PRÁTICAS AVANÇADAS EM OBSTETRÍCIA: CUIDADO AVANÇADO E MANEJO MATERNO-INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11199641


Émille Caroline de Souza Mindelo1
Renata Figueiredo Ramalho Costa de Souza2
Douglas Bento das Chagas3
Anna Carollyne de Almeida Vasconcelos Silva4
Jerssycca Paula dos Santos Nascimento5
Janine Martins Cavalcanti Ayres6
Thallita Monalisa Sizenando Souza Lima7
Thais Erika Giaxa Medeiros8
Maysa Oliveira Rolim Sanford Frota9
Tatiana Carneiro de Resende10
Tamires Santos de Oliveira11
Jessica Danielle Samico de Menezes12
Laisa Moreira Santos13
Genir Isidorio da Silva Santana14
Alana Daniele das Neves Trajano15


RESUMO

Tem-se por objetivo principal: Refletir sobre os cuidados e práticas avançados na saúde obstétrica e materno-infantil. O cuidado avançado e o manejo materno-infantil são aspectos vitais da saúde pública, cujo aprimoramento tem um impacto direto na redução da mortalidade materna e neonatal, além de melhorar a saúde e o bem-estar das famílias em todo o mundo. Este campo enfrenta desafios complexos, desde a complexidade dos casos clínicos até a disparidade de acesso aos serviços de saúde. No entanto, há um grande potencial para melhorar esses cuidados por meio de educação continuada, melhoria dos sistemas de saúde, inovação tecnológica, empoderamento da família e colaboração interdisciplinar.

Descritores: Cuidados; Saúde; Práticas Avançadas; Obstetrícia.

ABSTRACT

The main objective is to: Reflect on advanced care and practices in obstetric and maternal and child health. Advanced maternal and child care and management are vital aspects of public health, the improvement of which has a direct impact on reducing maternal and neonatal mortality, as well as improving the health and well-being of families around the world. This field faces complex challenges, from the complexity of clinical cases to the disparity in access to health services. However, there is great potential to improve this care through continuing education, health systems improvements, technological innovation, family empowerment, and interdisciplinary collaboration.

Descriptors: Care; Health; Advanced Practices; Obstetrics.

INTRODUÇÃO

As Práticas avançadas em obstetrícia geralmente referem-se a técnicas e abordagens mais complexas e especializadas no campo da obstétrica. Sabe-se que a linha de cuidado obstétrica se volta ao: diagnóstico pré-natal avançado, como ultrassonografia fetal especializada, testes genéticos avançados, diagnóstico e tratamento de anomalias fetais, e intervenções intrauterinas. Quando se refere ao termo “práticas avançadas”, entende-se que é algo além do que já é instituído atualmente, sendo considerada uma subespecialidade que se concentra na saúde materna e fetal durante a gravidez, parto e pós-parto (BAHRI KHOMAMI et al., 2021).

Este cuidado envolve intervenções para garantir a saúde tanto da mãe quanto do feto em situações complicadas. Como exemplo, em casos extremos, quando o feto é diagnosticado com anomalias graves que podem ser tratadas cirurgicamente antes do nascimento, a cirurgia fetal pode ser realizada para corrigir ou mitigar essas anomalias. Outro ponto relevante é o Parto Vaginal Após Cesariana (VBAC), que é considerada uma prática avançada que envolve permitir que mulheres que tenham tido uma cesariana anteriormente tentem dar à luz vaginalmente em gravidezes subsequentes (HOLLY; SALMOND; SAIMBERT, 2021).

Assim, o uso de técnicas avançadas de analgesia, como anestesia peridural, analgesia controlada pelo paciente, e outras técnicas para controlar a dor durante o parto. Dessa forma, entende-se que os avanços da práticas obstétrica exige um alto nível de especialização e experiência por parte dos profissionais envolvidos (LIPPKE, 2021). Tem-se por objetivo principal: Refletir sobre os cuidados e práticas avançados na saúde obstétrica e materno-infantil.

DESENVOLVIMENTO

Este estudo foi dividido em três categorias temáticas, que são: Conhecendo as práticas obstétricas avançadas; Desafios e potencialidades do cuidado obstétrico e Estratégias para a melhoria do cuidado obstétrica.

Conhecendo as práticas obstétricas avançadas

O cuidado avançado e o manejo materno-infantil abrangem uma série de práticas e técnicas especializadas destinadas a garantir a saúde e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê durante a gravidez, parto e pós-parto. Tecnologias avançadas de monitoramento fetal, como cardiotocografia fetal, ultrassonografia especializada para avaliação do crescimento fetal e bem-estar, e testes genéticos avançados para detecção de anomalias genéticas são importantes na prevenção e detecção precoce de alterações (ABUSHAIKHA; EDWARDS; CESARIO, 2021).

