PREPAROS PARA LAMINADOS CERÂMICOS MINIMAMENTE INVASIVO: REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10120322


Heliandra Santos da Silva1
Jaqueline Chaves Barbosa 2
Ricardo Kyoshi Yamashita3


Resumo: 

No decorrer dos anos a busca por um sorriso considerado esteticamente agradável ampliou-se cada vez mais. Com a evolução dos materiais e das técnicas, tornou-se possível o desenvolvimento da Odontologia minimamente invasiva que busca cada vez mais procedimentos que conservem ao máximo o elemento dental; dentre eles os laminados cerâmicos minimamente invasivos. O objetivo deste trabalho foi discorrer sobre os laminados cerâmicos minimamente invasivos. Para isso, foi realizada uma revisão de literatura, utilizando as bases de dados Google Acadêmico, SCIELO e PUBMED. Os laminados cerâmicos recobrem a face vestibular dos dentes a nível de esmalte dentário e possuem espessura entre 0,2 mm a 0,5 mm, sendo necessário um desgaste mínimo prévio. Sendo assim, a longevidade desse tratamento depende de condições em que é feito o preparo, bem como do conhecimento sobre o tipo de preparo indicado para cada situação, da relação preparo e periodonto, a fim de esclarecer que o cirurgião dentista não deve iniciar o procedimento antes de ter conhecimentos fundamentais sobre o mesmo. O tratamento com laminados cerâmicos minimamente devolve estética e função com o mínimo de desgaste, mas é necessário fazer todas as etapas clinicas adequadamente para obter longevidade no tratamento. 

Palavras-chave: Facetas Dentárias; Preparo do Dente; Porcelana Dentária.

1. Introdução

A demanda por tratamentos odontológicos que proporcionem excelência estética cresce a cada dia. Os dentes anteriores têm um papel decisivo na estética facial e, por isso, são extremamente valorizados pelos pacientes. Contudo, a estética deve vir associada a um planejamento adequado que viabilize a máxima preservação tecidual, dada a importância dos tecidos dentais, como esmalte e dentina, para, dessa forma, favorecer a manutenção da saúde e longevidade dos tratamentos realizados. 

Na atualidade, diferentes tratamentos que visam a melhorar a aparência estética dos dentes anteriores são ofertados, desde procedimentos extremamente conservadores, como o clareamento dental, as restaurações diretas de resina composta, até tratamentos mais invasivos, como as coroas cerâmicas.

A partir da década de 80 o uso de facetas como alternativa estética tornou-se mais popular e, por volta dos anos 90, com o surgimento de peças cerâmicas prensadas reforçadas por leucita, viabilizou-se o desenvolvimento de peças de menores espessuras e mais resistentes (Guess et al., 2011; QUEIROGA, et al., 2012).

Com base nisso, os preparos realizados tornaram-se mais conservadores, com desgaste dentário mínimo. Na atualidade, é viável realizar facetas com espessura entre 0,3 e 0,5 mm, denominadas lentes dentais pela similaridade na espessura e translucidez com as lentes de contato oculares. A confecção pode ser realizada por meio tradicional ou através da tecnologia CAD/CAM, que possibilita maior precisão no ajuste (TUMENAS, et al., 2014;

COACHMAN; CALAMITA; SCHAYDER, 2012).

Com o advento do mundo digital e globalização das mídias sociais, as informações sobre as lentes de contato dentais tornaram-se mais acessíveis, tanto aos cirurgiões-dentistas quanto aos pacientes, popularizando cada vez mais o procedimento, que ainda apresenta vantagens como a preservação da estrutura dentária e não haver necessidade de aplicação de anestesia (ZAVANELLI et al., 2016; COACHMAN; CALAMITA; SCHAYDER, 2012).

Mas, para tanto, o tratamento reabilitador com uso de facetas deve ser corretamente planejado, obedecendo as indicações corretas para o procedimento, como no caso de discretas alterações de cor, posicionamento dentário ou fechamento de pequenos diastemas. Apesar de recente, essa é uma das técnicas mais aplicadas e de maior expansão nos últimos anos, dentro do mercado odontológico (ZAVANELLI et al., 2016). 

