UTILIZAÇÃO DE IMAGENS DE SATÉLITE PARA IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS EM PASTAGEM

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10062532


Aliny De Oliveira Rodrigues1
Brhuno Gyorgis Alves Pinheiro¹
Rosangela Aparecida Pereira De Oliveira2


RESUMO

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo, confirmando assim a importância da bovinocultura no agronegócio brasileiro, resultado esse devido a modernização de tecnologias e produção. A produção de rebanhos brasileiros tem como principal fonte de alimento as forrageiras que são usadas para pastagem em sistemas de manejo, extensivo, semi-intensivo e intensivo, manejos esses que trouxeram ganhos de produtividade. Cerca de 70% das pastagens no território brasileiro sofrem algum estágio de degradação. As pastagens são consideradas degradadas quando o seu vigor, produtividade e capacidade de recuperação não são mais possíveis e a qualidade da pastagem, ideal para os animais, e quando também não a superação dos efeitos como pragas, doenças e plantas invasoras. Esses efeitos acabam favorecendo a degradação avançada dos recursos naturais junto aos manejos inadequados. Desse modo, é de extrema importância tornar as pastagens mais produtivas e, de contribuir para a qualidade e o vigor das mesmas, sem haver a necessidade da abertura de novas áreas de pastagens. O principal objetivo desta pesquisa é demonstrar os estágios de degradação das pastagens de propriedades rurais, por meio de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, via satélite, sendo possível fazer o mapeamento das áreas da propriedade e apontando as técnicas adequadas para a classificação de pastagens degradadas; separando os estágios de degradação e por fim monitorar e quantificá-las usando técnicas de geotecnologias.

Palavras-chaves: Pastagens; Degradação; Geoprocessamento; satélite

INTRODUÇÃO

O comércio da carne bovina é um reflexo atualmente diferente do que se via a alguns anos atrás no Brasil. Quando a metade da produção não atendia muito nem a demanda brasileira. Entretanto, pode-se considerar que nas últimas décadas, a pecuária bovina passou por uma modernização ocorrida por avanços tecnológicos dos sistemas de produção, e em resposta veio a qualidade da carne Bovina (GALVÃO, B., E DAHER, D. M., 2021).

A criação do rebanho bovino no Brasil tem como principal fonte de alimento as pastagens, o aumento em produtividade deu-se por motivos importantes, como o aproveitamento de áreas para produção no modo extensivo, semi-intensivo e intensivo onde esses sistemas, e o manejo trouxe ganho de peso aos animais e maior produção de carne. Todos esses ganhos se deram pelo uso de tecnologias pelos produtores rurais principalmente para evitar a degradação de suas pastagens (ARAÚJO, MARCELA, ALMEIDA.,2018).

Vários são os motivos pelo qual acontece a degradação de áreas de pastagem, o manejo inadequado, o super pastejo, a capacidade de número de unidade animal (UA) por área inadequada, solo compactado, erosão, deficiência nutricional do solo, uso de forrageira inadequado para a área, práticas conservacionistas e infestação de plantas invasoras e de pragas. As cigarrinhas por exemplo têm sido responsáveis por desapontamento no setor, pois em situações de altas infestações contribui com a degradação das pastagens. Todos esses fatores levam a obtenção de muitas áreas de pastagem sem uso (PEIXOTO, L. H.S., 2021).

Para que não aconteça perdas na produção e no potencial da pastagem, surge a necessidade de obter informação rápida e precisas. Atualmente as geotecnologias têm a capacidade de cada vez mais auxiliar de forma eficiente o produtor. A tecnologia está presente em várias áreas da sociedade, e a utilização dessas tecnologias e ferramentas vem ganhando cada vez mais espaço para estudos voltados para área rural.

