REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7991689
Isabella Cruz Oliveira;
Prof. Me. Mayna Pereira de Lima.
INTRODUÇÃO
Fitoterapia é uma ―terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. Desde os primórdios, a humanidade utiliza plantas com algum fim terapêutico, fundamentada no acúmulo de informações por várias gerações. Durante milênios, produtos de origem vegetal foram as bases para tratamento de diversas doenças (BRASIL,2015).
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para que a planta seja considerada medicinal, é necessário que esta apresente substância ou classes de substâncias responsáveis por ação terapêutica, podendo ser em toda planta ou partes desta (BRASIL, 2010)
O Brasil tem a maior variedade genética vegetal do mundo com aproximadamente 46.000 espécies, sendo que cerca de 40% é exclusiva do território brasileiro. Esse número tende a crescer a cada ano, pois os botânicos identificam aproximadamente 250 novas espécies por ano (FIORAVANTI, 2016)
A importância em utilizar as plantas para fins medicinais está no baixo custo, eficácia e por ser um produto natural e saudável (MARINHO et al., 2007). A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que 80% da população dos países em desenvolvimento fazem uso de práticas tradicionais para manutenção da saúde, onde 85% utiliza plantas medicinais ou preparações destas. A valorização na utilização destas plantas é extremamente necessária, tanto para uso de âmbito sanitário como no cuidado da própria saúde (ROSA et al., 2011)
Entre os transtornos psiquiátricos mais frequentes na população geral estão os transtornos de ansiedade (SCHATZBERG; DEBATTISTA, 2017). Segundo Moura, a ansiedade é tida como uma resposta natural do corpo frente a um estímulo que é indispensável para a autopreservação, levando o indivíduo para o confronto da situação,agindo com impulso e motivação a fim de preservá-lo. Porém, é considerada como patologia,caso ela se manifeste de forma exacerbada e de prolongada duração sendo desproporcional a estímulo ansiogênico, afetando a vida diária do indivíduo e impossibilitando sua capacidade de adaptação (CLAUDINO; CORDEIRO, 2016).
JUSTIFICATIVA
Possivelmente a ansiedade é a disfunção emocional que mais atinge a qualidade de vida do indivíduo, causando vários prejuízos no âmbito social, acadêmico e funcional (MOURA, 2018).
As plantas medicinais são constantemente apresentadas com grande potencial para a origem de novos medicamentos. Entretanto vários são os fármacos provenientes de diversas classes terapêuticas, onde apresentam comprovada eficácia no manejo do transtorno da ansiedade, porém com os avanços de pesquisas e estudos, detemos de uma gama de medicamentos fitoterápicos como recurso terapêutico para ansiedade, na qual é evidenciada eficácia sem causar dependência ao organismo, e também devida baixa incidência de efeitos colaterais. No Brasil dispomos de muitas espécies de plantas medicinais utilizadas no tratamento de diversas disfunções do SNC, segundo a ANVISA agencia nacional de vigilância sanitária temos aproximadamente de 146 no tratamento de transtornos de humor, aproximadamente 80 fitoterápicos simples e 66 compostos de ervas (MONTEZOLLI; LOPES 2015).
Dessa maneira, surge a necessidade de utilizar compostos naturais que atuem tanto quanto drogas farmacêuticas, no entanto, com pouco ou nenhum efeito secundário nocivo ao organismo.
- OBJETIVOS
4.1 Geral
Analisar as evidências científicas disponíveis na literatura sobre quais são as plantas medicinais com potencial terapêutico ansiolítico no tratamento da ansiedade no Brasil.
- Específicos:
- Descrever os dados de identificação das publicações investigadas;
- Identificar as famílias/espécies e uso terapêutico das plantas medicinais analisadas;
REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 PLANTAS MEDICINAIS
Desde os primórdios a humanidade utiliza plantas com algum fim terapêutico, sendo utilizadas mesmo sem comprovação científica pelas mais diversas populações, estando enraizada na cultura popular, permanecendo até os dias de hoje. O conhecimento em relação à utilização das plantas foi sendo repassado oralmente através das gerações, se tornando um recurso indispensável à população em geral (NÓBREGA et al., 2017).
Os primeiros registros sobre utilização de plantas estão nos papiros de Ebers e EdwinSmith, expostos no museu de Leipzig, na Alemanha, que apresenta fórmulas compostas de aproximadamente 125 plantas e óleos essenciais, muitas delas conhecidas e usadas até os dias de hoje como a canela, gergelim, açafrão, mostarda, sementes da papoula, entre outras. Há milênios os sacerdotes egípcios já tinham grandes domínios da extração de compostos vegetais, tinham noções básicas de farmacodinâmica e discernimento das propriedades medicinais de algumas plantas, tanto que comumente era prescrito óleo essencial de mirra e extrato da casca do salgueiro como anti-inflamatório (CORAZZA, 2015).
