POTENCIAL DAS TECNOLOGIAS EMERGENTES PARA ASSEGURAR UMA VIDA SAUDÁVEL E PROMOVER O BEM-ESTAR

POTENTIAL OF EMERGING TECHNOLOGIES TO ENSURE HEALTHY LIVING AND PROMOTE WELL-BEING

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11390016


Ewerton Júnio dos Santos1
Orientador: Wellington Ávila2
Coorientador: Douglas Vieira Barboza3


RESUMO

Ao explorar a interseção entre tecnologia, desenvolvimento sustentável e questões sociais, destaca-se a relevância de compreender como as tecnologias emergentes podem ser aproveitadas para lidar com desafios socioambientais. Logo este estudo se propõe a analisar o impacto das tecnologias da informação no desenvolvimento sustentável, enfatizando a necessidade de políticas e práticas que promovam a sustentabilidade. Metodologicamente envolveu uma revisão bibliográfica abrangente e análise crítica de políticas e práticas atuais relacionadas ao tema. Os resultados destacam a integração de tecnologias emergentes, como IoT e big data, no contexto do desenvolvimento sustentável, bem como os desafios éticos e sociais associados ao avanço tecnológico. Destaca-se a importância de abordar questões como segurança cibernética, proteção de dados e inclusão digital para garantir que a adoção de tecnologia contribua para a melhoria da qualidade de vida e promoção da saúde, sem comprometer os princípios de sustentabilidade e bem-estar.

Palavras-chave: Tecnologias Emergentes; ODS 3; Desenvolvimento Sustentável.

ABSTRACT

By exploring the intersection between technology, sustainable development and social issues, the relevance of understanding how emerging technologies can be harnessed to address socio-environmental challenges is highlighted. Therefore, this study proposes to analyze the impact of information technologies on sustainable development, emphasizing the need for policies and practices that promote sustainability. Methodologically it involved a comprehensive literature review and critical analysis of current policies and practices related to the topic. The results highlight the integration of emerging technologies, such as IoT and big data, in the context of sustainable development, as well as the ethical and social challenges associated with technological advancement. The importance of addressing issues such as cybersecurity, data protection and digital inclusion is highlighted to ensure that the adoption of technology contributes to improving quality of life and promoting health, without compromising the principles of sustainability and well-being.

Keywords: Emerging Technologies; SDG 3; Sustainable Development.

Introdução

Frente aos desafios contemporâneos acerca dos contextos sociais e econômicos, não se pode deixar de lado as questões ambientais que têm se agravado, colocando em risco de vida não populações humanas, como faunas e floras que seguem sendo ameaçadas frente os desequilíbrios ambientes consequentes de constantes degradações e predações. Todo esse panorama tem a ver com o consumo desenfreado que gera resíduos e impacta o planeta de diversas formas. Para evitar os avanços dessas catástrofes, os esforços da ONU culminaram na criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) (Silveira; Pereira, 2018) que, inclusive, estão descritos no documento “Transformando Nosso Mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, popularmente conhecido como Agenda 2030 e firmado entre 193 países que compõem a ONU (Silveira; Pereira, 2018).

A compreensão central sobre o que se trata o desenvolvimento sustentável objetiva a satisfazer as demandas da contemporaneidade, sem que haja prejuízos para gerações vindouras (Silveira; Pereira, 2018). Embora, os objetivos sejam amplos, este estudo centra sua atenção sobre a dimensão que aborda a ciência e tecnologia, considerando 4 mega tendências a nível mundial, sendo discriminados como: a aceleração do desenvolvimento científico e tecnológico; aceleração no desenvolvimento das tecnologias informacionais e comunicacionais, de modo a melhorar a produtividade, ensino e até lazer; incentivos para aumentos dos investimentos na área da automação e robótica; por fim, ampliação dos investimentos em nanotecnologia e biotecnologia (Silveira; Pereira, 2018). Essa dimensão tem a prerrogativa e impulsionar a inovação, de modo que seja possível transformar os contextos supracitados. Logo, a tecnologia traduzida em automação, robótica, nano e biotecnologias passam a ser indissociáveis na vida humana e em todas as suas atividades (Silveira; Pereira, 2018).

