PREVALÊNCIA REDUZIDA DE ANSIEDADE ENTRE PROFESSORES: IMPACTO DAS PRÁTICAS PREVENTIVAS EM SAÚDE MENTAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE MOSSORÓ, RN – UM ESTUDO QUANTITATIVO

EDUCED PREVALENCE OF ANXIETY AMONG TEACHERS: IMPACT OF PREVENTIVE PRACTICES IN MENTAL HEALTH IN A PUBLIC SCHOOL IN MOSSORÓ, RN – A QUANTITATIVE STUDY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202409231315


Antônio Robson Nogueira da Silva1
Gilza Iale Camelo da Cunha Lopes2
Orientadora: Eurandizia Maia da Silva3
Coorientadora: Kelly Regina de Oliveira4
Coorientadora: Maria Laura de Souza Costa5


Resumo

O estudo destaca a relevância da saúde mental dos professores, especialmente em contextos educacionais desafiadores, e como a ansiedade pode afetar seu desempenho e bem-estar. O objetivo do estudo é investigar a prevalência de ansiedade entre professores de uma escola pública em Mossoró, RN, e avaliar o impacto das práticas preventivas de saúde mental implementadas na instituição. Utilizou-se a Escala de Ansiedade de Beck (BAI), aplicado a trinta e oito professores durante a semana pedagógica em fevereiro de 2024, bem como realizado uma entrevista semiestruturada (perguntas nos anexos desse artigo) com o diretor, vice diretor e coordenação pedagógica afim de investigar as práticas preventivas em saúde mental adotadas pela escola. A pesquisa visa compreender e mitigar os fatores que contribuem para a ansiedade, promovendo um ambiente educacional mais positivo e produtivo.

Palavras-chave: BAI. Escala de Ansiedade de Beck. Ansiedade. Professores

1 INTRODUÇÃO

A saúde mental dos professores é um tema de crescente importância, especialmente em um contexto educacional desafiador como o atual. Este estudo, intitulado “Prevalência Reduzida de Ansiedade entre Professores: Impacto das práticas preventivas em saúde mental em uma Escola Pública de Mossoró, RN – Um Estudo Quantitativo”, busca investigar a prevalência de ansiedade entre os professores de uma escola pública em Mossoró, RN, e avaliar o impacto das práticas preventivas em saúde mental implementadas na instituição. A pesquisa foi realizada durante a semana pedagógica, em fevereiro de 2024, utilizando a Escala de Ansiedade de Beck, com a participação de 38 professores, bem como aplicação de questionários aos gestores da escola e coordenação pedagógica afim de investigar as práticas preventivas em saúde mental. O objetivo do estudo é analisar os níveis de ansiedade dos professores da escola pública, bem como investigar quais as práticas de promoção à saúde mental a escola realiza. A continuidade e o aprimoramento dessas práticas preventivas em saúde mental são essenciais para manter e melhorar o bem-estar dos docentes, contribuindo para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.

A justificativa para este estudo baseia-se na necessidade de compreender e mitigar os fatores que contribuem para a ansiedade entre os professores no dia a dia em sala de aula.

2  FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A ansiedade, em particular, é um problema que pode afetar significativamente o desempenho e o bem-estar dos docentes. Beck (1976), descreve a ansiedade como uma reação emocional a uma ameaça percebida, marcada por sentimentos de apreensão, tensão e preocupação. Nesse sentido, práticas preventivas em saúde mental eficazes são essenciais para promover o bem-estar dos professores e melhorar o ambiente educacional.

Estudos anteriores, como os de Kyriacou (2001) e Travers e Cooper (1996), indicam que a ansiedade pode resultar em esgotamento profissional e redução da eficácia no ensino. Portanto, investigar as práticas preventivas em saúde mental adotadas que podem reduzir a ansiedade é crucial para promover um ambiente educacional mais positivo e produtivo.

Rocha e Fernandes (2008), destacam que, atualmente, a profissão docente enfrenta grandes desafios. O ritmo acelerado de trabalho, a pressão por produtividade, a falta de autonomia, a baixa remuneração, as exigências laborais, a desvalorização, a desqualificação social e o excesso de esforço físico e mental; todas essas demandas se interligam em um mundo globalizado, que exige flexibilidade constante. Além disso, os docentes precisam lidar com novas tecnologias em sua prática. Esse cenário tem contribuído para o agravamento da saúde psicológica e física dos professores. Surge, assim, um ambiente adverso à qualidade de vida desses profissionais, promovendo um estado propenso a mal- estar e desestabilização de sua saúde. Por esses motivos são urgentes as ações de práticas preventivas em saúde mental dentro das escolas para professores.

