Sueli Acácio de Paula –
14/06/2011
Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida, Campus Tijuca.
suacacio@gmail.com
Resumo
Objetivo: a proposta deste estudo é analisar os efeitos da incontinência urinaria de esforço na qualidade de vida em idosas com idade acima de 60 anos. Fizeram parte da pesquisa 10 idosas, que se enquadraram nos critérios de inclusão e exclusão, e que aceitaram assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE. Foram avaliadas e entrevistadas, individualmente através do questionário de qualidade de vida de mulheres com incontinência (KHQ). A maior parte das entrevistadas que responderam ao questionário, disseram que a dificuldade em controlar a vontade forte de urinar é difícil, e perdem urina ao tossir, espirrar ou correr.
Um fato importante a ser observado é que o domínio das relações pessoais não apresentou nenhuma correlação significativa com os demais domínios relacionados com a pesquisa.
A análise do conteúdo das entrevistas permitiu concluir que, apesar de a IU estar presente na vida das idosas, trazendo prejuízos psicológicos e sociais, a QV positivamente foi percebida .
Palavra-Chave: Incontinência urinaria: Idosas. Qualidade de vida.
ABSTRACT
Objective: The purpose of this study is to analyze the effects of stress urinary incontinence on quality of life in elderly women aged over 60 years. The participants were 10 elderly women, who fulfilled the criteria for inclusion and exclusion, and who signed the Instrument of Consent – IC. Were assessed and individually interviewed by questionnaire about quality of life of women with incontinence (KHQ). Most respondents who answered the questionnaire, said that the difficulty in controlling the strong desire to urinate is difficult, and lose urine when coughing, sneezing or running.
An important fact to note is that the domain of personal relationships showed no significant correlation with other areas related to research.
The analysis of the interviews showed that, although the UI was present in the lives of elderly, bringing psychological and social damage, QOL was perceived positively.
Key-word: Urinary Incontinence : Senior . Qualityoflife .
Introdução
A presente pesquisa obteve resultados da influência na qualidade de vida de mulheres que convivem com Incontinência Urinaria de Esforço, através do KHG o qual avalia especialmente o impacto da IUE na vida dessas mulheres. De acordo com o resultado desta pesquisa relacionado á perda de urina aos esforços, a maioria das entrevistadas relatou que a IUE influencia apenas um pouco sua vida.
Um fato importante a ser observado é que o domínio relações pessoais não apresentou nenhuma correlação significativa com os demais domínios relacionados na pesquisa. As idosas que responderam a pesquisa afirmaram que apesar de terem todo o incomodo causado pela IUE, não deixam de fazer suas atividades de vida diária, e participam de encontros da terceira idade, e fazendo atividades em grupo que trazem bem estar e melhora auto-estima.
As repercussões no estilo de vida das mulheres com IU são numerosas, normalmente elas sofrem com problemas físicos, econômicos e psicossociais, que interferem no convívio social, profissional, sexual e familiar. Estes problemas contribuem para que ocorram restrições das atividades no lar, perda da confiança em si, vergonha e medo de apresentar um episódio em público, ou na participação dos eventos sociais com amigos e familiares, frustrações e limitações no desenvolvimento do trabalho profissional e disfunção sexual se estiverem molhadas.
No entanto o resultado da pesquisa mostrou alguns aspectos que mais incomoda nas idosas entrevistadas, que são freqüência das idas ao banheiro, dificuldade de controlar a vontade de urinar, perda da urina ao espirrar, tossir, correr. Levantar a noite para ir ao banheiro, e sente a necessidade de trocar a calcinha e fazer a higiene intima sempre que fica molhada preocupação em cheirar a urina e o fato de ficar envergonhada quando estes problemas ocorrem. Sentimentos como vergonha, medo, nervosismo e depressão geralmente estavam relacionados ao forte odor causado pela perda de urina em público.
Métodos
Fizeram parte da pesquisa 10 idosas com idade acima de 60 anos, que se enquadraram nos critérios de inclusão e exclusão, e que aceitaram assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE. Foram avaliadas e entrevistadas, individualmente através do questionário de qualidade de vida de mulheres com incontinência urinária (KHQ).
O KHQ é composto por 30 perguntas que são arranjadas em nove domínios: a percepção da saúde (um item); o impacto da incontinência urinária (um item); as limitações no desempenho das tarefas (dois itens); a limitação física (um item); a limitação social e física ( três itens); as relações pessoais (três itens); as emoções ( três itens); a sono/disposição (dois itens); as medidas de gravidade(quatro itens) . Esses domínios são graduados em quatro opções de resposta: “nem um pouco, um pouco, moderadamente, muito”; “nunca, às vezes, freqüentemente, o tempo todo”. Exceção feita ao domínio percepção geral da saúde, com cinco opções de respostas: “muito boa, boa, regular, ruim, muito ruim”; e ao domínio relações pessoais: “não se aplica, nem um pouco, um pouco, moderadamente muito”. Há também uma escala independente, que avalia a presença e a intensidade dos sintomas urinários como: freqüência, urgência, bexiga hiper ativa, incontinência no incurso sexual, infecções freqüentes e dor na bexiga.
Resultado:
A maior parte das idosas que responderam ao questionário, responderam que a dificuldade em controlar a vontade forte de urinar é difícil, e perdem urina ao tossir, espirrar ou correr. Um fato importante a ser observado é que o domínio relações pessoais não apresentou nenhuma correlação significativa com os demais domínios relacionados na pesquisa. A maior correlação observada ficou entre emoções e medidas de gravidade, o que representa avaliar que os problemas relacionados às emoções das pacientes são problemas ocasionados diretamente pelas medidas de gravidade do tipo ter que utilizar absorventes, quantidade de liquido ingerido, ter que trocar de roupas quando molhadas, preocupação em cheirar urina e o fato de ficar envergonhada quando estes problemas ocorrem.
Conclusão
O perfil das idosas entrevistadas demonstra que a IU não as limita socialmente e nem emocionalmente, assim como sua relação pessoal com a família, amigos e ou vida sexual não se correlacionam de modo expressivo com as medidas de gravidade. Em termos de percepção geral da saúde também podemos verificar que de modo geral as pacientes não são limitadas quanto às atividades físicas diárias, pois a correlação entre estes domínios foram muito baixos. Muito embora a metade tenha respondido positivamente ao domínio de impacto da IU, com base nos outros dados que foram colhidos, podemos afirmar que a qualidade de vida da grande maioria da população entrevistada não é comprometida pelo problema de perda de urina. Ou seja, essas mulheres equilibram IU e vida normal. Sofrem de alguma forma consigo mesmas, mas convivem com a incontinência urinária, sem sentirem constrangimentos nem vergonha de si mesmas, além de manterem inabalado o relacionamento com a família e os amigos.
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1 comentário em “QUALIDADE DE VIDA EM IDOSAS COM INCONTINÊNCIA URINARIA DE ESFORÇO”
Comentários encerrados.
Ótimo artigo, esclarecedor minha mãe tem incontinência urinária e sei bem como e o desconforto diário dela.