REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202412230912
Thiago Jean Correia1
RESUMO
Este estudo examina a atuação de policiais militares como influenciadores digitais nas redes sociais e os impactos dessa prática para a corporação e a sociedade. O fenômeno, impulsionado pelo aumento do uso de plataformas como TikTok, Instagram, Podcasts e Facebook, traz novos desafios e questionamentos sobre a exposição pública dos policiais e a associação entre a imagem pessoal e a institucional. Ao compartilhar seu cotidiano, realizar atividades de autopromoção ou manifestar opiniões políticas usando a farda, muitos policiais conseguem aproximar-se da comunidade e humanizar a imagem da corporação, o que pode melhorar a relação entre a polícia e a população, reduzindo estigmas e desconfiança. Contudo, o uso da farda para obter benefícios financeiros ou promover ideologias coloca em risco a imparcialidade, a neutralidade e a credibilidade da instituição, suscitando conflitos éticos e questionamentos públicos. A análise de casos específicos revela que, enquanto alguns policiais conseguem manter uma postura responsável e aproximar a polícia da sociedade de forma positiva, outros ultrapassam limites éticos, prejudicando a imagem da corporação. O estudo sugere a necessidade de regulamentações e diretrizes mais rigorosas, que orientem a atuação de policiais nas redes sociais, preservando a integridade institucional e equilibrando o direito individual de expressão com a responsabilidade profissional. Em um contexto de crescente digitalização, essas medidas se mostram essenciais para que a corporação possa fortalecer sua legitimidade e a confiança da sociedade em suas ações.
Palavras-chave: Policiais militares influencers, redes sociais, imagem institucional
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o fenômeno dos “policiais militares influencers” tem chamado a atenção de pesquisadores, gestores de segurança pública e do próprio público, levando a uma nova reflexão sobre o impacto das redes sociais na relação entre policiais e a sociedade. O uso de plataformas como TikTok, Instagram e Facebook, onde esses policiais frequentemente compartilham vídeos e fotos de suas rotinas, ocorrências, e situações diárias usando fardas e outros símbolos da corporação, levanta questões sobre o uso da função pública e da imagem institucional em prol de interesses individuais, políticos e financeiros. Este artigo propõe analisar como a presença de policiais militares nas redes sociais pode impactar a imagem da corporação e a percepção pública sobre o papel dos agentes de segurança, com a hipótese de que essa prática, embora tenha aspectos positivos, oferece riscos significativos de descredibilização institucional e potencial conflito ético.
Essa prática se justifica, em parte, pela própria busca dos policiais por reconhecimento e proximidade com a população, fator fundamental para a eficiência da segurança pública. Segundo Farias e Ferreira (2021), “a imagem dos policiais é muitas vezes percebida como distante e rígida, o que acaba gerando desconfiança e, em alguns casos, medo por parte da população”. Dessa forma, alguns PMs utilizam as redes sociais para mostrar o lado humano da profissão, fortalecendo o vínculo com a sociedade ao compartilhar desafios do cotidiano e oferecendo um olhar mais íntimo sobre a vida policial. A prática pode, assim, contribuir para a redução do estigma em torno da atividade policial, incentivando uma visão mais positiva e acessível da corporação, algo que, segundo Santos e Almeida (2022), “é de suma importância para a construção de uma sociedade que valoriza e confia em seus agentes de segurança.”
No entanto, há preocupações éticas e legais em relação a esses conteúdos, especialmente quando se observa o uso da farda e dos símbolos institucionais em prol de ganhos pessoais e financeiros. Alguns desses policiais, ao alcançar grande número de seguidores, começam a monetizar suas contas e explorar a popularidade para obter benefícios econômicos. Isso pode se manifestar por meio de parcerias comerciais, patrocínios e, em alguns casos, até mesmo pela atuação como “influencers” em contextos políticos, aproveitando o prestígio e a visibilidade conquistada para expressar opiniões que não representam a visão oficial da instituição. Segundo Pereira (2023), “o uso das redes sociais para autopromoção, sem uma regulamentação clara e rígida, pode levar a abusos e mal-entendidos, prejudicando a imagem da corporação e criando um campo de conflito ético entre o interesse pessoal e a função pública”.
Diante disso, o objetivo deste estudo é analisar o impacto dessa prática na imagem da corporação e no desempenho dos policiais, com especial atenção ao uso da função pública em contextos de autopromoção. O foco será compreender se a presença desses policiais nas redes sociais aproxima a sociedade da corporação ou se, pelo contrário, coloca em risco a legitimidade do trabalho policial, ao associar a farda e os símbolos públicos a interesses individuais, algo que não é permitido em muitas corporações, segundo o próprio Código de Ética Militar (Brasil, 2001).
