PREMATURITY AND RACIAL RELATIONS: A SCOPING REVIEW STUDY
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202508121446
Élida dos Santos1
Mylena Francini da Rosa2
Carla Skilhan de Almeida3
Resumo
O estudo tem por objetivo mapear as evidências científicas disponíveis na literatura sobre a relação entre prematuridade, etnia materna e o desenvolvimento de lactentes prematuros com mães negras. Trata-se de uma revisão de escopo, a qual buscou identificar a relação da prematuridade com as questões raciais da mãe do lactente, no recorte temporal dos últimos 18 anos. As buscas foram realizadas nas bases de dados MEDLINE (PubMed) e Google Scholar, com a utilização dos termos “prematuridade”; “saúde da população negra”; “desenvolvimento infantil”, “ambiente”; “racismo estrutural”; “epigenética”, nos idiomas português e inglês. O total de artigos encontrados foi de 117 estudos, sendo selecionados 52 estudos após análise na íntegra. A partir dos resultados encontrados sugere-se que mulheres negras apresentam risco significativamente maior de parto prematuro, mesmo após o controle de variáveis socioeconômicas, sendo influenciado por múltiplos fatores. Destaca-se que o racismo estrutural e a epigenética operam como determinantes nos desfechos perinatais adversos, impactando o neurodesenvolvimento infantil. Por fim, ressalta-se a importância de integrar a perspectiva étnico-racial de forma transversal nas práticas de cuidado, na formação profissional e na produção científica, a fim de promover a equidade no cuidado materno-infantil e garantir o pleno desenvolvimento de lactentes negros nascidos prematuramente.
Palavras-chave: Saúde da população negra; Epigenética; Desenvolvimento Infantil; Determinantes Sociais da Saúde.
Abstract
The study aims to map the scientific evidence available in the literature on the relationship between prematurity, maternal ethnicity, and the development of premature infants born to Black mothers. This is a scoping review that sought to identify the relationship between prematurity and the racial background of the infant’s mother, over the past 18 years. Searches were conducted in the MEDLINE (PubMed) and Google Scholar databases, using the terms “prematurity”; “Black population health”; “child development,” “environment”; “structural racism”; and “epigenetics,” in both Portuguese and English. A total of 117 articles were retrieved, of which 52 were selected after full analysis. The results suggest that Black women have a significantly higher risk of premature birth, even after controlling for socioeconomic variations, and are influenced by multiple factors. It is noteworthy that structural racism and epigenetics operate as determinants of adverse perinatal stages, impacting child neurodevelopment. Finally, the importance of integrating the ethnic-racial perspective across care practices, professional training, and scientific production is emphasized, in order to promote equity in maternal and child care and ensure the full development of Black infants born prematurely.
Keywords: Health of the black population; Epigenetics; Child Development; Social Determinants of Health.
1. INTRODUÇÃO
A prematuridade, definida como nascimento antes de 37 semanas, é um importante preditor da saúde infantil e uma das principais causas de mortalidade neonatal. Estima-se que 15 milhões de bebês nasçam prematuros anualmente no mundo (Cavaggioni; Benincasa, 2024), e o Brasil ocupa o 9º lugar nesse ranking, com cerca de 340 mil casos por ano (Brasil, 2024). Prematuros extremos, nascidos antes de 28 semanas, são mais suscetíveis a complicações respiratórias, gastrintestinais e atrasos no desenvolvimento motor, cognitivo, visual e auditivo.
As causas da prematuridade são multifatoriais, incluindo raça/etnia, idade, escolaridade, condições socioeconômicas e estresse, fatores frequentemente presentes entre mulheres negras (Hendges, 2020). Essas mulheres apresentam risco até quatro vezes maior de pré-eclâmpsia, condição associada à prematuridade (Oliveira et al., 2019). No entanto, esse risco pode estar relacionado não apenas à biologia, mas também ao racismo estrutural, evidenciado por práticas discriminatórias e pela negligência institucional, que ignoram fatores étnico-raciais como determinantes da saúde (Maio; Monteiro, 2005).
Desde 2001, iniciativas governamentais impulsionaram pesquisas sobre a saúde da população negra. Contudo, ainda há invisibilidade do recorte racial, com as desigualdades sendo atribuídas majoritariamente à pobreza (Ludovico et al., 2021; Maio; Monteiro, 2005). Este estudo busca contribuir com essa discussão, por meio de uma revisão de escopo sobre a relação entre prematuridade, raça materna e seus efeitos no desenvolvimento global de lactentes prematuros filhos de mães negras.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo do tipo revisão de literatura ou revisão de escopo, a qual buscou mapear os conceitos-chaves e identificar lacunas no conhecimento sobre a prematuridade e as relações raciais e estudos mais recentes. Optou-se pela revisão de escopo pela possibilidade de abordagem metodológica adequada à investigação de temas complexos e multidimensionais, permitindo mapear os principais conceitos, identificar lacunas na literatura e reunir evidências disponíveis, sem restrição a tipos de estudo ou avaliação crítica da qualidade metodológica (Arksey & O’Malley, 2005).
