PRISÃO PREVENTIVA FRENTE A PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: UMA ANÁLISE JURÍDICA Á LUZ DO CASO HENRY BOREL.

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11522459


Rita Nanier Alves1
Júlio Cesar Boa Sorte2
Orientador: Prof. Júlio Cesar Boa Sorte Leão Gama


RESUMO: Este trabalho investiga a complexa relação entre a prisão preventiva e a presunção de inocência dentro do quadro jurídico brasileiro, focando no caso de Henry Borel para elucidar como esses princípios operam em situações de intenso escrutínio público. O caso selecionado, marcado pela trágica morte do menino Henry Borel e subsequentes prisões preventivas de figuras chave, serve como um microcosmo para examinar as tensões entre a necessidade de segurança pública e os direitos fundamentais dos acusados. Utilizando uma metodologia qualitativa, este estudo analisa documentos legais, coberturas jornalísticas detalhadas e literatura acadêmica para construir um panorama dos desafios enfrentados pelo sistema de justiça. Especial atenção é dada à forma como a mídia influencia a percepção pública e as decisões judiciais, potencialmente prejudicando o princípio da presunção de inocência. Além disso, são discutidos os requisitos formais e substantivos para a decretação da prisão preventiva, comparando-os com as disposições constitucionais que asseguram a presunção de inocência até prova em contrário. Este estudo também propõe uma análise crítica sobre se as decisões de prisão no caso estudado alinharam-se aos precedentes judiciais e às expectativas de um processo justo, explorando as implicações dessas práticas para futuras reformas legislativas e judiciais. O objetivo final é contribuir significativamente para o debate jurídico sobre a aplicabilidade e justiça da prisão preventiva em casos de alta repercussão, sugerindo caminhos para aprimorar a integridade do sistema penal e fortalecer a proteção dos direitos humanos em processos criminais. Este trabalho não apenas aprofunda a compreensão acadêmica das dinâmicas entre lei, mídia e opinião pública, mas também visa influenciar políticas públicas e práticas judiciais no Brasil. 

PALAVRAS-CHAVE: Prisão preventiva. Presunção de inocência. Henry Borel. Direito Penal, Justiça. 

ABSTRACT: This work investigates the complex relationship between pretrial detention and the presumption of innocence within the Brazilian legal framework, focusing on the case of Henry Borel to elucidate how these principles operate under intense public scrutiny. The selected case, marked by the tragic death of the young boy Henry Borel and subsequent pretrial detentions of key figures, serves as a microcosm to examine the tensions between the need for public security and the fundamental rights of the accused. Using a qualitative methodology, this study analyzes legal documents, detailed journalistic coverage, and academic literature to construct an overview of the challenges faced by the justice system. Special attention is given to how the media influences public perception and judicial decisions, potentially harming the principle of presumption of innocence. Furthermore, formal and substantive requirements for the decree of pretrial detention are discussed, comparing them with constitutional provisions that ensure the presumption of innocence until proven otherwise. This study also proposes a critical analysis of whether the detention decisions in the studied case align with judicial precedents and expectations of a fair process, exploring the implications of these practices for future legislative and judicial reforms. The ultimate goal is to significantly contribute to the legal debate on the applicability and fairness of pretrial detention in high-profile cases, suggesting ways to enhance the integrity of the penal system and strengthen the protection of human rights in criminal processes. This work not only deepens the academic understanding of the dynamics between law, media, and public opinion but also aims to influence public policies and judicial practices in Brazil. 

KEY WORDS: Pretrial Detention. Presumption of Innocence. Henry Borel. Criminal Law. Justice. 

1. INTRODUÇÃO 

A dinâmica entre a prisão preventiva e a presunção de inocência representa um dos pilares mais críticos e debatidos do sistema jurídico contemporâneo, especialmente em casos que capturam a atenção pública e midiática. No Brasil, esses princípios são frequentemente postos à prova em processos judiciais de alta visibilidade, onde a pressão por justiça imediata pode colidir com os direitos fundamentais dos acusados. A análise desses princípios no contexto brasileiro é essencial para entender as nuances e as tensões que definem o equilíbrio entre segurança pública e liberdades individuais. 

