da COVID-19, que abrangeu esta modalidade de trabalho.

 O formulário, também, buscou perceber se as organizações forneceram condições, para que o trabalho fosse executado de uma forma correta, fornecendo tanto os materiais essências a prestação do trabalho remoto, como, por exemplo, notebook e meios de acesso a internet, assim como, aqueles materiais considerados acessórios, que são indispensáveis, para que o teletrabalho seja executado de uma forma segura e saudável, como, por exemplo, mesas e cadeiras ergonomicamente adequadas.

Também buscou-se constatar se os teletrabalhadores tiveram algum custo para adaptar o ambiente domiciliar ao trabalho em Home Office, e, ao mesmo tempo, se a empresa, para qual trabalham, se dispôs a arcar com tais despesas. As perguntas, também, procuraram saber quanto tempo os trabalhadores se dedicam ao regime de teletrabalho , fazendo um contraponto com a sensação de se estar trabalhando mais , depois que começou a realizar suas atividades sob o regime de trabalho remoto. Por último, o questionário teve por objetivo identificar se as pessoas que estão sob regime de trabalho em home Office sentem algum tipo de desconforto, nas regiões do corpo, depois que cumprem sua jornada de trabalho, buscando, dessa forma, analisar a qualidade ergonômica do ambiente laboral em Home Office.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Os participantes e o trabalho em home office

De acordo com a figura 1, que mostra o gráfico da quantidade de trabalhadores que estavam em regime de home office durante o período pandêmico, das 210 pessoas, que participaram da pesquisa, 176 confirmaram está trabalhando sob regime de trabalho em home Office. Tal resultado nos mostra que 83,8% dos trabalhadores estavam em regime de teletrabalho, ou seja, trabalhando dentro de suas residências, em contrapondo aos 16,2%, 34 pessoas, que continuaram sob a modalidade de trabalho presencial. Com isso, percebemos que, grande parte da massa trabalhadora de Pernambuco, durante o estado de calamidade pública, ocasionado pela pandemia da COVID-19, estava realizando suas atividades laborais diretamente de suas residências.

Figura 1: gráfico representando a quantidade de pessoas em home office.

Fonte: Autoria própria

5.2 Treinamento das empresas e o home office

De acordo com a figura 2, que mostra um gráfico contendo a quantidade de pessoas que receberam algum treinamento das empresas, para exercer suas atividades em home office, 24%, 49 pessoas, responderam que as empresas para qual prestam serviços lhe forneceram algum tipo de treinamento, possibilitando que os mesmos fossem capazes de realizar suas atividades em regime de teletrabalho. Em contrapartida, 76%, equivalente a 155 pessoas, não receberam nenhuma capacitação das organizações. Dessa forma, percebemos que, pelo fato das entidades terem sido pegas de surpresa pela pandemia, e, consequentemente, pelo trabalho em regime remoto, a maioria das organizações não teve tempo para fornecer algum treinamento aos funcionários, para que seu trabalho fosse executado de uma forma eficiente e eficaz, ou seja , com produtividade.

Figura 2: Gráfico da quantidade de pessoas treinadas para o teletrabalho.

Fonte: Autoria própria

5.3 Maquinário oferecido pelas empresas para realização do teletrabalho

De acordo com a figura 03, que mostra o gráfico da quantidade de pessoas que receberam das empresas materiais adequados para realização do teletrabalho, 34,3% dos participantes, 70 pessoas, responderam que a empresa lhe forneceu todo maquinário necessário, para que o trabalho em Home Office fosse executado. Se contrapondo a este resultado, 65,7% dos participantes, 134 pessoas, informaram que a empresa não lhe forneceu o maquinário básico, para que o trabalho remoto fosse exercido com sucesso. Com base nisso, como já era esperado, percebemos que a maioria das organizações não forneceram aos seus funcionários os equipamentos considerados essenciais a execução trabalho remoto, aqueles que sem os mesmos o colaborador, dificilmente, conseguirá ser produtivo em suas atividades.

Figura 3: Gráfico da quantidade de pessoas que receberam maquinário adequado para o teletrabalho.

Fonte: Autoria Própria

5.4 Mobiliário fornecido pelas empresas para o trabalho remoto

De acordo com a figura 4, que mostra o gráfico com quantidade de pessoas que receberam mobiliário adequado para realização do teletrabalho, como, por exemplo, cadeiras e mesas ergonomicamente adequadas, 7,4% dos participantes, 15 pessoas, responderam que as entidades lhe forneceram o mobiliário adequado a execução do trabalho em home Office. Em contrapartida, a grande maioria dos entrevistados, 92,6%, 189 pessoas, responderam que as empresas não lhe forneceram a mobília apropriada ao exercício do teletrabalho. Com base nessas informações, percebemos um certo descaso por parte das organizações, com as condições em que esse trabalho remoto será exercido, não percebendo que a ergonomia deve está presente , inclusive, no teletrabalho , para que este seja executado de uma forma produtiva e segura, fazendo jus a uma das vantagens do home Office que é ,justamente, provocar um maior bem-estar para o trabalhador.