Segundo MOREIRA BRAZ, et. al. (2019) nos últimos anos, e mais fortemente na última década, as chamadas geotecnologias se popularizam; o conhecimento e a criação de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) avançou; técnicas de geoprocessamento são criadas e materializadas em forma de ferramentas em curtos intervalos de tempo; e o lançamento de satélites, bem como a distribuição de imagens orbitais gratuitas aumentou em passos largos.

A degradação das pastagens é um problema crítico que afeta a produtividade agrícola e pecuária em todo o mundo, e a utilização de imagens de satélite tem se mostrado uma ferramenta valiosa na identificação e monitoramento dessas áreas degradadas. Nesse cenário de evolução de tecnologias, e a utilização de imagens de satélites também tem sido muito útil para obter precisão no detalhamento de imagens de áreas para identificação de pastagem degradadas (ALMEIDA et al., 2019)

Baseado neste contexto, surge a seguinte problemática: como o uso de imagens de satélite pode ser útil na identificação de áreas degradadas de pastagem e para tomada de decisão e planejamento em uma propriedade rural? O trabalho justifica a utilização dessa tecnologia como uma forma rápida e eficiente de identificar áreas degradadas onde a oferta de forrageiras está afetada, causando prejuízos na produtividade e qualidade da produção animal, dessa forma o produtor rural economizara tempo e terá baixo custo no que se diz respeito à manutenção e recuperação dessas pastagens, podendo assim, fazer aplicação de corretivos e fertilizantes, ou até mesmo substituir o capim por outra cultivar de forrageira, caso haja a necessidade.

O trabalho será desenvolvido como base em uma pesquisa bibliográfica qualitativa, descritiva e exploratória. Utilizando livros, revistas e artigos sobre a utilização de imagens de satélite na identificação de áreas degradadas e o levantamento de áreas improdutivas. Apresentando os seguintes objetivos específicos: abordar sobre a eficiência de identificar pastagens degradadas via imagens de satélite; explicitar sobre perdas de produtividade em razão de pastagens degradadas; discorrer sobre a utilização de forma eficiente para o monitoramento, planejamento e gerenciamento da empresa rural. A bibliografia utilizada está entre os anos de 2005 a 2023.

REVISÃO DE LITERATURA

3.1. A bovinocultura brasileira

A bovinocultura brasileira é uma atividade que se sobressai ao lado de demais setores do agronegócio brasileiro e maior parte de sua produção é consumida dentro do próprio país, sendo assim todos os estados do país tem parte na produção (PREUSS., 2013). A bovinocultura é dividida em duas áreas de produção, sendo elas em bovinocultura de corte para produção de carnes e peles, bovinocultura de leite, onde possui múltiplas finalidades dentro da produção de matérias primas e trabalho. (HEEMANN et al., 2022).

Os sistemas de produção da bovinocultura são caracterizados da seguinte forma, extensivo, semi-extensivo, intensivo a pasto e intensivo em confinamento. Mas segundo De Assis et al., (2005) os sistemas com resultados satisfatórios com maior produção são os sistemas extensivo e semi-extensivo, pois contam com 70% da produção de leite nacional. E os sistemas intensivos 30%, podendo aumentar nos próximos anos devido investimentos em melhoramento e recuperação das pastagens.

Segundo Euclides Filho, K., (2007) verificou -se no Brasil, nas últimas 3 décadas, grande transformação do rebanho bovino de corte, com avanços significantes de expansão dos estados e regiões, que se destacam pelo eficiente uso de conhecimentos e de tecnologia. Os produtores têm como principal fonte de alimento para seus animais a planta forrageira que tem está diretamente ligada a elementos abióticos e bióticos do sistema, tais como o ambiente (clima, solo), os micro-organismos e o manejo implementado pelo gerenciador do sistema. Qualquer alteração nesses fatores de produção influenciará e afetará no desempenho animal e no ganho de peso (PAULINO, M. F. et al.,2006).