Este trabalho centra-se no caso de Henry Borel, um evento trágico que não só chocou a sociedade brasileira, mas também levantou questões críticas sobre a eficácia e a justiça das decisões de prisão preventiva. O caso é examinado como um estudo de caso para investigar como a presunção de inocência é mantida ou comprometida sob o escrutínio de um público intensamente emotivo e uma cobertura midiática onipresente. 

O objetivo deste estudo é explorar a aplicação da prisão preventiva no caso de Henry Borel, avaliando se as medidas adotadas estiveram em conformidade com os princípios jurídicos da presunção de inocência assegurada pela Constituição Brasileira. Pretende-se, assim, contribuir para o debate jurídico sobre a aplicação de tais medidas em casos de grande repercussão, discutindo a adequação das práticas atuais e propondo reflexões para futuras reformas no sistema de justiça penal. 

Através de uma metodologia qualitativa que inclui análise de documentos judiciais, cobertura da mídia e revisão de literatura, este trabalho busca oferecer uma perspectiva detalhada e fundamentada sobre as interações entre lei, justiça e sociedade. Ao fazê-lo, almeja-se proporcionar uma compreensão mais profunda das forças que moldam as decisões judiciais em casos midiáticos, e como estas podem ser melhor orientadas para servir tanto à justiça quanto à integridade do processo legal. 

2. MATERIAL E MÉTODOS 

Para a elaboração deste trabalho, foi adotada uma metodologia qualitativa, combinando análise documental, revisão bibliográfica e análise de conteúdo de reportagens jornalísticas. Esta abordagem foi escolhida devido à natureza complexa e multifacetada do tema, que envolve aspectos legais, sociais e midiáticos. As fontes documentais primárias incluíram os autos processuais do caso Henry Borel, especificamente os autos originários nº 0066541-75.2021.8.19.0001, disponíveis no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Estes documentos forneceram informações detalhadas sobre os procedimentos judiciais, decisões e fundamentações das prisões preventivas de Jairo Souza Santos (Dr. Jairinho) e Monique Medeiros. A consulta a esses autos foi essencial para entender as bases jurídicas das decisões tomadas e os argumentos apresentados pelas partes envolvidas (TJ-RJ, 2024). 

Foi realizada uma extensa revisão bibliográfica para embasar teoricamente as discussões sobre prisão preventiva e presunção de inocência. As principais obras consultadas incluíram “Direito Processual Penal” de Aury Lopes Jr., que aborda os fundamentos e críticas à aplicação da prisão preventiva no Brasil (Lopes Jr., 2021), “Manual de Processo Penal” de João Paulo Orsini Martinelli, que discute a jurisprudência e os requisitos legais para a decretação de prisão preventiva (Martinelli, 2022), e “Código de Processo Penal Comentado” de Guilherme de Souza Nucci, que fornece uma análise detalhada dos artigos relevantes do CPP (Nucci, 2023). 

A cobertura midiática do caso Henry Borel foi analisada para avaliar o impacto da mídia na percepção pública e nas decisões judiciais. Reportagens de fontes como G1 e Agência Brasil foram examinadas para identificar como a mídia reportou os eventos e influenciou a opinião pública. Esta análise ajudou a entender o papel da cobertura jornalística na formação de narrativas e possíveis pressões sobre o judiciário (G1, 2021; Agência Brasil, 2021). 

A análise dos dados seguiu um procedimento sistemático, com a triangulação das informações obtidas das fontes documentais, revisão bibliográfica e análise de conteúdo midiático. 

Este método permitiu a validação cruzada dos dados e a construção de uma  narrativa coerente sobre os desafios enfrentados pelo sistema de justiça penal no caso específico. A análise documental incluiu a leitura e interpretação dos autos processuais, com foco nas fundamentações das decisões de prisão preventiva. O estudo buscou identificar os critérios utilizados pelos magistrados e as justificativas apresentadas. A revisão bibliográfica consistiu na leitura crítica das obras selecionadas, com a extração de conceitos e argumentos relevantes para a discussão teórica. A revisão permitiu contextualizar as decisões judiciais dentro de um arcabouço jurídico mais amplo. A análise de conteúdo jornalístico envolveu a identificação de temas recorrentes nas reportagens e a análise de como a cobertura midiática pode ter influenciado as percepções sobre o caso e as decisões judiciais. 

