PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO

CERVICAL CANCER PREVENTION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11557342


Joyce Thaynara da Silva Moura1; João Vitor Figueredo de Holanda2; Niedja Fernanda Nobre dos Santos3; Otávio Paiva de Albuquerque4; Lucas Pereira Medeiros5; José Samuel Medeiros do Nascimento6; Gabriela Gomes Dantas7; Janaina Paulino Souza8; Raquel Nery de Lima Sabino9; Lucas Aurélio Dantas Silva10; Lucas Fernandes de Almeida11


Resumo

A abordagem centrada na mulher no atendimento de enfermagem é fundamental na prestação de cuidados de saúde, reconhecendo as necessidades únicas e experiências ao longo do ciclo de vida feminino. Essa abordagem visa não apenas tratar condições de saúde específicas, mas também promover o bem-estar global e capacitar as mulheres a fazer escolhas informadas sobre sua saúde. A Atenção Primária à Saúde (APS)  desempenha um papel crucial ao oferecer cuidados centrados na mulher, realizando avaliações abrangentes da saúde, estabelecendo uma comunicação eficaz, demonstrando sensibilidade às diferenças culturais e individuais, promovendo a autonomia e respeitando a autonomia reprodutiva. O objetivo principal é melhorar a qualidade de vida e a saúde das mulheres, contribuindo para uma sociedade mais saudável e equitativa.

Palavras-chave: Saúde; Mulher; APS. 

1. INTRODUÇÃO  

A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) enfatiza que o câncer cervical é a principal causa de mortalidade entre mulheres na América Latina. Além disso, em comparação com países desenvolvidos da América do Norte, a taxa de mortalidade é três vezes maior na América Latina, evidenciando a influência determinante da desigualdade social e da falta de acesso a serviços de saúde de qualidade nessa realidade (OPAS, 2022).

No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) revela que, excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer cervical é o terceiro mais incidente entre mulheres. Regionalmente, sua incidência é mais alta no norte e nordeste do país, enquanto é menos comum no sul e sudeste. De acordo com dados do INCA de 2021, estimava-se que a cada 100 mil mulheres brasileiras, 15,38 desenvolveriam a doença (INCA, 2021).

O Ministério da Saúde recomenda o exame ginecológico preventivo, conhecido como Papanicolau, como método de rastreamento e detecção precoce do câncer cervical, para mulheres entre 25 e 64 anos (RICO; IRIART, 2013). O diagnóstico precoce é crucial, pois o câncer cervical é uma doença de progressão lenta, com uma fase pré-invasiva que pode durar anos. Quanto mais cedo essa fase for identificada, melhor será o prognóstico, aumentando as chances de recuperação (CASTRO, 2010). 

Vários fatores de risco estão associados ao desenvolvimento do câncer cervical, incluindo a infecção por subtipos do Vírus do Papiloma Humano (HPV) e a falta de realização do exame ginecológico preventivo. O desconhecimento é uma das principais razões para a não realização do exame preventivo. Como resultado, muitas mulheres só procuram o exame quando apresentam sinais ou sintomas relacionados à infecção pelo HPV ou outros patógenos (FERREIRA, 2009), o que pode resultar em um diagnóstico tardio e um prognóstico desfavorável.

O objetivo desse trabalho é avaliar quais fatores dificultam a realização dos exames citopatológicos de colo uterino. Os objetivos específicos do estudo incluem verificar os fatores que dificultam a realização dos exames citopatológicos de colo uterino relacionados às mulheres, investigar os fatores que dificultam a realização desses exames relacionados aos serviços de saúde e pesquisar o impacto da pandemia do COVID-19 na cobertura do rastreamento de câncer de colo uterino.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 APS 

A Atenção Primária à Saúde (APS) é um modelo de cuidado médico fundamental para um sistema de saúde eficaz e centrado no paciente. Ela serve como o primeiro ponto de contato das pessoas com o sistema de saúde, oferecendo cuidados completos, acessíveis e contínuos ao longo da vida. A APS concentra-se na promoção da saúde, na prevenção de doenças, no tratamento de enfermidades comuns e no gerenciamento de condições crônicas (ACOSTA et al., 2021). 

Em resumo, a APS representa uma abordagem de assistência médica que visa fornecer serviços preventivos, terapêuticos e promotores de saúde no nível mais básico e próximo da comunidade. Isso inclui uma variedade de serviços, como consultas médicas regulares, vacinações, cuidados pré-natais, tratamento de condições agudas e crônicas, orientações para um estilo de vida saudável e encaminhamentos para serviços especializados, quando necessário (ABREU et al., 2019). 