Sendo assim, este trabalho se propõe a realizar uma revisão bibliográfica a respeito deste tema, buscando na literatura artigos científicos que embase seu uso e indicações, bem como destacando os procedimentos corretos para o preparo minimamente invasivo.

2. Metodologia

O presente estudo se compõe de uma revisão integrativa da literatura, em que por meio dessa metodologia há a possibilidade de avaliar de forma crítica e, por conseguinte, incorporação de resultados de estudos na prática, sintetizando evidências do  tema  proposto  em  um  único  artigo,  tendo como base trabalhos  anteriores referentes ao tema, de forma a facilitar a visualização dos resultados (Korkmaz et al, 2020)

A análise de dados foi realizada através de estudos dos artigos entre o período de 2011 a 2023, para a busca dos materiais foram buscas nas plataformas PubMed, Scientific Eletronic Library Onlinee Biblioteca Virtual em Saúde utilizando os descritores: “Lente de Contato”, “Preparo do dente” e “Estética, sem do seus correspondentes em inglês “Contact Lenses”, “Tooth Preparation” e “Esthetics”.  Elencaram-se como critérios de inclusão: a disponibilidade dos artigos completos nos idiomas Português e Inglês, nas bases de dados supracitadas e que fossem de relevância ao tema. Já os critérios de exclusão preconizados foram os artigos publicados abaixo de 2005 e produções que não visassem o tema proposto

3. Revisão de Literatura

Os laminados cerâmicos representam um marco na construção das restaurações estéticas adesivas, inseridas em um conceito de máxima preservação tecidual. A eleição de laminados cerâmicos como tratamento restaurador, possibilita a preservação da estrutura dental de forma significativa. Enquanto para as coroas totais a remoção de tecido dental é em média de 63 a 72% do dente, para os laminados cerâmicos esta redução pode ser de 3 a 30%.

O primeiro trabalho registrado com laminados cerâmicos deu-se por volta de 1928, quando o dentista californiado Charles Pincus introduziu a técnica durante filmagens hollywoodianas, utilizando um pó adesivo para próteses. Entretando, por apresentar baixa adesividade, caiu em desuso (QUEIROGA, et al., 2012; TUMENAS, et al., 2014).

Em 1955, Buonocore implementou o sistema adesivo e condicionamento ácido. Posteriormente, no ano de 1982, Simonsen e Calamia adicionaram a técnica de condicionamento com ácido hidrofluorídrico e silanização, favorecendo a adesão do cimento resinoso à superfície dentária e à porcelana, tornando, assim, possível a reabilitação definitiva por meio de laminados cerâmicos (QUEIROGA, et al., 2012; TUMENAS, et al., 2014).

Quando comparados às facetas diretas confeccionadas em resina composta e coroas totais, os laminados cerâmicos apresentam vantagens como um excelente resultado estético, com extrema naturalidade, maior previsibilidade do resultado estético, estabilidade de cor proporcionada, elevada resistência ao desgaste, elevada resistência à fratura, preparo dental conservador, biocompatibilidade com o periodonto, maior longevidade clínica, menor manchamento superficial. 

Todavia, assim como qualquer outro material restaurador, apresenta algumas desvantagens, sendo elas o custo mais elevado e preparo dental invasivo, quando comparado às facetas diretas de resina composta.

Para a realização do plano de tratamento em qualquer procedimento, é necessário que o cirurgião-dentista realize a escuta atenta do paciente, conhecendo suas principais queixas e expectativas, de modo que seja construído um planejamento adequado às exigências e reais necessidades do mesmo. Podem ser utilizados como métodos auxiliares ao diagnóstico a confecção de modelos de estudo em gesso, exames radiográficos e fotografias extra e intraorais (Goodlin et al., 2011). Sendo assim, é fundamental que o profissional tenha o conhecimento acerca de todas as etapas, desde o planejamento até a cimentação.

3.1 Indicações e contraindicações

Dentre as indicações dos laminados cerâmicos estão os dentes com alteração de forma, sendo viável corrigir alterações de forma da face vestibular de um ou mais dentes, incluindo transformações anatômicas, como, por exemplo, de canino em incisivo lateral para casos de agenesia. Dentes com alterações de cor também podem ser corrigidos, sendo uma alternativa efetiva para a correção estética de dentes com escurecimento leve e moderado, com resultados mais previsíveis do que as facetas diretas de resina composta (SAVARIS et al., 2018). 