O problema consiste na indagação sobre a possibilidade de assegurar que o ODS 3 que se propõe a “assegurar uma vida saudável e promover o bem- estar para todos, em todas as idades (Silveira; Pereira, 2018), é possível frente à cultura do consumo, ou mesmo do desenvolvimento que ainda se mostra de caráter explorativo. Ou seja, de modo é possível transformar o panorama atual partindo dos avanços tecnológicos como agentes auxiliares do processo?

Com efeito, esse estudo se justifica mediante a conformação das tecnologias como vetores imprescindíveis no avanço das inovações, além de propiciar a difusão informativa e educativa sem obstáculos, é possível estabelecer o compartilhamento colaborativo científico (Weiss, 2019). Ademais, conseguir cumprir com o ODS 3 condiz com o compromisso social, com via na solução de impactos ambientais e problemas estruturais com base tecnológica.

O objetivo geral deste trabalho é avaliar como as tecnologias emergentes podem auxiliar o Brasil a alcançar o ODS 3. Ademais, também cabe refletir sobre as potencialidades transformacionais que as tecnologias podem influenciar na sociedade. Assim como a transformação digital e sua potencialidade no uso consciente dos recursos naturais.

Sendo trabalhados os objetivos específicos:

– Analisar as transformações digitais;

– Refletir sobre os aspectos do desenvolvimento;

– Apontar os tipos de tecnologias existentes;

A metodologia se fundamentará na revisão bibliográfica de caráter exploratório e de cunho qualitativo. Os estudos analisados foram escolhidos em base de dados Google Acadêmico e SciElo, tendo como palavras-chave: ODS 3; desenvolvimento sustentável e tecnologia da informação, corroborando a noção que:

Tendo em vista a diversidade de objetos, sujeitos, abordagens, tecnologias e perspectivas aqui apresentada, assim como os segmentos de ensino estudados, os artigos deste dossiê engendram temáticas e achados que auxiliarão a reflexão sobre caminhos para a educação emancipatória com práticas de ensino e aprendizagem abertas de forma sustentável para a sustentabilidade do planeta. Estudos exploratórios de temas pioneiros requerem aprofundamento e ampliação de pesquisas buscando um alinhamento, clareza e coerência de conceitos para que tenham uma visibilidade, valorização e apropriação cada vez mais ampla. (OKADA, 2023)

O artigo se encontra divido em três sessões que foram intituladas com vias nos objetivos específicos.

1. Revisão de Literatura

A história da industrialização aponta três grandes revoluções que aconteceram mediante a saltos de avanços tecnológicos. Tanto que a contemporaneidade tem acompanhado o constante processo de digitalização nos ambientes fabris, de modo que cada vez mais, têm-se utilizado da união entre internet e inteligência artificiais. Desse modo, os processos produtivos têm sido cada vez mais eficientes, sendo essa última mudança paradigmática chamada de Indústria 4.0 (Bastos et al, 2021).

Embora os avanços têm sido significativos, a intensa manipulação do homem sobre o ambiente implica em consequências importantes, senão influenciadores de catástrofes. Neste sentido, a assunção de uma geoengenharia seja mais cautela corrobora a noção da necessidade de criação e estabelecimento de soluções para que a saúde humana e do meio ambiente seja preservada (Carvalho et al, 2021). Todavia, pesam críticas sobre o campo de atuação pois as técnicas de trabalho empregadas, de modo geral, são estabelecidas sem o amplo conhecimento social local, além ocupar a gerência de crise climática focada, somente, em desenvolvimento econômico (Carvalho et al, 2021).

Com efeito, o desafio da sociedade no enfrentamento às mudanças climáticas, com a exaustão dos recursos naturais e as poluições do meio ambiente não são de alçada exclusiva da geoengenharia, mas devem preocupar a humanidade. Ora, pois a transformação sustentável implica na mudança comportamental, principalmente no que se refere a consumo. Assim, deslocar a economia para a bioeconomia aponta para a consolidação do equilíbrio relacional entre economia, produção energética, entre economia, produção energética, produção agrícola que comungam com a sustentabilidade ((Bastos et al, 2021).