3.2. Áreas degradadas em pastagem

A recuperação de pastagens que se encontram degradadas e sem rentabilidade é um assunto de interesse de muitos produtores do País, que possuem grande quantidade de áreas de pastagem improdutivas (ANDRADE et al., 2021), tendo em vista que a recuperação produtiva traria queda nos custos na produção de carne e leite, e ainda manteria o objetivo de desenvolvimento sustentável na agricultura (ANDRADE et al., 2017), pois a restauração dessas pastagens minimizaria a influência pela abertura de novas áreas para uso da agropecuária e não traria perdas de áreas com cobertura vegetal nativa, e que por esse método resultaria na recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2030 (SOUZA, ALEXSANDRO ARCANJO ARRIAS DE., 2009) podendo a pecuária ser mais rentável.

As principais ações que levam a degradação de pastagem é a falta de práticas por parte do homem, que explora de forma excessiva áreas de pastagem, com o sobrepastejo do rebanho. A degradação pode trazer consequências consideráveis, como por exemplo terras com menor índice produtivo, as quais ocasiona menor produtividade e maiores custos produtivos, pela maior utilização de insumos para transformá-lo mais produtivo. Desta forma, podendo ter perdas de competitividade, diminuição da atividade agropecuária, devido ao abaixo na disponibilidade de áreas agrícolas férteis para pecuária e agricultura. Acarretando queda econômica nos níveis de renda e de emprego, resultando na piora das condições de vida da sociedade. (SALOMÃO, et al., 2020.)

Os efeitos da degradação do solo podem ser visualizados na tabela 1.

Etapa 1Etapa 2Etapa 3Etapa 4Etapa 5



Degradação do solo
Menos terras produtivas

Menor produtividade


Maior custo de produção
Diminuição das áreas agrícolas
Diminuição dos rebanhos
Perda de Competitividade
Redução da atividade agropecuária

Diminuição da renda





Diminuição do emprego




Piora das condições de vida

Fonte: Pinto et al. (2013)

A tabela acima representa as etapas dos efeitos que a degradação do solo e consequentemente a fonte de alimento para a produção animal causa. Segundo Pinto et al. (2013), as etapas representaram da seguinte forma: na (Etapa 1) acontece a degradação do solo, isso em virtude de já se encontra descoberto pela planta forrageira, na (Etapa 2), devido a degradação do solo, temos então menos terras produtivas, menor produtividade, e então maior custo de produção, isso porque somente a planta forrageira não é mais suficiente. Na (Etapa 3), diminui-se a quantidade de áreas, consequentemente o número de (U/A) unidade animal por área, e a competitividade não é possível, fato que acarretará a redução da atividade, e causará piora na condição de vida de todos, tanto como produtor, com também do consumidor que terá o valor de oferta maior, devido toda a redução da atividade, que em grande escala traz prejuízos a todos, conforme Etapas 4 e 5.

Por isso, segundo Borghi, Emerson, et al., (2018) se faz a necessário o manejo adequado, ajuste da quantidade de animais, reposição de nutrientes para adubação de manutenção, conhecimento da exigência em nutrientes em relação a da espécie forrageira. A maioria dos solos cultivados com pastagens são ácidos, pobres em nutrientes e necessitam ser corrigidos adequadamente para que possam fornecer os nutrientes necessários para os animais, e para sucesso nessa atividade é necessário fazer manejo corretamente tanto da quantidade de U/A como também da pastagem forrageira, tendo acompanhamento um profissional da área.

3.2. A importância do uso de Geotecnologia

As geotecnologias no setor da agricultura é uma ferramenta fundamental e de extrema importância, tem auxiliado em coleta de dados por satélite, tomada de decisões e no aperfeiçoamento da produção. Com a utilização de tecnologias os sistemas de informações geográficas (SIG), consegue obter informações detalhadas para apoiar os agricultores levando maior precisão e eficiência na gestão de suas propriedades rurais (ANDRADE., 2017).