As bases de dados escolhidas foram MEDLINE (via PubMed) e Google Scholar, utilizando os seguintes termos: “prematuridade”; “saúde da população negra”; “desenvolvimento infantil”, “ambiente”; “racismo estrutural”; “epigenética”. Utilizou-se também a busca manual nas referências dos artigos incluídos no corpus. Esse levantamento foi realizado no mês de fevereiro de 2025.
Como critérios de inclusão, adicionou-se artigos publicados oriundos de pesquisas originais, no recorte temporal de 2009 a fevereiro de 2025, nos idiomas português e inglês, que abordassem elementos da população de mães negras e seus lactentes prematuros, a saúde desta população, o ambiente, o racismo estrutural e a visão epigenética. Artigos que não se relacionavam ao tema, publicados há mais de dezoito anos ou que apresentavam mulheres de outras etnias, foram excluídos. A extração dos dados coletou informações sobre: autor, país, ano, tipo de estudo, objetivos, desenho da pesquisa e tema principal dos resultados.
Na primeira fase do estudo, foram avaliados os títulos e resumos de todos os artigos identificados pela estratégia de busca, dos quais foram excluídos da pesquisa artigos em que os resumos não apresentassem informações suficientes sobre os critérios de elegibilidade. Na segunda fase, foram avaliados os textos completos dos artigos e a seleção foi feita de acordo com os critérios especificados anteriormente, conforme os temas citados acima. A extração dos dados foi realizada utilizando um formulário padronizado e criado pelas autoras, constando os dados citados no próximo item.
No processo de extração dos dados, a partir dos estudos selecionados, realizou-se inicialmente a análise descritiva. Foram retiradas informações com relação às características metodológicas dos artigos, participantes, intervenções e desfechos. Os dados e as variáveis principais foram extraídos dos artigos e as seguintes informações foram coletadas separadamente de cada trabalho selecionado: (1) autor, país, ano, (2) tipo de estudo, (3) objetivos (4) desenho da pesquisa (5) tema principal dos resultados. Os resultados serão apresentados no formato tabulado (Tabela 1) e os estudos e as suas relações, em formato de “resultados e discussões”.
Com o intuito de minimizar os possíveis erros de seleção e de interpretação dos resultados, duas pesquisadoras realizaram todas as etapas do estudo de forma independente. Em situação de desacordo entre as pesquisadoras, foi acionado um terceiro revisor, para avaliar a inclusão ou não do estudo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A busca nas bases de dados resultou em 117 produções. Destas, foram excluídos 65 estudos por não cumprirem os critérios de elegibilidade para inclusão e/ou por duplicidade, sendo selecionados dessa forma 52 estudos para leitura na íntegra e avaliação, conforme descrito na figura 1.
Figura 1 – Resultados do percurso metodológico de revisão.
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2025.
Após a análise, os artigos selecionados foram organizados em cinco temas principais: (1) prematuridade (desenvolvimento infantil e trauma), (2) saúde da população negra, (3) a influência do ambiente no desenvolvimento, (4) racismo estrutural e (5) visão epigenética, como forma de estrutura para apresentação e discussão dos resultados obtidos. A tabela 1 apresenta os artigos selecionados e sua classificação conforme a temática englobada.
Tabela 1 – Detalhamento dos artigos selecionados.