Bastos (2021) aponta que em suas pesquisas foi possível perceber que a mudança de modelo econômico para uma economia circular é uma mudança de cunho regenerativo. E, para o sucesso e alcance dos objetivos correlatos a diminuição de atividades que impactam o meio ambiente podem ser alcançados como inovações, principalmente, tecnológicas. O Brasil é um grande produtor agroindustrial com amplo potencial contributivo para a economia, sendo grande exportador de comodities que são derivadas de biomassa. Portanto, a vista internacional, o Brasil é privilegiado no que se refere a diversidade, produção energética com amplo potencial bioeconômico (Bastos et al, 2021).

Nesta ótica, é importante apontar que cada país apresenta suas particularidades, o que implica na diferenciação de cada modelo adotado, ao considerar os recursos que cada país dispõe. Logo, os desafios de desenvolvimento sustentável que são abordados no ODS 3, somente são alcançáveis se forem considerados aspectos sociais, de saúde e o acesso a cuidados primários de saúde (Monteiro, 2020).

Assim, pensar o desenvolvimento sustentável que alcance a ODE 3 implica em pensar sobre o fenômeno contemporâneo que é a transformação digital, que tem impactado positivamente, não só as relações sociais, mas, principalmente, ao segmento produtivo industrial e agropecuário proporcionando equilíbrio (Azevedo, 2017).

1.1 Transformação digital

Nas últimas décadas, particularmente após as guerras mundiais, vimos uma profusão de inovações. Particularmente assistimos ao advento dos microprocessadores, da fibra ótica e, principalmente, da internet. Vivemos agora mais uma era de profundas transformações sociais e tecnológicas, ambas significativamente estimuladas principalmente pela incessante e crescente geração de inovações em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Uma era em que uma nova sociedade parece estar emergindo a partir da tão alardeada e transformação digital (Weiss, 2019 p. 203).

A transformação digital, também conhecida como Indústria 4.0 tem se mostrando em contínua evolução tecnológica inovando e se diversificando, conforme os setores econômicos. Pode-se apontar a Indústria 4.0 é também conhecida como a 4° grande revolução industrial, a qual usa, sobretudo, sistemas modernos e integrados de automação. Tais mudanças apontam para a necessidade de novas formas de gerenciamento, consequentemente, que sejam capazes para melhorar os meios produtivos. Lógico que é preciso também mudar os métodos de trabalho e empregabilidade (Diogo et al, 2019).

Nesta perspectiva, o fenômeno da transformação digital compõe um processo não só tecnológico que se associa a transformação digital em relação com o contexto humanos. Cabe ressaltar que embora os termos conceituais como transformação digital, digitalização ou mesmo digital se confundem, de modo que não é possível estabelecer uma distinção definitiva (Azevedo, 2017).

Ainda segundo Khan (2016), para definir transformação digital é necessário estabelecer o conceito de digital e digitalização. O digital está associado ao processo de conversão de informação analógica em formato digital; em Collin et al. (2015), é definido como a condição de converter, por exemplo, uma foto em papel para um meio digital. Já a digitalização, consoante Bounfour (2016), está relacionada à questão de transformar os processos físicos em processos virtuais utilizando-se tecnologias específicas para tal. De acordo com Khan (2016) e Collin et al. (2015), a transformação digital é o efeito desta digitalização, não sendo, portanto, somente a adoção de novas tecnologias, mas também de novas maneiras de tornar os negócios mais eficientes e competitivos. Todavia, não se sabe ainda como a transformação digital será realizada, qual o seu grau de complexidade, interconexão com setores e, sobretudo, os seus impactos na sociedade (Azevedo, 2017 p.19).

As tecnologias emergentes têm-se apresentado em grande diversificação e são exploradas em muitos aspectos na sociedade, como o exemplo do novo modo de aprender e de ensinar, de consumir informações e se divertir que acontece full time, online, offline, de modo híbrido e onlife. Isso porque há uma profusão de equipamento como inúmeros aplicativos, jogos interativos, metaverso, plataformas governamentais, podcasts, sistema de nuvens, e entre outras mil possibilidades. E, tudo em acesso na palma da mão por meio de smartphone e outros muitos equipamentos cada vez mais avançados (Okada, 2023).