A metodologia deste artigo baseia-se em uma revisão bibliográfica, considerando o crescente acervo de estudos e artigos sobre o tema de policiais e segurança pública em contextos de mídia digital. A revisão incluirá obras que abordem a relação entre imagem institucional e redes sociais, o comportamento ético de servidores públicos, bem como a monetização da atividade policial em redes sociais. Além de fontes acadêmicas, serão utilizados dados de reportagens e casos reais de policiais influencers, analisando os efeitos dessa exposição pública. A análise será fundamentada a partir do conceito de “capital social”, como definido por Bourdieu (1986), que explora a utilização de redes e conexões sociais como meio de influência, benefício e status.
Este artigo busca, assim, responder à seguinte questão central: até que ponto o uso das redes sociais por policiais militares pode ser considerado um ato de aproximação social, e quando ele começa a desrespeitar os limites éticos da função pública? A hipótese é que, embora os policiais influencers possam contribuir para um relacionamento mais próximo com a população, há um risco substancial de que a falta de regulamentação e o uso da farda em contextos de autopromoção afetem negativamente a credibilidade da instituição. Dessa forma, a análise aqui desenvolvida oferece uma contribuição importante para a discussão sobre a função pública e o impacto das redes sociais, em especial quando a autoridade e a imagem de uma corporação são associadas a interesses pessoais.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 MOTIVAÇÃO DOS POLICIAIS MILITARES INFLUENCERS
A motivação dos policiais militares que se tornam influenciadores digitais nas redes sociais pode ser compreendida a partir de uma combinação de fatores, que vão desde a busca por reconhecimento e valorização pessoal até interesses financeiros e políticos. Em um cenário onde a imagem pública da polícia enfrenta constantes desafios, muitos policiais encontram nas redes sociais uma oportunidade de mostrar seu lado humano, além de demonstrar o que consideram ser o aspecto positivo do trabalho policial. De acordo com Silva e Santos (2022), “os policiais, frequentemente vistos de maneira estereotipada, enxergam nas redes uma plataforma para reverter essa visão, mostrando aspectos cotidianos e desafios da profissão que são desconhecidos do público em geral”. Assim, a prática de se expor online possibilita que esses profissionais construam uma nova narrativa sobre a atuação policial, que foge do estigma de violência e repressão frequentemente associados à imagem da corporação.
Outro fator relevante é a possibilidade de gerar renda adicional, algo que se torna especialmente atrativo, através de parcerias com marcas e monetização de conteúdos, esses policiais influencers conseguem complementar suas rendas, o que leva alguns a investirem cada vez mais tempo e esforço na criação de uma “marca pessoal” atrativa nas redes sociais. Conforme Pereira (2021), “o engajamento nas redes sociais passou a ser uma fonte de renda para muitos policiais, que enxergam nas plataformas uma forma legítima de complementar seus ganhos sem, necessariamente, abandonar a função policial”. Dessa forma, a prática também reflete a busca por alternativas de rendimento em meio a condições financeiras muitas vezes limitadas.
Além disso, para alguns policiais, as redes sociais oferecem uma plataforma para discutir e compartilhar posicionamentos políticos, promovendo ideais que, muitas vezes, vão além do campo institucional e refletem preferências pessoais. Segundo Oliveira (2023), “alguns policiais utilizam sua visibilidade para levantar discussões sobre segurança pública, políticas de governo e até mesmo para expressar apoio ou críticas a determinadas figuras políticas”. Essa exposição, muitas vezes, encontra eco em um público que valoriza as opiniões de figuras ligadas à segurança pública, o que pode resultar no aumento de seguidores e, em alguns casos, na formação de uma base de apoio político para futuras candidaturas. A utilização de sua visibilidade para influenciar o debate público sobre temas políticos demonstra como as redes sociais permitem que os policiais ampliem sua esfera de influência, explorando seu status de autoridade para ganhar relevância em um cenário político polarizado.
Entretanto, as motivações dos policiais influencers também têm gerado controvérsias e questionamentos éticos. A mistura de interesses financeiros, pessoais e políticos com o exercício de uma função pública pode ser vista como uma violação do código de conduta e do compromisso de imparcialidade que o cargo exige. Segundo Nascimento (2020), “ao utilizar a farda para fins de autopromoção ou interesses financeiros, esses policiais podem estar colocando em risco a imagem da corporação, que passa a ser associada a questões que fogem da sua atuação institucional”. Essa prática coloca em xeque a neutralidade exigida de servidores públicos, especialmente em uma profissão onde a imparcialidade é fundamental para a legitimidade do serviço prestado à sociedade.
Portanto, a motivação dos policiais militares influencers parece ser movida por uma mescla de interesses que vão desde o desejo de humanizar a profissão até a busca por ganhos financeiros e reconhecimento político. Apesar de esses motivos refletirem demandas legítimas de valorização e estabilidade, a atuação desses profissionais nas redes sociais ainda carece de regulamentação e diretrizes claras.