Portanto, a combinação dessas metodologias permitiu uma compreensão aprofundada e crítica das interações entre direito, mídia e sociedade no contexto do caso Henry Borel, proporcionando uma base sólida para discutir a aplicação da prisão preventiva e os princípios da presunção de inocência. 

3. DESCRIÇÃO DO CASO E DESENVOLVIMENTO DOS FATOS 

O caso de Henry Borel Medeiros, um menino de quatro anos, ganhou notoriedade nacional após sua morte em março de 2021, no Rio de Janeiro. Henry foi levado ao hospital pelo padrasto, o médico e então vereador Dr. Jairinho (Jairo Souza Santos Júnior), e pela mãe, Monique Medeiros, na madrugada de 8 de março, já sem vida. As circunstâncias suspeitas da morte despertaram grande atenção da mídia e da sociedade (G1, 2021). 

A investigação policial revelou que Henry sofreu diversas lesões enquanto estava sob os cuidados de Jairinho e Monique, o que contrariava a versão inicial de um acidente doméstico relatado pelo casal. Exames de necropsia indicaram múltiplas lesões internas graves, incluindo hemorragia interna e laceração hepática, que foram consideradas incompatíveis com um acidente (G1, 2021). Com o avanço das investigações, surgiram evidências de que Henry poderia ter sido vítima de agressões recorrentes. A babá do menino, através de mensagens de texto trocadas com Monique Medeiros no dia da morte, relatou comportamentos agressivos de Jairinho para com Henry, aumentando as suspeitas sobre o padrasto e a mãe (G1, 2021). 

O desenvolvimento dos fatos intensificou ainda mais a comoção pública. No dia 8 de março, Henry foi encontrado morto no apartamento onde vivia com sua mãe e o padrasto, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O laudo inicial do Instituto Médico Legal (IML) apontou lesões graves, sugerindo que ele havia sido vítima de agressão física. Dois dias depois, em 10 de março, Henry foi enterrado no cemitério do Murundu, também no Rio de Janeiro, sob grande comoção pública (Agência Brasil, 2021). 

Ao final de março, as investigações se intensificaram. A polícia realizou a oitiva de 12 testemunhas, incluindo médicos que atenderam Henry no hospital. Esses depoimentos reforçaram a suspeita de que sua morte foi resultado de violência doméstica. O laudo do IML detalhou fraturas e hematomas compatíveis com agressões repetidas, fundamentando a hipótese de homicídio (Agência Brasil, 2021). 

Em abril de 2021, com base nas evidências coletadas e nos depoimentos das testemunhas, Dr. Jairinho e Monique Medeiros foram presos preventivamente. A prisão foi decretada para evitar a interferência nas investigações, proteger as testemunhas e assegurar a coleta de provas. Essa detenção foi considerada necessária para a integridade do processo investigativo (Agência Brasil, 2021). 

No final de agosto, o caso teve um novo desdobramento. No dia 26 de agosto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a Monique Medeiros, argumentando que a fase de instrução processual havia sido concluída, o que eliminava a justificativa para manter Monique sob prisão preventiva. A corte considerou que Monique, acusada de omissão, não representava um risco significativo à ordem pública ou à instrução processual. Poucos dias depois, em 30 de agosto, Dr. Jairinho solicitou a extensão do benefício de habeas corpus concedido a Monique, mas seu pedido foi negado pelo STJ. A decisão se baseou nas diferentes naturezas das acusações: enquanto Monique era acusada de omissão, Dr. Jairinho era acusado de ação direta e violenta contra Henry. A gravidade das acusações contra ele justificava a manutenção de sua prisão preventiva (G1, 2021). 

Em setembro de 2021, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) interpôs um agravo regimental, contestando a decisão que libertou Monique Medeiros. O MPRJ argumentou que ainda havia aspectos da instrução criminal que necessitavam da manutenção da custódia cautelar de Monique, especialmente devido à natureza grave e complexa do crime e ao potencial impacto sobre a comunidade e as testemunhas envolvidas (G1, 2021). 

4. A PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA 

A presunção de inocência é fundamental para o sistema de justiça penal, funcionando como um alicerce que garante que ninguém seja considerado culpado até que sua culpa seja comprovada em julgamento definitivo. Esta salvaguarda é essencial para proteger indivíduos contra julgamentos precipitados e condenações injustas. 