3.2 ANSIEDADE
Ao longo dos anos as doenças mentais sofreram diversas modificações em relação à definição, etiologia e tratamento. Na Grécia Antiga, era associada a causas divinas, porém, desde essa época surgiram várias teorias na tentativa de compreender as patologias, como por exemplo, no caso da melancolia, como descrita que era causada pela ―bílis negra‖ do fígado, onde relacionava a doença com um desequilíbrio interno. Já na Idade Média, era relacionada a espíritos malignos e possessões demoníacas, levando assim ao isolamento social do indivíduo doente em ambientes fechados. Este manejo de verdadeira exclusão social e recriminação dos doentes permaneceu durante séculos (CROCQ, 2015).
A ansiedade tornou-se um problema de saúde pública e no Brasil existe uma taxa significativamente alta envolvendo este transtorno que afeta inúmeras pessoas, sendo o quinto país em casos de depressão. A ansiedade configura-se como um problema que agrega inúmeros graus de desconforto tanto no âmbito psíquico como físico, sendo esses: sudorese, pensamento acelerado dificuldade em concentração e insônia, essa falta de sono acaba levando a outros problemas de saúde, como problemas cardíacos, doença do pânico, é o efeito dominó de uma série de doenças (ZANUSSO, 2019).
Atualmente, é observado um grande avanço no tratamento dos transtornos da ansiedade. Os indivíduos têm buscado alternativas para lidar com esses sintomas, como recursos para diminuir os efeitos da ansiedade no dia a dia, é recomendado realizar atividade física, fazer terapia, manter uma alimentação saudável, ouvir música, praticar o voluntariado e desenvolver inteligência emocional, essas práticas ajudam as pessoas a desfrutar de uma melhor qualidade de vida, consequentemente auxilia no controle da ansiedade (HARAGUCHI et al., 2020).
3.2.1 SINTOMAS
Nos episódios de ansiedade, as várias reações do corpo como o despertar e alerta, reflexos autonômicos, emoções negativas, secreção de corticosteroides e comportamentos de defesa acontecem de forma antecipatória, independentemente dos estímulos externos (RANG et al., 2016). Sendo assim, é correto afirmar que a ansiedade patológica está relacionada a baixos níveis de qualidade de vida, como também com problemas educacionais, sociais e ocupacionais (MOURA et al., 2018).
3.2.3 TRATAMENTO
,O tratamento dos transtornos de ansiedade envolve além de abordagens psicológicas, a utilização de psicofármacos. Durante várias décadas o tratamento farmacológico utilizou ansiolíticos/hipnóticos como os benzodiazepínicos e barbitúricos, que possuem muitos efeitos adversos como a tolerância, dependência física e a amnésia. Porém, atualmente se utilizam fármacos antidepressivos, antiepilépticos e antipsicóticos ou ainda agonistas dos receptores 5- hidroxitriptamina (5-HT), não deixando de lado o uso dos benzodiazepínicos por possuírem efeito imediato e usado como ―base de SOS‖, principalmente na ansiedade aguda e na insônia (RANG et al., 2016).
Atualmente na abordagem psicológica a Terapia Cognitiva Comportamental é uma das abordagens que mais crescem na psicologia, sendo uma das mais procuradas no mundo, pois surge como alternativa ao uso de medicamentos uma vez que é mais tolerada pelos pacientes por não possuírem efeitos colaterais (MOURA et al., 2018).
3.3 O USO DAS PLANTAS MEDICINAIS NA ANSIEDADE
Atualmente, o emprego indiscriminado dos psicofármacos utilizados nos transtornos de ansiedade (principalmente antidepressivos e benzodiazepínicos) tem crescido de forma desenfreada. E com isso, os vários efeitos adversos decorrentes de seu uso, também tem se disseminado, ademais, os psicofármacos saem mais onerosos aos cofres públicos do que os fitoterápicos. Nesse sentido, o Estado incentiva a pesquisa com a utilização das plantas medicinais (OMS, 2013).
O livre acesso às plantas em estabelecimentos que possuem medicamentos fitoterápicos e cultivadas em seus quintais, fazem a população crer que orientações sobre o uso são desnecessárias e que por ser natural não faz mal a saúde, porém se associadas à medicamentos podem levar a sérias consequências, efeitos colaterais, interações e intoxicações sem precedentes. Devido a isso, para manter o controle dos medicamentos é necessário seu registro, etapa essa que avalia sua segurança, eficácia e qualidade antes da exposição, ação realizada pela Anvisa (RIBOLDI LS e RIGO MPM, 2019; BEZZERRA ALD, 2019).