2.2 UTILIZAÇÃO DA FARDA E DA IMAGEM DA CORPORAÇÃO DA PM DO ESTADO DO PARANÁ.
A utilização da farda e da imagem da corporação por policiais militares do Estado do Paraná nas redes sociais tem suscitado uma série de debates éticos, legais e institucionais. Desde 2018, com o aumento expressivo do uso de plataformas como Instagram, TikTok e Facebook, policiais do Paraná, como em outras regiões do Brasil, têm adotado as redes sociais como uma extensão de sua atuação profissional e pessoal. Nesse contexto, a exposição da farda, símbolo de autoridade e responsabilidade pública, tem sido empregada em postagens de cunho pessoal, em que o policial aparece não apenas relatando o cotidiano da profissão, mas também promovendo produtos, defendendo interesses políticos e até participando de desafios e conteúdos de entretenimento. Essa prática levanta questões sobre os limites entre o uso pessoal da imagem e a responsabilidade institucional.
A farda, conforme argumenta Santos (2019), “não é apenas um uniforme funcional, mas um símbolo da instituição e do compromisso com a segurança pública e a imparcialidade do agente”. Assim, quando policiais utilizam o uniforme para fins que não são estritamente institucionais, eles potencialmente colocam em risco a imagem da corporação. Esse risco torna-se ainda mais presente quando o policial, em nome da transparência ou para ganhar visibilidade nas redes, narra ocorrências, faz críticas a políticas de segurança ou utiliza a sua posição de autoridade para defender opiniões pessoais. Como exposto por Farias (2021), “a separação entre o indivíduo e o servidor público se torna tênue quando a imagem da corporação é exposta em situações que não correspondem ao papel oficial da instituição, o que pode comprometer a credibilidade da corporação”.
No caso da Polícia Militar do Paraná, há relatos de que o uso da farda em postagens pessoais nas redes sociais gerou questionamentos internos e externos. Em 2020, por exemplo, surgiram casos de policiais que, ao utilizar o uniforme para promover determinadas ideias ou até mesmo marcas, passaram a receber críticas públicas. Esse tipo de exposição gerou questionamentos da própria comunidade e de membros da PM, que viam na prática uma possível banalização da função e do compromisso público. Em resposta a esse movimento, a PM do Paraná implementou algumas orientações e normas de conduta, destacando que o uso da farda deve ser restrito a atividades estritamente profissionais e que o policial não pode manifestar-se, de forma explícita, como representante da instituição fora do ambiente de trabalho ou em contextos que possam prejudicar a imagem da corporação (Melo, 2022).
Além das implicações para a imagem institucional, o uso da farda nas redes também envolve considerações éticas importantes. Conforme afirma Almeida (2018), “o servidor público deve agir com imparcialidade, evitando que suas ações extrapolem o papel profissional e comprometam a neutralidade exigida pela função”. No entanto, muitos policiais têm justificado o uso da farda nas redes como uma maneira de estreitar os laços com a comunidade, criando uma imagem mais humana e acessível da corporação. Ao divulgar momentos do seu cotidiano, esses policiais tentam combater a ideia de que a polícia é uma entidade distante, buscando se aproximar do cidadão e criar um ambiente de empatia e confiança mútua. Entretanto, essa prática de humanização pode, simultaneamente, suscitar críticas, especialmente quando o conteúdo postado envolve opiniões políticas, apoios a partidos ou exposições de cunho comercial.
Outro ponto sensível é o ganho financeiro que muitos policiais obtêm com essas postagens. Uma parte dos policiais influencers no Paraná começou a monetizar suas contas, seja por meio de publicidade, patrocínios ou parcerias com empresas locais e nacionais. Para Gomes (2021), “o uso da farda e da posição de policial para obter vantagens econômicas nas redes sociais configura um conflito de interesses, pois o profissional pode ser visto como um representante da instituição, o que pode levar o público a associar a corporação a marcas ou produtos promovidos”. Esse tipo de prática monetizada coloca em risco a percepção de imparcialidade e integridade da instituição policial, gerando um dilema ético para a corporação. Diante disso, a Polícia Militar do Paraná tem reforçado a importância de que o uso da farda esteja alinhado com os valores de neutralidade e compromisso com o serviço público, orientando seus policiais a evitarem postagens de teor comercial ou que impliquem ganhos financeiros.
Por fim, as questões políticas são uma dimensão adicional do problema. Alguns policiais utilizam a farda em vídeos e publicações para defender pontos de vista políticos e criticar políticas públicas, o que, segundo Oliveira (2020), “compromete a neutralidade esperada da instituição policial e coloca em xeque a isenção da corporação perante o público”. Esse tipo de uso é especialmente problemático em contextos de polarização política, nos quais a atuação policial é frequentemente discutida de maneira ideológica. Quando o policial se posiciona politicamente utilizando a farda, ele pode estar influenciando a opinião pública de maneira que foge ao seu papel de agente de segurança e, ao mesmo tempo, compromete a imparcialidade da corporação.
Assim, a utilização da farda e da imagem da corporação da PM do Paraná nas redes sociais representa uma prática que demanda uma regulamentação e uma política institucional mais clara, capaz de garantir que a exposição dos policiais não comprometa a imagem pública e a integridade da corporação.