Aury Lopes Jr. discorre sobre a importância dessa salvaguarda no contexto do direito processual penal. Ele argumenta que ela protege o acusado contra o uso arbitrário do poder estatal e destaca a necessidade de uma prova cabal antes de qualquer condenação, evitando assim abusos e erros judiciais (Lopes Jr., 2021). 

Juarez Cirino ressalta que a acusação deve carregar o peso da prova, uma abordagem que busca proteger os cidadãos de erros e falhas do sistema judicial. Isso assegura que o processo seja justo e que o acusado tenha todas as oportunidades de defesa antes de uma condenação ser efetivada (Cirino, 2020). 

João Paulo Orsini Martinelli traz uma perspectiva sobre a aplicabilidade dessa garantia ao longo de todas as fases do processo judicial. Ele critica a condenação antecipada pela mídia e opinião pública, que muitas vezes ocorre antes do acusado ter a chance de um julgamento justo (Martinelli, 2022). 

Adriano Japiassú explora a complexa interação entre a mídia e o sistema de justiça, destacando como a cobertura sensacionalista pode prejudicar a garantia de tratamento justo para o acusado. Ele advoga por uma maior regulamentação da cobertura de casos criminais para proteger a integridade do processo judicial (Japiassú, 2021). 

Esses entendimentos destacam como a salvaguarda da não culpabilidade até prova em contrário é crucial para manter a integridade e a confiança no sistema judicial, assegurando que todos recebam um tratamento justo e que as liberdades individuais sejam protegidas. 

Desse modo, a presunção de inocência é um direito inalienável que sustenta a justiça e a equidade do sistema penal brasileiro. Sua aplicação cuidadosa e constante é essencial para proteger os indivíduos contra injustiças e para manter a confiança pública no sistema judiciário. 

5. A PRISÃO PREVENTIVA 

A prisão preventiva é uma medida cautelar fundamental no direito processual penal, sendo aplicada para assegurar a eficácia da investigação e do processo judicial, mas sua utilização deve obedecer a critérios estritos, conforme a legislação e a jurisprudência vigentes. 

Aury Lopes Jr. destaca que a prisão preventiva não deve ser utilizada como uma forma de punição antecipada. Em sua obra, ele argumenta que esta medida deve ser excepcional, aplicada apenas quando medidas cautelares alternativas se mostrarem insuficientes para garantir os objetivos do processo, como a garantia da ordem pública, econômica, a conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal (Lopes Jr., Aury., 2021). 

Juarez Cirino enfatiza a importância de fundamentar rigorosamente qualquer decisão que determine a prisão preventiva. Segundo ele, a decisão deve estar sempre baseada em fatos concretos que justifiquem essa medida extrema, observando-se sempre os princípios do devido processo legal, da razoabilidade e da proporcionalidade (Cirino, Juarez. 2020). 

João Paulo Orsini Martinelli analisa como a jurisprudência brasileira tem tratado a prisão preventiva, destacando decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que reforçam a necessidade de se demonstrar de forma inequívoca a inadequação de outras medidas cautelares antes de se recorrer à prisão preventiva. Ele cita casos específicos onde a corte suprema enfatizou que a prisão antes do julgamento final deve ser uma exceção, não uma regra (Martinelli, 2022).

Guilherme de Souza Nucci explora os aspectos práticos da prisão preventiva, analisando como ela é aplicada nos tribunais. Nucci destaca que o magistrado deve sempre justificar detalhadamente a decisão, relacionando-a diretamente com as circunstâncias específicas do caso, conforme previsto no Artigo 312 do Código de Processo Penal Brasileiro. Ele também discute os desafios de evitar que essa medida se torne uma forma de antecipação da pena (Nucci, 2023). 

A prisão preventiva, portanto, é uma medida cautelar que requer rigor e responsabilidade na sua aplicação. Sua implementação deve ser pautada por critérios bem definidos e justificados, assegurando que a liberdade do indivíduo seja restringida apenas quando absolutamente necessário e que outras medidas menos gravosas sejam insuficientes para garantir o curso regular do processo penal. 