Conforme Veiga (2018), a educação é percebida como um processo multidimensional que se desenvolve ao longo da vida, onde cada pessoa tem uma maneira singular de ser, mas está interligada com outros seres humanos e criaturas, influenciando e sendo influenciada por eles. Esse é o grande desafio apresentado aos educadores. Por isso, é fundamental que o bem-estar dos professores no ambiente escolar e sua saúde mental estejam em dia, pois eles influenciam diretamente no processo de aprendizagem dos alunos.

A escala de ansiedade de Beck foi concebida para avaliar a intensidade dos sintomas de ansiedade em indivíduos. Trata-se de um instrumento de autoavaliação composto por 21 itens que descrevem sintomas emocionais, fisiológicos e cognitivos relacionados à ansiedade. Cada item é pontuado em uma escala de 0 a 3, onde 0 indica “não senti” e 3 indica “senti severamente”. A pontuação total pode variar de 0 a 63, com os níveis de ansiedade classificados como mínima, leve, moderada e grave. Segundo Beck e Steer (1993), a escala de ansiedade de Beck foi desenvolvida para mensurar a gravidade dos sintomas de ansiedade em adultos e adolescentes, diferenciando-os dos sintomas de depressão.

3  METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi pesquisa descritiva uma vez que buscou-se descrever os níveis de ansiedade dos professores e as práticas preventivas em saúde mental adotadas pela escola através da aplicação da escala de ansiedade de Beck e entrevista semiestruturada de cunho investigativo. Segundo Gil (2008), a pesquisa descritiva tem como objetivo principal descrever as características de determinada população ou fenômeno, sendo amplamente utilizada em estudos que buscam identificar e relatar a prevalência de determinadas condições ou comportamentos. No contexto deste estudo, a pesquisa descritiva foi aplicada para descrever os níveis de ansiedade dos professores da escola pública de Mossoró no Rio Grande do Norte.

Também foi utilizado pesquisa de campo com o objetivo coletar dados diretamente no ambiente escolar, com a aplicação de uma entrevistas semiestruturada aos gestores da escola e coordenação pedagógica. Conforme definido por Lakatos e Marconi (2003), a pesquisa de campo envolve a coleta de dados diretamente no local onde os fenômenos ocorrem, permitindo uma análise mais detalhada e contextualizada. Neste estudo, a pesquisa de campo foi essencial para a aplicação da Escala de Ansiedade de Beck e para a realização das entrevistas, proporcionando uma compreensão mais aprofundada das práticas preventivas em saúde mental implementadas na escola.

Os instrumentos utilizados foram escala de ansiedade de Beck aplicado com os professores dos 3 turnos, manhã, tarde e noite para medir os níveis de ansiedade, bem como entrevista semiestruturada com perguntas abertas, aplicado aos gestores da escola para investigar as práticas preventivas em saúde mental implementadas. A coleta de dados foi realizada em 29 de fevereiro de 2024, durante a semana pedagógica. Todos os 38 professores participaram de forma espontânea da pesquisa.

No contexto deste estudo, que se caracteriza como uma abordagem quantitativa tendo em vista que houve a aplicação da Escala de Ansiedade de Beck e as entrevistas semiestruturadas com cunho investigativos com os gestores escolares, tal ação exemplifica a abordagem quantitativa, pois envolve a coleta de dados numéricos sobre os níveis de ansiedade e as práticas preventivas em saúde mental, permitindo uma análise estatística dos resultados obtidos.

Um estudo quantitativo é caracterizado pela utilização de métodos estatísticos e matemáticos para coletar e analisar dados numéricos. Segundo Gil (2008), esse tipo de pesquisa busca quantificar variáveis e estabelecer padrões e relações entre elas, permitindo uma análise objetiva e precisa dos fenômenos estudados. Lakatos e Marconi (2003), complementam que a pesquisa quantitativa é essencial para testar hipóteses e generalizar resultados para uma população maior, utilizando instrumentos padronizados como questionários e escalas de medição.