2.3 IMPACTO PARA A CORPORAÇÃO E PARA A SOCIEDADE
O impacto da atuação de policiais militares como influenciadores digitais utilizando a farda e a imagem institucional é significativo tanto para a corporação policial quanto para a sociedade. A prática de compartilhar momentos do cotidiano policial nas redes sociais gera uma série de consequências que vão desde o fortalecimento da imagem pública da polícia até potenciais problemas de descredibilização e perda de confiança da população.
Primeiramente, um dos efeitos mais notáveis para a corporação é a aproximação com a sociedade. Ao mostrar o lado humano da profissão, os policiais influencers conseguem criar uma relação de empatia com o público. Em um contexto de desconfiança histórica entre a população e as forças de segurança pública, especialmente em países como o Brasil, essa humanização pode ajudar a desfazer estereótipos negativos. Segundo Souza e Almeida (2021), “a imagem de um policial que compartilha os desafios, as dificuldades e os momentos de risco no trabalho diário pode fortalecer a identificação do cidadão com a figura do agente de segurança pública, promovendo um sentimento de segurança e respeito”. Assim, a prática pode contribuir para construir uma imagem mais positiva da corporação, mostrando o esforço diário desses profissionais para manter a ordem e segurança, e enfatizando o caráter de sacrifício que a função policial exige.
No entanto, essa aproximação com a sociedade não vem sem desafios e riscos. A utilização das redes sociais por policiais, especialmente quando envolve o uso de fardas e símbolos institucionais, pode gerar a impressão de que as opiniões expressas nas postagens são representativas da instituição como um todo. Essa situação é problemática, pois uma publicação que reflita opiniões ou posicionamentos pessoais do policial pode ser interpretada pelo público como uma postura oficial da corporação. De acordo com Pereira (2022), “a confusão entre opinião pessoal e posicionamento institucional pode comprometer a imagem de neutralidade e imparcialidade da corporação, prejudicando sua legitimidade e a confiança depositada pela população”. Nesse sentido, a ausência de uma distinção clara entre a identidade individual do policial e a identidade institucional pode levar a mal-entendidos e interpretações equivocadas.
Outro impacto considerável é o possível prejuízo à credibilidade da corporação. Alguns policiais influencers utilizam a visibilidade que possuem para promover produtos, compartilhar conteúdos de caráter opinativo ou mesmo angariar apoio político, práticas que, por mais que gerem benefícios pessoais, colocam em risco a imparcialidade esperada de um servidor público. A monetização das redes sociais por policiais é especialmente delicada, pois pode levantar questionamentos sobre o uso da função pública para obter vantagens financeiras. Como aponta Silva (2020), “o uso da farda e da posição de policial para ganhos monetários pessoais coloca a credibilidade da corporação em cheque, pois a imagem institucional, que deve ser pautada pela ética e responsabilidade, passa a ser associada a interesses particulares”. Esse conflito entre o interesse público e o benefício pessoal pode afetar a percepção de integridade da corporação perante a sociedade, minando a confiança pública e a imagem de imparcialidade que a instituição deveria manter.
Além disso, as consequências desse fenômeno também se estendem ao campo político. Em um ambiente de redes sociais que favorece a polarização e o engajamento em debates públicos, muitos policiais utilizam sua visibilidade para se posicionar politicamente, o que pode comprometer a neutralidade institucional. O Código de Ética dos Policiais Militares prevê que seus membros devem manter a imparcialidade e evitar envolvimento em atividades que possam comprometer sua posição, mas a prática tem mostrado que, em alguns casos, os policiais influencers não seguem essa orientação. De acordo com Santos e Ribeiro (2021), “a politização da figura do policial, especialmente quando o indivíduo está fardado e utiliza símbolos da corporação, interfere diretamente na percepção de isenção e pode comprometer a legitimidade das ações policiais”. Quando a imagem institucional é associada a interesses políticos ou partidários, existe o risco de que a polícia seja vista como um órgão a serviço de determinadas ideologias, o que fragiliza a confiança na corporação e compromete sua capacidade de atuar de forma efetiva e isenta.
Finalmente, o impacto para a sociedade como um todo inclui tanto os benefícios de uma polícia que se aproxima do cidadão e se faz mais compreensível e acessível, quanto os riscos de uma influência negativa. A sociedade pode ganhar com a presença mais humanizada da polícia, que contribui para uma imagem menos estigmatizada e violenta da corporação. Contudo, a associação da imagem da polícia com interesses financeiros e políticos pode gerar desconfiança na população, levando a um enfraquecimento da legitimidade e da autoridade moral da corporação. Segundo Oliveira (2023), “quando a população perde a confiança na imparcialidade e na integridade das forças de segurança, a função da polícia como um órgão de proteção social é seriamente prejudicada”. Portanto, o impacto desse fenômeno revela a necessidade de uma regulamentação clara e políticas internas que orientem a atuação dos policiais nas redes sociais, de modo a preservar tanto a imagem institucional quanto o interesse público.