| Nº | Autor(es) | Ano publicado | Temática englobada |
| 1 | Almeida | 2019 | Racismo estrutural |
| 2 | Alves; Macedo | 2022 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil |
| 3 | Alves et al. | 2024 | Racismo estrutural; Visão Epigenética e Racismo |
| 4 | Assis et al. | 2021 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil |
| 5 | Bernard et al. | 2021 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil |
| 6 | Brito; Alho | 2022 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil |
| 7 | Burris et al. | 2017 | Visão Epigenética e Racismo |
| 8 | Burris et al. | 2019 | Visão Epigenética e Racismo |
| 9 | Canavese | 2017 | Saúde da População Negra |
| 10 | Cavaginoni; Benincasa | 2024 | Prematuridade e Suas Repercussões |
| 11 | Chungi et al. | 2024 | Prematuridade e Suas Repercussões; Saúde da População Negra |
| 12 | Costa et al. | 2024 | Saúde da População Negra |
| 13 | Enlow et al. | 2017 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil |
| 14 | Eto; Melo; Griepe | 2019 | Visão Epigenética e Racismo |
| 15 | Fall et al. | 2024 | Saúde da População Negra; Visão Epigenética e Racismo |
| 16 | Francisco | 2021 | Racismo Estrutural |
| 17 | Iruka et al. | 2021 | Visão Epigenética e Racismo |
| 18 | Idueta et al. | 2023 | Prematuridade e Suas Repercussões |
| 19 | Lasneaux | 2017 | Visão Epigenética e Racismo |
| 20 | Leimert & Olson | 2020 | Visão Epigenética e Racismo |
| 21 | Loe et al. | 2021 | Prematuridade e Suas Repercussões |
| 22 | Ludovico et al. | 2021 | Racismo Estrutural |
| 23 | Manuck | 2017 | Prematuridade e Suas Repercussões; Saúde da População Negra |
| 24 | Matoba et al. | 2021 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil; Visão Epigenética e o Racismo |
| 25 | Nicola; Silva | 2022 | Visão Epigenética e o Racismo |
| 26 | Oh et al. | 2018 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil |
| 27 | Oliveira et al. | 2018 | Racismo Estrutural |
| 28 | Oliveira et al. | 2019 | Racismo Estrutural |
| 29 | Pacheco et al. | 2018 | Racismo Estrutural |
| 30 | Peixoto et al. | 2020 | Saúde da População Negra; Racismo Estrutural |
| 31 | Petit et al. | 2021 | Racismo Estrutural |
| 32 | Polidoro et al. | 2023 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil |
| 33 | Provenzi et al. | 2025 | Prematuridade e Suas Repercussões |
| 34 | Rumajogge et al. | 2016 | Prematuridade e Suas Repercussões; Saúde da População Negra |
| 35 | Saccani | 2016 | Racismo Estrutural |
| 36 | Salgado et al. | 2024 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil |
| 37 | Sampson et al. | 2023 | Racismo Estrutural |
| 38 | Santos | 2023 | Racismo Estrutural |
| 39 | Silva; de Lima; Pimentel | 2025 | Racismo Estrutural |
| 40 | Silveira et al. | 2021 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil |
| 41 | Silveira et al. | 2023 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil |
| 42 | Soares | 2013 | Racismo Estrutural |
| 43 | Syed | 2020 | Racismo Estrutural |
| 44 | Theofilo et al. | 2018 | Saúde da População Negra |
| 45 | Valentini; Copetti | 2025 | Influência do ambiente no desenvolvimento infantil |
| 46 | Valente | 2024 | Saúde da População Negra; Racismo Estrutural |
| 47 | Wheeler et al. | 2025 | Prematuridade e Suas Repercussões |
| 48 | Wilken; Coughlin; Homme | 2025 | Prematuridade e Suas Repercussões |
| 49 | Wilken et al. | 2025 | Prematuridade e Suas Repercussões |
| 50 | Wilks | 2025 | Prematuridade e Suas Repercussões |
| 51 | Wu et al. | 2019 | Racismo Estrutural |
| 52 | Zhao et al. | 2024 | Visão Epigenética e o Racismo |
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2025.
3.1 Prematuridade e Suas Repercussões
Foram identificados 11 estudos que analisam os impactos da prematuridade, com destaque para atrasos no desenvolvimento infantil, especialmente entre prematuros extremos. Estima-se que 10% dos nascimentos ocorram de forma prematura, com consequências físicas, emocionais e econômicas relevantes. Cerca de 20% dos lactentes muito prematuros sobrevivem, porém enfrentam alterações neurológicas e atrasos motores significativos (Cavaginoni & Benincasa, 2024; Chung et al., 2024). Idueta et al. (2023) citaram 14,8 milhões de nascimentos prematuros anuais no mundo, mas a literatura sobre a população negra ainda é limitada. Nos EUA, Manuck (2017) identificou maior prevalência de parto prematuro entre mulheres negras, associada a estresse materno e insuficiência cervical. Uma metanálise conduzida por Oliveira et al. (2018) mostrou que mulheres negras têm 51% mais risco de prematuridade, influenciado por fatores físicos, comportamentais, socioeconômicos e étnico-raciais.
A maioria dos prematuros necessita de internação em UTIN, um ambiente que gera estresse significativo para o lactente e sua família. Esse estresse pode comprometer o desenvolvimento socioemocional e provocar ansiedade e sofrimento psíquico nos pais (Wilks, 2025). Loe et al. (2021) relataram déficits cognitivos em adolescentes nascidos muito prematuros, enquanto Provenzi et al. (2025) observaram efeitos mistos em bebês com internações prolongadas, incluindo bons níveis de melatonina e comunicação, mas altos níveis de cortisol e atrasos no desenvolvimento. O estresse tóxico afeta negativamente a memória, aprendizagem e afeto, aumentando o risco de transtornos psiquiátricos e dor crônica (Wilken; Coughlin; Homme, 2025; Wilks, 2025). A separação materna é considerada uma das experiências mais traumáticas para o recém-nascido, e o contato pele a pele mostra-se benéfico para o neurodesenvolvimento e a saúde mental (Wilken; Coughlin; Homme, 2025).