Na Gravidez de Alto Risco, o cuidado de gestantes com condições complicadas, como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, gestação múltipla, entre outras condições que possam aumentar o risco tanto para a mãe quanto para o bebê, por isso, práticas que irão garantir um parto seguro e positivo, como assistência durante o trabalho de parto, monitoramento fetal contínuo, gerenciamento da dor, intervenções obstétricas quando necessário e apoio emocional para a mãe, são relevantes (ABUSHAIKHA; EDWARDS; CESARIO, 2021).

Da mesma forma as práticas avançadas se estendem aos Cuidados Neonatais, visto que o cuidado especializado de recém-nascidos que necessitam de atenção adicional devido a prematuridade, baixo peso ao nascer, complicações durante o parto, anomalias congênitas ou outras condições médicas precisa ser contínuo. No suporte à amamentação, educação sobre cuidados com o recém-nascido, orientação sobre nutrição infantil adequada e manejo de questões relacionadas à alimentação, como dificuldades de sucção e problemas gastrointestinais, também estão inseridas as práticas avançadas, visto que hoje se tem recursos metodológicos que auxiliam no manejo dessas situações (MATTOS-PIMENTA et al., 2020). No Pós-Parto, o acompanhamento da mãe e do bebê após visa garantir que estejam se recuperando adequadamente e recebendo os cuidados necessários, com monitoramento da saúde mental materna e orientação sobre autocuidado e bem-estar.

Desafios e potencialidades do cuidado obstétrico

Diante do breve conhecimento sobre o tema, compreende-se que o cuidado avançado e manejo materno-infantil apresentam tanto desafios quanto oportunidades em termos de saúde materna e neonatal (MALVESTIO et al., 2019).

No que concerne aos desafios:

Complexidade dos Casos: O manejo de gestações de alto risco e complicações obstétricas exige uma compreensão profunda e habilidades clínicas avançadas por parte dos profissionais de saúde. Os estudos evidenciam que a complexidade dos casos pode aumentar o risco de complicações para a mãe e o bebê (MALVESTIO et al., 2019).

Recursos Limitados: Em muitos contextos, especialmente em áreas com recursos limitados, o acesso a cuidados de saúde avançados pode ser desigual, o que pode resultar em disparidades na saúde materno-infantil (HOLLY; SALMOND; SAIMBERT, 2021).

Estresse Emocional: Tanto para os profissionais de saúde quanto para as famílias, lidar com situações de alto risco e complicações durante a gravidez, parto e pós-parto pode ser emocionalmente desafiador (HOLLY; SALMOND; SAIMBERT, 2021).

Custo Financeiro: Cuidados avançados muitas vezes envolvem o uso de tecnologias e intervenções médicas sofisticadas, o que pode resultar em custos financeiros significativos para os sistemas de saúde e para as famílias.

No que concerne as Potencialidades:

Redução da Mortalidade Materna e Neonatal: Cuidados avançados podem ajudar a identificar e tratar precocemente complicações que representam risco para a saúde materna e neonatal, contribuindo para a redução da mortalidade (PEREIRA; OLIVEIRA, 2018; ANDRIOLA; SONENBERG; LIRA, 2021).

Melhoria dos Resultados Materno-Infantis: Intervenções avançadas, como monitoramento fetal contínuo, cuidados neonatais especializados e manejo de gestações de alto risco, podem melhorar os resultados de saúde para mães e bebês.

 Empoderamento Materno: Oferecer cuidados avançados pode empoderar as mães ao fornecer-lhes informações detalhadas sobre sua saúde e opções de tratamento, permitindo que participem ativamente nas decisões relacionadas à sua gravidez e parto (PEREIRA; OLIVEIRA, 2018; ANDRIOLA; SONENBERG; LIRA, 2021).

Avanços Tecnológicos: O desenvolvimento de tecnologias médicas avançadas tem o potencial de melhorar significativamente o diagnóstico, monitoramento e tratamento de complicações materno-infantis, resultando em melhores resultados para mães e bebês (PEREIRA; OLIVEIRA, 2018; ANDRIOLA; SONENBERG; LIRA, 2021).

Desenvolvimento Profissional: O cuidado avançado e manejo materno-infantil oferece oportunidades para os profissionais de saúde se especializarem e aprimorarem suas habilidades clínicas em áreas específicas, contribuindo para o avanço da medicina obstétrica e neonatal. Embora enfrentem desafios significativos, os cuidados avançados e o manejo materno-infantil também oferecem oportunidades importantes para melhorar a saúde e o bem-estar de mães e bebês em todo o mundo (BAHRI KHOMAMI et al., 2021).