Os 9 pilares da Indústria 4.0

FONTE: Diogo et al, 2019.

A transformação digital tem proporcionado o aprimoramento dos processos organizacionais dos meios produtivos a partir da implementação e gerenciamento das novas tecnologias emergentes, como exemplificadas no esquema acima, contando com “Realidade Aumentada, IoT e Sistemas Ciber-

Fïsicos (CPS), para promover Gestão do Conhecimento (GC)” (Diogo et al, 2019). Sendo que a gestão de conhecimento é uma via importante para a transformação digital em vista da integração sistemática e na consequente simulações que auxiliam na promoção relacional entre os fatores. Com efeito, as técnicas descritas ao serem alinhadas com a Indústria 4.0 condicionam melhores aplicações e melhorias processuais nas organizações (Diogo et al, 2019).

1.2 O Objetivo do Desenvolvimento

O desenvolvimento sustentável se trata de um processo gradual de transformação sobre o uso dos recursos naturais é refletido e direcionado a inserção de tecnologia e mudança comportamental humana numa harmonização que elenque o tempo presente de exploração com as consequências no futuro, de modo que as necessidades humanas sejam satisfeitas sem que se mantenham prejuízos para gerações futuras (Estender; Pitta, 2008). Cabe ressaltar que, a vista do alcance de poluição zero tivesse sido cumprida no primeiro decênio dos anos 2000, ainda haveria consequências climáticas em decorrência das atividades exploratórias (Estender; Pitta, 2008). Com efeito, a noção de sustentabilidade é uma necessidade, sobretudo, no âmbito empresarial, tendo como ponto de partida a auto analise sobre a sustentabilidade em suas atividades econômicas (Estender; Pitta, 2008).

Frente a um planeta cada vez mais populoso com grandes demandas exploratórias e impactantes, há o alerta sobre a possibilidade de escassez dos recursos além das mudanças climáticas que podem ser desastrosas para as populações do planeta. Para superar a questão há o estabelecimento relacional entre a megatendência da dimensão populacional em comunhão com a megatendência da dimensão tecnológica, independente o tempo implicado no avanço tecnológico, os equipamentos de ordem multidisciplinar encontram integrações amplas em suas aplicações. Logo, elencar os avanços científicos e tecnológicos considerando a densidade demográfica é circunstancial na viabilização do alcance do cumprimento dos ODS 3. A megatendência da dimensão científica e tecnológica com os ODS podem garantir a sustentabilidade, acesso a consumo e acesso energético, principalmente, das populações mais pobres, melhorias no padrão de produção e de consumo, tendo como base a sustentabilidade (Okado; Quinelli, 2016).

O desenvolvimento sustentável tem a ver com a sustentação do fluxo metabólico entrópico onde a conversão dos recursos e matérias se transformam em energia que embasam o processo econômico. Desse modo, o investimento produtivo que não se trate de uma exploração negativa, preserva a capacidade de regeneração ambiental. Ou seja, para a produção se tornar sustentável, é preciso que a tecnologia auxilie a produção a ser o mais parecida possível com a natureza, gerindo os processos mediante uma economia conservativa (Cavalcanti, 2001).

É urgente a erradicação de explorações predatórias que devastam florestas, que poluem os meios urbanos e rurais, que assolam populações e as mantêm em situação de pobreza, as adoecem e expulsam dos seus locais de origem extrapolam os limites geográficos e políticos, de modo que são necessidades de âmbito planetário (Cavalcanti, 2001).