Um estudo recente europeu, identificou que os custos com saúde mental perinatal superam 74 mil euros por gravidez, sendo que até 6% das mães desenvolvem transtorno de estresse pós-traumático (Wheeler et al., 2025). O reconhecimento precoce do estresse traumático pediátrico é fundamental para prevenir e tratar problemas de saúde mental desde a UTIN até a vida adulta, especialmente em bebês prematuros (Wilken et al., 2025). Além disso, aspectos emocionais, ambientais e o temperamento da criança influenciam as respostas ao estresse vivenciado no contexto neonatal (Wilks, 2025). Dessa forma, compreender os múltiplos impactos da prematuridade e suas interseções com fatores sociais, raciais e emocionais é fundamental para a formulação de estratégias de cuidado mais equitativas e eficazes desde o período neonatal.
3.2 Saúde da População Negra
Foram identificados 9 estudos sobre a saúde da população negra gestante e lactente, destacando a invisibilidade histórica do recorte étnico-racial nas políticas públicas. O IBGE define população negra como pessoas autodeclaradas pretas ou pardas, que correspondem à maioria da população brasileira (55,7%) (IBGE, 2022). Apesar disso, a abordagem universalista da saúde pública ignorou as desigualdades raciais até o início dos anos 2000. Com apoio internacional, políticas específicas começaram a ser construídas a partir de 2001, embora ainda haja tendência em atribuir as desigualdades apenas a fatores socioeconômicos, desconsiderando o papel do racismo estrutural (Monteiro & Mayo, 2005).
A saúde da mulher negra é o tema mais recorrente nos estudos, com destaque para maiores incidências de doenças como diabetes tipo II, miomas e pré-eclâmpsia, além de maior vulnerabilidade a infecções, o que agrava os riscos gestacionais (Theofilo et al., 2018; Peixoto et al., 2020). Mulheres negras, em condição de dupla vulnerabilidade, são frequentemente expostas a assistência pré-natal inadequada, resultando em partos traumáticos e riscos de lesões neurológicas, como paralisia cerebral. Evidências do Brasil, EUA e Reino Unido apontam que essas mulheres têm risco significativamente maior de parto prematuro, mesmo quando controlados fatores socioeconômicos (Manuck, 2017; Oliveira et al., 2018; Pacheco et al., 2018; Fal et al., 2024). A terapia com 17-OHPC, medicamento sintético para prevenir o parto prematuro em gestações únicas com histórico de parto prematuro, demonstrou eficácia, mas com menor adesão entre mulheres negras (Manuck, 2017). Além disso, estudos indicam maior prevalência de biomarcadores inflamatórios, hipóxia e infecções perinatais, o que pode comprometer o neurodesenvolvimento infantil (Rumajogge et al., 2016; Chung et al., 2024).
No contexto brasileiro, mulheres negras enfrentam menos acesso a consultas ginecológicas, ao pré-natal adequado e estão mais expostas à violência obstétrica (Canavese, 2017; Costa et al., 2024). Essas barreiras refletem um sistema de saúde permeado por desigualdades e racismo institucional, que contribuem para taxas elevadas de mortalidade materna. Apesar de avanços normativos, como a Resolução CNS nº 719/2023, que enfatiza a equidade no cuidado materno e perinatal, ainda há carência de pesquisas com foco racial. Estudos reforçam que raça, cultura e condições sociais estão interligadas, demandando políticas públicas que garantam uma atenção à saúde materno-infantil verdadeiramente equitativa (Canavese, 2017; Costa et al., 2024).
3.3 Influência do Ambiente no desenvolvimento infantil
Foram identificados 11 estudos que abordam a influência do ambiente no desenvolvimento infantil, com destaque para a interação entre fatores contextuais e neurofisiológicos. Muitos, ainda que sem referência direta, dialogam com a Teoria Bioecológica de Bronfenbrenner, que compreende o desenvolvimento humano como resultado das interações entre múltiplos sistemas (do microssistema ao macrossistema) ao longo do tempo (Assis et al., 2021). Essa perspectiva permite analisar como contextos adversos, como o racismo estrutural impactam o desenvolvimento motor, cognitivo e emocional das crianças (Valentini; Copetti, 2025). Em famílias negras, o racismo gera sofrimento crônico e intergeracional, sendo capaz de afetar o feto ainda na gestação por meio da transmissão placentária do estresse materno (Matoba et al., 2021).
Apesar de avanços em políticas públicas, o racismo estrutural continua a marginalizar pesquisadores negros e a invisibilizar as vivências da população negra na produção científica (Alves & Macedo, 2022). Estudos mostram que a população negra apresenta maior prevalência de doenças crônicas, taxas mais elevadas de mortalidade infantil e baixo peso ao nascer, não por fatores biológicos, mas pelo acesso limitado a serviços essenciais (Polidoro et al., 2023). Em Porto Alegre, estudo aponta a resistência em registrar o quesito raça/cor nos atendimentos do SUS, o que pode evidenciar o racismo institucional e a necessidade de formação antirracista entre profissionais da saúde (Silveira et al., 2021). Além disso, políticas antirracistas enfrentam desafios de implementação tanto na saúde quanto na educação (Brito; Alho, 2022).