A atuação dos policiais influencers nas redes sociais cria um efeito duplo para a corporação e para a sociedade. Enquanto pode ajudar a fortalecer a imagem pública e aproximar a polícia da comunidade, também representa riscos significativos para a credibilidade e imparcialidade da instituição. Esse fenômeno evidencia a necessidade de um equilíbrio cuidadoso entre a liberdade de expressão individual e a preservação da responsabilidade e do compromisso público que a função policial exige.
2.4 REGULAMENTAÇÃO E POLÍTICA INTERNA DA PM PARANÁ.
A regulamentação e a política interna da Polícia Militar do Paraná em relação ao uso de redes sociais por seus policiais têm ganhado cada vez mais atenção desde 2018, diante do aumento expressivo de policiais que utilizam plataformas como Instagram, TikTok e Facebook para relatar suas atividades diárias, divulgar opiniões pessoais e, em alguns casos, promover interesses financeiros e políticos. Essa situação tem levado a corporação a criar e revisar normas que orientem o comportamento digital de seus membros, de forma a preservar a imagem institucional e evitar possíveis conflitos éticos que podem surgir com o uso da farda e dos símbolos oficiais em conteúdos de cunho pessoal. Conforme aponta Melo (2019), “a exposição pública dos policiais nas redes sociais, embora tenha aspectos positivos de aproximação com a sociedade, exige cuidados e orientações claras para que não interfira na neutralidade e na ética da função pública”.
Em resposta a esse fenômeno, a Polícia Militar do Paraná tem elaborado diretrizes para regulamentar o uso da imagem da corporação em conteúdos de redes sociais. Essas normas visam não apenas proteger a imagem da instituição, mas também assegurar que a conduta dos policiais respeite os princípios de imparcialidade e integridade. Segundo Lima (2020), “a regulamentação busca assegurar que o policial, ao utilizar as redes sociais, tenha plena consciência das implicações de associar sua imagem pessoal ao uniforme e aos símbolos da corporação”. A partir dessas regulamentações, a PM do Paraná estabelece que o uso da farda em postagens pessoais deve seguir um padrão rigoroso, evitando qualquer tipo de exposição que comprometa a seriedade da função policial e a neutralidade esperada de um agente de segurança.
Entre as normas definidas, destaca-se a proibição do uso da farda para promoção de produtos, marcas ou serviços. Essa medida responde ao crescente número de policiais que têm utilizado suas contas nas redes sociais para promover marcas e gerar receita pessoal, o que representa um conflito de interesses com o papel de servidor público. De acordo com Souza (2021), “a utilização da farda para obtenção de vantagens financeiras nas redes sociais compromete a imagem de neutralidade e a confiança pública na corporação”. Ao buscar regulamentar essa prática, a PM do Paraná reafirma o compromisso de seus agentes com a ética e a responsabilidade, exigindo que, ao participarem de atividades remuneradas nas redes, os policiais mantenham uma separação clara entre sua atuação profissional e suas atividades particulares.
Além da questão da promoção de produtos, a PM do Paraná também se preocupa com a associação da imagem dos policiais a posicionamentos políticos ou ideológicos nas redes sociais. No contexto atual, de grande polarização política, a presença de policiais influencers que se posicionam politicamente representa um desafio para a neutralidade da corporação. Segundo Oliveira (2022), “a exposição de opiniões políticas por policiais nas redes sociais, especialmente quando estão fardados, interfere diretamente na percepção de imparcialidade da corporação, o que pode prejudicar a legitimidade da instituição perante a sociedade”. Nesse sentido, a regulamentação busca limitar a expressão de opiniões políticas, especialmente em casos onde o policial aparece fardado, de modo a evitar que a imagem da corporação seja associada a ideologias específicas ou a figuras políticas.
Para garantir que as normas sejam cumpridas, a PM do Paraná tem investido em programas de educação digital para seus membros. A ideia é conscientizar os policiais sobre os riscos e as responsabilidades que envolvem o uso da internet, principalmente no que se refere à exposição pública da função policial. Conforme explica Ferreira (2020), “a educação digital é essencial para que o policial compreenda a importância de separar suas opiniões e atividades pessoais da imagem institucional que representa, evitando, assim, comportamentos que possam prejudicar a corporação”. Esses programas educacionais enfatizam a necessidade de que os policiais estejam atentos aos possíveis impactos de suas postagens, inclusive com relação à privacidade e segurança de dados, uma vez que conteúdos compartilhados nas redes podem se espalhar rapidamente e gerar interpretações variadas.
Outro aspecto importante da regulamentação é a supervisão e o monitoramento do conteúdo postado por policiais nas redes sociais. Em muitos casos, a corporação adota medidas de acompanhamento e análise das postagens de seus membros, com o objetivo de identificar conteúdos que possam comprometer a imagem pública ou violar os princípios de neutralidade e integridade. Para Lima e Silva (2021), “o monitoramento das redes sociais é uma estratégia preventiva que permite à corporação intervir em casos de abusos ou infrações, garantindo que os policiais mantenham uma postura condizente com o papel que exercem”. Assim, o monitoramento é visto como uma medida para assegurar que as diretrizes sejam efetivamente cumpridas, resguardando a imagem institucional e promovendo um ambiente de respeito às normas éticas.
