PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

STRATEGIC PLANNING AS A STRATEGIC MANAGEMENT TOOL FOR MICRO AND SMALL COMPANIES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202409250807


Gustavo Vinícius Ferreira Silva1;
Nash Stonny Cordeiro Wanderley2


Resumo: Este artigo investiga a importância do planejamento estratégico para pequenas empresas, com foco na aplicação da matriz SWOT. A pesquisa realizou uma revisão bibliográfica para entender como a falta de planejamento estratégico afeta a sustentabilidade e o sucesso dessas empresas. Os resultados mostram que muitas pequenas empresas não utilizam planejamento estratégico formalizado, com cerca de 80% delas não aplicando práticas estruturadas. A falta de conhecimento e a alta taxa de mortalidade nos primeiros cinco anos são desafios significativos, o que poderia ser reduzido pelo uso da matriz SWOT, uma ferramenta crucial para análise estratégica, pouco conhecida entre essas empresas. A pesquisa confirma que a ausência de planejamento estratégico, especialmente com o uso da matriz SWOT, está associada a uma maior probabilidade de falência. O estudo destaca a necessidade de adoção do planejamento estratégico para melhorar a competitividade e a sustentabilidade das pequenas empresas. Sugere-se ainda a realização de estudos in loco para explorar mais detalhadamente as barreiras e a eficácia do planejamento estratégico nas pequenas empresas.

Palavras-chave: Planejamento estratégico, Pequenos negócios, Empreendedorismo.

Abstract: This article investigates the importance of strategic planning for small businesses, focusing on the application of the SWOT matrix. The research carried out a literature review to understand how the lack of strategic planning affects the sustainability and success of these companies. The results show that many small companies do not use formalized strategic planning, with around 80% of them not applying structured practices. The lack of knowledge and the high mortality rate in the first five years are significant challenges, which could be reduced by using the SWOT matrix, a crucial tool for strategic analysis that is little known among these companies. The research confirms that the absence of strategic planning, especially with the use of the SWOT matrix, is associated with a higher probability of bankruptcy. The study highlights the need to adopt strategic planning in order to improve the competitiveness and sustainability of small businesses. It is also suggested that on-site studies be carried out to explore in more detail the barriers to and effectiveness of strategic planning in small businesses.

Keywords: Strategic planning, Small business, Entrepreneurship.

Introdução

Este trabalho trata da importância do planejamento estratégico nas micro e pequenas empresas e o quão impactante é na sustentabilidade, crescimento e desenvolvimento. Uma afirmação de Almeida (2001) diz que o Planejamento Estratégico constitui uma metodologia administrativa que visa sistematizar as conceituações dos indivíduos, facilitando assim a formulação de uma visão delineando a trajetória a ser perseguida. Nesse sentido, fica claro o quão essencial é um documento de planejamento estratégico para sustentar e viabilizar a empresa no mercado ao longo dos anos e mitigar a probabilidade de quebrar nos primeiros anos. Este documento, basicamente, consolida os objetivos, metas e iniciativas que a empresa precisa desenvolver para crescer e manter a empresa no mercado que está cada vez mais competitivo.

No que se refere as características das pequenas empresas, Souza e Qualharini (2007) sugerem que a diferença das pequenas empresas para as demais é a dependência, na maioria absoluta dos casos, de uma única pessoa que é o seu proprietário, isto é, reduzido número de níveis hierárquicos centralizando as decisões no proprietário. Ainda assim, tem-se como outra característica o empreender num modelo de negócio já estabelecido no mercado que tem pouca ou nenhuma inovação envolvida.

Este tema é de suma importância para as empresas, no qual uma pesquisa do SEBRAE (2023) mostrou que, dentre os pequenos negócios, os MEI’s (Microempreendedores individuais) têm a maior taxa de mortalidade após 5 anos de funcionamento, 29%. Todavia, em seguida vêm os pequenos negócios classificados como MEs (Micro empresas) com uma taxa de mortalidade de 21,6% e, por último, as EPPs (Empresas de pequeno porte) com 17%. Uma das causas que cita a pesquisa é a falta de planejamento estratégico, onde 17% dos entrevistados pela pesquisa afirmaram não ter feito o plano e 59% fizeram apenas para os primeiros 6 meses.

Como mencionado pela pesquisa do SEBRAE apontada no parágrafo anterior, fica evidente a importância de ampliar as pesquisas em torno do planejamento estratégico como forma de sustentar o desenvolvimento das pequenas empresas, principalmente nos primeiros 5 anos de vida, tendo em vista que esta técnica ajuda na condução da empresa pelo caminho dos seus objetivos estratégicos, entendendo inicialmente seus pontos fortes e fracos dentro do seu ambiente interno, como também suas oportunidades e ameaças que advém do ambiente externo.