O ambiente adverso, especialmente para famílias negras em situação de vulnerabilidade, pode impactar o desenvolvimento infantil desde o período pré-natal. Mulheres negras, particularmente em regiões como a Amazônia, enfrentam complicações gestacionais agravadas por pobreza e barreiras no acesso à saúde (Salgado et al., 2024). O racismo, reconhecido como trauma de infância (C-ACE), pode alterar sistemas fisiológicos, como o imunológico e o endócrino, afetando o eixo HPA, elevando níveis de cortisol e adrenalina, alterações nocivas ao cérebro em desenvolvimento (Anda & Felitti, 2010; Oh et al., 2018; Bernard et al., 2021). Também foram identificadas desigualdades nutricionais relevantes (Silveira et al., 2023). Esses achados reforçam a urgência de pesquisas que considerem raça/etnia como variável central para a formulação de respostas mais efetivas e equitativas no cuidado infantil.
3.4 Racismo Estrutural
Foram identificados 17 estudos que abordam a temática do racismo, destacando suas raízes históricas e efeitos contemporâneos na sociedade. Silva, de Lima e Pimentel (2025) apontam que pessoas negras vivenciam o preconceito de forma cotidiana, percebendo o racismo como elemento estrutural das instituições. A base da sociedade brasileira foi moldada pela colonização e pela escravidão, sustentando a ideia de superioridade branca (Francisco, 2021). Após a abolição, o Brasil incentivou a imigração europeia e marginalizou a população negra, reforçando desigualdades estruturais que ainda impactam o acesso à saúde, educação e renda (Santos, 2023). Para Almeida (2019), o racismo opera como sistema de opressão, hierarquizando os grupos raciais e limitando a mobilidade social. Syed (2020) reforça que o racismo estrutural está presente nas políticas públicas e mantém as desvantagens raciais, contribuindo para desfechos perinatais adversos, como prematuridade e morbimortalidade materna (Sampson et al., 2023).
O racismo institucional se manifesta nas práticas discriminatórias dentro das instituições de saúde, por meio da omissão, estereótipos e negligência (Ludovico et al., 2021). Oliveira et al. (2019) destacam a vulnerabilidade de gestantes negras, que enfrentam maior risco de parto prematuro e mortalidade infantil. Alves et al. (2024), evidenciam a incapacidade do SUS em combater o racismo estrutural, revelando barreiras de acesso, negligência e violência obstétrica. Crianças negras também sofrem consequências duradouras, como maior risco de paralisia cerebral, associada a fatores raciais e socioeconômicos (Wu et al., 2019). Soares (2013) e Saccani (2016) apontam o ambiente como modulador do desenvolvimento infantil, reforçando a influência das desigualdades no início da vida.
Apesar de avanços no debate sobre raça e saúde, autores como Syed (2020) defende a ampliação de estudos sobre os determinantes sociais da saúde. Petit et al. (2021) mostram que, mesmo em contextos socioeconômicos menos desfavoráveis, o racismo continua a impactar práticas de cuidado, como indução do parto e aleitamento materno. Pesquisas em Aracaju (Peixoto et al., 2020) e na Califórnia (EUA) indicam maior prevalência de paralisia cerebral entre crianças negras, embora faltem dados específicos sobre prematuros negros no Brasil, especialmente aqueles internados em UTIN (Oliveira et al., 2018). A partir dos anos 2000, com a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), o tema ganha força na agenda pública (Valente, 2024). A naturalização da negligência no cuidado a gestantes negras e seus efeitos epigenéticos nos lactentes revela a urgência de produzir mais pesquisas, qualificar profissionais, monitorar indicadores raciais e implementar políticas públicas antirracistas (Alves et al., 2024). Torna-se imprescindível reconhecer o racismo como determinante social da saúde e implementar ações antirracistas que promovam equidade no cuidado materno-infantil, desde a formulação de políticas públicas até a prática clínica.
3.5 Visão Epigenética e o Racismo
Foram identificados 11 estudos que abordam a epigenética em interface com o racismo estrutural. A herança epigenética refere-se a modificações na expressão gênica induzidas por fatores ambientais, sem alteração da sequência do DNA, sendo influenciada por estressores crônicos como o racismo, com efeitos intergeracionais. Esse processo está associado à carga alostática, que representa a sobrecarga fisiológica decorrente do estresse contínuo (Eto; Melo; Griepe, 2019). A epigenética demonstra que o ambiente pode modificar a expressão genética e influenciar gerações futuras, como no caso de experiências gestacionais que afetam mães, filhas e netos (Matoba et al., 2021). No entanto, autores alertam que a epigenética pode ser instrumentalizada como um novo determinismo biológico, desviando a atenção das responsabilidades sociais e políticas (Nicola; Silva, 2022).