6. POSICIONAMENTO JURÍDICO DOGMÁTICO 

A prisão preventiva de Dr. Jairinho e Monique Medeiros foi fundamentada nas disposições do Artigo 312 do Código de Processo Penal, que permite essa medida para garantir a ordem pública, a instrução criminal, e aplicar a lei penal. No caso específico, alegou-se risco de continuidade delitiva e influência na instrução do processo, dados os cargos públicos e a influência de Dr. Jairinho. A justificativa para a prisão preventiva incluiu também o potencial de os acusados interferirem em provas ou coagirem testemunhas. A natureza violenta do crime e o subsequente choque e repulsa da comunidade também foram considerados para fundamentar a necessidade de garantir a ordem pública (Código de Processo Penal, Art. 312). 

A doutrina jurídica, como explicado por Guilherme de Souza Nucci, interpreta essas condições como uma necessidade de demonstrar não apenas a existência do crime e indícios suficientes de autoria, mas também o perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado (Nucci, 2023). 

Do ponto de vista dogmático, críticos como Aury Lopes Jr. argumentam que a prisão preventiva muitas vezes é aplicada de forma excessiva e sem a devida fundamentação detalhada, o que contraria princípios básicos de direito, como a liberdade e a presunção de inocência. Lopes Jr. salienta que a decisão por aplicar a prisão preventiva deve ser excepcional, baseada em critérios estritos que justifiquem sua necessidade imperiosa (Lopes Jr., 2021).

A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) tem enfatizado que a prisão preventiva não pode ser utilizada como antecipação da pena. Decisões recentes reforçam que deve haver elementos concretos que justifiquem a necessidade da restrição da liberdade para garantir a ordem pública ou a instrução criminal, não sendo suficiente a mera menção às hipóteses do artigo 312 do CPP sem uma situação fática que efetivamente as demonstre (STF, HC 143641/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 2018). 

Na prática, a aplicação da prisão preventiva deve ser acompanhada de uma revisão periódica rigorosa, para verificar se os motivos que levaram à sua decretação permanecem válidos. Além disso, propostas de reforma legislativa têm sugerido a ampliação do uso de medidas cautelares alternativas, como o monitoramento eletrônico, que podem ser menos invasivas e igualmente eficazes para atender aos objetivos da lei (Martinelli, João Paulo Orsini. Manual de Processo Penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2022). 

Do ponto de vista dogmático, o uso da prisão preventiva no Brasil está em um ponto crítico, exigindo um equilíbrio entre a eficácia do processo penal e o respeito pelos direitos humanos fundamentais. O debate sobre essa medida reflete uma tensão constante entre a necessidade de proteger a sociedade e a obrigação de respeitar a liberdade individual, sublinhando a necessidade de uma aplicação judiciosa e proporcional da lei. 

O desafio atual reside em harmonizar a efetividade do sistema de justiça penal com a proteção dos direitos fundamentais, assegurando que a prisão preventiva seja utilizada de forma justa e proporcional (JAPIASSÚ, 2021, p. 89). 

Além disso, é crucial considerar a importância da fundamentação detalhada das decisões judiciais que decretam a prisão preventiva. Aury Lopes Jr. ressalta que uma fundamentação robusta e específica é essencial para legitimar a medida e evitar abusos. “Decisões judiciais que carecem de fundamentação detalhada podem comprometer  a  legitimidade  da  prisão  preventiva  e  abrir  espaço  para questionamentos legais e éticos” (LOPES JR., 2021, p. 255). Portanto, os magistrados devem sempre basear suas decisões em evidências concretas e em uma análise minuciosa dos fatos apresentados. 

Por outro lado, Guilherme de Souza Nucci argumenta que, apesar das críticas, a prisão preventiva é um instrumento necessário para a manutenção da ordem pública e a integridade do processo penal. 

Embora a prisão preventiva deva ser aplicada com cautela, ela é uma ferramenta indispensável para evitar a obstrução da justiça e a continuação de práticas criminosas (NUCCI, 2023, p. 190). 

Portanto, a prisão preventiva deve ser vista como uma medida de exceção, aplicada com rigor e parcimônia, e sempre acompanhada de uma análise criteriosa das circunstâncias de cada caso. A evolução da jurisprudência e as propostas de reforma legislativa indicam um movimento contínuo em direção ao aperfeiçoamento do uso dessa medida cautelar, buscando um equilíbrio justo entre a necessidade de proteção social e a preservação dos direitos fundamentais dos indivíduos envolvidos no processo penal. 