1.3 Tipos de Tecnologia

A contemporaneidade é marcada pela tendência transformacional, principalmente, no que se refere à indústria. Obviamente, aos alemães foram os expoentes dessa revolução, mas é um fenômeno de amplitude mundial (Azevedo, 2017). Não obstante, “na dimensão da gestão informacional ocorre uma aceleração sem precedentes, tanto na geração de dados (big data e Internet das Coisas) como no incremento do potencial analítico das ferramentas para tratar dessa explosão de dados (inteligência artificial, geoanálise, computação cognitiva)” (Francisco et al, 2017).Todas essas evoluções aceleradas impelem a um novo jeito de compreender e de gerenciar as tecnologias da informação, considerando a mudança de padrão de atuação estrutural e de equipamentos para a elaboração de projetos ativos nas transformação digital. Embora, seja importante ressaltar que as funções estruturais não foram abolidas, mas foram adicionadas novas atuações. A tecnologia da informação é o grande fator de transformação do comportamento empresarial que se ancora num mapa estratégico que alinha a tecnologia com todos os campos do empreendimento (Francisco et al, 2017).

Figura 1

Fonte: Cunha, 2016

Como mostrado no exemplo acima, as tecnologias se integram e se complementam.

Com efeito, o emprego das tecnologias emergentes tem apontado para a tendência atual que prevê smartificação de tudo, o que inclui cidades, sistemas de serviços e abastecimentos públicos, empreendimentos, geração e abastecimento de energia, saúde, mobilidade, o que tem melhorado as condições de vida das populações e da qualidade produtiva das empresas e dos serviços (Cunha, 2016).

O fenômeno da hiper conectividade é confirmada mediante a análise de estudos que apontam que “ao final de 2014, o número de usuários de Internet no mundo alcançou três bilhões. Dois terços desses usuários estão em países em desenvolvimento” (Cunha, 2016). Ou seja, há cerca de 40% de usuários de internet pelo mundo, embora 78% dessas pessoas se concentrem nos países desenvolvidos enquanto 32% se encontram nos países em desenvolvimento. Embora haja a incoerência de que 90% dos cidadãos dos países desenvolvidos não fazem uso massivo de internet (Cunha, 2016). “Há diferenças importantes entre os países, as quais se acentuam entre os grupos com idade mais avançada, e que por vezes estão relacionadas a gênero e classe social” (Cunha, 2016). No que se refere ao fator etário, estima-se que as diferenças sejam diminuídas à medida que o acesso à internet pelos idosos possam contam com custos menores e conforme avance a idade dos sujeitos nascidos digitais (Cunha, 2016).

Ademais, a hiper conectividade também incrementa a conexão entre máquinas e dispositivos, ao ponto que “estima-se que, em 2020, haverá 50 bilhões de dispositivos conectados no planeta. É a chegada da Internet das Coisas – IoT” (Cunha, 2016).

Neste contexto vívido e incrementado com a IoT há o encontro de tendências entre as cidades e suas incrementações inteligentes, chegando ao termo smart cities. Onde as sociedades se encontram em rede, por exemplo, “algumas dessas mídias sociais superam a população de países como os EUA – o Facebook possuía no segundo trimestre de 2015 e cerca de 1,4 bilhão de usuários ativos por mês -, além disso, em um segundo de Internet são gerados 100 mil tweets e compartilham-se 3.600 fotos no Instagram” (Cunha, 2016).

Assim:

Tanto o indivíduo como as organizações viram-se compelidos a interagir de forma virtual e imaterial por meio das diferentes mídias sociais (Facebook, Twitter, Instagram, Google+ etc.), fazendo com que o uso das mídias sociais seja o primeiro motivo do acesso à Internet. Isso está permitindo, algumas vezes obrigando, que se compartilhem informações de modo transparente, que se opine publicamente e que prevaleça a experiência compartilhada sobre a individual. A cidade inteligente deve ser entendida a partir dessa oportunidade colaborativa e participativa que as mídias sociais imprimiram na sociedade (Cunha, 2016 S/P).

