QUAIS TENDÊNCIAS NO MERCADO DE EVENTOS PARA 2025?

WHAT ARE THE TRENDS IN THE EVENTS MARKET FOR 2025?

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202503251441


Luciane Ferreira da Rocha de Araujo


Resumo 

O mercado de eventos desempenha um papel estratégico no desenvolvimento econômico e social, sendo influenciado por constantes transformações tecnológicas, culturais e ambientais. Este estudo teve como objetivo investigar as principais dinâmicas e tendências do setor previstas para 2025, analisando seus impactos em aspectos econômicos, tecnológicos, socioculturais e ambientais. Baseando-se em uma revisão bibliográfica detalhada, a pesquisa utilizou como principal fonte um material consolidado sobre o tema, complementado por publicações acadêmicas e relatórios especializados. Entre os principais achados, destacam-se o crescimento do setor, a adoção de tecnologias imersivas, a personalização de experiências e o foco em práticas sustentáveis e inclusivas. Ao identificar as demandas de públicos emergentes e novas abordagens na organização de eventos, o trabalho reforçou a importância de adaptação contínua dos atores do setor frente às mudanças do mercado. Por fim, o estudo concluiu que a inovação e a responsabilidade social são essenciais para a competitividade a longo prazo, sugerindo a necessidade de investigações futuras que aprofundem a aplicação prática das tendências mapeadas. 

Palavras-chave: Mercado de eventos. Transformações tecnológicas. Sustentabilidade. 

1 INTRODUÇÃO 

O setor de eventos tem desempenhado um papel significativo na economia global e nacional, gerando empregos, movimentando o turismo e promovendo experiências de valor para diferentes públicos (Carvalho, 1997). Nos últimos anos, especialmente após o impacto da pandemia de COVID-19, o segmento passou por transformações profundas, moldadas pelo avanço da digitalização e pela mudança nos padrões de comportamento dos consumidores. De acordo com estudos, como o realizado pela ABEOC e pela União Brasileira dos Promotores de Feiras (2020), a pandemia impulsionou tendências como a adoção de formatos híbridos e digitais, além de ter acentuado a necessidade de práticas sustentáveis nos eventos. 

Nesse contexto em constante transformação, o mercado de eventos para 2025 apresenta desafios e incertezas relacionados à adaptação às novas tecnologias, à captação de públicos cada vez mais segmentados e à incorporação de práticas inclusivas e sustentáveis. Tal cenário exige dos profissionais do setor uma visão estratégica para se adaptar às mudanças e atender às expectativas de um consumidor mais exigente e engajado. A Geração Z, por exemplo, que já representa uma parcela significativa dos consumidores globais, valoriza experiências personalizadas e conectadas às suas expectativas culturais e sociais (Santos Faria; Silva; Borges, 2021). 

A problematização surge, então, na seguinte questão central: quais são as tendências que irão moldar o mercado de eventos em 2025 e como essas tendências impactam os formatos tradicionais e emergentes? Entender essas mudanças é vital para que produtores e organizadores possam ajustar suas estratégias, reforçando a relevância do setor e otimizando os resultados econômicos, sociais e culturais. Além disso, desafios como o uso ético de tecnologias imersivas, a inclusão social e a sustentabilidade ambiental precisam ser enfrentados para garantir a longevidade e a relevância das práticas no segmento. 

Este estudo justifica-se pelo potencial impacto positivo de seus resultados, tanto em termos teóricos quanto práticos. Na perspectiva acadêmica, contribuirá para ampliar o entendimento sobre os fenômenos que envolvem o setor de eventos, consolidando análises de mercado e discutindo novos paradigmas. Já no campo prático, os resultados servirão como uma ferramenta estratégica para profissionais do setor, auxiliando na tomada de decisões e no planejamento de soluções inovadoras. 

Assim, o objetivo desta pesquisa é investigar as principais tendências do mercado de eventos para 2025, analisando suas implicações em aspectos econômicos, tecnológicos, socioculturais e ambientais. Por meio dessa análise, busca-se identificar como essas tendências podem ser incorporadas de forma estratégica por organizadores, marcas e demais atores do setor. 

O estudo propõe, então, compreender essas mudanças a partir de um olhar integrado, destacando o papel da inovação, da sustentabilidade e da personalização na construção de experiências marcantes. Esse enfoque permitirá gerar contribuições substanciais capazes de orientar adaptações às novas exigências do mercado e explorar oportunidades emergentes no setor de eventos. 