7. ANÁLISE ACERCA DA DECISÃO JUDICIAL SOBRE A PRISÃO PREVENTIVA DE JAIRO SOUZA SANTOS E MONIQUE MEDEIROS 

A análise meticulosa da decisão judicial que determinou a prisão preventiva de Dr. Jairinho e Monique Medeiros, no contexto do caso Henry Borel, demanda uma avaliação criteriosa dos autos originários 0066541-75.2021.8.19.0001 e dos documentos processuais relacionados. Esta investigação se propõe a dissecar as fundamentações jurídicas que sustentaram a decisão, bem como as consequências práticas advindas dessa medida. 

A prisão preventiva é regulamentada pelos artigos 312 e 313 do CPP. De acordo com o artigo 312, a prisão preventiva pode ser decretada para garantir a ordem pública, a ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. 

Diante do caso, o magistrado responsável considerou presentes todos esses requisitos. A doutrina, como a de Fernando da Costa Tourinho Filho, reforça que a prisão preventiva deve ser aplicada quando houver risco concreto de que o réu, em liberdade, possa prejudicar a colheita de provas ou representar uma ameaça à ordem pública.

A prisão preventiva foi considerada essencial para prevenir a desordem pública, dada a natureza chocante do crime e seu impacto na comunidade. A gravidade do crime, juntamente com o perfil dos acusados e a intensa cobertura midiática, foram fatores que justificaram essa medida, pois havia preocupações significativas de que, se deixados em liberdade, os acusados poderiam manipular provas ou coagir testemunhas. Isso justificou a prisão preventiva como um meio de proteger a integridade do processo judicial. A prisão também foi vista como necessária para garantir que os acusados estivessem disponíveis para o julgamento, dada a possibilidade de fuga, considerando a severidade das penas possíveis. 

A manutenção da prisão preventiva dos acusados foi fundamentada na necessidade de assegurar a aplicação da lei penal. A possibilidade de fuga e a influência sobre testemunhas e provas justificaram a medida extrema da prisão preventiva, conforme ressaltado pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF). No Habeas Corpus nº 143.641, o STF destacou que: 

A prisão preventiva deve ser justificada por fatos concretos e não apenas por presunções abstratas, sendo imprescindível a demonstração de risco efetivo à ordem pública, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal (BRASIL, STF, 2024). 

O fato envolveu múltiplos recursos e decisões judiciais que refletiram a complexidade e os desafios de administrar justiça em casos de alto perfil. Essas decisões foram fundamentadas em detalhadas análises das evidências disponíveis e dos princípios legais aplicáveis, destacando a meticulosidade com que o sistema judiciário brasileiro tratou o caso. 

A decisão de manter a prisão preventiva foi criticada em alguns setores, questionando-se a proporcionalidade e a necessidade prolongada dessa medida. Tais críticas geralmente focam na interpretação dos direitos dos acusados e na estrita necessidade legal de restringir a liberdade antes da conclusão do julgamento. 

Desse modo, a determinação de manter os acusados sob custódia preventiva reflete uma aplicação rigorosa do Código de Processo Penal, especialmente os artigos relacionados à prisão preventiva. A decisão foi baseada em um juízo de que os riscos de não aplicar a prisão preventiva superavam os potenciais prejuízos aos direitos dos acusados, uma decisão sustentada pela seriedade das acusações e pelo contexto do crime. 

Em casos de grande repercussão, a mídia desempenha um papel crucial, não apenas na disseminação das informações, mas também na formação da opinião pública. O caso Henry Borel, amplamente divulgado pela mídia, gerou um clamor popular por justiça que não podia ser ignorado pelos operadores do direito. 

Os veículos de comunicação, ao destacarem os detalhes do caso e a gravidade das acusações, intensificaram a percepção de que a prisão preventiva era necessária para garantir a segurança da sociedade e a integridade do processo. Essa pressão midiática pode, em algumas situações, influenciar indiretamente as decisões judiciais, na medida em que juízes e promotores são conscientes do impacto de suas decisões na opinião pública. 

No entanto, é fundamental que as decisões sejam baseadas em fundamentos jurídicos sólidos e não apenas na resposta à pressão popular. A influência da mídia, embora significativa, deve ser balanceada com a imparcialidade e a objetividade que são pilares do sistema judicial (GOMES, 2020). 