A APS valoriza a relação entre paciente e médico de família ou clínico geral, desempenhando um papel central na coordenação do cuidado, diagnóstico, tratamento e, quando apropriado, na referência a outros profissionais de saúde. Além disso, ela considera os determinantes sociais da saúde, como condições de vida, ambiente, educação e renda, reconhecendo sua influência significativa na saúde individual e comunitária (ACOSTA et al., 2021). 

A Atenção Primária à Saúde constitui a base do sistema de saúde, fornecendo serviços médicos essenciais, abrangentes e de qualidade no nível mais fundamental da assistência médica. Ela desempenha um papel crucial na prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e controle de condições médicas, enquanto promove a saúde da comunidade e contribui para sistemas de saúde mais eficazes e acessíveis (DA SILVA et al., 2021).

2.2 Saúde da Mulher 

O atendimento centrado na mulher desempenha um papel crucial na Atenção Primária à Saúde (APS), pois reconhece a importância de considerar as necessidades, preferências e experiências individuais das mulheres em todas as etapas de suas vidas. Essa abordagem é fundamental para promover a saúde e o bem-estar das mulheres, bem como prevenir e gerenciar condições de saúde específicas que afetam esse grupo (OLIVEIRA, KUBIAK, 2019). 

Na APS, os cuidados para com a saúde da mulher têm um papel integral na oferta de cuidados centrados na mulher, realizando avaliações abrangentes da saúde das mulheres e oferecendo orientação e suporte em uma variedade de questões, incluindo saúde sexual e reprodutiva, planejamento familiar, cuidados pré-natais e pós-natais, além de promover hábitos de vida saudáveis (SANTANA et al., 2019). 

Um princípio-chave desse atendimento é a importância da comunicação eficaz, estabelecendo uma relação de confiança para que as mulheres se sintam à vontade para compartilhar informações pessoais, especialmente em áreas sensíveis como saúde sexual e reprodutiva (FERREIRA et al., 2020). É crucial reconhecer as experiências de saúde únicas das mulheres, adaptando os cuidados para atender às necessidades específicas de cada paciente, levando em consideração fatores como idade, raça, etnia, orientação sexual e status socioeconômico (SOUTO, MOREIRA, 2021). 

O apoio à autonomia das mulheres também é fundamental, capacitando-as a tomar decisões informadas sobre sua saúde e envolvendo-as ativamente no processo de cuidado, educando-as sobre opções de tratamento, contracepção, exames de rastreamento e outros aspectos relacionados à saúde feminina (FERREIRA et al., 2020). 

Assim, o atendimento centrado na mulher na APS desempenha um papel essencial na promoção da saúde e no bem-estar das mulheres ao longo de suas vidas, por meio de uma abordagem holística e sensível às suas necessidades individuais (SANTANA et al., 2019).

2.3 HPV  

A infecção pelo HPV sexualmente transmissível pode resultar em três desfechos distintos, dependendo do tipo específico de HPV envolvido. O primeiro desfecho é o desenvolvimento de verrugas anogenitais (condiloma acuminado) nos órgãos genitais e no ânus, tanto em mulheres quanto em homens. Essas verrugas, tipicamente associadas aos subtipos HPV-6 e HPV-11, não costumam evoluir para câncer. Entretanto, quando as verrugas anogenitais apresentam pigmentação avermelhada ou marrom, é necessário realizar uma biópsia, pois podem representar papulose bowenóide devido ao HPV-16 ou HPV-18 (subtipos de maior risco) (SOARES et al., 2018).

O segundo desfecho é a infecção latente ou inativa, na qual os indivíduos podem estar infectados, mas raramente apresentam sinais clínicos significativos, permanecendo citologicamente normais. Nesses casos, o DNA do HPV detectado geralmente corresponde aos subtipos de baixo risco, como HPV-6 e -11 (LOPES e RIBEIRO, 2019).

O terceiro desfecho é a infecção ativa, relacionada aos tipos de HPV de alto risco, nos quais o vírus induz alterações neoplásicas em células inflamadas. Subtipos de risco intermediário são menos frequentemente associados a cânceres, mas são comumente observados em Lesões Intraepiteliais Escamosas (SIL) (9, 10, 15, 38, 42, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 76, 79, 80, 82, 90, 91, 105, 122).

