PRÁTICAS DE ARQUITETURA E DESIGN DE INTERIORES QUE PROMOVEM UMA MELHOR REGULAÇÃO DO CICLO CIRCADIANO

ARCHITECTURAL AND INTERIOR DESIGN PRACTICES THAT PROMOTE BETTER CIRCADIAN CYCLE REGULATION

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202509241726


Ana Ciria Chamon Pereira dos Santos
Henrique Rodrigues Miranda


RESUMO

Os circadianos do humano são afetados por elementos ambientais do espaço construído, o que implica que a arquitetura e o design de interiores poderiam desempenhar um papel importante em sustentar ritmos biológicos saudáveis. O presente artigo faz uma revisão integrativa da literatura científica a respeito de estratégias projetuais voltadas para o controle do ciclo sono-vigília, em campos como cronobiologia, a neuroarquitetura, a iluminação, a cromoterapia, a biofilia e a saúde mental do ser humano. Foram mapeados achados recentes até o período de 2024, incluindo estudos de cronobiologia do ambiente e revisões de ordem sistemática e diretrizes de iluminação e saúde. Esses achados demonstraram que a iluminação artificial mal planejada durante a noite (especialmente rica em azul) inibe a melatonina e desregula o relógio biológico (ALAM; ABBAS; SHARF; KHAN, 2024), enquanto a exposição adequada à luz durante o dia, reforça a sincronização circadiana e a qualidade do sono.  Os aparelhos eletrônicos emitem raios do espectro azul que, somados ao estímulo mental, atrasam o início do sono e diminuem sua duração. As cores do lar afetam o estado de espírito e a predisposição a dormir: as cores calmas e frias (ex.: azul claro; verde) normalmente favorecem o relaxamento, mas cores muito saturadas podem promover o alerta. (SUMMER 2025). A presença de elementos naturais como luz solar, a presença de paisagens verdes e plantações habitacionais têm sido associadas com diminuição do estresse e com a maior sincronização do ritmo circadiano com a possibilidade de melhora dos distúrbios do sono. (LEE et al., 2015). A partir de evidências correspondentes, identificamos lacunas de pesquisa e formulamos hipóteses sobre iluminação circadiana do tipo dinâmica, paletas cromáticas relaxantes, design biofílico e controle dos usuários ambientais. Nosso argumento é o de que uma abordagem de projeto do tipo “pró-circadiana” , alinhando iluminação, as cores do ambiente e a natureza aos ritmos biológicos poderia melhorar o sono, o bem-estar e a saúde mental dos ocupantes. Este trabalho busca respaldar, com evidências científicas o mais canalizadas possível, recomendações de design que permitam conseguir ambientes construídos de forma mais sadia e sincronizada aos ciclos circadianos humanos.

Palavras chave: Cronobiologia; Neuro-arquitetura; Iluminação circadiana; Cores e sono; Biofilia; Saúde do sono

1. INTRODUÇÃO

O ciclo circadiano (que pode ser definido como o relógio biológico do organismo, com duração próxima a 24 horas) regula ainda os padrões diários de sono e vigília, juntamente com uma variedade de funções fisiológicas . Os sincronizadores ambientais e sociais, especialmente a luz, têm um efeito importante no ciclo circadiano, funcionando como zeitgebers (marcadores de tempo) que representam o sinalizador do tempo do relógio interno, sincronizando o mesmo ao dia e noites naturais. Porém, no mundo moderno, as constantes práticas de iluminação abundante e outras fontes de iluminação artificial, devido à ação das telas dos dispositivos eletrônicos, têm desafiado a estrutura circadiana e a qualidade do sono.(FERNANDEZ, 2022) (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2016). Além da luz, diferentes aspectos a respeito do ambiente construído – incluindo a adequação/variação das cores do espaço, disponível luz solar (natural) , presença de elementos naturais (vegetação) e as características arquitetônicas podem afetar o bem-estar, o humor e, indiretamente, os ritmos circadianos.

A proposta delineia um artigo científico internacional, onde o objetivo é pesquisar práticas projetuais de arquitetura e design de interiores que favoreçam a regulação do ciclo circadiano. Para tanto, realizamos uma revisão da literatura a respeito: (a) iluminação artificial e sono; (b) uso de telas e sono; (c) uso de cores e sono; (d) iluminação natural (solar) e sono; (e) vegetação natural e saúde humana; (f) relações entre ambiente construído e saúde mental . Em seguida, apresentamos as lacunas existentes no estado da arte, propondo as hipóteses de pesquisa por meio de direções futuras. E por fim, discutimos novas aplicações de design que podem beneficiar a regulação circadiana dos usuários. Acreditamos que integrar os achados da cronobiologia no projeto arquitetônico e de interiores desenvolverá a saúde e bem-estar através de ambientes construídos mais próximos dos ritmos biológicos naturais.

2. OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo principal investigar e ampliar o conhecimento sobre práticas arquitetônicas e de design de interiores que contribuem para a regulação do ciclo circadiano humano, com vistas à aplicação em projetos saudáveis. Os objetivos específicos incluem:

  • Revisar criticamente a literatura científica interdisciplinar relevante (nacional e internacional) sobre como fatores ambientais: iluminação, cores, elementos naturais e outros influenciam os ritmos circadianos, a qualidade do sono e a saúde mental.
  • Identificar lacunas no conhecimento atual e possíveis inconsistências ou controvérsias entre estudos, de modo a direcionar questões ainda não respondidas.
  • Formular hipóteses de pesquisa e perguntas norteadoras para futuros estudos experimentais ou observacionais que esclareçam as relações causais entre design do ambiente e ritmicidade biológica.
  • Sugerir diretrizes projetuais e estratégias práticas baseadas em evidências, que arquitetos e designers de interiores possam adotar para criar ambientes alinhados aos ciclos biológicos naturais, promovendo melhor sono e bem-estar dos ocupantes.

Ao atingir tais objetivos, busca-se contribuir para o desenvolvimento de uma arquitetura alinhada à saúde circadiana, embasada em dados científicos robustos e multidisciplinares.

3. METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se como uma revisão integrativa de literatura com abordagem interdisciplinar, englobando as áreas de arquitetura, design ambiental, cronobiologia e saúde. A metodologia consistiu nas seguintes etapas:

  • Levantamento bibliográfico: Realizou-se uma busca abrangente de publicações científicas até o ano de 2024 nas bases de dados PubMed, Web of Science, Scopus e SciELO. Utilizaram-se combinações de palavras-chave em português e inglês, tais como: “arquitetura e ciclo circadiano”, “lighting design and circadian rhythm”, “interior design and sleep quality”, “chromotherapy sleep”, “biophilic design and health”, entre outras. Priorizou-se literatura publicada na última década (2013–2024), incluindo artigos de periódicos internacionais indexados, revisões sistemáticas, meta-análises e diretrizes reconhecidas de órgãos de saúde e associações profissionais (por exemplo, Illuminating Engineering Society, WELL Building Standard).
  • Critérios de seleção: Os títulos e resumos foram triados para identificar estudos relevantes ao escopo (influência de iluminação, cores, elementos naturais e aspectos arquitetônicos sobre ritmos biológicos, sono ou saúde mental). Foram excluídos trabalhos duplicados e aqueles fora do escopo (por exemplo, estudos puramente médicos sem relação com ambiente, ou de arquitetura sem mensurar impacto na saúde). No total, cerca de 100 fontes foram selecionadas para leitura completa, das quais as de maior qualidade e pertinência compõem esta revisão.
  • Análise e síntese: Cada estudo selecionado foi analisado quanto ao tipo (experimental, observacional, revisão), contexto do ambiente (residencial, hospitalar, laboral etc.), principais resultados e limitações. Em seguida, os achados foram organizados tematicamente conforme as seções de revisão de literatura (iluminação artificial, telas, cores, luz natural, vegetação, saúde mental). Procurou-se convergências e divergências entre estudos, identificando pontos de consenso já bem estabelecidos (por exemplo, efeitos da luz azul na melatonina) e áreas controversas ou pouco exploradas (por exemplo, impacto quantitativo das cores de parede no sono).
  • Validação científica: Para aumentar a confiabilidade, cruzaram-se referências de diferentes fontes e destacou-se sobretudo resultados confirmados por múltiplos estudos ou revisões sistemáticas. Dados oriundos de apenas um estudo ou de fontes menos robustas (como relatos ou materiais técnicos) foram apresentados com ressalvas. Todas as afirmações e recomendações feitas ao longo do texto estão respaldadas por citações de literatura científica atualizada, que foram devidamente referenciadas no formato autor-data ou pelo identificador de fonte conectada.
  • Formulação de hipóteses: Com base nas lacunas identificadas na literatura, elaboraram-se hipóteses de pesquisa inéditas (ver seção seguinte) para orientar futuros estudos. Essas hipóteses foram desenvolvidas alinhando questões não respondidas a modelos teóricos de cronobiologia e design ambiental.
  • Considerações éticas: Por se tratar de revisão de literatura, sem coleta de dados primários envolvendo seres humanos, este estudo dispensou aprovação de comitê de ética em pesquisa. Entretanto, seguiu-se rigor acadêmico na atribuição de crédito aos autores originais das ideias e resultados, bem como no respeito à integridade dos dados relatados.

Em síntese, a metodologia adotada permitiu compilar e integrar conhecimentos de diversos campos, criando uma base teórica sólida para discutir o tema proposto. A confiabilidade das informações foi assegurada pela seleção criteriosa das fontes e pelo confronto crítico entre diferentes evidências. Eventuais gaps ou incertezas mencionados refletem o estado atual da ciência, servindo de motivação para as propostas de pesquisa apresentadas adiante.

4. REVISÃO DA LITERATURA

4.1 Iluminação Artificial e Sono

A adoção generalizada da eletricidade na iluminação do século XX trouxe enormes benefícios, mas também alguns efeitos colaterais intercalares na saúde circadiana. A exposição à iluminação artificial à noite (principalmente em alta intensidade ou de espectro rico em luz azul) pode prejudicar o ritmo biológico do sono (CHANG et al, 2015). Luz à noite reduz a secreção de melatonina (o hormônio indutor do sono) e pode atrasar o relógio circadiano, o que resulta em dificuldade para adormecer e em sono de menor qualidade . Estudos resumem que a luz urbana e doméstica noturna (light at night – LAN) tem efeitos indesejáveis sobre vários parâmetros do sono, incluindo o tempo para adormecer, a duração total do sono e a arquitetura dos estágios do sono . Populações que não têm acesso a eletricidade tendem a dormir mais cedo e por um tempo maior em comparação a populações que são afetadas pela luz artificial noturna, o que evidencia o efeito desregulador da iluminação noturna excessiva (FERNANDEZ, 2022). Além disso, a exposição crônica à iluminação artificial noturna tem sido associada não apenas a distúrbios do sono, mas também a efeitos em cadeia, sobre o metabolismo e o humor, o que reforça as preocupações à saúde pública . Em suma, iluminação artificial mal planejada, principalmente à noite,  pode criar desafios para a sincronização circadiana, sugerindo que há necessidade de projetar os ambientes para minimizar a luz noturna desnecessária e alinhar-se melhor aos ciclos naturais de claro-escuro.

4.2 Uso das telas e sono

O uso disseminado de dispositivos com tela (smartphones, tablets, computadores, televisores) antes de dormir introduziu uma fonte adicional de iluminação artificial e estimulante ao cérebro, o que afeta o sono. As telas emitem luz azul (de curto comprimento de onda) que, mesmo em níveis moderados, pode suprimir a melatonina e promulgam ao cérebro, à noite, a mensagem de “dia” (CHANG et al, 2015). Como demonstrado em um experimento clássico, participantes que leram em um e-reader emissor de luz à noite adormeceram mais tarde, apresentaram reduzida sonolência subjetiva à noite, menor liberação de melatonina e atraso na fase circadiana comparado a quando liam um livro impresso sob uma iluminação menos intensa (. Evidências epidemiológicas apoiam esses dados do laboratório: uma revisão sistemática mostrou que uso excessivo de telas associam-se consistentemente com pior qualidade do sono e menor duração de sono em adolescentes, incluindo mais despertares noturnos, maior latência para dormir e mais sonolência diurna (SILVA et al., 2022). De maneira similar, em adultos, diferentes investigações têm mostrado correlações entre elevado tempo de tela (principalmente à noite) e indicadores de sono ruim, embora o conteúdo consumido e a suscetibilidade individual também desempenhem um papel. Um painel internacional de especialistas convocado pela National Sleep Foundation revisou centenas de estudos e obteve acordo de que o uso de mídias eletrônicas antes de dormir rebaixa a saúde do sono dos jovens, atrasando o deitar e reduzindo a qualidade do sono . Notavelmente, esse mesmo painel observou que o conteúdo e o engajamento mental com as telas também tem relação com o sono para além da questão luminosa (COLLINS, 2024) . Também houve incerteza sobre quão grande é o impacto da luz das telas por si só, separada do conteúdo, no sono em adultos, uma questão não resolvida na literatura atual . Resumindo, sugere-se limitar o uso de telas durante a noite, com intervenções como filtros de luz azul ou restrições temporais, dentro de uma abordagem projetual e comportamental visando proteger o ritmo circadiano do usuário de tecnologia. 