Diversos estudos demonstram que o racismo e a desigualdade afetam diretamente a saúde perinatal. Burris et al. (2017, 2019) mostram que a metilação do DNA pode ser alterada por fatores ambientais e sociais, influenciando a expressão fenotípica mesmo entre indivíduos com genótipos semelhantes. Variáveis como raça, dieta, violência e índice socioeconômico interferem nesses mecanismos. Zhao et al. (2024) estudaram o DNA mitocondrial de prematuros entre 28–30 semanas e encontraram diferenças significativas entre bebês negros, sugerindo-o como biomarcador de estresse mitocondrial. Lasneaux (2017) destaca que essas influências epigenéticas podem se originar ainda na gestação da avó, afetando múltiplas gerações.
Estudos em modelos animais sugerem que ambientes enriquecidos podem reverter alterações epigenéticas negativas, oferecendo perspectivas para mitigar os impactos do racismo histórico (Leimert & Olson, 2020). Os primeiros 1000 dias de vida são considerados críticos para o desenvolvimento, e bebês negros, especialmente nos EUA, sofrem as consequências de desigualdades estruturais, apresentando maiores índices de morbimortalidade (Iruka et al., 2021; Fal et al., 2024). No Brasil, individualmente no Rio Grande do Sul, heranças da colonização europeia e da exclusão de populações negras continuam a produzir desigualdades no desenvolvimento infantil. Embora haja estudos sobre os efeitos ambientais e sociais no desenvolvimento motor, ainda existem lacunas significativas sobre os impactos da epigenética em lactentes prematuros negros (Oliveira et al., 2018; Alves et al., 2024).
Diante desse contexto, torna-se urgente investigar possíveis diferenças no desenvolvimento infantil e na incidência de lesões entre prematuros negros e brancos. A ausência desse debate contribui para a manutenção do racismo institucional e reforça desigualdades históricas. É fundamental promover políticas públicas comprometidas com a equidade, investir em educação antirracista e desracializar as práticas de cuidado, especialmente em um país cuja estrutura social ainda carrega os legados da escravidão e da desigualdade racial.
4. CONCLUSÃO
Esta revisão de escopo evidenciou que a prematuridade afeta desproporcionalmente lactentes de mulheres negras, refletindo não apenas desigualdades socioeconômicas, mas, principalmente, os efeitos do racismo estrutural nos desfechos perinatais. A sobreposição de fatores biológicos, psicossociais e contextuais contribui para maior risco de parto prematuro, morbimortalidade neonatal e atrasos no desenvolvimento infantil. A epigenética, nesse contexto, emerge como importante temática para compreender os efeitos biológicos do estresse tóxico decorrente do racismo, no entanto, sem substituir a análise crítica dos determinantes sociais da saúde.
Apesar dos avanços em políticas públicas voltadas à equidade racial na saúde, persistem lacunas na literatura científica, sobretudo no que tange à avaliação do neurodesenvolvimento de prematuros negros e à efetividade das intervenções nos serviços de atenção perinatal. Os cinco eixos analisados através dos estudos analisados— prematuridade, saúde da população negra, ambiente, racismo estrutural e epigenética — reforçam a importância de abordagens interdisciplinares que considerem as desigualdades raciais como determinantes centrais do processo saúde-doença. Também persiste a ausência de implementação de políticas públicas, especialmente pela carência de dados desagregados por raça e etnia. Dessa forma, é fundamental incorporar a perspectiva étnico-racial de forma transversal nas práticas de cuidado, na formação de profissionais de saúde e na produção científica, visando à promoção da equidade e o pleno desenvolvimento de lactentes negros prematuros.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, S. L. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.
ALVES, V. C. S. et al. Os direitos da saúde da população negra: enfoque no atendimento na atenção primária à saúde primária para este grupo étnico/social. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 8, n. 18, p. 1–18, jan./jun. 2025.
ALVES-BRITO, A.; MACEDO, J. R. A história da ciência e da educação pelas perspectivas ameríndia e amefricana. Revista Brasileira de História da Ciência, v. 16, n. 2, p. 400–417, jul./dez. 2022.
ANDA, R.; FELITTI, V. The Adverse Childhood Experiences (ACE) Study: executive summary. [S. l.], 2010. Disponível em: https://www.cdc.gov/violenceprevention/pdf/ACE-Study-Summary.pdf. Acesso em: 21 fev. 2025.
ASSIS, D. C. M.; MOREIRA, L. V. C.; FORNASIER, R. C. Teoria bioecológica de Bronfenbrenner: a influência dos processos proximais no desenvolvimento social das crianças. Research, Society and Development, v. 10, n. 10, e582101019263, 2021.