Essas infecções podem levar ao desenvolvimento de câncer do colo do útero. Estudos prospectivos mostraram que entre 15% e 28% das mulheres nas quais o DNA do HPV foi detectado desenvolveram SIL dentro de 2 anos, em comparação com apenas 1% a 3% daquelas em que o DNA do HPV não foi mais detectado. Especificamente, o risco de desenvolvimento é significativamente maior para os subtipos HPV-16 e -18 (cerca de 40%) em comparação com outros tipos de HPV (SOARES et al., 2018).

2.4 Citopatológico e características  

Do ponto de vista cito-histopatológico, as lesões cervicais precursoras são classificadas de acordo com o estágio evolutivo da neoplasia intraepitelial cervical (NIC). Esta classificação em graus I, II e III é baseada na proporção do epitélio que contém células maduras e diferenciadas. Os graus II e III, considerados mais graves, apresentam uma maior proporção de células indiferenciadas, o que aumenta o risco de desenvolvimento de câncer, sendo assim considerados os verdadeiros precursores. É importante destacar que as NICs de grau I têm uma tendência à regressão dentro de um período de 12 a 24 meses ou podem não progredir para os graus II ou III, sendo, portanto, excluídas da categoria de lesões precursoras (TSUCHIYA, 2017).

2.5 Exames de rastreamento do câncer cervical

O rastreamento do câncer do colo do útero é amplamente realizado através do exame de Papanicolau, nomeado em homenagem ao patologista grego Georges Papanicolau, que aprimorou o método diagnóstico. Este exame, também conhecido como esfregaço cervicovaginal e colpocitologia oncótica cervical, é uma ferramenta crucial para identificar alterações nas células do colo do útero (SILVA e GOMES, 2021). 

A triagem é conduzida em indivíduos assintomáticos, teoricamente saudáveis, com o objetivo de detectar infecções subclínicas e/ou lesões preliminares, já que a maioria dos cânceres cervicais tem uma progressão gradual. Estima-se que o período entre a infecção e o desenvolvimento da maioria dos cânceres leve de 10 a 20 anos. Para a progressão da doença em mulheres com sistema imunológico saudável, são necessários de 15 a 20 anos, enquanto em mulheres com sistema imunológico enfraquecido, como aquelas com HIV não tratado, esse período pode ser reduzido para 5 a 10 anos (OMS, 2021).

Realizar o exame de Papanicolau regularmente é fundamental para detectar a maioria dos cânceres cervicais. Manter uma alta adesão ao rastreamento na população-alvo, geralmente mulheres entre 25 e 64 anos, ajuda a reduzir a prevalência e a mortalidade por essa doença. Estudos demonstraram que começar o rastreamento antes dos 25 anos não contribui significativamente para a redução da prevalência ou mortalidade. Isso foi corroborado por dados do Registro de Câncer Hospitalar FOSP, que mostraram que apenas 1,03% dos casos de carcinoma invasivo ocorreram em mulheres com até 24 anos entre 2000 e 2009 (OMS, 2021). 

Países que garantem que mais de 50% das mulheres realizem o exame de Papanicolau a cada 3 a 5 anos apresentam taxas de mortalidade inferiores a 3 por 100.000 mulheres por ano, e quando a cobertura é superior a 70%, essas taxas são ainda menores. Esses dados ressaltam a importância da adesão ao rastreamento regular na prevenção e controle do câncer do colo do útero (CARVALHO et al., 2021).

3. METODOLOGIA

Este estudo consiste em uma análise qualitativa, utilizando uma abordagem de revisão bibliográfica, exploratória e descritiva. De acordo com Gil (2008), a pesquisa de revisão bibliográfica é realizada com base em material já existente, predominantemente composto por livros e artigos científicos. Além disso, o estudo exploratório proporciona uma maior imersão no tema em questão, ampliando o conhecimento do pesquisador e permitindo a clareza e aprofundamento de conceitos e ideias. No aspecto descritivo, o objetivo é desenvolver e esclarecer conceitos e ideias, visando a formulação de problemas mais precisos.

A revisão bibliográfica deste trabalho incluiu a consulta a publicações indexadas nos bancos de dados eletrônicos Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e PubMed. Os descritores utilizados para a busca foram: “Citopatológico de colo uterino”, “Saúde da mulher” e “APS”. Além disso, buscas equivalentes em língua inglesa foram realizadas: “Cytopathology of the cervix”, “Women’s health” e “APS”.

Como critério de inclusão, foram considerados artigos completos de acesso livre, publicados em português e inglês nos últimos cinco anos (2019-2023). Artigos que não estavam disponíveis na íntegra e que não estavam alinhados com o tema do estudo foram excluídos. Os dados foram extraídos e organizados em fichas ou planilhas específicas. Os artigos selecionados com base nos critérios estabelecidos foram mantidos para análise detalhada.