4.3 Uso de Cores e Efeito no Sono

A dimensão das cores do ambiente influencia o estado de espírito e pode ter um efeito pequeno na preparação para o sono. Duas vertentes principais emergem na literatura: (1) a cor da iluminação e (2) as cores do espaço físico (paredes, decoração). No caso da iluminação colorida, as investigações mostram que diferentes comprimentos de onda têm efeitos diversos sobre o ritmo biológico. As luzes azuladas ou brancas brilhantes, à noite, costumam ter efeitos circadianos significativos, ativando células ganglionares da retina sensíveis a cerca de 490 nm (melanopsina) que sinalizam “dia” para o núcleo supraquiasmático (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2016). Em contrapartida, as luzes avermelhadas ou amareladas em baixa intensidade têm, ao contrário, efeito mínimo sobre o sistema do relógio interno, praticamente não suprimindo melatonina . Portanto, as diretrizes propõem o uso de iluminação noturna dimerizável em tons quentes (vermelho/âmbar) em ambientes privados de moradia, durante a noite, para que seja possível iluminar com segurança, sem interromper o ciclo circadiano (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2016) . Simultaneamente, no projeto de interiores, a paleta de cores que irá colorir as paredes e mobílias pode afetar o relaxamento psicológico traduzido pelo sono. Cores suaves e frias, como azul claro e verde, são frequentemente vinculadas à calma e ao relaxamento, podendo ajudar a baixar o nível de atividade mental à noite. Aliás, uma pesquisa feita com dormitórios universitários revelou que os moradores com paredes de azul claro sentiram-se mais calmados comparados àqueles com cores mais vibrantes. Cores neutras ou em tons pastel (branco quebrado, beges suaves, lavanda claro) também são indicadas por profissionais como cores que não excitam o cérebro em demasia. Por outro lado, cores quentes ou vibrantes demais (vermelho vivo, laranja, amarelo forte) podem aumentar os níveis de excitação e devem ser evitadas nos quartos de dormir segundo as doutrinas de cromoterapia e/ou de design. E é interessante notar que novidades científicas têm dado mais complexidade à proposta do que as cores podem exercer: alguns pesquisadores têm defendido que para efeitos circadianos que a intensidade da iluminação e o tempo de exposição podem ser tão ou mais relevantes do que a cor que deve ser considerada . Isso é, a luz azul fraca pode ser menos perturbadora do que a luz branca intensa, e vice-versa, fazendo com que a cor e a intensidade luminosa devam ser tratadas em conjunto. Para concluir, a aplicação cuidadosa das cores em iluminação e decoração pode incentivar higiene do sono: lâmpadas noturnas quentes e fracas combinadas com ambientes decorados em paletas de cores tranquilas devem compor um cenário adequado ao relaxamento e à preparação fisiológica para o sono (STORY CAST COLORS, 2023)

4.4 Iluminação Solar e Sono 

A luz do sol é o sincronizador circadiano mais forte na natureza, e essencial para a sincronização de nossos ritmos internos com o dia-noite de 24 horas (FERNANDEZ 2022). O fato de que a claridade abundante do dia (especialmente nas manhãs) fortalece o ciclo vigília-sono, aumentando o contraste do dia claro e da noite escura que o organismo reconhece, sugere ainda que maximizar a quantidade de luz durante o dia seja tão importante quanto minimizar a luz à noite para manter um ritmo saudável (FERNANDEZ 2022) . Ambientes internos que são muito brilhantes sob a luz solar proporcionam os efeitos não visuais benéficos: a luz diurna5 que atinge os olhos contém níveis altos de luz, o que aumenta o sinal biológico diurno, promovendo a produção diurna dos hormônios de alerta, levando à produção também mais oportuna de melatonina à noite . Por exemplo, os trabalhadores que foram expostos a escritórios com abundância de luz natural possuíam uma maior qualidade do sono noturno e bem-estar, em comparação àqueles em ambientes internos sem janelas. Um estudo mostrou que funcionários em escritórios sem janelas tiveram a pior qualidade global de sono (escores mais altos de distúrbios) e menor duração do sono, enquanto seus colegas em espaços com janelas obtiveram significativamente mais luz durante o dia e dormiram em média 46 minutos a mais por noite . Esses trabalhadores, que puderam contar com a luz natural, também relataram níveis mais altos de vitalidade e bem-estar no questionário SF-36, o que sugere vantagens à saúde geral . Os autores desses estudos recomendaram que o design do edifício priorizasse a luz natural chamada saúde e ritmicidade adequadas . Outros estudos têm mostrado que as pessoas que passam a maior parte do dia em ambientes com escassa luz (menor que ~500 lux melanópicos) apresentaram ritmos circadianos mais atrasados e uma menor pressão de sono e percepção em relação à qualidade do sono (FERNANDEZ 2022) . Em contrapartida, a terapia da luz diurna, expor as pessoas à luz branca intensa com espectro amplo pela manhã, é um tratamento tradicionalmente utilizado para o tratamento de distúrbios circadianos e certos tipos de insônia e depressão de estação, mostrando na prática que o poder da luz do dia pode realinhar os ritmos biológicos. Neste sentido, as estratégias de design que aumentam a entrada de luz solar nos edifícios (como janelas grandes, claraboias, plantas abertas) e que garantem que os ocupantes recebam luz do dia suficiente enquanto ativos podem melhorar significativamente a sincronização com o ciclo sono-vigília (FERNANDEZ 2022). Esse controle da poluição luminosa noturna que penetra os interiores é também importante: por exemplo, o uso de persianas blackout à noite para manter a escuridão favorece a produção de melatonina à noite. Em suma, a luz solar parece ser amiga da biologia circadiana, e o ambiente construído deve buscar conectar as pessoas à luz do dia durante as horas devidas, mas também garantir escuridão nas noites, tentando assim emular a ciclicidade natural necessária para um sono saudável.