Figura 4: Gráfico da quantidade de pessoas que receberam mobiliário adequado

Fonte: Autoria própria

5.5 Tempo de trabalho em regime de home office

De acordo com a figura 5, que mostra o gráfico com a quantidade de horas que uma pessoa em home office normalmente trabalha, diariamente, 39,4% dos participantes da pesquisa responderam que sua jornada de trabalho se encontrava entre 6 a 8 horas diária; 25,9% dos entrevistados informaram que trabalhavam em média de 4 a 6 horas diárias; 22,8% dos pesquisados replicaram que sua jornada laboral se encontrava entre 2 a 4 horas diárias. Uma pequena parcela dos entrevistados,11%,informaram que trabalhavam mais de 8 horas diárias. Percebemos, dessa forma, que a execução do trabalho do em home Office provoca a flexibilização da jornada de trabalho. O controle da jornada laboral deixa de ser um mero registro de ponto, essa jornada passa a ser controlada através do cumprimento das metas que a organização impõe ao seu colaborador.

Figura 5: Gráfico da quantidade de horas trabalhadas em regime de home office

Fonte: Autoria própria

5.6 Sensação de trabalhar mais após o home office

De acordo com a figura 6, que mostra o gráfico da sensação de trabalhar mais após o regime de home office, percebemos que 58,4% dos trabalhadores informaram que têm a impressão de estar trabalhando mais, após a adoção do regime de teletrabalho pela organização. Em contrapartida, os outros 41,6% dos participantes informaram não ter essa sensação de estar trabalhando mais, após a adoção do regime de teletrabalho. Dessa forma percebemos que, uma parcela significativa dos entrevistados, mesmo trabalhando em seus domicílios, se sentem mais fadigados do que quando trabalhavam presencialmente. Isso se deve a vários fatores, dentre os quais se destacam: a falta de controle da jornada de trabalho, possibilitando que se trabalhe mais; a falta de definição dos horários de lazer e de trabalho, fazendo com que o trabalhador tenha a sensação de estar com uma maior carga laboral.

Figura 6: Gráfico quantidade de pessoas que tem sensação de trabalhar mais no teletrabalho

Fonte: Autoria própria

5.7 Dores nas regiões do corpo após a jornada de trabalho em home office

De acordo com a figura 7, que mostra o gráfico da quantidade de pessoas que passaram a sentir dores no corpo após adoção do regime de trabalho em home office, 59,9% dos entrevistados, 121 pessoas, afirmaram sentir dores no corpo após cumprirem sua jornada de trabalho em Home Office. De modo diverso, 40,1% dos pesquisados,81 pessoas, informaram não sentir dores no corpo após realização do trabalho remoto. Com base nisso, pode-se observar que a maioria dos trabalhadores entrevistados sentem desconforto em alguma região corporal no fim da jornada de trabalho. Isso se deve, principalmente, ao descaso das empresas com a ergonomia do ambiente de trabalho exercido em Home Office, como foi visto no resultado da pergunta sobre a mobília fornecida pelas empresas destinadas ao teletrabalho. Resultando, dessa forma, em ambientes laborais ergonomicamente incorretos, e, como consequência, lesões nos trabalhadores.

Figura 7: Gráfico da quantidade de pessoas que sentem dores no corpo após teletrabalho.

Fonte: Autoria própria

5.8 Mudanças na legislação da teletrabalho durante a pandemia

De acordo com a figura 8, que mostra o gráfico da quantidade de pessoas que foram informadas das mudanças da legislação do teletrabalho durante o período pandêmico, 77,8% dos participantes da pesquisa, o equivalente a 158 pessoas, informaram que não foram comunicados sobre as mudanças na legislação que abrangeu o regime de trabalho em home Office. Apenas 22,2%, 45 pessoas, responderam que foram informados pela empresa sobre as mudanças na legislação do trabalho remoto. Dessa forma, percebemos que a grande maioria dos trabalhadores, além de estarem sob uma nova modalidade de trabalho, não foram informados sobre as mudanças nos seus direitos e deveres descritos na nova legislação, como, por exemplo, a antecipação das férias individuas, férias coletivas, aproveitamento e antecipação e feriados e sistema de compensação de jornada de trabalho.