2 REVISÃO DA LITERATURA 

O mercado de eventos desempenha papel estratégico na economia, cultura e sociedade, sendo um propulsor significativo de desenvolvimento, como destacado por Carvalho (1997). Este setor não apenas fomenta o turismo e a cultura, mas também supera seu propósito inicial de promover encontros, oferecendo plataformas para aprendizado e trocas transformadoras. Gonçalves (2003) enfatiza o impacto em cadeia que os eventos exercem, beneficiando negócios periféricos como hotelaria e gastronomia, enquanto Cobra (2005) indica como a criatividade integra elementos de arte, tecnologia e narrativa, tornando os eventos experiências enriquecedoras e atrativas. 

Historicamente, os eventos acompanharam e até lideraram mudanças sociais, servindo como espaços de troca cultural e fortalecimento de valores. Vieira (2015) ressalta que o planejamento de longo prazo e estruturado é essencial para conectar variáveis econômicas, tecnológicas e culturais, enquanto Martin (2003) reforça a necessidade de redes colaborativas dentro do setor para garantir equilíbrio e excelência. No contexto brasileiro, Lemes (2009) observou a diversidade cultural como um diferencial competitivo, permitindo a criação de eventos inovadores que conectam elementos locais às tendências globais. 

Apesar de seus avanços, o setor enfrenta desafios críticos, como a necessidade de alinhar sustentabilidade ambiental e responsabilidade social com processos de modernização. Santos Faria, Silva e Borges (2021) alertam para os impactos negativos de eventos mal planejados, enquanto Ribeiro (2010) aborda a urgência de coordenação logística que equilibre eficiência técnica e experiência do consumidor. Além disso, Carneiro (2011) aponta a importância de integrar valores de inclusão e diversidade para alinhar eventos às mudanças éticas e sociais contemporâneas, tornando-os mais relevantes para um público cada vez mais consciente. 

O futuro do mercado de eventos no Brasil depende de sua capacidade de inovar e superar barreiras. ABEOC e SEBRAE (2013) destacam o potencial econômico do setor na geração de empregos, enquanto Lima (1995) explora o papel dos eventos na diplomacia cultural e na integração internacional. Por fim, o equilíbrio entre tradições regionais, especificidades culturais e padrões globais, como sugerido por Lemes (2009), é necessário para garantir que o setor continue competitivo e alinhado às demandas de um mercado em constante transformação. 

3 METODOLOGIA  

A pesquisa utilizou o método de revisão bibliográfica para explorar as tendências do mercado de eventos em 2025, com foco nas dimensões econômica, tecnológica, sociocultural e ambiental. A abordagem se baseou na análise de fontes consolidadas, tendo como principal referência o eBook “Tendências 2025: O Futuro dos Eventos no Brasil”. O estudo foi estruturado em etapas que incluíram a delimitação do universo pesquisado, a seleção criteriosa de dados relevantes e atualizados, e a categorização das informações em quatro eixos principais. Para coleta e interpretação dos dados, adotou-se uma abordagem qualitativa integrada por leitura crítica, análise textual e triangulação de informações de diferentes fontes, como ABEOC, UBRAFE e SEBRAE, garantindo robustez aos resultados. 

Essa estrutura metodológica permitiu identificar padrões e conexões no comportamento do público, na adoção de tecnologias e nas práticas sustentáveis. A análise dos dados não só respondeu aos objetivos da pesquisa, como evidenciou lacunas e contrapontos na literatura, oferecendo insights sobre o reposicionamento do setor diante de mudanças estruturais. O enfoque qualitativo reforçou a legitimidade dos achados e ofereceu um modelo replicável para futuras investigações. Por fim, a pesquisa destacou como o mercado de eventos se reinventa a partir de inovações tecnológicas, comportamentos emergentes e pressões por práticas responsáveis, consolidando sua importância no cenário contemporâneo. 

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 

A análise do eBook “Tendências 2025: O Futuro dos Eventos no Brasil” evidencia transformações estruturais e inovadoras no mercado de eventos, fornecendo uma compreensão ampla das forças que moldam o setor. Dividido em aspectos econômicos, tecnológicos, comportamentais e sustentáveis, o material apresenta dados que reforçam a importância de adaptação e inovação como pilares para o sucesso dos eventos no cenário contemporâneo. Este conjunto de informações oferece um panorama crítico sobre as demandas do mercado e suas implicações práticas. 