4.5 Vegetação Natural e Saúde Humana

A incorporação de elementos naturalizados aos locais do ser humano, especialmente vegetação, têm demonstrado evidências positivas relevantes para a saúde física e mental. A chamada biofilia – hipótese segundo a qual os humanos possuem uma conexão inata com a natureza – fornece suporte conceitual a esses efeitos positivos . Vários estudos empíricos e revisões sistemáticas demonstram que o contato visual ou direto com plantas e espaços verdes está relacionado à diminuição do estresse, melhora do humor e até a melhores marcadores fisiológicos (GREENSPACES AND HEALTH…, 2024). Por exemplo, a Teoria da Redução do Estresse (SRT) implica que os ambientes naturais fazem surgir respostas de relaxamento, que diminuem a reatividade do eixo do estresse; conjuntamente, a Teoria da Restauração da Atenção (ART) sugere que a natureza restaura a capacidade de permanecer concentrado na mente fatigada (GREENSPACES AND HEALTH…, 2024) . A evidência prática que corroboram os referenciais teóricos: estar em ambientes com vegetação, ou mesmo ter as plantas nos interiores, está associado a ritmos cardíacos e pressor mais saudáveis, menores níveis de cortisol e emoções mais positivas . Uma revisão sistemática com meta-análises de 42 estudos chegou à conclusão de que a presença de plantas dentro do ambiente dos habitats melhorou o desempenho e as funções fisiológicas para relaxamento, juntamente com o desempenho cognitivo, nas pessoas que habitavam esses espaços (GREENSPACES AND HEALTH…, 2024) . Esta análise destacou que esses experimentos mostraram que as pessoas que habitavam ou trabalhavam com plantas mais próximas tinham apresentado uma queda significativa na pressão arterial diastólica em comparação com as pessoas que estavam em ambientes sem plantas, além da tendência de melhor atenção e maior tempo de reação (embora esses últimos dois aspectos nem sempre tenham apresentado significância estatística) . Outros estudos epidemiológicos de maior escala apresentaram uma correlação entre acesso a áreas verdes urbanas e menor ocorrência de sintomas depressivos e ansiosos e até redução na mortalidade por algumas doenças crônicas, sugerindo que a vegetação urbana tem um benefício para a saúde do povo . Reconhecendo a evidência, a Organização Mundial da Saúde publicou um amplo relatório em que enfatiza a relevância dos espaços verdes nas cidades para a promoção da saúde e do bem-estar, especialmente com a atual onda de urbanização mundial . No que diz respeito ao sono e à ritmicidade, os benefícios da vegetação são indiretos, mas relevantes: a diminuição do estresse e a melhoria da saúde mental estão ligadas a um sono de melhor qualidade, já que altos níveis de estresse crônico podem desorganizar o ciclo circadiano e dividir o sono. Além do mais, os ambientes vegetais podem melhorar a qualidade do ar e o conforto térmico/acústico, que influenciam também na tranquilidade necessária para dormir. Interações ativas com plantas (ex.: jardinagem doméstica) têm sido relacionadas com relaxamento e melhor função cognitiva, o que pode criar um estado mental mais propenso ao sono regular . Auxiliado pela evidência, integrar a vegetação natural, seja por meio de jardins externos, parques próximos ou plantas interiores, é uma prática projetual benéfica para a saúde integral do ser humano, considerando a diminuição do estresse e a melhoria da qualidade de vida dos ocupantes do espaço construído. Estes efeitos benéficos criam condições mais favoráveis para que o ciclo circadiano ocorra de maneira saudável.

4.6 A relação do Ambiente Construído com a Saúde Mental

As características do ambiente construído influenciam de forma significativa o bem-estar psiquicamente e a saúde mental dos usuários. O conjunto de arquitetura e design de interiores afetam fatores tais como estresse, estado de ânimo, cognição e interação social, que são, por sua vez, alterados a partir daí, podendo agravar ou aliviar condições mentais. Por exemplo, ambientes claustrofóbicos, mal iluminados ou com poluição acústica podem acentuar a tensão e a ansiedade, enquanto áreas abertas, bem iluminadas naturalmente e com pelo menos certo grau de isolamento acústico podem favorecer a sensação de calma e de segurança. Uma nova revisão sistemática centrada em unidades de internação psiquiátrica, por sua vez, elencou uma variedade de fatores arquitetônicos que atuam como intervenções terapêuticas aos pacientes: disponibilizar espaços privados e permitir controle pessoal do ambiente são elementos favoráveis, o mesmo se aplica à maximização da entrada de luz natural, a confecção de áreas de convivência flexíveis a atividades e interação social, a disponibilização de locais para refúgio silencioso (oração/meditação) e dar características “caseiras” e acolhedoras à ambiência, são fatores associados a melhores desfechos emocionais . Até mesmo as minúcias como a colocação de obras de arte, cores agradáveis e a humanização de postos de enfermagem abertos têm efeito significativo no bem-estar de pacientes e staff . Os resultados obtidos mostram que o projeto físico pode completar o tratamento clínico tradicional, proporcionando um ambiente menos estressante, mais restaurador, em ambientes de saúde mental. Fora do ambiente hospitalar, as pesquisas em escritórios, escolas e lares também apresentam conexões relevantes: trabalhadores experimentam menor fadiga mental e humor melhor em escritórios com visualização da natureza e boa qualidade ambiental interna, enquanto crianças se saem melhor cognitivamente em salas de aula bem iluminadas e ventiladas. Ao mesmo tempo, características urbanas negativas, como a escassez de áreas verdes, a alta densidade sem qualidade espacial pública, poluição do som e da luz, estão correlacionadas a mais estresse e mais risco de depressão nas populações urbanas. Contudo, é importante apontar que as evidências diretas e causais que estabelecem vínculo entre intervenções no ambiente construído e melhorias em saúde mental ainda são escassas. Uma revisão de revisões sobre esses estudos apontou que, ainda que muitos estudos apontem associações positivas, faltam evidências substanciais para se tirar conclusões definitivas em vários tópicos, em virtude de heterogeneidade metodológica e pouquíssimos estudos que possuem controle. Isso sugere que se, por um lado, a plausibilidade e dados preliminares são relevantes, indicando que bons projetos arquitetônicos podem reduzir estresse e atuar a favor da saúde mental. Portanto, há a necessidade de mais pesquisas para sustentar guidelines de projeto que sejam baseadas em evidências . Em relação ao ciclo circadiano, a saúde mental se relaciona intimamente: distúrbios mentais costumam aparecer relacionados a ritmos circadianos desregulados e insônia, e ao contrário, melhorias no ambiente que aliviam ansiedade e depressão podem beneficiar o sono e a regularidade circadiana . Consequentemente, promover saúde mental via design ambiental – utilizando iluminação adequada, cores, natureza, conforto e controle do usuário –, é um meio indireto mas poderoso de se promover ritmos biológicos saudáveis.

5. LACUNAS NA LITERATURA 

Embora os insights sobre a influência física do ambiente sobre o sono e os ritmos biológicos tenham avançado, ainda permanecem lacunas substanciais dentro da literatura que requerem exploração. Quais são as principais áreas que ainda não foram adequadamente estudadas?