O avanço na infraestrutura móvel tem influenciado positivamente na queda dos preços de acesso, o que permitiu um salto de acessos no número de usuários de internet móvel. Nesse novo contexto, os países em desenvolvimento puderam aderir ao crescimento da internet. “No Brasil, os domicílios com acesso à rede passaram de 18% em 2008 para mais de 50% em 2014” (Cunha, 2016). Também foi possível, por meio da expansão da banda larga traduzida em wifi oportunizam o acesso de dispositivos móveis a inúmeros aplicativos que dinamiza a vida dos usuários. E, por exemplo, “essa integração de funcionalidades em celulares e tablets deu lugar a um ecossistema de aplicativos, apps, que fazem uso de seus sensores de localização e velocidade, sua conexão wifi ou bluetooth ou seu potencial como meio de pagamento mediante tecnologia NFC (Cunha, 2016).

Destarte, outra tecnologia que deve ser apontada é o Big data que partir do aumento da capacidade de armazenamento de dados oportunizou a geração de inteligência, onde a aplicação e análise dos dados pode aumentar e melhorar a qualidade da informação e é amplamente usados em circunstâncias como gerenciamento de desastres, na qualidade dos serviços de saúde e até em trabalhos colaborativos em diversas áreas (Cunha, 2016). O Big data consegue processar grandes volumes de dados independe da fonte, se interna ou externa à rede de modo rápido e eficiente e em menor tempo, o que confere inteligência (Cunha, 2016).

Por fim, cabe abordar o avanço da nuvem (cloud computing) que pode ser definido como “capacidade de processamento mediante soluções tecnológicas que se façam ágeis e flexíveis ao facilitar o serviço aos clientes, utilizando as tecnologias da Internet” (Cunha, 2016). A computação em nuvem apresenta características importantes que aumentam o seu potencial como a racionalização dos investimentos, redução de custos e oportuniza novos modelos de negócios além de flexibilidade nas smarts cities que são participadas tanto por sujeitos quanto por organizações (Cunha, 2016).

2. Resultados e Discussões

Obviamente, todos esses avanços tecnológicos e informacionais não apresentam somente pontos positivos, há questões a serem discutidas que se mostram preocupantes frente a noções éticas. Ou seja, há possíveis situações de que podem aviltar não só cidadãos como também as próprias organizações, como furto de dados e identidades, fraudes, disseminação de conteúdo ilegal como pornografia infantil, violação de direitos referentes à propriedade intelectual e outros tipos, além de infortúnios no acesso a serviços eletrônicos que podem, inclusive, implicar em consequências fatais, são alguns dos pontos mais preocupantes que precisam ser discutidos e soluções buscadas. Ora, as transgressões que são rechaçadas no mundo físico também o devem ser no espaço virtual, e, infelizmente, crimes cometidos no cyber espaço precisam ser combatidos e inibidos (Weiss, 2019).

Outro ponto importante é a emergência de novos conhecimentos e difusão destes entre os partícipes da sociedade, isso porque as inovações não estão limitadas ao futuro. A digitalização já compõe a colaboração em rede superando limites, sobretudo, geográficos, e para as devidas implementações e transformações sociais importa a mudança comportamental do trabalhador. A vista da necessidade de novas habilidades e competências, há sim, geração de empregos, mas para a garantia de inserção nesse novo contexto da indústria 4.0 é preciso que a educação prepare os trabalhadores para que não sejam impactados pelo desenvolvimento, incorrendo em problemas sociais (Weiss, 2019).

Ademais, as tecnologias emergentes atendem às grandes populações, mas o meio ambiente ainda centraliza a discussão sobre as implicações do desenvolvimento. Embora, seja consenso que a inovação é sim um grande trunfo no alcance dos ODS 3 e 4, ainda há a correlação entre desenvolvimento e impactos sociais e ambientais como crescimento desordenado populacional no espaço; crescimento da demanda de transporte rodoviário, maior do que o ambiente dá conta de se recuperar; crescimento do turismo que pode impactar regiões e influenciar a cultura de comunidades tradicionais, aumento da densidade explorativa de recursos naturais e de matrizes energéticas e a latente dependência de combustíveis fósseis, além das mudanças climáticas que podem incorrer em catástrofes (Cunha, 2016).