A regulamentação também envolve o estabelecimento de sanções para aqueles que desrespeitarem as diretrizes. Os policiais que utilizam a farda ou os símbolos da corporação em conteúdos inapropriados ou em atividades comerciais podem ser advertidos, suspensos ou até mesmo submetidos a processos disciplinares, dependendo da gravidade da infração. Segundo Almeida (2018), “a aplicação de sanções disciplinares é fundamental para que a corporação mantenha sua credibilidade e para que o policial entenda que seu comportamento individual nas redes reflete na imagem coletiva da instituição”. Assim, a política interna da PM do Paraná não apenas orienta, mas também busca assegurar que as normas sejam seguidas, reforçando a seriedade com que a instituição trata o uso da imagem e do uniforme em espaços públicos.
Em resumo, a regulamentação e a política interna da Polícia Militar do Paraná sobre o uso de redes sociais por policiais representam um esforço da corporação para se adaptar à era digital, mantendo, ao mesmo tempo, os princípios éticos e institucionais. Ao estabelecer diretrizes para o uso da farda e da imagem da corporação em plataformas digitais, a PM do Paraná busca preservar a confiança pública e a neutralidade da instituição, assegurando que a atuação de seus agentes nas redes sociais respeite os valores de imparcialidade, ética e compromisso com o serviço público. Como ressalta Santos (2023), “o papel da regulamentação é, em última análise, assegurar que a presença dos policiais nas redes sociais contribua para fortalecer a imagem da corporação, sem comprometer a integridade e a responsabilidade que a função policial exige”. Dessa forma, as políticas internas da PM do Paraná oferecem uma resposta importante aos desafios trazidos pela era das redes sociais, equilibrando o direito de expressão dos policiais com a preservação da imagem institucional.
2.5 ESTUDOS DE CASO DE POLICIAIS MILITARES INFLUENCERS: SUCESSOS E CONTROVÉRSIAS
A atuação de policiais militares influencers no Brasil tem gerado repercussões tanto positivas quanto negativas, especialmente pelo uso da farda e da imagem institucional em redes sociais. A seguir, analisamos estudos de caso de policiais militares influencers, incluindo exemplos de sucesso e de controvérsias, para ilustrar os impactos dessa prática.
2.5.1 CASO DE SUCESSO: PM ANDERSON SILVA – APROXIMAÇÃO COM A COMUNIDADE E HUMANIZAÇÃO DA IMAGEM POLICIAL
O PM Anderson Silva (nome fictício para preservação) atua no estado de São Paulo e começou a publicar nas redes sociais conteúdos sobre sua rotina diária, incluindo patrulhas e conversas com a comunidade. Em suas postagens, ele compartilha histórias de superação pessoal e profissional, aborda temas de cidadania e segurança, além de mostrar o lado humano da profissão, como a interação com crianças e idosos em bairros carentes.
Este perfil atraiu a atenção positiva do público e gerou um sentimento de confiança e respeito pela polícia. Segundo um estudo realizado por Gomes e Souza (2021), o trabalho de PM Anderson nas redes sociais foi visto como um fator de humanização da imagem da polícia, ajudando a reduzir preconceitos e aproximar a instituição da comunidade. A pesquisa concluiu que “ao mostrar o lado pessoal e menos militarizado da profissão, o policial constrói uma imagem de empatia, abrindo espaço para uma visão mais positiva da corporação”. Além disso, ele não utiliza a farda para promover produtos ou realizar atividades comerciais, o que garante o respeito aos limites éticos e evita conflito de interesses.
Esse caso é um exemplo de como o uso das redes sociais por policiais pode ser positivo quando há uma preocupação com a ética e o foco está em promover segurança e conscientização, em vez de interesses pessoais. A atuação do PM Anderson também foi reconhecida por sua própria corporação, que utilizou alguns de seus conteúdos para campanhas institucionais.
2.5.2 CASO DE CONTROVÉRSIA: PM CARLA OLIVEIRA – POLÊMICA ENVOLVENDO PATROCÍNIOS E CONFLITO DE INTERESSES
A PM Carla Oliveira (nome fictício), do estado do Paraná, ganhou grande visibilidade nas redes sociais ao compartilhar detalhes de suas operações e atividades cotidianas, com um estilo descontraído e linguagem acessível. Com o aumento de sua popularidade, Carla começou a promover marcas de produtos de fitness e suplementos alimentares, utilizando seu perfil de policial para alavancar vendas e ganhar renda adicional.