5.1 Integração Entre Cronobiologia e Design: Não existe uma integração madura entre a ciência básica circadiana e as práticas de projeto. A maior parte das evidências a respeito de luz e ritmos derivam de estudos controlados em laboratório ou de áreas como a medicina do sono, e as pesquisas aplicadas, em escala do edifício, são bastante restritas. Não há acordo acerca de quais intervenções arquitetônicas em particular seriam mais eficazes na melhoria de resultados circadianos no mundo real. Esta lacuna interdisciplinar entre ciência e projeto complica a tradução de achados de ciência em diretrizes práticas de projeto.

5.2 Influência das Cores do Ambiente do Ciclo Circadiano: Para a cor da luz e o ritmo circadiano (azul vs. cor e tudo mais) foram bastante analisados, mas foram realizadas pouquíssimas investigações sobre a influência direta da cor dos ambientes (paredes, decoração) sobre os parâmetros objetivos do sono. A evidência atual sobre a cor dos interiores no sono é na maioria dos casos de natureza subjetiva ou de curto prazo. Tagarelas evidência sobre a cor do ambiente na qualidade do sono dos participantes de estudos tem relação à percepção subjetiva ou em relação à hipótese funcional, de modo que não está claro se a pintura de um quarto de azul ou verde , por exemplo, ajuda a trazer a melhoria objetiva na qualidade do sono ou do alinhamento circadiano além do efeito psicológico esperado.

5.3 Uso de telas: luz vs conteúdo: Com relação ao efeito das telas eletrônicas, a medida exata em que efeitos prejudiciais provêm da luz emitida em relação à estimulação cognitiva inerente ao conteúdo não está totalmente clara ainda. O recente consenso mencionado anteriormente provou a forte evidência dos impactos negativos na saúde de jovens, mas não chegou a uma conclusão sobre como a luz das telas antes de dormir consistentemente prejudica o sono para os adultos. Essa ambiguidade é sinal de uma lacuna: são necessários novos estudos para dissociar o efeito fisiológico causado pela luz azul do efeito comportamental (ex.: engajamento em mídias sociais) sobre o atraso do sono.

5.4 Falta de estudos longitudinais e em contexto de trabalho: grande parte das evidências disponíveis provém de estudos transversais ou de curto prazo. Existem poucos estudos longitudinais que tenham acompanhado a implementação de melhorias ambientais (ex,: instalação de um novo sistema de iluminação “circadiana” em um escritório) e suas medidas de impacto sobre a saúde e o sono dos ocupantes por meses. Similarmente, poucos eram ensaios clínicos randomizados que testaram intervenções arquitetônicas (ex.: adicionar vegetação, modificar as cores e iluminação de um ambiente) em relação aos desfechos objetivos de sono/circadiano. A escassez de evidência empírica de longo prazo dificulta a determinação da real utilidade das intervenções projetuais.

5.5 Populações e Contextos Específicos: A literatura atual concentra-se predominantemente em adultos saudáveis ou estudantes, havendo insuficiência quanto aos efeitos em populações vulneráveis. Por exemplo, não se sabe completamente como as adaptações ambientais poderiam beneficiar os idosos (que geralmente possuem ritmos circadianos enfraquecidos), os pacientes internos em hospitais (expostos a ambientes artificiais 24 horas) ou os trabalhadores em turnos (com a desregulação circadiana crônica). Cada um destes grupos pode responder diversamente às intervenções de design, criando assim a necessidade de pesquisa adequada.

5.6 Abordagem Holística do Ambiente Construído: Muitos estudos tentam isolar um único elemento (luz, ruído, temperatura, etc.), mas a vida real congrega vários fatores em conjunto. Há falta de entendimento dos efeitos de sinergia: por exemplo, um quarto de sono em estado ideal normalmente requer um bom nível de escuridão, silêncio, conforto térmico e visuais relaxantes, porém pesquisas tendem a focar mais frequentemente no ambiente de forma individual. Assim, não sabemos ao certo quais elementos da realização projetual têm maior peso ou como otimizar um painel de intervenções para a melhor sincronização circadiana possível.

Identificar essas lacunas reforça a necessidade de investigar pesquisas futuras de maneira abrangente e multidisciplinar, conforme discutiremos. Essas investigações irão contribuir para embasar recomendações mais robustas a respeito de projeto e a preencher a lacuna entre o conhecimento teórico e a viabilidade na promoção de um ciclo circadiano saudável.

6. HIPÓTESES DE PESQUISA

Com base nas investigações anteriores e nas lacunas identificadas, levantamos uma série de hipóteses que poderão auxiliar em estudos futuros sobre design circadiano na arquitetura e nos interiores:

6.1 Iluminação Dinâmica Circadiana: Os ambientes internos equipados com um sistema de iluminação elétrica dinâmica, ajustada ao ciclo circadiano (iluminação mais intensa e azulada na parte da manhã/tarde, transitando para luzes quentes e baixa intensidade à noite) favorecerão uma melhor sincronização biológica dos ocupantes em comparação com iluminação estática convencional. Métrica esperada: indivíduos em ambientes com luz circadiana terão níveis mais elevados de melatonina à noite e menor latência de início do sono (OKAMOTO’; FUKUDA, 2020).

6.2 Cores de Interiores e Qualidade do Sono: Dormitórios projetados utilizando cores calmantes (ex.: azul claro, verde suave ou neutros), proporcionarão melhores resultados na qualidade do sono, bem como percepção de relaxamento para os usuários em comparação a dormitórios projetados utilizando cores estimulantes (ex.: vermelho vivo). Isso pode manifestar-se por meio de indicadores objetivos (como um aumento no tempo de sono profundo) e subjetivos (como a escala de satisfação com o sono). A hipótese fundamenta-se na premissa de que as cores afetam o estado psicológico no momento do dormir, influenciando indiretamente a prontidão para o sono. (BUBOLTZ; BROWN; SOPER, 2014).

6.3 Exposição à Luz Natural e Ritmos Circadianos em Escritórios: Os trabalhadores de escritório expostos a maior quantidade de luz solar durante o dia (seja por causa de janelas extravasadas, claraboias ou estações de trabalho adjacentes às fachadas de vidro) terão ritmos circadianos mais pronunciados e sincronizados – caracteriza­dos pelo padrão mais diurno de atividade e uma melhor qualidade do sono noturno – que os trabalhadores em escritórios internos sem janelas. Esta hipótese se alinha ao que já foi encontrado de que a abundância de luz diurna cor­rela-se com sonos mais longos e menos perturbados do que a ausência de luz natural  (SONG et al., 2022).