Além disso, dentes conoides podem ser reanatomizados e diastemas fechadas. Ainda são indicações dentes curtos ou com desgaste incisal, dentes com restaurações deficientes, fraturas amplas, Defeitos estruturais do esmalte, amplas lesões não cariosas e facetas de resina composta deficientes (NEVES, MIRANDA, YAMASHITA, 2021; KACKER; YAROVESKY; JADALI, 2011).

Existem situações em que os laminados cerâmicos não devem ser escolhidos para tratamento restaurador, como dentes escurecidos com tratamento endodôntico, pois escurecimentos severos em dentes causam dificuldade de bloquear o fundo escuro somente com a lâmina (sem infraestrutura) e pelo remanescente dental comprometido. Nestes casos, a realização de uma coroa total com infraestrutura opaca pode ser o tratamento de escolha. Em dentes vestibularizados limitam de forma significativa a indicação dos laminados em função da necessidade de realizar um desgaste excessivo da estrutura dental. Dentes com severo apinhamento ou giroversão, por possuírem alterações maiores de posição ou do espaço mesiodistal podem necessitar de um amplo desgaste durante o preparo, contraindicando a técnica. Dentes com múltiplas restaurações e consequente pouca estrutura dental remanescente (menos da metade da estrutura coronária presente) estão contraindicados para laminados cerâmicos, assim como aqueles com desarranjo oclusal, oclusão problemática, sobrecarga anterior e/ou com bruxismo descontrolado. Ainda, dentes em que o esmalte vestibular foi completamente removido, inclusive das margens do preparo, podem comprometer a adesão e a retenção em longo prazo (OKIDA et al., 2016; SOUZA et al., 2016).

3.2 Sistemas cerâmicos

O sistema cerâmico ideal deve apresentar uma relativa translucidez, para permitir que o ceramista trabalhe características semelhantes ao esmalte. Para isto, as cerâmicas vítreas reforçadas por leucita ou dissilicato de lítio e as feldspáticas convencionais são as melhores opções para a confecção das facetas laminadas.

                                a)         Cerâmicas vítreas

A cerâmica feldspática contém duas fases: uma vítrea, responsável pela translucidez do material, e uma cristalina que confere resistência. Alguns óxidos metálicos também são acrescentados à composição, para a obtenção de pigmentos, que fornecem diversas cores para a reprodução das características dos dentes naturais. Land introduziu as coroas cerâmicas, em 1903, mas o material era pouco resistente, a técnica de fabricação era com plicada, e a escolha dos agentes de cimentação limitada. Embora as cerâmicas feldspáticas sejam materiais quimicamente estáveis e proporcionem excelente estética, são materiais essencialmente frágeis. A cerâmica, sendo primariamente um vidro, apresenta baixa resistência à fratura. Diminutas imperfeições e trincas na superfície domaterial agem como l-cais de iniciação de falhas catastróficas. A resistência desses materiais à compressão é alta , porém sua resistência à tração é baixa, o que é típico dos materiais friáveis. Entretanto, a possibilidade de condicionar sua superfície e permitir uma cimentação adesiva faz com que a cerâmica tenha sua resistência elevada a níveis seguros, permitindo exibir sua incomparável capacidade de reprodução das propriedades ópticas do dente, com uma imensa variedade de cores, pigmentos e características de translucidez. As cerâmicas feldspáticas podem ser confeccionadas pela técnica tradicional por troquel refratário, bem como pela tecnologia CAD/CAM.

                                b)        Cerâmicas vítreas reforçadas

No intuito de melhorar as propriedades mecânicas, os fabricantes acrescentaram partículas à composição básica das cerâmicas. Estas partículas são geralmente cristalinas, mas podem também ser partículas de vidro de alta fusão, que são estáveis na temperatura de queima da cerâmica. As cerâmicas de vidro reforçadas têm cerca de 55% mais peso de cristais de leucita incorporados à matriz de vidro, aumentando a resistência do material e possibilitando o seu uso sem uma infraestrutura opaca, favorecendo, assim, a mimetização da translucidez natural dos dentes. Em evolução às cerâmicas reforçadas por Leucita, surgiu a cerâmica à base de dissilicato de lítio. Com maior gama de características estéticas, como translucidez/opacidade e aper-feiçoamento no processo de confecção laboratorial, a incorporação de dissilicato de lítio triplicou a resistência flexural do material, fazendo com que a mesma possa ser usada como cerâmica de cobertura sem prejuízo à reprodução das propriedades ópticas, mas também como infraestrutura.