BERNARD, D. L. et al. Making the “C-ACE” for a culturally-informed adverse childhood experiences framework to understand the pervasive mental health impact of racism on Black youth. Journal of Child & Adolescent Trauma, v. 14, p. 233–247, 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico, v. 55, n. 13. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2024/boletim-epidemiologico-volume-55-no-13.pdf. Acesso em: 4 abr. 2025.
BRITO, A.; ALHO, K. R. Educação para as relações étnicoraciais: um ensaio sobre alteridades subalternizadas nas ciências. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, v. 24, 2022.
BURRIS, H. H.; VICK, A. D. Epigenetics and health disparities. Current Epidemiology Reports, v. 4, p. 31–37, 2017.
BURRIS, H. H. et al. Racial disparities in preterm birth: an epigenetic pathway? Current Opinion in Pediatrics, v. 31, n. 2, p. 243–249, 2019.
CANAVESE, D. et al. Equidade étnicorracial no SUS: pesquisas, reflexões e ações em saúde da população negra e dos povos indígenas. Porto Alegre: Rede Unida, 2018.
CAVAGGIONI, A. P. M.; BENINCASA, M. Development of premature children and the influence of sociodemographic factors on them: a cross-sectional study. Universidade Metodista de São Paulo, 2024.
CHUNGI, H. W. et al. Developing a practical neurodevelopmental prediction model for targeting high-risk very preterm infants during visit after NICU: a retrospective national longitudinal cohort study. BMC Medicine, v. 22, p. 68, 2024.
COSTA, L. S. et al. Cuidados de enfermagem voltados para a saúde materna de mulheres negras. Revista Íbero-Americana de Humanidade, Ciências e Educação – REASE, v. 10, n. 4, 2024.
ENLOW, E. et al. Perspectives of low socioeconomic status, mothers of premature infants. Pediatrics, v. 139, n. 3, e20162310, 2017.
ETO, F. N.; MELO, A. C. M. A.; GRIEPE, A. C. S. Carga alostática na população ELSA-Brasil: desafios metodológicos de mensuração e sua associação com a autoavaliação de saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2019.
FALL, C. et al. Racial and ethnic inequities in therapeutic hypothermia and neonatal hypoxic–ischemic encephalopathy: a retrospective cohort study. The Journal of Pediatrics, v. 269, 2024.
FRANCISCO, M. C. A questão racial e a experiência traumática. Revista Latino-Americana de Psicologia Corporal, n. 11, p. 22–37, 2021.
HENDGES, G. M. Condições sociodemográficas, parâmetros antropométricos e perfil metabólico de escolares nascidos prematuros e a termo. 177 f. Dissertação (Mestrado em Biociências e Saúde) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2020. Disponível em: https://tede.unioeste.br/handle/tede/4860. Acesso em: 4 jun. 2025.
IBGE. Censo demográfico 2022: identificação étnico-racial da população, por sexo e idade: resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=73105. Acesso em: 4 jun. 2025.
IRUKA, I. U. et al. Creating anti-racist early childhood spaces. Zero to Three Journal, v. 41, n. 3, p. 16–24, 2021.
IDUETA, C. S. et al. Nascimentos prematuros: desafios atuais e estratégias globais. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 23, n. 1, p. 1–10, 2023.
LASNEAUX, M. V. Epigenética e freudismo: a ideia de transobjeto. Universidade de Brasília, 2017.
LEIMERT, K. B.; OLSON, D. M. Racial disparities in pregnancy outcomes: genetics, epigenetics, and allostatic load. Current Opinion in Physiology, v. 13, p. 155–165, 2020.
LOE, I. M. et al. Racism as an adverse childhood experience: an interactive workshop to train pediatricians to address racism in clinical care. Journal of Developmental & Behavioral Pediatrics, v. 42, n. 6, p. 502–511, 2021.
LUDOVICO, G. O. et al. Racismo institucional: percepção sobre a discriminação racial nos serviços de saúde. Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, 2021.
MAIO, M. C.; MONTEIRO, S. Tempos de racialização: o caso da’saúde da população negra’no Brasil. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 12, p. 419-446, 2005.
MANUCK, T. A. Racial and ethnic disparities in preterm birth: a complex, multifactorial problem. Seminars in Perinatology, v. 41, n. 8, p. 511–518, 2017.
MATOBA, N.; MESTAN, K. K.; COLLINS, J. W. Understanding racial disparities of preterm birth through the placenta. Clinical Therapeutics, v. 43, n. 2, p. 390–397, 2021.
NICOLA, L. R. M.; SILVA, E. P. Determinismo biológico, genético e epigenético: as várias faces de uma fênix. Ciência Elementar, v. 10, n. 4, p. 55, 2022.
OH, D. L. et al. Systematic review of pediatric health outcomes associated with childhood adversity. BMC Pediatrics, v. 18, p. 83, 2018.