Segundo Leal., et. al (2013) as tecnologias estão cada vez mais presente no dia a dia da sociedade, fundamentando diversas possibilidades muitas vezes ainda desconhecidas. Essas tecnologias têm possibilitado ganhos, produtividade e melhoria no custo-benefício da produção. A geotecnologia trouxe a redução de custos e precisão de informações para uma gestão mais sustentável de práticas agrícola onde podem adaptar suas formas para minimizar os impactos ambientais.

O monitoramento por meios de imagens de satélite, permite a extração de dados valiosos para mapear a utilização da terra por meio da classificação visual e posteriormente se necessário visitas a campo. (ROSENDO, 2005) propõe que a utilização do sensoriamento remoto e geoprocessamento têm se tornado uma prática frequente, e contribuem de modo rápido, eficiente e confiável.

Nota- se que essas metodologias auxiliam no aspecto de detecção e combate de queimadas, além de ajudar com a restauração das áreas afetadas, promovendo um maior estudo da a área terrestre a qual estamos agregados. (DE OLIVEIRA, C. B., 2018). O emprego de equipagem de sensoriamento remoto e geoprocessamento mostra-se como uma eficiente possibilidade para suporte à análise e monitoramento ambiental. A ferramenta empregada atende às expectativas, podendo ser ampliada para outras áreas com condições ambientais parecidas.

Segundo Florenzano (2005), as geotecnologias pertencentes ao Sensoriamento Remoto e aos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) apresentam-se sucessivamente associadas. Sua utilização nos diversos, setores de compreensão têm crescido de forma significante. A introdução, dessas tecnologias na Geografia têm uma imensa aplicação. Mas, a habilidade delas para fins geográficos não é muito bastante estudado. Isto é decorrente falta formação inicial e de formação contínua de muitos profissionais, que são indispensáveis para contribuir com os avanços tecnológicos. As imagens alcançadas através de satélites por meio do sensoriamento remoto possibilitam uma visão de diversos períodos, meses e até anos, de grande escala de áreas da superfície terrestre. Na ampliação e com resolução boa é possível acompanhar o meio ambiente e sua preservação, e comparativos de paisagem mundiais e regionais integrados, envolvendo várias atividades de interesses do conhecimento. É visível nas imagens os ambientes e a sua transformação, destacam os impactos causados por fenômenos naturais como também agravados pela intervenção do homem, como os desmatamentos, as queimadas, garimpos ilegais, a expansão urbana, e o uso da ocupação da terra.

3.4. Técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento na identificação de áreas degradadas.

Modelos de SIGs podem ser usados de muitas maneiras diferentes, desde simulações do funcionamento do mundo a avaliação de cenários de planejamento e criação de indicadores. Em todos esses casos, os SIGs são usados para executar uma série de análises do espaço geográfico, seja num ponto no tempo ou num número de intervalos (VETTORAZZI, C.A., 2006).

O monitoramento ambiental, através do Geoprocessamento, envolve áreas como a cartografia, com a utilização de mapas digitais, e o sensoriamento remoto, com as imagens de satélite, aparelhos receptores de sinais de sistemas de posicionamento por satélite, popularmente conhecidos como GPS (Global Position System), além de detectar mudanças que sustentem as tomadas de decisão. As imagens disponíveis na maioria das vezes correspondem a épocas anteriores aos trabalhos podendo ter ocorrido mudanças nesse período. Áreas que em época de seca pode estar mais degradada e na época de chuva pode ter se regenerado, por isso Leal, et. al., (2013) afirma que tais fatos corroboram a importância das verificações em campo, mesmo que sejam pontuais e previamente planejadas a partir do que se vê nas imagens de satélite.

A utilização de equipamentos e técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento nas análises ambientais que monitoram os índices de degradação da vegetação natural têm se tornado uma prática de monitoramento cada dia mais frequente, e contribuem de modo significativo, rápido, eficiente e confiável (ROSENDO, 2005).

