REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11194555
Anne Caroline Matos dos Santos1; Brenda Queiroz Gama2; Geovana Martins Borges3; Daniela Maria de Oliveira4; Maria Laura Figueiredo Severiano Alves5; Laura Medeiros Costa6; Hayssa Fadul7; Cláudia Caroline Lima dos Reis Vieira8; Pedro Henrique de Oliveira Cordeiro9; Elias José Guedes Lima10; Taynara Fraga da Silva11; Fabiana Sousa de Macedo12; Orientador: Victor da Costa Sacksida Valladão13
Resumo
A cirurgia evoluiu significativamente ao longo dos séculos, passando de procedimentos rudimentares e muitas vezes perigosos para técnicas avançadas e minimamente invasivas que melhoram significativamente os resultados dos pacientes. Esta evolução foi impulsionada por avanços em várias áreas, incluindo anestesia, assepsia, tecnologia cirúrgica e conhecimento patológico. Apesar dos avanços, a cirurgia ainda envolve riscos e potenciais complicações, que podem ser categorizadas em intraoperatórias e pós-operatórias. As complicações intraoperatórias podem incluir: sangramento, lesão iatrogênica e reações anestésicas. Já as pós-operatórias incluem: infecção, deiscência de sutura, tromboembolismo, hematomas e seromas. Logo, esta revisão narrativa de literatura reuniu artigos das principais bases de dados objetivando apontar quais são as principais formas de tratamento e prevenção de hematomas e seromas. Hematomas e seromas podem ser tratados através de drenagem e tratamento farmacológico, sendo necessário observação e cuidado com infecções. A prevenção requer a utilização de drenos cirúrgicos, compressão, mobilização precoce e controle de medicamentos.
Palavras-chave: Cirurgia Geral; Hematoma; Seroma.
1. INTRODUÇÃO
A cirurgia como disciplina médica evoluiu significativamente ao longo dos séculos, passando de procedimentos rudimentares e muitas vezes perigosos para técnicas avançadas e minimamente invasivas que melhoram significativamente os resultados dos pacientes. Esta evolução foi impulsionada por avanços em várias áreas, incluindo anestesia, assepsia, tecnologia cirúrgica e conhecimento patológico.
Apesar dos avanços, a cirurgia ainda envolve riscos significativos e potenciais complicações, que podem ser categorizadas em intraoperatórias e pós-operatórias.
As complicações intraoperatórias podem incluir: sangramento, lesão iatrogênica e reações anestésicas. Já as pós-operatórias incluem: infecção, deiscência de sutura, tromboembolismo, hematomas e seromas.
Em 2006, um estudo feito por Bullocks et al. afirma o seguinte:
A formação de hematomas e seromas em feridas cirúrgicas têm efeitos negativos na cicatrização de feridas e subsequente morbidade para os pacientes. Isto é particularmente pertinente em procedimentos cosméticos nos quais o paciente optou por se submeter à cirurgia eletivamente. Nas últimas décadas tem havido um interesse considerável no uso de técnicas auxiliares para auxiliar no fechamento de feridas e na obtenção de hemostasia para prevenir a formação de hematomas e seromas. Essas técnicas incluem aplicação de selantes teciduais ou géis de plaquetas, aplicação de suturas acolchoadas e uso de escleroterapia para obliterar cavidades seromatosas crônicas. A experiência com estas técnicas em diversas especialidades cirúrgicas é positiva e adicionalmente apoiada em modelos animais. No entanto, a experiência na literatura de cirurgia plástica é mista. Isto sugere benefício mínimo dos procedimentos auxiliares sobre os princípios básicos da hemostasia cirúrgica e o uso de drenos de sucção fechados no pós-operatório.
Portanto, tendo em vista a grande importância de abordar os aspectos deste tema, o estudo presente possui o objetivo principal de apontar quais são as principais formas de tratamento e prevenção de hematomas e seromas.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão narrativa de literatura que utilizou artigos publicados de forma integral e gratuita nas bases de dados U.S. National Library of Medicine (PUBMED) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Deu-se preferência para a bibliografia publicada nas línguas inglesa, portuguesa, espanhola e francesa, considerando o domínio de pelo menos um autor do estudo em cada idioma, garantindo uma tradução mais fidedigna do conteúdo revisado. Os unitermos utilizados para a busca foram “Hematoma” e “Seroma”, presentes nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), utilizando o operador booleano “AND”.
Objetivando uma abordagem mais atual acerca do objetivo almejado, um recorte temporal foi incorporado à filtragem, que incluiu pesquisas publicadas nos últimos dez anos. No entanto, livros referência da medicina também foram consultados no intuito de melhor conceituar os termos aqui utilizados, trazendo maior assertividade e confiabilidade à pesquisa.