OLIVEIRA, B. M. C.; KUBIAK, F. Racismo institucional e a saúde da mulher negra: uma análise da produção científica brasileira. Saúde em Debate, v. 43, n. 122, p. 939–948, jul./set. 2019.
OLIVEIRA, I. et al. Associação entre raça/cor da pele e parto prematuro: revisão sistemática com meta-análise. Revista de Saúde Pública, v. 52, p. 26, 2018.
PACHECO, A. M. S. C. et al. Prematuridade em mulheres negras no Reino Unido: determinantes e barreiras. Lancet Public Health, v. 3, p. e432–e440, 2018.
PEIXOTO, M. V. S. et al. Características epidemiológicas da paralisia cerebral em crianças e adolescentes em uma capital do nordeste brasileiro. Fisioterapia em Pesquisa, v. 27, n. 4, p. 405–412, 2020.
PETIT, V. et al. Racismo e saúde perinatal: evidências sobre práticas discriminatórias no parto e puerpério. Saúde em Debate, v. 45, n. 128, p. 1018–1030, 2021.
POLIDORO, M. et al. Geografia das disparidades em saúde entre brancos e negros em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Cadernos de Saúde Coletiva, v. 31, n. 1, p. 1–10, 2023.
PROVENZI, L. et al. Editorial: psychological implications of preterm birth. Frontiers in Psychology, v. 16, artigo 1210991, 2025.
RUMAJOGGE, M. et al. Neurodevelopmental outcomes following neonatal encephalopathy in term infants. Pediatrics, v. 138, n. 2, 2016.
SACCANI, R. Desenvolvimento motor e ambiente: um olhar bioecológico. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, v. 26, n. 2, p. 224–232, 2016.
SALGADO, L. et al. Determinantes sociais da saúde materna em populações ribeirinhas da Amazônia. Revista Pan-Amazônica de Saúde, v. 15, 2024.
SAMPSON, S. M. et al. Structural racism, nativity and risk of adverse perinatal outcomes among Black women. Paediatric and Perinatal Epidemiology, v. 38, p. 89–97, 2024.
SANTOS, A. C. Cotas raciais e a inclusão do povo negro na sociedade brasileira. Apucarana: Faculdade de Apucarana, 2023.
SILVA, N. G.; DE LIMA, E. N.; PIMENTEL, J. M. V. O racismo estrutural vivenciado na pele: história oral de quem vive, sente e luta. Caderno Prudentino de Geografia, v. 2, n. 47, p. 102–121, 2025.
SILVEIRA, R. et al. Reflexões sobre a coleta do quesito raça/cor na atenção básica (SUS) no sul do Brasil. Saúde e Sociedade, v. 30, n. 2, p. 1–15, 2021.
SILVEIRA, R. et al. Desigualdades nutricionais em crianças negras: uma realidade negligenciada. Revista de Nutrição em Saúde Coletiva, v. 28, n. 2, p. 47–55, 2023.
SOARES, E. S. O ambiente domiciliar e o desenvolvimento motor infantil. Temas sobre Desenvolvimento, v. 19, n. 106, p. 184–187, 2013.
SYED, M. Racism as a system of power: a social psychological perspective. Current Directions in Psychological Science, v. 29, n. 2, p. 136–142, 2020.
THEOPHILO, R. L.; RATTNER, D.; PEREIRA, E. L. Vulnerabilidade de mulheres negras na atenção ao pré-natal e ao parto no SUS. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, n. 11, p. 3505–3516, 2018.
VALENTINI, N. C.; COPETTI, F. Motor competence from a bioecological perspective. Revista de Psicologia Aplicada, v. 3, n. 2, 2025.
VALENTE, S. Avanços e desafios da saúde da população negra: a criação da SEPPIR. Revista Política & Sociedade, v. 13, n. 2, p. 44–59, 2024.
WHEELER, A. et al. The positive cycle of breastfeeding—mental health outcomes of breastfeeding mothers following birth trauma. Healthcare, v. 13, n. 672, 2025.
WILKEN, M.; COUGHLIN, M.; HOMME, S. Perspectives in infant mental health. World Association for Infant Mental Health, v. 33, n. 1, 2025.
WILKS, J. Trauma, memory, and perception. International Body Psychotherapy, v. 23, n. 2, 2025.
WU, Y. W. et al. Racial, ethnic and socioeconomic disparities in the prevalence of cerebral palsy. Pediatrics, v. 127, n. 3, p. e674–e681, 2011.
ZHAO, T. et al. Association between mitochondrial DNA copy number and neurodevelopmental outcomes among Black and White preterm infants up to two years of age. Preprints.org, Apr. 2024.
1Fisioterapeuta, Discente do Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ESEFID/UFRGS). e-mail: physioelida@hotmail.com
2Fisioterapeuta, Discente do Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ESEFID/UFRGS). e-mail: mylenarosa32@gmail.com
3PhD, Docente e Orientadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, da Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ESEFID/UFRGS). e-mail: carlaskilhan@gmail.com