A importância do estudo da planta como antidepressivo, se encontra no fato de que o Brasil detém a maior taxa de pessoas com depressão na América Latina, cerca de 5,8% da população. A utilização de plantas medicinais e fitoterápicos é uma prática globalmente disseminada, mas ainda há exagero em prescrições de medicamentos convencionais tanto antidepressivos como de diversas outras classes, além do agravo dos mesmos, assim sendo apontado como um problema de saúde pública do país devido aos efeitos colaterais indesejados como hipotensão e sedação, além do potencial que apresenta para a dependência e abuso. Assim surge a necessidade de utilizar compostos naturais que atuem tanto quanto drogas farmacêuticas, contudo, com pouco ou nenhum efeito secundário no organismo (MATTOS G, et al, 2018; ORTMANN FC, 2017; NUNES A, 2018).
Desse modo, o uso de fitoterápicos como uma alternativa terapêutica no tratamento da depressão apresenta seus riscos, como todo medicamento possui efeitos adversos e contraindicações. Mas, se comparado aos medicamentos convencionais apresentam menos efeitos colaterais e uma ocorrência inferior, permitindo assim a adesão ao tratamento pelos usuários (PACHECO RT, et al, 2021).
METODOLOGIA
Esse estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica sobre a utilização de plantas medicinais no combate a ansiedade, em pesquisas tanto na língua portuguesa como inglesa, onde foi utilizado sites como: SCIELO, GOOGLE ACADEMICO, EBSCO e PubMed, sendo realizada uma aprofundada avaliação de artigos e estudos com comprovação científica, para melhor confiabilidade dos assuntos abordados como também livros e documentos disponibilizados tanto nas plataformas digitais citadas anteriormente como periódicos. O período utilizado para abordagem dessa revisão está entre o ano de 2001 a 2022.
O estudo foi elaborado na Faculdade de Imperatriz- FACIMP/WYDEN, localizado na Av. Prudente de Moraes, s/n- Paque Sanharol, Imperatriz-MA, 65900-000
Os artigos foram sintetizados a partir dos descritores ‘‘plantas medicinais no combate a ansiedade’’, ‘‘fitoterapia e plantas naturais’’, ‘‘ansiedade nos dias atuais’’, ‘‘uso de fitoterápicos nas doenças envolvendo o SNC’’.
REFERÊNCIAS
BEZERRA ALD. Uso da planta medicinal Erva-de-São-João (Hypericum perforatum) no tratamento da depressão. Dissertação (Bacharelado em Farmácia) – Universidade Federal de Campina Grande, Cuité-PB, 2019; 37p.
BRASIL. Resolução – RDC nº 10, de 09 de março de 2010. Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e dá outras providências. Brasília, 2010
BRASIL. Ministério da Saúde. MONOGRAFIA DA ESPÉCIE Passiflora alata
(MARACUJÁ-DOCE). Brasília. 2015.
CLAUDINO, J.; CORDEIRO, R. (2006). Níveis de ansiedade e depressão nos alunos do curso de licenciatura em Enfermagem: O caso particular dos alunos da escola superior de saúde de Portalegre. Educação, Ciência e Tecnologia, 32, 197-210.
CORAZZA, S. Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros. 4ª ed. Rev. – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2015.
CROCQ, M.-A. ―Uma história de ansiedade: de Hipócrates ao DSM‖. Diálogos em neurociência clínica, vol. 17,3 (2015): 319-25.
FIORAVANTI, C. A maior diversidade de plantas do mundo. Disponível em:
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HARAGUCHI, Linete Maria Menzenga; SAÑUDO, Adriana; RODRIGUES, Eliana; CERVIGNI, Herbert; CARLINI, Elisaldo Luiz de Araujo. Impact of the Training of Professionals from São Paulo, 2020
MARINHO, M.L.; ALVES, M.S.; RODRIGUES, M.L.C.; ROTONDANO, T.E.F.; VIDAL, I.F.;SILVA, W.W.; ATHAYDE, A.C.R. A utilização de plantas medicinais em medicina veterinária: um resgate do saber popular. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.9, n.3,p.64-69, 2007.
MATTOS G, et al. Plantas medicinais e fitoterápicos na Atenção Primária em Saúde: percepção dos profissionais. A Scientific Eletronic Library Online, 2018.
MONTEZOLLI, Ana Paula; LOPES, Gisely Cristiny Lopes. PHYTOTHERAPICS USE IN MOOD DISORDERS: MYTH OR REALITY? Brazilian Journal of Surgery and Clinical., Paraná, Vol.12,n.2,pp.38-44, 2015.
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ZANUSSO, Carmem. Fitoterapia e essências florais no controle da ansiedade entre docentes do curso de graduação em enfermagem. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, São José do Rio Preto, 11 de fevereiro de 2019. Disponível em: Acessa do em: 01 de setembro de 2020.
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