Estratégias para a melhoria do cuidado obstétrica

Para finalizar o estudo, reuniu-se na literatura possibilidade para melhorar o cuidado avançado e o manejo materno-infantil, visto que requer uma abordagem abrangente que envolve aprimoramento dos sistemas de saúde, capacitação dos profissionais de saúde e empoderamento das famílias (PEREIRA; OLIVEIRA, 2018; ANDRIOLA; SONENBERG; LIRA, 2021).

Educação Continuada: Fornecer treinamento contínuo e atualizado para obstetras, neonatologistas, enfermeiras obstétricas e outros profissionais de saúde envolvidos no cuidado materno-infantil.

Acesso a Recursos de Aprendizado: Disponibilizar recursos de aprendizado, como workshops, simulações clínicas e cursos online, para garantir que os profissionais estejam atualizados com as práticas mais recentes (BAHRI KHOMAMI et al., 2021).

Melhoria dos Sistemas de Saúde: Acesso Universal aos Cuidados de Saúde Materno-Infantis: Garantir que todas as mulheres grávidas tenham acesso a cuidados pré-natais, parto seguro, cuidados pós-parto e atenção neonatal de qualidade, independentemente de sua localização geográfica ou status socioeconômico (BAHRI KHOMAMI et al., 2021).

 Implementação de Protocolos Padronizados: Desenvolver e implementar protocolos padronizados baseados em evidências para o manejo de gestações de alto risco, emergências obstétricas e cuidados neonatais.

Tecnologia e Inovação: Uso de Tecnologia Avançada: Integrar tecnologias como telemedicina, inteligência artificial e dispositivos médicos avançados para melhorar o diagnóstico, monitoramento e tratamento de complicações materno-infantis.

Empoderamento da Família: Educação para a Saúde: Fornecer informações claras e acessíveis sobre saúde materno-infantil para as famílias, capacitando-as a tomar decisões informadas sobre sua própria saúde e a de seus bebês. Promover a participação ativa das mulheres grávidas e suas famílias no planejamento e tomada de decisões relacionadas ao seu cuidado durante a gravidez, parto e pós-parto.

Colaboração Interdisciplinar: Fomentar uma abordagem colaborativa entre diferentes profissionais de saúde, incluindo obstetras, enfermeiras obstétricas, neonatologistas, pediatras, assistentes sociais e outros, para garantir uma prestação integrada de cuidados. Ao implementar essas estratégias de maneira coordenada e abrangente, é possível melhorar significativamente o cuidado avançado e o manejo materno-infantil, garantindo melhores resultados de saúde para mães e bebês.

CONCLUSÃO

O cuidado avançado e o manejo materno-infantil são aspectos vitais da saúde pública, cujo aprimoramento tem um impacto direto na redução da mortalidade materna e neonatal, além de melhorar a saúde e o bem-estar das famílias em todo o mundo. Este estudo evidenciou que este campo enfrenta desafios complexos, desde a complexidade dos casos clínicos até a disparidade de acesso aos serviços de saúde.

No entanto, há um grande potencial para melhorar esses cuidados por meio de educação continuada, melhoria dos sistemas de saúde, inovação tecnológica, empoderamento da família e colaboração interdisciplinar. A implementação de estratégias abrangentes e coordenadas pode levar a avanços significativos na qualidade e na equidade dos cuidados materno-infantis.

Ao investir em recursos humanos qualificados, sistemas de saúde eficazes e tecnologia avançada, podemos promover uma abordagem centrada na mãe e no bebê, garantindo que cada gravidez, parto e período pós-parto seja uma experiência segura, positiva e saudável para todas as famílias.

REFERÊNCIAS

BAHRI KHOMAMI, Mahnaz et al. The role of midwives and obstetrical nurses in the promotion of healthy lifestyle during pregnancy. Therapeutic advances in reproductive health, v. 15, p. 26334941211031866, 2021.

HOLLY, Cheryl; SALMOND, Susan; SAIMBERT, Maria (Ed.). Comprehensive systematic review for advanced practice nursing. 2021.

LIPPKE, Sonia et al. Effectiveness of communication interventions in obstetrics—A systematic review. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 18, n. 5, p. 2616, 2021.

ABUSHAIKHA, Lubna; EDWARDS, Joan Elaine; CESARIO, Sandra. “Moms and babies first”-A historical overview of the Association of Women’s Health Obstetric and Neonatal Nurses. Nursing Outlook, v. 69, n. 6, p. 1049-1057, 2021.