3.3 Tipos de preparos

Quando o preparo não é realizado corretamente, a recriação da morfologia natural dos dentes por parte dos técnicos, se torna mais difícil e, dessa forma, serão obtidos laminados com aparência monocromática e sem naturalidade, podendo haver sobrecontorno e peça final volumosa (KACKER; YAROVESKY; JADALI, 2011).

  1. Preparo tradicional para laminados cerâmicos

No preparo tradicional para laminado cerâmico, o contato proximal não é alcançado, o término é realizado 0,5 mm aquém da junção cemento esmalte, possui uma diminuição vestibular de 0,2 a 0,3 mm no terço cervical; 0,5 mm no terço médio e 0,5 a 0,6 no terço incisal (VIEIRA, 2015).

Este preparo é realizado de forma rápida, conservando bastante a estrutura dental, visando  manter a margem da restauração em esmalte dental. No entanto, por mais que as restaurações conservadoras com intervenção mínima sejam ideais, em alguns casos como em dentes escurecidos, desgastados, fraturados e desalinhados, pode ser necessário fazer uma remoção mais invasiva da estrutura dental, mas que livre do preparo de coroa total, que é um procedimento invasivo (HIGASHI et al., 2012).

  • Preparo Full Veneer

O preparo full veneer, remove o contato proximal em um ou ambos os lados pela face mesial ou distal levando a extensão do preparo até a face lingual ou palatina, fazendo com que a margem fique escondida e a incisal é diminuída 1,5 mm. A forma deste preparo está entre o preparo de laminado cerâmico tradicional e coroa total metal free (HIGASHI et al., 2012).

Através desse preparo é possível obter o aumento de retenção, devido a ampliação dos contatos proximais, e permite maiores possiblidades ao técnico de laboratório de recriar a morfologia do dente natural, principalmente na região incisal. Além disso, este preparo é indicado para fechamento de diastema, lesão de cárie, manchas ou escurecimento e substituição de restaurações insatisfatórias.

                                c)         Preparo guiado pela superfície dental pré-existente

Aplica-se esse preparo em casos de dentes com diferença na tonalidade, com insucesso no tratamento através de clareamento. Essa técnica faz um desgaste regular na face vestibular do dente, à mão-livre com pontas diamantadas e guias de silicone feitas antes do preparo (LIMA, 2016). 

O objetivo desse preparo é remover a vestibular de forma uniforme e não leva em consideração as diferentes morfologias e desgastes no esmalte. Assim, quando o esmalte possui pouca espessura, a remoção do mesmo é baseada no esmalte existente. Em muitos casos, esse procedimento pode causar exposições desnecessárias de dentina e polpa, causando sensibilidade. Por isso, a importância de um planejamento correto, em que a escolha da técnica de preparo não seja a causa de uma falha futura nos laminados cerâmicos (HIGASHI et al., 2012).

                                d)                 Preparo guiado pelo volume final da restauração – enceramento

diagnóstico e guias

É um método sofisticado que busca, em especial na presença de fina espessura de esmalte, devolver a forma original do dente. Além disso, é indicado para pacientes com alteração na função e no formato do dente. Nesse procedimento é realizado primeiro o enceramento diagnóstico com o volume original do dente, o qual vai servir de referência para o preparo e guias são confeccionadas com silicone em seguida são cortadas na horizontal ou vertical seguindo o enceramento diagnóstico ou podem ser feitas com placa de acetato (HIGASHI et al., 2012). 

Uma vantagem dessa forma de preparo é a preservação da estrutura dental hígida, tanto do esmalte quanto da dentina, além de proporcionar maior previsibilidade adesiva, mecânica e ser esteticamente bem sucedida (HIGASHI et al., 2012).