A análise de dados de sensores remotos é eficiente e pode contribuir muito para a identificação de níveis de degradação de pastagens, porém para confirmação destes, Braga (2013) recomenda fazer a transformação de níveis digitais de imagem utilizando de cenas de diferentes datas, mosaico de duas ou mais cenas, mudança na calibração de um sensor orbital, e a utilização de cenas de diferentes sensores, tudo isso permite maior confiabilidade na extração de informações sobre a vegetação. Os sintomas mais comuns de degradação são perca de vigor, queda de produtividade, presença de plantas invasoras, cupins e solo descoberto e todos esses fatores causam dificuldade de recuperação natural (EDVAN, 2018).

Dentre as técnicas observou-se o uso de imagens multiespectrais dos satélites CBERS 4 e LANDSAT8, que possui boa capacidade de identificação espacial dos alvos e ser comparado com mapeamentos disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE., 2016), também foram utilizados ArcMapos para o tratamento dessas imagens, gerando assim os índices estimados de NDVI, levantamento de pontos de controle, obtidos por aparelho GPS para que se necessário a conferência a campo. (SILVA, 2016).

3.4.1. Métodos de Identificação

De acordo comASSIS et al. (2007) a degradação das pastagens é um modo constante de perda de vigor da planta forrageira devido de seu manejo inapropriado. Não é claro, e nem muito menos de fácil visualização pelo produtor a diferenciação entre degradação da pastagem e a do solo, mesmo porque os processos podem ocorrer em conjunto e em diferentes estádios. Entretanto, as etapas iniciais de perda de vigor, que antecedem a degradação propriamente ditam, pode ser facilmente modificado, na maioria dos casos, pela adaptação do manejo animal, e ou aplicação superficial de corretivos e fertilizantes. Na medida que o processo avança as alternativas de reversão do processo vão se tornando mais acessíveis e menos complexo e menor preço.

É extremamente importante conhecer o uso de tecnologias para identificação desses alvos, como segue:

a) Análise de Imagens de Satélite: A utilização de imagens de satélite é uma abordagem eficaz na identificação de áreas degradadas em pastagens. Os satélites fornecem uma visão panorâmica da Terra, permitindo a detecção de mudanças na vegetação ao longo do tempo. Essas mudanças podem indicar a degradação das pastagens, que geralmente se manifesta como uma diminuição na cobertura vegetal e no vigor das plantas.

A utilização de imagens de satélite na identificação de áreas degradadas em pastagens oferece diversos benefícios:

  1. Monitoramento Contínuo: Satélites fornecem imagens regularmente, permitindo o monitoramento contínuo das pastagens ao longo do tempo.
  2. Cobertura Ampliada: As imagens de satélite abrangem grandes áreas geográficas, facilitando a identificação de áreas degradadas em escala regional ou nacional.
  3. Rapidez e Eficiência: A obtenção de informações por meio de satélites é rápida e eficiente, o que permite uma resposta ágil às áreas degradadas.
  4. Tomada de Decisão Informada: A identificação de áreas degradadas por meio de imagens de satélite permite que os agricultores e gestores tomem decisões informadas sobre práticas de manejo e restauração das pastagens.

Como descrito acima as imagens de satélite possibilitam o desenvolvimento de várias atividades para fins agrícola, com as imagens de satélites, é possível percorrer pelas imagens de alta resolução e explorar o planeta virtualmente de qualquer lugar do mundo. (TORLAY, & OSHIRO, 2010).

b) Índices Vegetativos: Índices como o NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) são comumente usados para avaliar a saúde das pastagens. Esses índices são calculados a partir das imagens de satélite e fornecem informações sobre a quantidade e a qualidade da vegetação presente em uma área. Áreas degradadas tendem a apresentar valores de NDVI mais baixos devido à perda de vegetação, como verifica-se no Quadro 1, Avaliação do estado da cobertura vegetal por meio do estabelecimento de índices de degradação da pastagem (IDP) distribuído em quatro categorias.