6.4 Elementos Naturais Internos e Regulação do Estresse Circadiano: O fato da vegetação interna (folhas das plantas, paredes verdes) em ambientes de trabalho ou residenciais diminuíram o estresse dos ocupantes durante o horário do dia (pct. a qual foi o cortisol salivar neles ou a frequência cardíaca) e, assim, contribuirá para um padrão circadiano do cortisol mais saudável e para a melhoria do dormir. Ou seja, ambientes “biofílicos” levarão a uma menor ativação do eixo estresse à noite e a um maior tempo de sono no dormir, quando comparado a ambientes sem natureza. Se fundamenta na evidência de que plantas causam redução do estresse psicológico e fisiológico . Controle do Usuário e Satisfação Circadiana: Proporcionar mais controle ambiental aos usuários, como permitir que estes regulem intensidade da luz/temperatura, ventilação e níveis de ruído em seus quartos – levará a um melhor alinhamento entre o ambiente e as necessidades individuais do ciclo circadiano de cada um. Hipótese: usuários com alta capacidade de ajustar seu ambiente (dimmer de luz, cortinas motorizadas, etc.) em geral apresentam menos queixas de insônia e uma satisfação maior com a sua qualidade do conforto circadiano em comparação a indivíduos de ambientes “fixos”. Tal hipótese está embasada em suas variações individuais pelo ritmo biológico e pela importância de autonomia em adequar o ambiente às suas preferências de horário .

6.5 Poluição Luminosa Urbana e Saúde do Sono: As comunidades residenciais projetadas com políticas de redução da poluição luminosa ( ex.: luminárias externas com luz dirigida/iluminação com a iluminação no piso, uso de lâmpadas de cor âmbar em áreas de baixa necessidade, o zoneamento de proteção das janelas ]de luz direta) apresentam menores taxas de distúrbios do sono entre os seus moradores em comparação às comunidades que não têm tais preocupações de projeto. Esta hipótese decorre das correlações epidemiológicas que ligam altos níveis de luz artificial noturna externa com uma maior prevalência de sono insuficiente e desordens circadianas .

Cada hipótese acima poderá ser testada por meio de estudos específicos para evidências distintas – seja por meio de intervenções experimentais em ambientes reais ou simulações controladas, contribuindo para a construção de um arcabouço de design baseado em evidências circadianas .

7. ÁREAS POSSÍVEIS PARA PESQUISAS FUTURAS

Diante das lacunas e suposições mencionadas, muito pode ser feito em múltiplas direções no campo da pesquisa futura, visando aprofundar nosso entendimento sobre a interface entre ambiente construído e regulação circadiana.

7.1 Projetos em Ambientes Reais – Estudos de Intervenção: Há um clamor por pesquisas in situ em que são implementadas e avaliadas intervenções de design. Um exemplo seria que projetos futuros retrofit em edifícios de escritório com sistemas de iluminação circadiana e monitorem funcionários com o passar dos meses, incluindo medições do sono (através de actigrafia e diário), do alinhamento circadiano (de acordo com melatonina ou temperatura corporal) e da produtividade. Tais trabalhos longitudinais propiciaram dados diretos sobre o valor de intervenções projetuais.

7.2 Efeitos das Cores Ambientais no Sono – Experimentação Controlada: Através de pesquisas controladas seria possível isolar o efeito de cores de parede/mobiliário no sono. Um esboço possível seria ensaios cruzados com voluntários dormindo em quartos iguais, mudando apenas o tom das cores predominantes, por exemplo, uma semana em quarto azul pastel e depois em quarto azul celeste. uma semana em um quarto avermelhado, com acompanhamento de parâmetros de sono (por meio de polissonografia ou actigrafia) e níveis de melatonina noturna, para verificar se determinadas cores podem, fisiologicamente, facilitar o sono ou apenas atuar psicologicamente.

7.3 Biologia Circadiana e Biofilia: Uma possibilidade é investigar a relação entre fatores da natureza e marcadores circadianos, ou seja, se, em estudos, um trabalho próximo a plantas ou uma vista para árvores influencia o ritmo de variação de variáveis como o cortisol diurno e a expressão dos genes relógio em comparação com ambientes sem natureza. Além disso, se o tempo passado em parques ou jardins (doses de natureza) poderia afetar a regularidade do sono em uma população urbana, podendo esses estudos unir cronobiologia e a literatura dos espaços verdes, evidenciando influências além do bem-estar subjetivo.

7.4 Tecnologia Vestível e Monitoramento Circadiano: A revolução dos wearables e os sensores de ambiente já permitem coletar dados contínuos da luz recebida, da atividade da pessoa e da fisiologia do usuário. Pesquisas futuras podem integrar Internet das Coisas (IoT) em edifícios, correlacionando as condições ambientais e a resposta circadiana em tempo real. Por exemplo, em uma casa inteligente, os sensores de luz poderiam registrar o espectro da iluminação que o residente recebe, enquanto as pulseiras inteligentes poderiam medir seu ciclo de sono e outros parâmetros fisiológicos, possibilitando uma análise mais elaborada sobre os parâmetros ambientais que mais influenciam a estabilidade circadiana do residente. Projetos Piloto em Tipos Diversos de Edifícios: Para além das residências particulares e dos edifícios de escritórios, torna-se necessário estudar outros tipos de ambientes: escolas (como a iluminação e o projeto das salas de aulas interferem nos ritmos e no desempenho dos alunos), hospitais (como as camas em quartos com ciclos dia/noite imitam melhor a recuperação dos pacientes e ajustam os ritmos em UTIs), e residências de idosos ou casas de repouso (onde a demência e a desregulação circadiana são prejuízos e a arquitetura poderia ajudar a reintroduzir pistas de tempo claras). Os estudos pilotos, em cada tipo de ambiente, poderiam gerar conhecimento adaptado e boas práticas em cada situação.

7.5 Uma abordagem multissensorial e holística: Para pesquisas futuras, é preciso também adotar uma visão mais holística sobre o ambiente. Por exemplo, estudar um “quarto ideal” para a saúde circadiana considerando todos os fatores juntos, iluminação, cores, materiais, acústica, temperatura e até aromas. Essas podem incluir metodologias de laboratório, onde voluntários são expostos a ambientes multi-paramétricos simulados (ex.: quarto com o design de iluminação + controle térmico + difusor de fragrância calmante) para observar sua influência conjunta no relaxamento pré-sono e na arquitetura do sono. Dessa forma, será possível identificar como os fatores sensoriais podem operar de modo sinérgico, para reforçar ou prejudicar o ciclo circadiano.