E, apesar de ser o Brasil um signatário do Tratado de Quioto e já contar com a administração pública sensível à sustentabilidade e ter se comprometido com a redução de emissões poluentes ainda precisa despender esforços junto a população para que a “moda pegue”, e para isso, o Brasil estabeleceu:

A Política Nacional de Mudança do Clima (PNMC), estabelecida pela Lei nº 12.187, de 2009, determina os objetivos da política e que estes devem ter como base o desenvolvimento sustentável e a integração com as ações de estados e municípios. A PNMC coloca como meta a redução entre 36,1% e 38,9% das emissões de gases de efeito estufa até 2020, ou seja, considerando que as projeções feitas pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, para 2020, são de 3.236 milhões de toneladas de CO2, a redução desses gases seria entre 1.168 e 1.259 milhões de toneladas. (Cunha, 2016 S/P).

A Política Nacional também aponta objetivos em via de alcançar um crescimento tecnológico e sustentável que promova e mantenha práticas produtivas com mínimas emissões de gases que provocam efeito estufa e que estimulem mudanças comportamentais nos padrões de consumo. Pontuando, assim uma sistematização corroborada por princípios fundamentados numa gestão integrada no exercício de tecnologias limpas (Cunha, 2016).

Por fim, os ODS’s estão intrinsecamente relacionados com as questões sociais que se agravam mediante o crescimento populacional, com o avanço etário da população (envelhecimento) e o que se propõe é a erradicação da pobreza e da vulnerabilidade social, garantindo o direito fundamental à segurança alimentar e nutricional das populações, o que é proporcionado, em grande parte, pela produção agrícola, embora se aponte a necessidade de que seja sustentável. Desse modo, é possível alcançar os ODS’s que preco0nizam, sobretudo, o bem-estar e qualidade de vida para todos. Frente a densidade demográfica mundial, a ONU aponta que se trata de um desafio de ordem global para a devida erradicação da pobreza e garantias dos direitos da dimensão social que está prevista na agenda do desenvolvimento sustentável (Okado; Quinelli, 2016)

Conclusão

A partir do estudo empregado neste artigo foi possível concluir alguns pontos levantados na introdução que apresentou o tema das tecnologias emergentes e sua potencia de auxilio no alcance do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 3 que se encontra no documento da ONU que prevê uma agenda de objetivos a serem alcançados até 2030.

O problema apresentado indaga sobre a capacidade de alcance da ODS 3 com auxílio das inovações tecnológicas, e após a análise feita anteriormente é possível inferir que sim. As tecnologias são fundamentais no processo de desenvolvimento, a considerar o comprometimento para com a sustentabilidade e, consequentemente, com o bem-estar de toda a população.

O cumprimento da ODS 3 significa um compromisso social que se fundamenta na colaboração científica e compartilhamento de conhecimentos que ao empregar recursos tecnológicos e de informação podem solucionar tanto impactos ambientais quanto prevenir impactos sociais. Para tanto, conta-se com a capacidade inovadora e transformacional das tecnologias que acontecem com o avanço das transformações digitais e com o desenvolvimento.

Factível, entretanto, que não há só benesses nos avanços das tecnologias de informação, isso porque, dentre os problemas da atualidade estão os crimes virtuais e transgressões que impactam e oneram não só indivíduos como organizações, a partir do comprometimento de dados, identidades que podem ser aviltadas, além de outras transgressões que se desconformam com a ética.

Embora, os problemas existam e precisam ser corrigidos, as tecnologias corroboram o espaço de desenvolvimento cada vez mais inovador e capaz de dar conta de novos protocolos cada vez mais sustentáveis.

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1Graduando do Bacharelado em Engenharia de Software da Universidade de Vassouras – Campus Maricá RJ. e-mail: ra201921268@univassouras.edu.br

2Docente do Bacharelado em Engenharia de Software da Universidade de Vassouras – Campus Maricá. Mestre em Gestão do Trabalho (USU). e-mail: wellington.avila@univassouras.edu.br

3Docente do Bacharelado em Engenharia de Software da Universidade de Vassouras – Campus Maricá e Superintendente de Tecnologia e Inovação da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (CODEMAR). Doutor em Sistemas de Gestão Sustentáveis (UFF). e-mail: douglas.barboza@univassouras.edu.br