A exposição constante do caso na mídia também aumentou a necessidade de medidas de segurança adicionais para proteger as testemunhas e evitar a manipulação de provas. A decisão judicial levou em consideração a possibilidade de que, em liberdade, os acusados poderiam tentar influenciar testemunhas ou destruir evidências, uma preocupação que se mostrou justificada pela intensa cobertura e o consequente impacto na percepção pública do caso (SOUZA, 2019). 

Outro ponto relevante na análise da decisão judicial sobre a prisão preventiva de Dr. Jairinho e Monique Medeiros são os aspectos psicológicos e sociais envolvidos. A natureza do crime, envolvendo uma criança e supostos atos de violência doméstica, desencadeou reações emocionais intensas na sociedade. A comoção pública gerada por crimes contra crianças é frequentemente mais acentuada, levando a uma demanda maior por medidas rigorosas por parte do sistema de justiça (SILVA, 2018). 

Os impactos psicológicos em testemunhas e familiares, bem como a necessidade de proteger a saúde mental das partes envolvidas, foram aspectos considerados pelo magistrado ao decretar e manter a prisão preventiva. A literatura jurídica, como a de Nélson Hungria, destaca que em crimes que geram grande repulsa social, a prisão preventiva pode ser uma medida necessária não apenas para a preservação da ordem pública, mas também para evitar o risco de linchamentos públicos ou atos de vingança (HUNGRIA, 1958). 

Além disso, a análise psicológica dos acusados e das suas condutas prévias foi um fator importante na decisão. O histórico de comportamento de Dr. Jairinho, que incluía outras denúncias de violência, foi um indicativo significativo do risco que ele poderia representar se estivesse em liberdade. A psicologia forense contribui para entender como certos comportamentos podem se repetir e o perigo que um indivíduo pode representar para a sociedade e para o andamento do processo judicial (DIAS, 2021). 

Em suma, a decisão judicial de manter a prisão preventiva de Dr. Jairinho e Monique Medeiros não foi tomada de forma leviana. Ela considerou uma gama ampla de fatores, incluindo a influência da mídia, a pressão da opinião pública, os impactos psicológicos e sociais, e a necessidade de assegurar um julgamento justo e imparcial. O estudo desses aspectos demonstra a complexidade envolvida na tomada de decisões judiciais em casos de grande repercussão e a necessidade de um sistema de justiça que equilibre os direitos dos acusados com a proteção da sociedade e a integridade do processo legal. 

A manutenção da prisão preventiva do casal, ilustra o equilíbrio que os tribunais devem manter entre proteger a sociedade e garantir os direitos processuais dos acusados. A decisão foi baseada em uma consideração cuidadosa das circunstâncias específicas do caso e das disposições legais relevantes, destacando a importância de uma judiciatura prudente e meticulosa. 

Estas verificações basearam-se nos dados extraídos diretamente dos documentos judiciais pertinentes ao caso, conforme disponibilizados no sistema do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, refletindo uma compreensão completa e detalhada da aplicação da lei neste caso particularmente sensível e de alto perfil. 

No desdobramento jurídico do caso Henry Borel, uma determinação significativa foi tomada pelo Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha. O pedido de extensão dos efeitos da decisão que revogou a prisão preventiva de Monique Medeiros para Dr. Jairinho foi negado, evidenciando a distinção clara entre as situações processuais de ambos os acusados. Enquanto Monique enfrentava acusações por omissão, Dr. Jairinho era acusado de participação ativa nos atos violentos que levaram à morte de Henry. 

O Ministro Noronha, ao analisar o pedido de habeas corpus para Monique, reconheceu que a fase de instrução processual havia se encerrado e que não existiam mais justificativas para manter sua prisão preventiva. 

Contudo, no caso de Dr. Jairinho, o ministro refutou a aplicação dessa lógica devido às diferenças nas acusações e no papel que cada um teve no evento trágico. A decisão destacou que, diferentemente de Monique, havia evidências contundentes no processo que apontavam para a participação direta de Jairinho nas agressões físicas contra Henry. 