Essas informações são capazes de apontar qual a capacidade da empresa no que se refere a estrutura para apoiar os objetivos, como também o que precisa melhorar e quais são as ameaças que podem impactar negativamente a empresa e, por fim, quais as oportunidades que podem ser aproveitadas que impulsionaram o crescimento no alcance dos objetivos. Assim, esta pesquisa tem como objetivo geral fazer uma revisão bibliográfica a respeito de como a falta de Planejamento estratégico impacta na manutenção das micro e pequenas empresas no mercado.

Além disso, tem como especificidade investigar as seguintes situações: Levantar e discutir o que é Planejamento Estratégico e as características do que é ser uma micro e pequena empresa; como as micro e pequenas empresas estão atualmente aplicando o planejamento estratégico na gestão dos pequenos negócios; quais são os principais desafios enfrentados por essas empresas na implementação do planejamento estratégico, e por fim, como a matriz SWOT é utilizada por essas empresas como parte do seu processo de planejamento estratégico.

Para que alcançar todos esses objetivos é importante que se desenvolva uma metodologia de pesquisa por meio de revisão bibliográfica exploratória com fontes secundárias por meio de livros eletrônicos, artigo científicos, teses de doutorado e sites com os resultados tratados de forma qualitativa a fim de fazer um levantamento de revisão das pesquisas que abordam sobre a importância do planejamento estratégico com o uso da Matriz SWOT para as pequenas empresas com um recorte entre os anos de 1986 e 2016.

Revisão da literatura

Planejamento Estratégico: conceitos iniciais

Inicialmente, é imperativo delinear os conceitos de Administração, Estratégia e Planejamento Estratégico. Consequentemente, a gestão, conforme articulada por Chiavenato (1983) engloba os processos de planejamento, organização, direção e controle das atividades dentro das organizações que, com base em sua escala, são executadas individualmente por vários departamentos. Além disso, ele elucida que o gerenciamento é fundamentalmente a orquestração racional das atividades de uma organização, independentemente de a organização ser orientada para o lucro ou não (Chiavenato, 1983).

Além de Chiavenato, Montava e Charnov (2003) trazem o ato de administrar como uma atividade que é feita com e/ou por intermédio de outros indivíduos com a finalidade de realização dos objetivos dos integrantes, assim como os da organização.

Já no que se refere ao conceito de estratégia, em meio aos anos 50, com o aumento da competitividade e concorrência das empresas, o termo estratégia ganha relevância nos estudos do desempenho acima da média de empresas crescentes (Junior, 2015).

Nos estudos de Steiner e Miner (1981) os autores sugerem que o termo estratégia significa a arte da guerra e que teve origem na Grécia Antiga remetendo a um caminho que precisa ser percorrido e que nos remete a conotação voltada para a guerra.  No que se refere a estratégia competitiva, Porter (1996) afirma que tem a ver com ser diferente, significa fazer escolhas, abrir mão de algumas ações para focar em outras que gerem valor para os clientes podendo ter um acréscimo do preço com uma diminuição dos custos para simplificar e especializar a operação da empresa.

Em um artigo escrito para a Havard Business School em novembro e dezembro de 1996, Poter explica que “a essência da estratégia é optar por executar atividades de uma forma diferente da dos rivais” (Porter, 1996, p. 5). A partir dos conceitos anteriormente discutidos, podemos conceituar o que vem a ser planejamento estratégico. Andion e Fava (2002) deixam claro que o objetivo de se ter um planejamento estratégico na empresa é de alimentar os gestores com informações necessárias para a tomada de decisão quanto ao caminho que está sendo percorrido pela empresa, onde essas informações são de inteira importância para se antecipar a possíveis mudanças do mercado.

De Oliveira (2002) conceitua o Planejamento estratégico como uma estrutura administrativa que oferece orientação sistemática para delinear a trajetória mais vantajosa a ser perseguida pela organização, com o objetivo de alcançar um nível ideal de engajamento com variáveis externas que estão além do controle da organização, ao mesmo tempo em que opera de maneira inovadora e distinta.

De tal forma, é importante cada conceito para o desempenho, desenvolvimento e sustentabilidade das empresas. Mais claro ainda é perceber a importância do planejamento para as empresas, visto que essa importante ferramenta contribui para estabelecer a diretrizes do caminho que a empresa deve seguir a fim de alcançar seus objetivos e, acima de tudo, como bem colocou Michael Porter (1996) que devemos abrir mão do que não executar, isto é o que a economia conceitua como trade off.