4. Discussão

O desenvolvimento de laminados cerâmicos e sistemas adesivos com a associação do tratamento de superfície da cerâmica possibilitou que se apliquem preparos minimaente invasivos para esse tipo de tratamento restaurador (ZAVANELLI et al., 2015). 7

Para os autores Buzzeto et al. (2018) e Vieira et al. (2018), as restaurações indiretas com laminados cerâmicos, apresentam excelente biocompatibilidade, com semelhância às característis naturais tanto na forma quanto na cor dos dentes, possuindo estabilidade de cor, sendo assim mais vantajosa quando comparada às resinas compostas. 

Por isso, tais restaurações se tornaram muito requisitadas pelos pacientes, devido a obtenção de resultados satisfatórios e previsíveis. Nesse sentindo, para chegar a um diagnóstico da real necessidade desse tratamento é preciso ter total conhecimento sobre as indicações e contraindicações, bem como as vantagens e desvantagens existentes desse procedimento (SOUZA et al., 2016). 

Além disso, para Neves; Miranda; Yamashita (2021), é necessário a realização de exames radiográficos, fotografias e modelos de estudo para complementar o exame clínico e avaliação da condição bucal do paciente. Dessa forma, poderá entender se o tratamento terá indicação e consequentemente sucesso previsível. 

De acordo com Correa (2017), a redução do esmalte dental durante o preparo é essencial para melhorar a resistência de união entre a superfície do dente e o cimento resinoso. Assim, vai reduzir o esmalte da superfície aprismática hígida, a qual possui menor capacidade de união. Além disso, a técnica minimamente invasiva de preparo, limitada a estrutura em esmalte, é considerada padrão-ouro em reabilitação estética conservadora. 

Segundo Vieira et al. (2018), os laminados minimamente invasivos, em muitos casos não precisam de nenhum preparo no esmalte. Além disso, Pereira, Bezerra, Machado (2018), acreditam que esse tratamento só pode ser adotado quando o dente não precisa de preparo. A confecção do preparo correto deve ter um desgaste uniforme para preservar os elementos dentais e manter a estética. Quando bem planejados de forma minimamente invasiva, o preparo influencia na longevidade, pois melhora a forma de moldagem, a adaptação e o encaixe do laminado fabricado e o principal, que é a distribuição das forças mastigatórias e oclusais (ZAVANELLI et al., 2015; NEVES, MIRANDA, YAMASHITA, 2021). 

Conforme Bichacho (1998) e Elias, Carvalho e Barboza (2013), a colocação de um preparo subgengival, é feita por algumas razões, como aumentar a retenção de dentes anteriores com coroas curtas, lesões de cáries subgengivais, ou por questões que envolvem estética. No entanto, os periodontistas preconizam que as margens do preparo não façam contato com a gengiva para evitar inflamações associadas a margens subgengivais. O melhor término é o supragengival ou no mesmo nível da gengival, que apresentam as margens da restauração feitas sobre o esmalte, pois as margens subgengivais, apesar de serem mais estéticas, são difíceis de higienizar e aumentam o acúmulo de placa (VIEIRA, 2015). 

Segundo Savaris et al. (2018), as lentes de contato possuem indicações quando as estruturas e a posição dos dentes permitem que materiais possam ser acrescentados após o preparo prévio. Sendo assim, casos de dentes com grandes alterações na posição, ou que possuem o escurecimento natural de um dente hígido não possuem indicação para este tratamento. Nesse caso, é importante fazer o tratamento ortodôntico antes ou apenas o clareamento dental pode resolver o escurecimento, evitando preparos severos de forma desnecessária. 

Para Souza et al. (2016), as lentes de contato apresentam as desvantagens de tempo maior na confecção dos laminados, dependência de técnicos especializados, e possui mínima capacidade de conserto. Entretanto, Camargo et al. (2018), afirmaram que no sistema CAD/CAM as peças são planejadas e fabricadas com o auxílio do computador diminuindo a influência e o tempo da produção manual feito por um técnico em prótese dentária. Em relação a fresagem de resina híbrida mais precisamente a nanocerâmica não requer queima, possui fácil acabamento e reparo. 

Segundo Vieira et al. (2018), para obter um bom prognóstico é essencial escolher materiais restauradores que sejam biocompatíveis, e tenham excelentes propriedades. Sendo assim, as cerâmicas à base de zircônia apresentam ótimas propriedades mecânicas em relação as cerâmicas convencionais. Mas para Namoratto et al. (2013), existem dúvidas quanto a durabilidade de união da peça com o esmalte dental devido ao material ser ácido resistente e por depender de um bom agente cimentante. 