Quadro 1. Análise de situação da cobertura vegetal por meio do estabelecimento de índices de degradação da pastagem (IDP) distribuído em quatro categorias

IDPCategoria de degradação da pastagem
IDP ≤ 1Não-degradada
1 < IDP ≤ 2Levemente degradada
2 < IDP ≤ 3Moderadamente degradada
IDP > 3Fortemente degradada

Fonte: Adaptado de Gao et al. (2006).

O princípio físico do NDVI se baseia na assinatura espectral das plantas que absorvem fortemente radiação solar na região do V (vermelho), utilizando-a como fonte de energia na fotossíntese. Em contrapartida, suas células refletem fortemente na região do IVP (infravermelho próximo). As porções absorvidas no V e refletidas no IVP variam de acordo com as condições das plantas. Quanto mais verdes, nutridas, de boa aparência forem às plantas, melhor será a absorção do V e maior será a reflectância do IVP. Confirmando assim que a diferença entre as análises das bandas do V e do IVP será maior quando a vegetação for mais verde. Conforme Sá (2008), é satisfatória a contribuição do NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) na avaliação da cobertura vegetal, podendo ser utilizado no monitoramento ambiental. Em conformidade com Lima et al. (2011) a aplicação de um sistema de informações geográficas para a quantificação e preparação do NDVI derivado de imagens de satélite de sensoriamento remoto possibilita computar o desenvolvimento de desertificação, através da análise da cobertura vegetal nativa e estimar o avanço deste processo ao longo de 15 anos.

c) Sensoriamento Remoto Multiespectral: As informações provindas dos sensores remotos vêm sendo empregadas para o estabelecimento de vários parâmetros biofísicos da vegetação desde a década de 1960, os quais podem ser medidos por meio dos índices de vegetação, que indicam a abundância relativa e a atividade da vegetação verde (JENSEN., 2009). Os dados obtidos através do sensoriamento remoto podem contribuir para distinção de pastagens com diferentes níveis de degradação por meio da análise do comportamento espectral dos alvos de interesse (GAO et al., 2006). Satélites equipados com sensores multiespectrais coletam informações em várias bandas do espectro eletromagnético. Isso permite a identificação de diferentes tipos de vegetação e a detecção de áreas com vegetação degradada, que podem apresentar cores ou padrões distintos nas imagens. O sensoriamento remoto espectral serve como suporte para a avaliação prévio, competente, direta e não destrutiva dos resultados das plantas a várias causas de pressão do meio ambiente (Li et al., 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As técnicas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento mostraram-se satisfatórias para os mapeamentos e para a classificação da condição atual das pastagens. Quando não há a necessidade do contato direto a campo, estas se mostram ferramentas importantes e valiosas, oferecendo dados confiáveis e concreto para identificação de áreas degradadas e de outros estudos afins.

A utilização de imagens de satélite na identificação de áreas degradadas em pastagens desempenha um papel fundamental na gestão sustentável desses recursos. Essa abordagem fornece informações valiosas para agricultores, pecuaristas e autoridades ambientais, permitindo a implementação de medidas corretivas e a preservação das pastagens. É imperativo continuar investindo em tecnologias de sensoriamento remoto e análise de imagens de satélite para enfrentar os desafios associados à degradação das pastagens e garantir a segurança alimentar global e a sustentabilidade agrícola.

A metodologia aplicada foi satisfatória e a técnica escolhida para a pesquisa mostrou resultados promissores, e não somente é possível avaliar as áreas destinadas às pastagens, como também classificá-las quanto ao seu estágio de degradação. A técnica de realce dos alvos permitiu que as áreas destinadas às pastagens fossem mais bem identificadas, já que as imagens de solo e vegetação realçaram os alvos, permitindo a interpretação destes para a geração do mapeamento, e quantificação dos dados.

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