7.6 Pesquisa Translacional e Diretrizes: Por fim, uma área crucial é a pesquisa translacional que converteria os achados experimentais em diretrizes e políticas de design aplicáveis. Isso inclui cooperar com os órgãos profissionais (conselhos de arquitetura, associações de iluminação, etc.) para desenvolver manuais ou certificações (como um “Selo Circadiano” de edifícios saudáveis), fundamentados em evidências científicas atualizadas. Estudos futuros poderiam avaliar a aplicação dessas diretrizes em prática: por exemplo, comparando edifícios que fossem obtidos sob uma certificação dos princípios circadianos versus seus pares, quanto aos resultados de saúde obtidos pelos usuários.

Em resumo, as oportunidades de pesquisa são amplas e multidisciplinares. Elas podem incluir desde experimentos controlados no laboratório a estudos em ambientes ecológicos, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias de medição. Investir nessas direções pode prover a base empírica necessária para estabelecer uma arquitetura orientada pela cronobiologia, preenchendo o hiato demonstrado e melhorando a qualidade de vida das pessoas, dada pelo design.

8. NOVAS APLICAÇÕES DE DESIGN A FAVOR DO CICLO CIRCADIANO

Com base no conhecimento atual, nós podemos sugerir diversas aplicações de design inovadoras em termos de arquitetura e design de interiores que possam apoiar o adequado ajuste do ciclo circadiano dos ocupantes:

8.1 Sistemas de Iluminação Human-centered: Utilizar iluminação artificial que imite a dinâmica natural do dia: isto é, lâmpadas e luminárias de espectro e intensidade ajustáveis para o horário – para o efeito, de manhã, lâmpadas mais claras e mais azuis que estimulem o alerta e, na tarde/início da noite deve passar automaticamente em direção a luzes mais levemente avermelhadas e mais quentes de baixa intensidade, copiando a dinâmica da luz do sol na transição para dormir. Tecnologias de LED sintonizáveis e controle automatizado (via temporizadores ou sensores circadianos) já permitem essa flexibilidade. Em residências, poderiam ser embutidos em ambientes como quartos e salas, e em escritórios, poderiam se integrar ao sistema de iluminação geral, sincronizados ao horário local. Projeto para Dias Iluminados e Noites Escuras: Direcionar o projeto arquitetônico para aumentar a luz natural diurna e restringir a luminosidade não desejada noturna. Em termos práticos, isso se traduz em edifícios com janelas generosas e claraboias, bem como shafts de luz que permitem que a luz solar penetre nos interiores profundamente durante o dia . E, ao mesmo tempo, prevendo recursos de escurecimento eficientes, como cortinas blackout, roller shades automatizadas ou vidros eletrocrômicos, para obter a escuridão completa nos quartos à noite, barrando a luz da iluminação pública. O perímetro do edifício também pode ser projetado para minimizar a intrusão da luz noturna (beirais que sombreiam as janelas da iluminação pública, vidros de controle de luz). Essas variantes arquitetônicas reproduzem a forte diferença entre claro/escuro importante para o ritmo circadiano . 

8.2 “Zonas Livres de Tela” e Espaços Desconectados: No design de interiores residencial, pode-se criar zonas sem luz dos dispositivos eletrônicos (TV e computador) – por exemplo, ao planejar salas de estar separadas dos quartos, para que o quarto fosse um espaço reservado para o descanso e sem estímulos tecnológicos. Dentro de casa e nos hotéis, projetar um pequeno “cantinho da leitura” aconchegante, iluminado apenas por um abajur com luz quente, delimitado das telas, incentivaria hábitos noturnos melhores (leitura de livros físicos, relaxamento) para afastar o uso dos eletrônicos. Nos escritórios corporativos, poderia-se projetar salas de descanso/cômodos de soneca (nap pods) com iluminação suave e sem telas, permitindo que os funcionários recuperassem seu desgaste;

8.3 Paleta Circadiana de Cor para os Espaços: Aplicar estratégias de cor de acordo com o ritmo do dia-noite e conforme as funções dos espaços. Por exemplo, usar cores estimulantes e vivas (amarelo, laranja, vermelho moderado) em locais de atividade diurna – como as cozinhas e áreas para refeições matinais, ou ainda os espaços de treino – a fim de transmitir energia e acordar os sentidos. Por outro lado, nos quartos de dormir e ambientes íntimos noturnos, empregar paletas mais frias ou neutras e tons pastéis (azul claro, água verde, cinza suave, bege), nas paredes, roupa de cama e decorações, que induzem à tranquilidade . Além disso, evitar acabamentos excessivamente brilhantes ou reflexivos no quarto e os substituir por acabamentos mais planos, em regra geral, no intuito de diminuir a reflexão da luz e do brilho excessivo . Essa coordenação nas cores faz com que sejam dados reforços visuais aos sinais corretos em cada fase, as cores vibrantes “dizem” dia, as cores mais suaves “dizem” noite, e isso ajuda a garantir uma ambientação mental em coerência com o estado do ciclo circadiano.

9. Incorporação da Natureza – Design Biofílico: Ampliar o uso de elementos naturais dentro e nos arredores dos edifícios. Incluir plantas ornamentais, paredes verdes vivas, jardins de inverno ou fontes de água nos espaços comuns pode aprimorar a atmosfera e reduzir o estresse dos ocupantes internamente. Os projetos biofílicos podem ainda abordar materiais naturais (madeira, pedra) e imagens da natureza (murais, fotos) para trazer para dentro a sensação da exterioridade. Externamente, planejar jardins, pátios com vegetação e a vista para as árvores a partir das janelas. Inclusive, o design da fachada poderia priorizar vistas panorâmicas,  como, por exemplo, um consultório médico posicionado com janelas voltadas para um parque, pois apenas o ato de contemplar a natureza já demonstrou resultados restauradores . Essas adições, na verdade, não afetam diretamente o relógio biológico, como a luz faz, mas geram um espaço relaxante e equilibrado que contribui, de modo indireto, para a regulação (pelo alívio do estresse, promoção do conforto e a conexão com os ritmos naturais externos, tal como a observação das mudanças na luz do dia no céu, do movimento das sombras, do balançar das árvores ao vento (haja vista tudo isto reforçar uma sensação natural de tempo passado)).