Após a seleção, os artigos foram cuidadosamente examinados para identificar aqueles mais pertinentes ao tema em questão. Ao final da revisão, um total de artigos considerados relevantes para o estudo foi utilizado.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

O quadro a seguir apresenta uma síntese dos principais estudos relacionados ao controle e prevenção do câncer de colo do útero, realizados por diversos autores nos últimos anos. Cada estudo aborda diferentes aspectos da temática, desde a análise de fatores limitantes e facilitadores até a avaliação do conhecimento das mulheres sobre a doença e a investigação das práticas dos profissionais de saúde. Os objetivos de cada estudo variam, mas todos têm em comum o interesse em contribuir para o entendimento e aprimoramento das estratégias de controle e prevenção desse tipo de câncer.

Tabela 1- Artigos selecionados para compor esse trabalho

Autor(es)AnoObjetivosPrincipais Resultados
LOPES, Viviane Aparecida Siqueira; RIBEIRO, José Mendes.2019Analisar fatores limitantes e facilitadores para o controle do câncer de colo do útero por meio de revisão de literatura.identificaram diversos fatores que influenciam o controle do câncer de colo do útero, proporcionando uma visão abrangente da situação.
SILVA, Mikaela Luz et al.2020Avaliar o conhecimento das mulheres sobre o câncer de colo do útero por meio de uma revisão integrativa.Revelou o nível de conhecimento das mulheres sobre o câncer de colo do útero e as lacunas que precisam ser abordadas.
CERQUEIRA, Raisa Santos et al.2023Realizar uma revisão sistemática sobre o controle do câncer de colo do útero na atenção primária à saúde em países sul-americanos.Apresentou uma análise atualizada da situação do controle do câncer de colo de útero na América do Sul.
SILVA, Gulnar Azevedo et al.2022Avaliar as ações de controle do câncer de colo do útero no Brasil e regiões com base nos dados do Sistema Único de Saúde.Ofereceu uma avaliação detalhada das ações de controle do câncer de colo do útero no contexto brasileiro.
CLARO, Itamar Bento; LIMA, Luciana Dias de; ALMEIDA, Patty Fidelis de.2021Explorar diretrizes e estratégias de prevenção e rastreamento do câncer de colo do útero no Brasil e Chile.Comparamos as experiências do Brasil e do Chile em relação às estratégias de prevenção e rastreamento do câncer de colo do útero.
RIBEIRO, Caroline Madalena et al.2019identificar interrupções para a programação de procedimentos da linha de cuidado do câncer de colo do útero no Brasil.Forneceu diretrizes para o desenvolvimento de programas de cuidado do câncer de colo uterino no contexto brasileiro.
FERREIRA, Márcia de Castro Martins et al.2022Investigar conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF) relacionados ao câncer de colo do útero.Revelou informações sobre a preparação dos profissionais de saúde para a detecção precoce e prevenção do câncer de colo do útero.
DE CARVALHO, Karine Faria; COSTA, Liliane Marinho Ottoni; FRANÇA, Rafaela Ferreira.2019Analisar a relação entre o HPV e o câncer de colo do útero com base na produção bibliográfica.Resumiu as descobertas da literatura sobre a conexão entre o HPV e o câncer de colo do útero.

Fonte: Autoral (2023). 

Os artigos que compõem esta seleção abordam uma ampla variedade de tópicos relacionados ao controle do câncer de colo de útero. Estes artigos oferecem uma visão abrangente dos desafios e avanços nesta área vital da saúde feminina.

O estudo de Lopes e Ribeiro (2019) destaca fatores que podem limitar ou facilitar o controle do câncer de colo de útero. Através de uma revisão de literatura, este artigo proporciona insights valiosos sobre os desafios enfrentados na implementação de políticas de controle da doença, bem como sobre as oportunidades que podem ser exploradas para melhorar o controle.

Por outro lado, o artigo de Silva et al. (2020) concentra-se no conhecimento que as mulheres possuem sobre o câncer de colo de útero. Esta análise oferece uma visão sobre o nível de conscientização e informação disponível para as mulheres, o que é crucial para a prevenção e detecção precoce da doença.

Cerqueira et al. (2023) conduziram uma revisão sistemática sobre o controle do câncer de colo de útero na atenção primária à saúde em países sul-americanos. Este artigo fornece uma visão abrangente das diferentes abordagens adotadas por esses países para controlar a doença, permitindo comparações úteis.

