REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248221221
Evandro Henrique de Carvalho
Tatiana Ribeiro de Campos Mello
Silvia Cristina Martini
A busca por práticas educativas inclusivas tem sido uma prioridade para muitas sociedades contemporâneas. Nesse contexto, a pesquisa interdisciplinar torna-se uma abordagem importante para compreender e atender às complexas necessidades dos alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Ao explorar as intersecções entre diferentes disciplinas, esta abordagem proporciona um espaço rico para o desenvolvimento de métodos de investigação mais abrangentes e eficazes.
A pesquisa interdisciplinar desempenha um papel fundamental na compreensão das complexidades da educação inclusiva. Ao integrar conhecimentos de diversas áreas, como psicologia, educação, neurociência e tecnologia educacional, os pesquisadores são capazes de abordar de forma mais abrangente os desafios enfrentados pelos alunos com autismo. Isso permite uma compreensão mais profunda das necessidades individuais desses alunos, levando ao desenvolvimento de estratégias de ensino mais eficazes e adaptativas (FERREIRA, 2018; LIMA, 2001).
A compreensão dos conceitos epistemológicos é fundamental para orientar os métodos de pesquisa. A epistemologia, como campo filosófico que estuda a natureza, as origens e as limitações do conhecimento, fornece aos pesquisadores uma importante estrutura teórica. Ao refletir sobre como o conhecimento é produzido e verificado, os investigadores podem tomar decisões mais informadas sobre os métodos de investigação que utilizam (GAUER, 2013; FRANCO, 2016).
Os conceitos epistemológicos beneficiam a pesquisa, fornecendo uma base sólida para a construção de argumentos e a avaliação crítica das evidências. Ao reconhecerem as complexidades inerentes às diferentes formas de conhecimento e aos processos de investigação, os investigadores podem evitar o reducionismo e a simplificação excessiva. Isto permite uma análise mais profunda e contextualizada do fenômeno em estudo, ajudando a construir um corpo de conhecimento mais robusto e importante (SARMENTO, 2004; CARNEIRO, 2012).
Diversos caminhos epistemológicos podem ser seguidos na pesquisa por exemplo uma abordagem construtivista enfatiza a importância da interação ativa e da construção do conhecimento pelos alunos. Nesse contexto, os simuladores são vistos como ferramentas que permitem a exploração e a experimentação, promovendo uma aprendizagem mais significativa (UNIVERSITY OF COLORADO, 2021). Por outro lado, uma perspectiva sociocultural enfatiza o papel do contexto social e cultural na construção do conhecimento. Nesse sentido, os simuladores são vistos como artefatos culturais que refletem e moldam as práticas educativas de uma determinada sociedade. Esta perspectiva considera como os fatores sociais e culturais influenciam a aprendizagem e a inclusão dos alunos com TEA.
Ao integrar estas abordagens, a pesquisa poderá desenvolver uma compreensão mais holística das necessidades dos alunos com TEA e das estratégias pedagógicas mais eficazes para atendê-los. Ao integrar conhecimentos de diferentes áreas e refletir sobre os fundamentos do conhecimento científico, os pesquisadores são capazes de abordar de forma mais abrangente e reflexiva os desafios enfrentados pelos alunos com TEA. Isso contribui para o desenvolvimento de práticas educacionais mais inclusivas e eficazes, que valorizam a diversidade de experiências e perspectivas. Este enfoque não apenas enriquece o campo da educação inclusiva, mas também promove um ambiente de aprendizagem mais equitativo e acessível para todos os alunos (BRASIL, 2013; ALMEIDA JUNIOR, 2021).
A utilização de ferramentas interdisciplinares é essencial para alcançar os objetivos dessa pesquisa. A abordagem interdisciplinar permitirá uma análise multifacetada das práticas educativas inclusivas, integrando conhecimentos teóricos e práticos de diferentes campos. Por exemplo, a colaboração entre psicólogos e educadores pode oferecer compreensões sobre as melhores práticas para adaptar o ensino às necessidades individuais dos alunos com TEA. A tecnologia educacional, por sua vez, pode fornecer recursos inovadores, como simuladores interativos, que facilitam a aprendizagem de conceitos matemáticos de forma lúdica e envolvente.
Além disso, a interdisciplinaridade possibilita a criação de um ambiente de pesquisa mais inclusivo e diversificado, onde diferentes perspectivas são valorizadas e integradas. Isso é particularmente importante na educação inclusiva, onde a diversidade de experiências e necessidades dos alunos deve ser reconhecida e respeitada. Ao adotar uma abordagem interdisciplinar, a pesquisa não só se torna mais rica e completa, mas também mais capaz de desenvolver soluções educativas que realmente atendam às demandas dos alunos com TEA, promovendo uma inclusão efetiva e significativa.
REFERÊNCIAS
1. FERREIRA, Felipe. Educação inclusiva: quais os pilares e o que a escola precisa fazer? Atualizado em: 29 de agosto de 2018. Disponível em: https://www.proesc.com/blog/educacao-inclusiva-o-que-a-escola-precisafazer/. Acesso em: 04 maio. 2024.
2. LIMA, M. Educação de qualidade: diferentes visões. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n.16, p.128-131, 2001.
3. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Conselho Nacional da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica Ministério da Educação. Secretária de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. Brasília, DF: MEC, SEB, DICEI, 2013. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 04 maio. 2024.
4. GAUER, R. M. C. Interdisciplinaridade e pesquisa. Civitas, Rev Ciênc Soc. 2013 Sep;13(3):536–43. Disponível em: https://doi.org/10.15448/1984-7289.2013.3.14981. Acesso em: 17 maio. 2024.
5. FRANCO, M. A. do R. S. Prática pedagógica e docência: um olhar a partir da epistemologia do conceito. Rev Bras Estudo Pedagogia. 2016 Sep;97(247):534–51. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S2176-6681/288236353. Acesso em: 17 maio. 2024.
6. SARMENTO, M. J. As culturas da infância nas encruzilhadas da 2ª modernidade. In: SARMENTO, M. J.; CERISARA, A. B. (Coord.). Crianças e miúdos: perspectivas sociopedagógicas sobre infância e educação. Porto, PT: Asa, 2004.
7. CARNEIRO, R. U. C. Educação inclusiva na educação infantil. Práxis Educacional. Vitória da Conquista. v. 8 n. 12; p.81-95; jan./jun. 2012.
8. ALMEIDA JUNIOR, E. R. B. Prática de Ensino: Novas Tecnologias e Jogos Didáticos. Maringá: UniCesumar, 2021.
9. UNIVERSITY OF COLORADO. PhET Interactive Simulations, c2021. Página inicial. Disponível em: https://phet.colorado.edu/pt_BR/.