MATTOS-PIMENTA, Cibele Andruccioli de et al. Prática Avançada em Enfermagem na Saúde da Mulher: formação em Mestrado Profissional. Acta Paulista de Enfermagem, v. 33, p. eAPE20200123, 2020.

MALVESTIO, Marisa Aparecida Amaro et al. Enfermagem em práticas avançadas no atendimento pré-hospitalar: oportunidade de ampliação do acesso no Brasil. Enfermagem em Foco, v. 10, n. 6, 2019.

PEREIRA, Juliana Guisardi; OLIVEIRA, Maria Amélia de Campos. Autonomia da enfermeira na Atenção Primária: das práticas colaborativas à prática avançada. Acta Paulista de Enfermagem, v. 31, p. 627-635, 2018.

ANDRIOLA, Isadora Costa; SONENBERG, Andréa; LIRA, Ana Luisa Brandão de Carvalho. Enfermagem de Prática Avançada: estratégia para melhorar o cuidado materno-infantil no Brasil. Acta Paulista de Enfermagem, v. 33, p. eAPE20190235, 2020.


1 Psicóloga Clínica. Graduada em Psicologia pela Faculdade Católica do Rio Grande do Norte. Especialista em Direitos Humanos pela Faculdade Focus. Especialista em Neurociência, Comportamento e Psicopatologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR. emillecarolinepsi@gmail.com

2 Enfermeira do Posto de Coleta de Leite Humano do HULW/EBSERH, Mestre em Enfermagem, Especialista em Enfermagem Obstétrica. Renata.ramalhocs@hotmail.com

3 Enfermeiro do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco HC-UFPE/EBSERH. Mestre em Ciências da Saúde UFPEL, Especialista em Infectologia. douglasbentochagas@gmail.com

4 Mestranda em Saúde Única – UFRPE, Enfermeira Obstetra. anna.carollyne@ufrpe.br

5 Cursando Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial pela Universidade Federal Fluminense – UFF. Enfermeira Obstetra pela Residência de Enfermagem em Obstetrícia (SES-PE) – Hospital Dom Malan. Graduada em Enfermagem pela Faculdade Pernambucana de Saúde. Cursou Residência de Enfermagem em Cardiologia (PROCAPE- SES/PE) e Intensivismo (Universidade Federal do Vale do São Francisco/EBSERH) pelo período de 1 ano. Enfermeira na Unidade de Saúde da Mulher – Pronto Socorro Obstétrico e Ginecológico do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia – EBSERH/UFU. jerssycca@hotmail.com

6 Enfermeira especialista atuando no Posto de Coleta de Leite Humano do HULW/EBSERH. janine84ayres@gmail.com

7 Enfermeira, EBSERH HU-FURG, Mestre em Saúde da Família pela UFRN. thallita.lima@ebserh.gov.br

8 Enfermeira, Mestre em processo de cuidar pela Unesp Botucatu, especialista em obstetrícia, neonatologia, urgência e emergência e formação didática. Docente do curso de Medicina e Pós-graduação da Unimar. UNIMAR – Universidade de Marilia. thaiserika@hotmail.com

9 Especialista em Enfermagem Clinica: aspectos patológicos e farmacológicos do cuidar pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Enfermeira no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e na Maternidade Escola Assis Chateubriand/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (MEAC-EBSERH). falecommaysa@yahoo.com.br

10 Professora UFU. Mestre em Ciências da saúde (UFU). Doutora em Ciências (UNIFESP). tatibrazao@hotmail.com

11 Mestranda no programa de pós graduação em saúde ambiental e saúde do trabalhador do IG/UFU; Especialista em enfermagem obstétrica e saúde da mulher; Enfermeira no HC-UFU pela empresa brasileira de serviços hospitalares- EBSERH. Tamires_enfa2015@hotmail.com

12 Especialista em urgência e emergência, saúde da mulher e oncologia. Enfermeira na Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).   jessicasamico@hotmail.com

13 Mestranda em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador pelo PPGAT-IG/UFU; Enfermeira especialista em Saúde da Mulher/Obstetrícia no Hospital de Clínicas da UFU/EBSERH. Laisa.moreira@ebserh.gov.br

14 Especialista em Saúde da Mulher, Especialização Multiprofissional Integrada em Saúde, em Enfermagem em Saúde da Mulher – Modalidade Residência-Hospital das Clínicas UFPE. Hospital Barão de Lucena – SES-PE e Maternidade Leide de Moraes – SMS Natal – RN. genir.isidorio@gmail.com

15 Enfermeira, Graduada pela Facene. Prefeitura Municipal de Bananeiras e Solânea. alanadani@hotmail.com