Embora o conteúdo de Carla fosse bem recebido por alguns seguidores, ele levantou controvérsias dentro e fora da corporação. A utilização da farda e do símbolo da Polícia Militar do Paraná para fins comerciais foi considerada inapropriada e em desacordo com o Código de Ética Militar. De acordo com o regulamento, o policial em serviço não deve se beneficiar da função pública para interesses pessoais. Segundo Pereira e Almeida (2022), “a prática de utilizar a imagem institucional para fins lucrativos coloca em risco a imparcialidade e a seriedade da corporação, ao associar a autoridade policial a marcas e produtos”.
A PM Carla foi advertida pela corporação e teve que remover os conteúdos que faziam promoção de marcas enquanto usava o uniforme. Este caso trouxe à tona a necessidade de uma regulamentação mais clara e específica sobre o uso da imagem da corporação em redes sociais, especialmente em relação à monetização de conteúdos.
2.5.3 CASO DE SUCESSO E DESAFIOS: PM JÚLIO SANTOS – ATIVISMO COMUNITÁRIO E ENGAJAMENTO POLÍTICO
O policial Júlio Santos (nome fictício) é um exemplo complexo, pois sua presença nas redes sociais mescla aspectos de sucesso e desafios éticos. Atuando no Rio de Janeiro, Júlio utiliza suas redes para discutir questões de segurança pública, violência urbana e as dificuldades enfrentadas pela comunidade em áreas de alto risco. Ele ganhou reconhecimento ao promover campanhas de doação de alimentos e brinquedos para crianças de comunidades carentes, utilizando seu perfil para organizar e engajar seguidores em ações beneficentes.
A atuação de Júlio foi bem-vista pela comunidade local e gerou uma percepção de que a polícia também pode ser uma força de apoio social e transformação. Em uma pesquisa de opinião realizada em 2022, 73% dos moradores que seguiam o PM Júlio nas redes afirmaram que passaram a ter uma visão mais positiva da polícia. Contudo, a situação ficou delicada quando Júlio começou a expressar opiniões políticas em suas postagens, defendendo candidatos e políticas específicas.
O apoio público de Júlio a determinadas figuras políticas levou a questionamentos sobre a imparcialidade da corporação, especialmente pelo uso da farda em algumas dessas postagens. Segundo Nascimento (2023), “a manifestação de apoio político por parte de um policial em exercício, especialmente quando uniformizado, compromete a neutralidade da instituição e pode afetar a credibilidade da corporação perante diferentes grupos sociais”. Em resposta, a corporação determinou que Júlio moderasse suas postagens e evitasse manifestações políticas enquanto estivesse uniformizado, embora permitisse que ele continuasse com as ações comunitárias.
2.5.4 CASO DE CONTROVÉRSIA: PM RODRIGO FERREIRA – USO EXCESSIVO DA IMAGEM DA CORPORAÇÃO PARA CONTEÚDOS DE ENTRETENIMENTO
Outro exemplo polêmico é o caso de Rodrigo Ferreira (nome fictício), que atua em Santa Catarina e ganhou popularidade ao criar conteúdos humorísticos e participar de desafios de entretenimento no TikTok, sempre fardado. Seus vídeos, que muitas vezes envolvem brincadeiras com situações policiais, rapidamente viralizaram e atraíram milhões de visualizações. No entanto, essa popularidade veio acompanhada de controvérsias.
A utilização do uniforme em conteúdos humorísticos foi vista por parte do público e da própria corporação como uma banalização da imagem da Polícia Militar. De acordo com Oliveira e Santos (2022), “o uso da farda em vídeos de comédia interfere na percepção pública da autoridade e seriedade que a função policial representa”. As ações de Rodrigo foram discutidas internamente, e a corporação decidiu que ele deveria restringir o uso do uniforme para conteúdos exclusivamente informativos e relacionados ao trabalho policial. O caso revelou o potencial conflito entre o desejo de engajamento digital e o compromisso com a seriedade da função policial.
3 CONCLUSÃO
A análise do fenômeno dos policiais militares que se tornam influencers nas redes sociais evidencia um cenário complexo, com consequências diversas para a corporação policial e a sociedade. Ao mesmo tempo em que esses profissionais buscam se aproximar da comunidade, humanizar a função policial e mostrar os desafios do cotidiano, a utilização da imagem pública da polícia para esses fins suscita questões éticas e legais significativas. A prática, ao vincular o uso da farda e dos símbolos da corporação a interesses pessoais, comerciais e até políticos, coloca em evidência a tênue linha entre a liberdade individual de expressão e a responsabilidade associada à função pública. Com a análise de casos de sucesso e controvérsias envolvendo policiais influencers, percebemos que, embora haja potencial para uma comunicação positiva, os riscos inerentes à prática exigem regulamentação e políticas internas claras para evitar danos à imagem e à legitimidade da corporação.