Figura 8: Gráfico da quantidade de pessoas informadas nas mudanças da legislação

Fonte: Autoria própria

5.9 Custo para adaptar o ambiente domiciliar ao home office

De acordo com a figura 9, que mostra o gráfico com a quantidade de pessoas que tiveram algum gasto para adaptar o ambiente domiciliar ao teletrabalho, 37,3% dos informantes,76 pessoas, responderam que tiveram alguma despesa para encaixar o ambiente domiciliar ao trabalho remoto. De modo diverso, 62,7% dos participantes, 128 pessoas, informaram que não tiveram nenhuma despesa para adaptar o ambiente domiciliar ao teletrabalho.Com base nessas informação, inferimos que, a grande parte da massa de teletrabalhadores de Pernambuco, não fez nenhuma adaptação , para executar o trabalho em regime remoto, isso se deve principalmente, como será visto na próxima pergunta, pelo fato das organizações não se propuserem a ajudar os colaboradores arcar com tais despesas, e os mesmo, na grande maioria das vezes, não estão dispostos a arcar com esse ônus sozinhos, exercendo o teletrabalho em condições ergonomicamente erradas

Figura 9: Gráfico da quantidade de pessoas que tiveram custos para se adaptar ao home office.

Fonte: Autoria Própria

5.10 Ajuda das empresas para adaptar o ambiente domiciliar ao home office

De acordo com a figura 10, que mostra o gráfico com a quantidade de pessoas que receberam ajuda das organizações para adaptar o ambiente domiciliar ao teletrabalho, apenas, 8,9%, 18 pessoas, responderam que a empresa lhe ajudou a arcar com tais ônus. Do contrário, 91,1%, 184 pessoas, informaram que entidade para qual trabalham não se propôs a ajudar com tais despesas. Essas informações nos trazem à tona um dos problemas relacionados ao trabalho em Home Office: a inversão dos custos para realizar o trabalho. Tais despesas que em um regime de trabalho presencial seriam das organizações, como, por exemplo, fornecer uma mobília adequada para realização do trabalho, agora, passa a ser do empregado, e, como foi visto na pergunta anterior, os colaboradores não estão dispostos a arcar com tais ônus, resultando em ambientes de trabalho ergonomicamente errados.

Figura 10: Gráfico da quantidade de pessoas que tiveram ajuda da empresa para se adaptar ao home office.

Fonte: Autoria Própria

6. CONCLUSÃO

O avanço tecnológico e a globalização trouxeram à tona a necessidade das organizações adotarem modelos de trabalho mais flexíveis e descentralizados, como, por exemplo o Home Office. Porém, a pandemia do novo coronavírus, fez com que essa tendência fosse inserida, nas organizações, sem que houvesse por parte destas um planejamento, para que esta modalidade de trabalho fosse inserida no cotidiano das empresas e dos trabalhadores de uma forma correta.

O presente trabalho teve por objetivo identificar como se deu a implementação do trabalho remoto, durante a pandemia, nas indústrias situadas no sertão de Pernambuco, levando em consideração, principalmente, as questões ergonômicas em que este trabalho estava sendo exercido. Tendo em vista que o teletrabalho apresenta peculiaridades físicas e psicossociais que não estão presentes em um ambiente laboral presencial.

Com base nas informações coletadas, percebemos, que durante o estado de calamidade pública, grande parte da massa trabalhadora de Pernambuco estava trabalhando sob o regime de teletrabalho e que uma parcela significativa deste contingente, 59,9% das pessoas entrevistadas, alegaram sentir dores no corpo após o cumprimento da jornada laboral, nos mostrando que, um dos efeitos desta implementação repentina do trabalho remoto, foi a existência ambientes de trabalho ergonomicamente inadequados, e, consequentemente, improdutivos.

Inferimos, com base nos dados coletados, que vários são os problemas que contribuem para ambientes laborais de Home Office ergonomicamente inadequados, como, por exemplo, inversão dos custos para realização do trabalho que agora passam a ser do trabalhador; as organizações não estão dispostas a fornecer mobília adequada, para realização do teletrabalho; as empresas não estão dispostas a ajudar financeiramente os colaboradores a adaptar o ambiente domiciliar ao teletrabalho, entre outros.

Levando em consideração os problemas ergonômicos enfrentados pelos teletrabalhadores, fica a sugestão de realização de outras pesquisas acadêmicas que ajudem os trabalhadores remotos a adaptar o ambiente domiciliar ao teletrabalho, como, por exemplo, trabalhos voltados a criação de manuais que, levando em consideração as peculiaridades de cada trabalhador, o assistam a ter um ambiente laboral ergonomicamente adequado, e, consequentemente, mais produtivo.

Espera-se que com o presente trabalho se tenha mostrado como se deu a implementação do trabalho remoto, durante a pandemia do COVID-19, nas empresas situadas no sertão de Pernambuco, mostrando as principais dificuldades enfrentadas pelos teletrabalhadores, contribuindo, dessa forma, para que os mesmos possuam um ambiente de trabalho mais produtivo, saudável e seguro.

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¹( UNIFAVIP- WYDEN )