Durante os meses de março e abril de 2024, os autores deste estudo se dedicaram a uma busca minuciosa pelos estudos elegíveis dentre aqueles encontrados. A seleção incluiu a leitura dos títulos dos trabalhos, excluindo aqueles cujo tema não era convergente com o aqui abordado. Posteriormente, realizou-se a leitura integral dos estudos e apenas 40 dos 748 artigos encontrados foram utilizados aqui de alguma forma, conforme exemplificado pelas figuras a seguir (Figura 1 e 2):
Figura 1 – Artigos encontrados na PUBMED: metodologia utilizada
Fonte: De autoria própria, 2024.
Figura 2 – Artigos encontrados na SciELO: metodologia utilizada
Fonte: De autoria própria, 2024.
Além disso, vale também ressaltar que o presente estudo dispensou a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), tendo em vista que não aborda e nem realiza pesquisas clínicas em seres humanos e animais. Por conseguinte, asseguram-se categoricamente os preceitos dos aspectos de direitos autorais dos autores vigentes previstos na lei brasileira (BRASIL, 2013).
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
Inicialmente, pode-se dizer que os hematomas resultam geralmente de sangramento de pequenos vasos que não foram adequadamente selados durante a cirurgia, ou por coagulopatias pré-existentes que podem alterar a capacidade normal de coagulação do sangue. O uso de medicamentos anticoagulantes também aumenta o risco de hematomas (CHEN et al., 2023; GAWRIA et al., 2023; LEE et al., 2021).
Já sobre os seromas, afirma-se que eles podem se formar quando grandes espaços são criados pela remoção de tecido ou quando há dissecção extensa, permitindo o acúmulo de líquido seroso. A não aderência dos tecidos subcutâneos também pode contribuir para a formação de seromas (BISSACCO et al., 2017; KAZZAM e NG, 2022; MERCHANT et al., 2022; SETH et al., 2023; ZEELST et al., 2023).
Muitos hematomas e seromas pequenos são reabsorvidos naturalmente pelo corpo e apenas requerem monitoramento. No entanto, quando são mais extensos ou quando causam sintomas como dor e tensão, podem necessitar de drenagem manual ou aspirativa para remover o acúmulo de líquido (NORMAN et al., 2022; SCALISE et al., 2016).
O tratamento farmacológico também pode ser utilizado visando resolver o problema. Em casos selecionados, pode-se considerar o uso de agentes anti-inflamatórios para ajudar a reduzir a inflamação e acelerar a resolução de hematomas e seromas. A área deve ser monitorada para sinais de infecção (vermelhidão, calor, dor ou febre). Antibióticos podem ser necessários se uma infecção for identificada (OLTMANN et al., 2016).
Em se tratando de prevenção, a utilização de técnicas precisas para minimizar o trauma tecidual e assegurar a hemostasia eficaz durante a cirurgia são fundamentais. O uso de suturas adequadas e cautério para vasos sanguíneos pode reduzir significativamente a ocorrência de hematomas. Em cirurgias de alto risco de acúmulo de fluidos, o uso de drenos pode ajudar a evacuar o sangue ou seroma, prevenindo sua acumulação (PORTINARI e CARCOFORO, 2017).
A avaliação rigorosa da necessidade de anticoagulantes antes e depois da cirurgia, ajustando as doses conforme necessário para balancear o risco de trombose e sangramento também pode ser benéfica.
Ademais, deve-se incentivar a mobilização adequada e controlada do paciente para promover a circulação sanguínea e reduzir o risco de seromas. O paciente também pode se beneficiar da aplicação de bandagens compressivas ou roupas de compressão, especialmente em cirurgias como lipoaspiração ou procedimentos de contorno corporal, ajudando a manter os tecidos unidos e minimizando o espaço para a acumulação de fluidos (SINHA, 2019; TOWNSEND, 2014).
A comunicação eficaz com a equipe cirúrgica sobre os riscos e as estratégias de prevenção de hematomas e seromas é essencial para qualquer paciente submetido a procedimentos cirúrgicos. Adicionalmente, seguir rigorosamente as instruções pós-operatórias e retornar para avaliações de acompanhamento com o cirurgião são cruciais para uma recuperação segura e eficaz, reduzindo a possibilidade de agravos que prejudiquem a saúde do paciente.
4. CONCLUSÃO
Hematomas e seromas podem ser tratados através de drenagem e tratamento farmacológico, sendo necessário observação e cuidado com infecções. A prevenção requer a utilização de drenos cirúrgicos, compressão, mobilização precoce e controle de medicamentos.