Os dados do eBook apontam um crescimento expressivo do PIB do setor de eventos de cultura e entretenimento, com aumento de 2,7% em 2024, superando a média nacional e reforçando o papel do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE) para a recuperação pós-pandêmica. Nesse contexto, foram criadas 76.537 novas vagas de emprego, enquanto o consumo no setor atingiu R$ 53 bilhões, representando um aumento de 8,5% em relação ao ano anterior. Esses números confirmam não apenas a resiliência do mercado de eventos, mas também sua relevância como alavanca econômica (Sympla, 2025). 

Os números apresentados na tabela 1 são reveladores em relação às mudanças no comportamento do consumidor e como elas impactam diretamente a indústria. Por exemplo, a aceleração de eventos híbridos e virtuais reflete não apenas a resposta a limitações impostas pela pandemia, mas também a preferência por uma maior flexibilidade e alcance, permitindo que organizadores inovem em seus formatos (Sympla, 2025).

O eBook “Tendências 2025” evidencia transformações comportamentais significativas que estão remodelando a concepção e realização de eventos. A “Running Era”, por exemplo, ilustra como a prática esportiva tem impulsionado a demanda por eventos focados em saúde e bem-estar, ao mesmo tempo em que abre oportunidades para novos modelos de parceria e patrocínio (Sympla, 2025). Esses movimentos colocam a saúde como um valor central, alinhado aos interesses crescentes do público. Além disso, estratégias voltadas para a geração Z, como o uso de redes sociais e experiências interativas e autênticas, representam simultaneamente um desafio e uma oportunidade, como observam Lima et al. (2019), dado o dinamismo e a exigência dos nativos digitais por eventos inclusivos e personalizados. 

No campo tecnológico, o uso de Inteligência Artificial (IA), Realidade Aumentada (RA) e dispositivos como drones e pulseiras NFC está transformando a experiência dos participantes e simplificando os processos para os organizadores. Martin (2003) já destacava como a integração dessas ferramentas digitais no mercado de eventos traz eficiência e um diferencial competitivo, algo que o eBook também corrobora ao abordar sua aplicação prática. Estas inovações não apenas reforçam o potencial de personalização dos eventos, mas também criam experiências mais imersivas, elevando a satisfação do público e otimizando a gestão dos eventos. 

Outro ponto central refere-se à sustentabilidade e inclusão, que ganharam relevância com o aumento da preocupação dos brasileiros em relação ao meio ambiente, chegando a 81% em 2024 (Sympla, 2025). A adoção de práticas como gestão de resíduos, compensação de carbono e inclusão de alimentos orgânicos reflete essa mudança de consciência. Britto (2002) e outros estudiosos apontam que iniciativas de diversidade e acessibilidade são componentes fundamentais para atender às expectativas sociais atuais. O material também sublinha o potencial de segmentos como eventos gastronômicos e microeventos direcionados, mostrando que o futuro do setor está na personalização e no compromisso ético, o que o posiciona como um mercado diversificado e competitivo. 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O mercado de eventos tem passado por contínuas transformações, impulsionadas por mudanças econômicas, tecnológicas, socioculturais e ambientais. A personalização, a sustentabilidade e a inovação emergem como pilares centrais para atender às novas expectativas do público. Eventos híbridos, tecnologias imersivas e demandas de gerações mais jovens destacam-se como tendências que moldam o setor, exigindo rápida adaptação dos organizadores. Além de seu papel econômico, os eventos refletem valores contemporâneos e operam como plataformas de interação e aprendizado, consolidando sua relevância no cenário global e local. 

Apesar do progresso, o setor ainda enfrenta desafios significativos, como a necessidade de práticas mais inclusivas e sustentáveis, além de uma maior integração entre experiência e impacto positivo. A pesquisa indicou a urgência por estratégias que aliem criatividade e responsabilidade social, garantindo, ao mesmo tempo, eficiência operacional. O estudo também apontou para lacunas na exploração de determinados nichos, como eventos culturais e tradicionais, que necessitam de maior atenção para ampliar benefícios em diversas escalas. 

Para o futuro, recomenda-se o aprofundamento em análises práticas, como estudos de caso que contemplem as perspectivas de organizadores e participantes. Abordagens empíricas poderiam validar tendências identificadas e explorar oportunidades em áreas ainda pouco desenvolvidas, como eventos gastronômicos ou religiosos. Além disso, é vital examinar políticas públicas e seus impactos no setor, promovendo alinhamento entre empresas e medidas governamentais. O setor exige uma constante adaptação e alinhamento com as expectativas do público, onde antecipar demandas e adotar práticas inovadoras não são apenas estratégias competitivas, mas pré-requisitos de sobrevivência nesse cenário dinâmico.  

REFERÊNCIAS 

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