9.1 Espaços Flexíveis/ Modularidade do Tempo: Criar ambientes que assumam uma nova configuração, ou local atmosférico, ao longo do decorrer do dia. Por exemplo, um living integrado em que a iluminação e o mobiliário se adaptem: durante o dia, um espaço aberto e claro para o convívio; à noite, quando, por intermédio de cortinas, biombos ou mudanças na iluminação, ele poderia voltar a se tornar um lounge intimista, de baixa luminosidade. Dispositivos de casa inteligente são capazes de programar mudanças, acionando cenas de luz, de som ambiente e de aroma ao longo do dia, guiando os habitantes (de manhã, levantando as persianas e tocando sons da natureza para acordar; à noite, fechando as cortinas, diminuindo a luz e possivelmente difundindo um aroma relaxante de lavanda para sinalizar que é hora de dormir). Nos escritórios, isso poderia se referir a estações de trabalho que fazem o cômodo mudar a tonalidade da luz e a intensidade de trabalhar, encorajando intervalos (por exemplo: a luz fica mais quente e menos intensa, se aproximando do horário de almoço, lembrando para tirar um intervalo, e de novo no final do dia ). Essa flexibilidade temporal no design físico do ambiente o alinha com as necessidades humanas cíclicas em vez de conservá-lo imóvel nas 24 horas do dia. Materiais e Tecnologias para Bloqueio da Luz Azul: Além de atuar na fonte luminosa, o design pode empregar materiais que filtram os comprimentos de onda prejudiciais à noite. Um exemplo disso é a utilização de vidros ou películas nas janelas que bloqueiem parcialmente a luz azul à noite, ou luminárias com filtros acoplados. Do mesmo modo, pode-se incentivar o uso de tecidos e de mobiliário com cores quentes, que não sejam “favoráveis” ao azul (ex.: evitando superfícies muito brancas que reflitam luz fria). Nos quartos é possível incluir iluminação de rodapé ou guia noturna em vermelho, para um eventual deslocamento noturno (ex.: caminho para o banheiro), evitando que o residente tenha que acender luz branca convencional. São detalhes que preservam a integridade do espaço noturno escuro. 

9.2 Ambientes de Trabalho Saudáveis para o Ciclo Vigília-Sono: As empresas e os projetistas de escritórios precisam adotar conceitos de “wellness design” que favoreçam o ritmo circadiano dos trabalhadores. Isso pode incluir: projetar salas de reunião com acesso à luz natural, para que as pessoas mantenham alerta durante o dia; fornecer luminárias de mesa ajustáveis para os trabalhadores regularem a luz individualmente; projetar terraços ou varandas ajardinadas que os trabalhadores possam usar ao ar livre (aumentando a exposição diurna e fazendo com que as pessoas se sintam menos estressadas); desenvolver políticas de baixa iluminação noturna, por exemplo, a iluminação do escritório poderia diminuir automaticamente após certo horário, para desencorajar o trabalho prolongado noturno, sinalizando que o ambiente vai “desligar” (semelhante ao modo como os shopping centers escurecem para fechar)); tais medidas podem unir a arquitetura, o design de interiores e as políticas operacionais para alinhá-las com a cultura do local de trabalho com ritmos circadianos saudáveis.

Em conjunto, essas propostas representam um novo paradigma de projeto: a arquitetura circadiana, na qual cada decisão de projeto, da escala urbana ao tipo de lâmpada, considera o impacto potencial no relógio biológico humano. Ao implementar tais soluções, espera-se projetar espaços construídos que trabalhem a favor, e não contra, os nossos ritmos naturais, favorecendo um sono melhor, saúde e desempenho diurno.

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A interação entre ambiente construído e ciclo circadiano humano é uma área de pesquisa incipiente e multidisciplinar. Este artigo indicou evidências de que o excesso de luz LED, o uso inadequado de telas, uma paleta de cores mal pensada e a desconexão com a luz solar e natureza podem ser fatores que favorecem a desregulação dos ritmos biológicos e, consequentemente, a piora do sono . Por outro lado, as estratégias projetuais atentas, iluminação ajustada ao ciclo dia-noite, potencializar a luz solar, cores acolhedoras, presença de vegetação e ambientes que favorecem a saúde mental, possuem potencial para sustentar a circadidade e, portanto, o bem-estar humano

Identificamos lacunas no conhecimento que estimulam novas pesquisas e apresentamos hipóteses e direções de pesquisa que podem ser úteis para guiar experimentos e estudos no futuro. Simultaneamente, propomos aplicações práticas de design que podem já ser levadas em consideração por profissionais com o objetivo de tornar as residências, ambientes de trabalho e espaços urbanos mais biocompatíveis com a biologia humana.

Em suma, este trabalho almeja a fazer avançar a visão de que arquitetura e projeto de interiores podem e devem se juntar à cronobiologia. Ao fundamentar as recomendações projetuais através de evidências científicas rigorosas, seremos capazes de desenvolver ambientes construídos que favoreçam, de forma espontânea, o equilíbrio do ciclo sono-vigília, colaborando para uma sociedade mais saudável, mais produtiva e mais em harmonia com os ritmos da natureza. A integratividade – unindo ciência e design, representa um novo padrão de qualidade nas edificações, em que o sucesso de um espaço não advém apenas do seu valor estético ou funcional, mas também da influência positiva exercida sobre a saúde circadiana dos usuários. 

O artigo apresentado,  discute a importância da iluminação para a saúde do sono e ritmos circadianos, incluindo influências de diferentes fontes de luz e ambientes:

Perspectivas Recentes sobre Iluminação Ideal para Promover o Sono e a Saúde Circadiana

A relação entre a qualidade da luz e a saúde dos padrões de sono tem gerado atenção crescente nas pesquisas recentes. Estudos mostram que a luz pode afetar diretamente os ritmos circadianos, que são fundamentais para o bem-estar humano.

Um dos principais fatores a considerar é a cor da luz. Pesquisas indicam que diferentes espectros de luz podem influenciar de maneira distinta os nossos ritmos biológicos. Luzes mais frias, por exemplo, tendem a suprimir a produção de melatonina, dificultando a indução do sono.

A utilização de dispositivos de leitura iluminados à noite tem sido associada a uma diminuição na qualidade do sono e na alerta matutina. Esse efeito pode ser atribuído à exposição à luz azul emitida por essas telas, que interfere na regulação natural do sono.

Outro aspecto relevante é a exposição à luz natural. Ambientes que maximizam a entrada de luz do dia não apenas melhoram o humor, como também estão ligados a uma melhor qualidade de sono entre os trabalhadores de escritórios e outros ambientes fechados.

A presença de plantas internas também foi examinada, revelando que a interação com a vegetação pode promover benefícios psicológicos, aliviando o estresse e melhorando o bem-estar geral.

Adicionalmente, espaços verdes exteriores têm demonstrado um efeito positivo na saúde mental, com comunidades que dispõem de áreas verdes reportando menores níveis de ansiedade e maior satisfação com a vida.

Por fim, a variação no uso da iluminação LED ao longo do dia se mostrou impactante nos ritmos de melatonina e no sono dos indivíduos. Assim, ajustes na intensidade e na cor da luz em ambientes internos podem fomentar não apenas uma melhor qualidade de sono, mas também contribuir para a saúde circadiana geral.

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