Para De Andrade et al. (2012) e Vieira et al. (2018) o sucesso desta técnica depende da escolha do material, da técnica de adesão, e da conservação do esmalte. Tendo em vista que, um dos passos mais críticos desta técnica é a escolha adequada da espessura do laminado, pois o resultado estético pode ficar comprometido devido a fina espessura da lente de contato e uma cor escurecida do substrato dental. 

De acordo com Sousa et al. (2021), a literatura é carente de informações científicas sobre o retratamento das lentes de contato pelo fato de ser um procedimento novo não possui muitos protocolos com evidência científica. As principais causas de retratamento das lentes de contato são: escolha equivocada do tratamento, planejamento errado, fraturas, descimentação, esmalte dental insuficiente, presença de doença periodontal pacientes com hábitos parafuncionais, dentes muito vestibularizados, grande apinhamento e giroversão. E destaca a importância de um bom planejamento, e possível união com profissionais de outras especialidades como ortodontista e periodontista.

5. Considerações Finais

Com a aplicação de laminados cerâmicos através de técnicas minimamente invasivas é possível obter um tratamento conservador e estético, tendo com uma das principais vantagens a união entre dente e laminado cerâmico, com o mínimo de desgaste prévio. 

Contudo, os profissionais precisam avaliar o tipo de preparo correto para cada caso, além de seguirem adequadamente todas as etapas clínicas para obtenção de um resultado estético satisfatório.

Além do mais, é necessário que sejam realizados estudos constantes acerca da temática, de modo a observar a progressão do tratamento restaurador no decorrer do tempo.

Referências

COACHMAN, Christian; CALAMITA, Marcelo; SCHAYDER, Adriano. Digital smile design: uma ferramenta para planejamento e comunicação em odontologia estética.

Dicas, v. 1, n. 2, p. 36-41, 2012.

CORREA, B.P. Preparo Para Laminados Cerâmicos: Revisão De Literatura. 2017.

28 p. Monografia (Bacharel em Odontologia) – Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão- SC, 2017

Goodlin, R. (2011). Photographic-assisted diagnosis and treatment planning. Dental Clinics, 55(2), 211-227.

Guess, P. C., Schultheis, S., Bonfante, E. A., Coelho, P. G., Ferencz, J. L., & Silva, N. R. (2011). All-ceramic systems: laboratory and clinical performance. Dental clinics, 55(2), 333-352.

HIGASHI, C. et al. Laminados cerâmicos minimamente invasivos. Full dentistry in Science, 2012. KACKER, M.D.; YAROVESKY, U.; JADALI, L. Ultra-thin veneers: beautiful and natural. Dent Today. Jul; v. 30, n. 1, p.102, 104-5, 2012.

KACKER, M.D.; YAROVESKY, U.; JADALI, L. Ultra-thin veneers: beautiful and natural. Dent Today. Jul; v. 30, n. 1, p.102, 104-5, 2011.

LIMA, G. P. Preparo minimamente invasivo no tratamento com lentes de contato. 2016. 29 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado) – Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista – UNESP, Araçatuba – SP, 2016.

NEVES, J. S., dos Santos MIRANDA, M. A., & YAMASHITA, R. K. (2021). Preparo para laminados cerâmicos minimamente invasivos: revisão de literatura. Facit Business and Technology Journal, 1(28).

QUEIROGA, Rodrigo Bicalho. Laminados cerâmicos minimamente invasivos: novas possibilidades. Revista Dental Press de Estética, v. 9, n. 1, 2012.

TUMENAS, Isabel et al. Odontologia minimamente invasiva. Revista da Associacao Paulista de Cirurgioes Dentistas, v. 68, n. 4, p. 283-295, 2014.

VIEIRA, W. S. C. Lentes de Contato: Restaurações Minimamente Invasivas, na solução de problemas estéticos. 2015. 40 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, 2015.

ZAVANELLI, Adriana Cristina et al. Preparos minimamente invasivos para solução cosmética de manchamento por tetraciclina: relato de caso. ARCHIVES OF HEALTH INVESTIGATION, v. 5, n. 2, 2016.