No caso de Monique, a substituição da prisão preventiva por monitoramento eletrônico foi justificada pela sua suposta não participação direta na violência, e pela percepção de que ela não teria presenciado as agressões. Em contraste, a justiça manteve a prisão de Dr. Jairinho, reforçando a necessidade de sua custódia para assegurar o andamento do processo e a aplicação da lei, dado o risco de interferência no processo e na ordem pública. 

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou um agravo regimental contra a decisão de revogação da prisão de Monique Medeiros. O MPRJ argumentou que ainda existem questões pendentes na instrução criminal que exigiriam a manutenção da custódia cautelar de Monique, ressaltando que condutas antissociais não podem ser toleradas e que a prisão preventiva seria necessária para preservar a ordem pública. 

A complexidade dessas decisões sublinha a importância da avaliação individualizada das circunstâncias de cada acusado em casos de natureza grave. A discrepância nas decisões para Monique e Dr. Jairinho reflete o rigor com que o sistema judicial aborda casos que envolvem acusações de violência contra crianças, priorizando a segurança e a justiça sobre outras considerações. 

Em síntese, a decisão de manter a prisão preventiva parece correta e justificada pelas razões expostas acima. O impacto social do crime, juntamente com a necessidade de uma investigação não obstruída e a severidade das acusações, suportam a decisão de manter os acusados sob custódia. É essencial que o sistema de justiça possa operar livremente sem a interferência dos acusados, o que poderia comprometer a integridade do processo legal. 

No entanto, é importante também considerar que a prisão preventiva deve sempre ser vista como uma medida excepcional. Deve ser aplicada com cautela e apenas quando estritamente necessária, sempre respeitando os princípios da presunção de inocência até que se prove o contrário. Neste caso, dadas as circunstâncias excepcionais e a necessidade de proteger a ordem pública e garantir a continuidade do processo legal, a manutenção da prisão de ambos os acusados se alinha com os princípios de uma justiça cautelosa e ponderada. 

Portanto, a decisão, embora drástica, alinha-se com os princípios de justiça e necessidade, refletindo uma resposta apropriada do sistema judicial diante de um crime de alta gravidade e repercussão pública. 

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Neste Trabalho, exploramos profundamente as questões jurídicas, éticas e sociais envolvendo a prisão preventiva de Dr. Jairinho e Monique Medeiros, no contexto da morte do menino Henry Borel. Através de uma análise meticulosa dos autos do processo e das decisões judiciais pertinentes, este estudo oferece uma visão abrangente sobre como o direito penal e processual penal são aplicados em casos de grande repercussão no Brasil. 

Inicialmente, discutimos os fundamentos legais que orientaram a prisão preventiva, destacando como a garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal e a aplicação da lei penal foram usadas para justificar essa medida cautelar. O papel ativo de Dr. Jairinho nas agressões que resultaram na morte de Henry, contrastando com a posição de Monique, que foi acusada por omissão, ilustra a complexidade das decisões judiciais que devem considerar o contexto específico de cada acusado. 

A influência da mídia e da opinião pública também foi um ponto crítico discutido. Analisamos como a cobertura intensa e por vezes sensacionalista pode afetar o processo judicial, desde a investigação até o julgamento. Este aspecto do estudo sublinha a necessidade de um equilíbrio entre a liberdade de imprensa e o direito à um julgamento justo, ressaltando a importância de uma abordagem mediática mais ética e menos invasiva. 

Por fim, as lições aprendidas com este caso foram sintetizadas nas recomendações finais, que enfatizam a importância de aplicar a prisão preventiva de maneira justa e proporcional, sempre fundamentada em critérios legais sólidos e com revisões periódicas para confirmar sua continuidade. Além disso, destacamos a necessidade de o sistema judicial estar preparado para lidar com o impacto de casos de alta visibilidade, garantindo que os princípios de justiça sejam mantidos sem serem influenciados por pressões externas. 

Este trabalho, portanto, não apenas ampliou nossa compreensão sobre o intricado balanceamento entre direitos individuais e necessidades sociais em jurisdições penais, mas também contribuiu significativamente para o debate acadêmico e público sobre a melhoria contínua das práticas jurídicas e legislativas no Brasil. 

9. REFERÊNCIAS 

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1 Graduanda do curso de Direito, Centro Universitário FG-UNIFG
2 Mestre em Direito, Centro Universitário FG-UNIFG