Silva et al. (2022) realizaram uma avaliação das ações de controle do câncer de colo de útero no Brasil, com base em dados do Sistema Único de Saúde. Essa análise oferece uma perspectiva sobre a eficácia das estratégias implementadas no país, identificando áreas de sucesso e oportunidades de melhoria.

O trabalho de Claro, Lima e Almeida (2021) explora as experiências do Brasil e do Chile em relação às diretrizes, estratégias de prevenção e rastreamento do câncer de colo de útero. A comparação dessas abordagens pode fornecer insights valiosos para identificar melhores práticas e aprimorar as políticas de controle da doença.

Ribeiro et al. (2019) discutem parâmetros para a programação de procedimentos na linha de cuidado do câncer de colo de útero no Brasil. Este artigo oferece orientações práticas para a implementação eficaz de medidas preventivas e de tratamento, contribuindo para melhorar a qualidade da assistência.

Ferreira et al. (2022) investigaram os conhecimentos, atitudes e práticas dos profissionais de saúde da Estratégia de Saúde da Família em relação à detecção precoce e prevenção do câncer de colo de útero. Este estudo fornece informações valiosas sobre o papel dos profissionais de saúde na prevenção da doença.

Por fim, o trabalho de De Carvalho, Costa e França (2019) aborda a relação entre o vírus HPV e o câncer de colo de útero, oferecendo uma visão sobre o papel deste vírus como fator de risco.

Ao considerar esses artigos em conjunto, é possível identificar lacunas no conhecimento, áreas de sucesso e desafios persistentes no controle do câncer de colo de útero. Esta análise abrangente contribui para uma compreensão mais sólida do estado atual das estratégias de prevenção e tratamento da doença, bem como para o desenvolvimento de abordagens mais eficazes no futuro.

5. CONCLUSÃO 

Em suma, é crucial salientar o impacto substancial da pandemia de COVID-19 nos serviços de saúde, particularmente nos exames de Papanicolau e na prevenção do câncer de colo do útero. A interrupção desses serviços durante a pandemia levantou preocupações sérias para a saúde das mulheres, considerando que o câncer cervical é uma das principais causas de mortalidade feminina em várias regiões do mundo.

A pandemia evidenciou a fragilidade dos programas de rastreamento e a necessidade urgente de adaptação às circunstâncias em constante mudança. Soluções inovadoras, como telemedicina e autocoleta de amostras em casa, surgiram como alternativas promissoras para tornar o rastreamento mais acessível e conveniente no futuro. Essas adaptações não apenas superaram as barreiras impostas pela pandemia, mas também têm potencial para aprimorar a eficácia dos programas de prevenção a longo prazo.

No entanto, à medida que os sistemas de saúde buscam se recuperar, a retomada eficaz dos exames de Papanicolau e outros serviços de saúde preventiva deve ser priorizada. Atrasos na detecção do câncer cervical podem ter consequências graves para a saúde das mulheres, exigindo esforços para minimizar esses impactos. Isso inclui coordenação entre profissionais de saúde, implementação de políticas de saúde pública eficazes e comprometimento contínuo com a prevenção e o rastreamento.

Além disso, a experiência da pandemia destacou a necessidade urgente de manter operacionais os serviços de saúde preventiva, mesmo durante situações de emergência. A prevenção continua sendo a estratégia mais eficaz para combater o câncer de colo do útero, e essa lição deve orientar futuras crises de saúde pública.

A pandemia de COVID-19 trouxe desafios significativos na luta contra o câncer de colo do útero, mas também estimulou inovações e adaptações. Para o futuro, é essencial aprender com essas experiências, fortalecer os programas de prevenção e garantir que todas as mulheres tenham acesso contínuo a serviços de saúde de alta qualidade, independentemente das circunstâncias globais.

REFERÊNCIAS

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1Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: joyemoura1997@gmail.com
2Discente do Curso Superior de medicina da FACENE/RN e-mail: Jvfigueredoholanda@gmail.com
3Discente do Curso Superior de medicina da UERN e-mail: niedja_nobre@hotmail.com
4Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: otaviopaiva15@gmail.com
5Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: lucas.p.m3066@gmail.com
6Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: josesamuelss@gmail.com
7Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: gabriela.gomes.094@ufrn.edu.br
8Farmacêutica pela UFRN e-mail: janaina.souza.059@ufrn.edu.br
9Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: nerycastag@gmail.com
10Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: lucasaurelioodantas@gmail.com
11Discente do Curso Superior de medicina da UFRN e-mail: fernandeslucas668@gmail.com