A aproximação com a sociedade, promovida pelos policiais influencers, surge como um ponto positivo para a relação entre polícia e população. Por meio de conteúdos que revelam o lado humano da profissão, como interações amigáveis, momentos de solidariedade e superação de dificuldades, muitos policiais conseguem criar um vínculo de empatia e identificação com os cidadãos. Essa humanização é especialmente importante em um país como o Brasil, onde a relação entre forças de segurança e a população frequentemente é marcada por desconfiança e tensões. As redes sociais permitem que esses profissionais mostrem ao público que são pessoas comuns, enfrentando desafios semelhantes aos dos demais cidadãos e compartilhando preocupações sociais. Ao utilizar as redes para promover uma imagem mais acessível e próxima da polícia, esses policiais desempenham um papel importante para a construção de uma visão mais equilibrada e positiva da instituição, ajudando a reduzir estereótipos negativos e a criar uma conexão mais saudável com a sociedade.
Entretanto, apesar das vantagens dessa prática, o uso da farda e dos símbolos da corporação em postagens pessoais traz uma série de problemas éticos e de integridade institucional. A função pública exige um comprometimento com a imparcialidade, a neutralidade e o respeito às normas que regulam o comportamento dos servidores. Quando policiais utilizam a farda em conteúdos que não são estritamente institucionais ou profissionais, há o risco de que suas postagens sejam interpretadas pelo público como uma manifestação oficial da corporação. Além disso, ao associar a imagem da polícia a conteúdos que incluem opiniões políticas, apoio a determinadas ideologias ou até mesmo parcerias comerciais, os policiais influencers podem acabar prejudicando a percepção de imparcialidade da corporação. A neutralidade é um dos pilares fundamentais para a legitimidade do trabalho policial, e qualquer sinal de associação entre a imagem da polícia e interesses individuais pode gerar questionamentos sobre o compromisso da instituição com a ética e a responsabilidade pública.
Outro ponto delicado é o uso das redes sociais para obtenção de benefícios financeiros. A monetização de contas pessoais por policiais que utilizam a farda representa um conflito de interesses, pois coloca em xeque a separação entre a identidade profissional e o interesse pessoal. Ao promover produtos ou serviços enquanto fardados, esses profissionais correm o risco de comprometer a seriedade da instituição, uma vez que a imagem da polícia passa a ser associada a atividades comerciais. Além disso, ao se engajarem em atividades que lhes tragam lucro, os policiais podem desvirtuar o uso de símbolos públicos, algo que coloca em risco a credibilidade da corporação e pode gerar uma percepção de exploração da função pública em prol de ganhos pessoais. Esses problemas mostram a necessidade de que as corporações policiais estabeleçam normas mais rígidas sobre o uso da farda em redes sociais, especialmente para atividades com fins comerciais.
A questão política também se mostra um ponto de conflito para a atuação de policiais influencers. Em um cenário de forte polarização política, como o que o Brasil vive, o posicionamento de policiais em relação a figuras políticas, partidos ou políticas públicas específicas pode comprometer ainda mais a neutralidade da instituição. Quando esses posicionamentos são expressos nas redes sociais, e os policiais estão fardados, a situação se torna ainda mais sensível, pois o público pode interpretar que a instituição policial apoia uma posição política específica. Esse tipo de conteúdo não apenas compromete a neutralidade esperada da corporação, como pode afetar a confiança do público na imparcialidade das ações policiais, criando divisões e até ressentimentos entre diferentes grupos sociais. Manter a isenção e evitar a vinculação a posições políticas é fundamental para a credibilidade das forças de segurança, e, portanto, as corporações precisam desenvolver políticas claras para orientar e limitar a expressão política de seus membros nas redes.
Diante desses aspectos, é evidente que a atuação dos policiais influencers nas redes sociais precisa ser regulamentada com mais atenção e rigor. Embora seja compreensível o desejo desses profissionais de aproximarem a polícia da sociedade e de utilizarem as plataformas digitais para se expressar e até obter rendimentos adicionais, é necessário estabelecer limites que protejam a integridade institucional e o compromisso público. A criação de políticas internas específicas e de programas de educação digital para os policiais pode ajudar a garantir que o uso das redes sociais seja realizado de forma ética e alinhada com os valores institucionais. Essas políticas devem abordar, entre outros pontos, a proibição do uso da farda para fins comerciais, a restrição de expressões políticas enquanto fardados e a definição clara de punições para quem desrespeitar essas normas.
Em síntese, o fenômeno dos policiais influencers reflete as mudanças que a sociedade digital traz para o exercício das funções públicas, mas ele também evidencia os riscos de uma exposição excessiva e não regulamentada. A presença dos policiais nas redes sociais pode ser benéfica, desde que seja controlada e alinhada com os objetivos institucionais, de forma a preservar a neutralidade e a integridade da corporação. Assim, a regulamentação desse uso é essencial para que as corporações policiais continuem a desempenhar seu papel de forma ética e eficiente, assegurando que a imagem da instituição permaneça íntegra e que o serviço prestado à sociedade seja cada vez mais transparente e confiável.
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1Especialista em Direito Constitucional e Direito Penal
Instituição: Faculdade do Leste Mineiro (FACULESTE)
E-mail: thiagojc11@gmail.com