Ademais, os autores deste estudo entendem que há diversas lacunas existentes no trabalho no que diz respeito à grande abrangência do tema e suas peculiaridades. Logo, fomenta-se novas pesquisas que visem preencher essas lacunas e disseminar conhecimento científico.
REFERÊNCIAS
BISSACCO, D. et al. Perigraft Seroma after Extra-anatomic Bypass: Case Series and Review of the Literature. Ann Vasc Surg, 44:451-458, 2017.
BRASIL. Lei Nº 12.853. Brasília: 14 de agosto de 2013. Acesso em 01 de novembro de 2023.
BULLOCKS, J. et al. Prevention of Hematomas and Seromas. Thieme Medical Publishers, v. 20, n. 4, p. 233-240, 2006.
CHEN et al. Blood scab caused airway obstruction – Postoperative care also needs to be considered as a complication. Asian J Surg, S1015-9584(23)00590-0, 2023.
DOHERTY, G.M. CURRENT Cirurgia. Porto Alegre: Grupo A, 2017.
GAWRIA, L. et al. Appraisal of Intraoperative Adverse Events to Improve Postoperative Care. J Clin Med, v. 12, n. 7, p. 2546, 2023.
KAZZAM, M.E.; NG, P. Postoperative Seroma Management. StatPearls Publishing, 2022.
LEE, J.H. et al. Delayed unilateral hematoma after reconstructive and aesthetic breast surgery with implants in Asian patients: two case reports. Gland Surg, v. 10, n. 4, p. 1515-1522, 2021.
MERCHANT, A. et al. Comparing Seroma Formation at the Deep Inferior Epigastric Perforator, Transverse Musculocutaneous Gracilis, and Superior Gluteal Artery Perforator Flap Donor Sites after Microsurgical Breast Reconstruction. Arch Plast Surg, v. 49, n. 4, p. 494-500, 2022.
NORMAN, G. et al. Negative pressure wound therapy for surgical wounds healing by primary closure. Cochrane Database Syst Rev, v. 4, n. 4, p. CD009261, 2022.
OLTMANN, S.C. et al. Antiplatelet and Anticoagulant Medications Significantly Increase the Risk of Postoperative Hematoma: Review of over 4500 Thyroid and Parathyroid Procedures. Ann Surg Oncol., v. 23, n. 9, p. 2874-2882, 2016.
PORTINARI, M.; CARCOFORO, P. The application of drains in thyroid surgery. Gland Surg, v. 6, n. 5, p. 563-573, 2017.
SCALISE, A. et al. Improving wound healing and preventing surgical site complications of closed surgical incisions: a possible role of Incisional Negative Pressure Wound Therapy. A systematic review of the literature. Int Wound J, n. 13, v. 6, p. 1260-1281, 2016.
SETH, U.S. et al. Effect of preoperative intravenous steroids on seroma formation after modified radical mastectomy. J Pak Med Assoc, v. 73, n. 1, p. 69-73, 2023.
SINHA, S. Management of post-surgical wounds in general practice. Aust J Gen Pract, v. 48, n. 9, p. 596-599, 2019.
TOWNSEND, C.M. Sabiston: Tratado de Cirurgia. 19ª ed. Amsterdã: Elsevier, 2014.
ZEELST, L.J.V. et al. Effect of different quilting techniques on seroma formation after breast surgery: retrospective study. BJS Open, v. 7, n. 2, p. 171, 2023.
1Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Atenas. annematosmed@hotmail.com
2Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Atenas. brendaggama@gmail.com
3Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Atenas. geovana.martins.borges@gmail.com
4Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Atenas. dannielamariaoliveira22@gmail.com
5Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Atenas. maria_laurafs@outlook.com
6Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Atenas. lauramedeiroscosta1@gmail.com
7Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Atenas. hayssafadul@hotmail.com
8Médica pela Universidade do Estado do Pará. karolinny_10@hotmail.com
9Graduando em Medicina pelo Centro Universitário Atenas. phcordeiro@yahoo.com
10Médico pela Universidade de Vassouras, residente em Cirurgia Geral pelo Hospital Municipal Dr. Munir Rafful. ejguedeslima@gmail.com
11Médica, residente em Cirurgia Geral pelo Hospital Municipal Dr. Munir Rafful. taynarafraga71@gmail.com
12Médica pelo Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos Porto (ITPAC Porto). byannasousa@hotmail.com
13Médico pela Universidade Federal de Rondônia, residente em Cirurgia Geral no Hospital Universitário UFSC Seria como último autor, pois ele é orientador do trabalho. E-mail: victordcsvalladao@gmail.com