4  RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados indicam uma prevalência reduzida de ansiedade entre os professores da escola pública de Mossoró, RN. A aplicação da Escala de ansiedade de Beck, realizada em 29 de fevereiro de 2024 durante a semana pedagógica, contou com a participação de 38 professores. Os dados revelaram que 25 professores apresentaram níveis de ansiedade mínima (0 a 10), 9 professores apresentaram ansiedade leve (11 a 19), 3 professores apresentaram ansiedade moderada (20 a 30) e apenas 1 professor apresentou ansiedade grave (31 a 63) conforme tabela 1.

TABELA 1: Distribuição dos Níveis de Ansiedade entre Professores

Fonte: Elaborado pelos autores

Esses resultados reforçam a importância de continuar e aprimorar as práticas preventivas em saúde mental na escola, garantindo que todos os professores possam beneficiar-se de um ambiente de trabalho que promove seu bem-estar e desempenho profissional.

GRÁFICO 1: Distribuição do Percentual(%)

A maioria dos professores (65,8%) apresentou níveis de ansiedade mínima, conforme gráfico 1, tal resultado sugere que as práticas preventivas em saúde mental implementadas na escola podem estar contribuindo significativamente para o bem-estar dos docentes. Além disso, 23,7% dos professores apresentaram ansiedade leve, o que ainda é um indicativo positivo, mas sugere a necessidade de monitoramento contínuo e suporte adicional. Apenas 7,9% dos professores apresentaram ansiedade moderada, o que pode requerer intervenções específicas para evitar a progressão para níveis mais graves, enquanto apenas 2,6% dos professores apresentaram ansiedade grave, indicando casos isolados que necessitam de atenção e intervenção imediata. Vale ressaltar que os casos graves foram encaminhados para o CRAS do bairro, conforme orientação da psicóloga supervisora do estagio (parceria universidade e escola).

Os dados sugerem que as práticas preventivas em saúde mental implementadas na escola pública de Mossoró, RN, têm um impacto positivo na redução dos níveis de ansiedade entre os professores. A continuidade e o aprimoramento dessas práticas são essenciais para manter e melhorar o bem- estar dos docentes. Entre as práticas preventivas em saúde mental destacam-se: Plantão Psicológico, que disponibiliza atendimento psicológico regular para os professores, realizado por estudantes de psicologia supervisionados pela professora e psicóloga do curso de psicologia, essa prática é através de uma parceria da escola com as universidades da cidade que tem o curso de psicologia, é disponibilizado também atendimento no CRAS do bairro por um profissional da psicologia; são realizados reuniões frequentes com coffee break, promovendo encontros informais para incentivar a interação e o compartilhamento de experiências na escola, promovido pela gestão da unidade; Interação entre Professores, com atividades de integração como workshops nas jornadas pedagógica; formação continuada, oferecendo oportunidades de desenvolvimento profissional contínuo; ambiente de trabalho saudável, com espaços de descanso; feedback e comunicação aberta, estabelecendo canais de comunicação transparentes; e suporte administrativo, garantindo que os professores tenham suporte adequado.

5  CONSIDERAÇÕES FINAIS

As considerações finais deste estudo destacam a importância das práticas preventivas em saúde mental na redução da ansiedade entre os professores da escola pública de Mossoró, RN. Os resultados obtidos através da aplicação da Escala de Ansiedade de Beck demonstram que a maioria dos professores apresentou níveis de ansiedade mínima, sugerindo um ambiente de trabalho saudável e práticas preventivas em saúde mental eficazes implementadas na instituição.

A prevalência reduzida de ansiedade entre os docentes indica que as estratégias adotadas pela escola estão contribuindo significativamente para o bem-estar dos professores. A continuidade e o aprimoramento dessas práticas preventivas em saúde mental são essenciais para manter e melhorar o bem-estar dos docentes, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.

Esse estudo reforça a necessidade de políticas educacionais que priorizem a saúde mental dos professores, reconhecendo que o bem-estar dos docentes é fundamental para a qualidade do ensino e para a construção de um ambiente educacional positivo e eficaz.

Para salvaguardar o anonimato dos professores, o nome da escola, bem como o sexo e a idade dos participantes, não foram divulgados. Além disso, a escala de ansiedade de Beck investiga o estado atual de ansiedade dos professores, avaliando como eles se sentiram naquela semana, o que não significa que essa condição seja permanente.

O estudo sugere também a implementação das seguintes práticas preventivas em saúde mental: reuniões pedagógicas focadas no compartilhamento de práticas preventivas em saúde mental e metodologias ativas entre os professores; prêmios e reconhecimentos para professores que se destacam em metodologias inovadoras e eficazes em sala de aula; programas de bem-estar, incentivando a prática de atividades físicas que promovem a saúde mental e física.

REFERÊNCIAS
BECK, A. T. Terapia Cognitiva e os Transtornos Emocionais. New York: International Universities Press, 1976.

BECK, A. T.; STEER, R. A. Manual para o Inventário de Ansiedade de Beck. San Antonio, TX: Psychological Corporation, 1993.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2003.

ROCHA, V. M.; FERNANDES, M. H. (2008). Qualidade de vida de professores do ensino fundamental: uma perspectiva para a promoção da saúde do trabalhador. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 57, 23-27. http://dx.doi.org/10.1590/S0047-20852008000100005.

VEIGA, Adriana Moreira da Rocha. Psicologia da educação I. 1. ed. Santa Maria, RS: UFSM, NTE, 2018. Disponível em: Acesso em: 14 set. 2024.


ANEXOS
PERGUNTAS DA ENTREVISTA SEMI ESTRUTURADA APLICADA AO DIRETOR, VICE DIRETOR E COORDENADOR\SUPERVISOR PEDAGÓGICO,ELABORADO PELOS AUTORES


1 – Quais são as principais iniciativas implementadas pela escola para promover a saúde
mental dos professores?
2 – A escola oferece atendimento psicológico regular para os professores ou plantão
psicológico com estudantes de psicologia? Se sim, como é organizado?
3 – Existem reuniões informais com coffee breaks para incentivar a interação entre
osprofessores? Com que frequência ocorrem?
4 – Quais atividades de integração são realizadas para fortalecer o senso de comunidade
entre os professores?
5 – Como são organizadas as reuniões pedagógicas focadas no compartilhamento de
boas práticas e metodologias ativas?
6 – A escola \ gestão possui algum programa de prêmios e reconhecimentos para
professores que se destacam em metodologias inovadoras em sala de aula?
7 – Quais programas de bem-estar (como atividades físicas, meditação, yoga) são
oferecidos aos professores ou a gestão incentiva a prática?
8 – Existem oportunidades de formação continuada para os professores? Quais tipos de
cursos, palestras ou workshops são oferecidos?
9 – Como a escola garante um ambiente de trabalho acolhedor e seguro para os
professores?
10 – Quais são os canais de comunicação estabelecidos para que os professores possam
expressar suas preocupações e sugestões?
11 – Como a escola coleta e utiliza o feedback dos professores para melhorar as práticas
e políticas internas?
12 – Quais medidas são tomadas para reduzir a carga de trabalho burocrática dos
professores?
13 – A escola possui espaços de descanso e áreas verdes para os professores? Comosão
utilizados?
14 – Quais são as principais dificuldades enfrentadas pela escola na implementação de
práticas que promovem a saúde mental dos professores?
15 – Quais sugestões você daria para melhorar ainda mais as práticas de promoção da
saúde mental dos professores na escola?


1Físico pela UERN, Graduando em Psicologia pela Universidade Potiguar, Pós-graduado em Educação Profissional pelo IFRN, TCC – Terapia Cognitivo Comportamental e Psicanalise pela Faculdade Metropolitana e Pós-graduando em Avaliação Psicológica e Gestalt-Terapia pela Faculdade Metropolitana. E-mail: nogueira.robinho@gmail.com

2Administradora pela UnP, Graduanda em Psicologia na Universidade Potiguar – UnP, Pós-graduada em Marketing e Mídias Sociais pela UnP, Pós-graduanda em Neuroaprendizagem na Faculdade Metropolitana. E-mail: gilzaiale@gmail.com

3Docente do curso Superior de Psicologia na Universidade Potiguar – UnP. Psicóloga pela Faculdade Católica Rainha do Sertão, Mestre em Educação pela UERN, Especialista em Gestão Escolar pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, graduada em História/Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará. E-mail: eurandizia.silva@ulife.com.br

4Docente do Curso Superior de Psicologia na Universidade Potiguar – UnP. Psicóloga pela Universidade

Potiguar – UnP e Assistente Social pela UERN, Pós-graduada em Direitos Humanos pela UERN E-mail: kelly.r.oliveira@animaeducacao.com.br

5Docente do Curso Superior de Psicóloga pela Universidade Potiguar – UnP, Pós-graduada em TEA na Facuminas, Pós-graduanda em Neuropsicologia na UniCatólica do RN. E-mail: laurasouzapessoal0600@gmail.com