Características das Micro e Pequenas empresas

Não existe um consenso quanto a definição padrão do que vem a ser as características das Micro e Pequenas empresas Brasileiras na literatura e isto acaba dificultando as empresas de usufruir benefícios e vantagens existentes em políticas públicas e legislação vigente. E é nesse sentido que Longenecker et al. (2007, p. 7) deixa claro que a designação de qualquer critério de tamanho específico para definir empresas são inerentemente subjetivas, pois os indivíduos utilizam padrões variados para objetivos distintos. Uma entidade pode ser categorizada como pequena em relação às suas contrapartes maiores, mas, inversamente, considerada grande em comparação com suas associadas menores.

Toda via o Portal da indústria nos mostra que, segundo o Estatuto das Micro e Pequenas empresas instituído pela Lei Complementar nº 123/20063 utiliza os critérios de faturamento ou número de funcionários. Assim, a Micro empresa se caracteriza por ter até nove colaboradores no comércio e serviços ou 19 no setor da indústria ou um faturamento de até R$360 mil. Entretanto, as Pequenas empresas podem ter de 10 a 49 colaboradores para o setor de comércio e serviços e de 20 a 99 na indústria. 

Boechat (2008) analisa que a classificação do BNDES quanto as Micro e Pequenas empresas faz a seguinte distinção: Micro empresas são aquelas que faturam até R$ 1,2 milhão. Já a Pequena empresa pode faturar anualmente entre R$ 1,2 milhão e R$ 10,5 milhões.

Planejamento estratégico nas Micro e Pequenas empresas

A empresas no Brasil têm encontrado dificuldade para sobreviver num mercado cada vez mais competitivo com mudanças acontecendo cada vez mais rápido, tendo em vista o avanço tecnológico, como também, a falta de conhecimento dos empreendedores, que, na maioria dos casos, são empreendedores que escolhem empreender por necessidade e não por oportunidade.

Uma pesquisa do SEBRAE feita em 2013, apresenta que 24% das empresas encerram as atividades nos primeiros 2 anos e chegando a perto de 50% nos primeiros 4 anos. Pesquisa que nos leva a um sinal de alerta, visto que intuitivamente a empresa deveria ficar mais sólida no mercado ao passo que o tempo avança.

Outra pesquisa realizada pelo SEBRAE entre 2018 e 2021, tomando como base as informações da Receita Federal do Brasil, mostrou os seguintes pontos que apontaram os principais motivos que levaram ao fechamento das empresas em 2020:

– Maior proporção de pessoas que estavam desempregadas antes de abrir o negócio;

– Menor conhecimento/experiência anterior no ramo;

– Maior proporção de quem abriu por exigência de cliente/fornecedor;

– Maior proporção de quem abriu por necessidade; 

– Maior proporção de quem conhecia menos aspectos relevantes do negócio;

– Tiveram menos acesso ao crédito (pediram menos e conseguiram menos);

– Tinham menos iniciativa em aperfeiçoar o negócio;

– Fizeram menos esforços de capacitação;

– Perto de metade das empresas que fecharam em 2020 considera que a pandemia foi determinante.

Nessa mesma pesquisa o SEBRAE mostra que dentro dos pequenos negócios o MEI é que tem a maior taxa de mortalidade, onde 29% fecham após 5 anos de funcionamento. Todavia, as ME’s têm 21,6% de proporção de mortalidade e as EPP’s com uma taxa de 17% de mortalidade após 5 anos de funcionamento.

Souza (2006) destaca que a gestão tem sido um desafio cada vez maior e crescente para as empresas e que ações e políticas governamentais se fazem necessárias para dar suporte e aumentar a sustentabilidade empresarial.

De acordo com pesquisa realizada pelo SEBRAE no período de 2018 e 2021, os seguintes fatores são os que mais contribuem para o fechamento dos pequenos negócios: Pouca preparação pessoal, Planejamento estratégico deficiente, Gestão do negócio deficiente, Problema no ambiente externo (pandemia).

Diante das pesquisas e informações expostas nos últimos parágrafos, podemos perceber que a falta de planejamento estratégico é um dos fatores que tem causado a mortandade das pequenas empresas e, com isso, se faz importante a utilização desta técnica a fim de melhorar a sustentabilidade dessas.

Para da Silva et al. (2013) a atitude mais prudente para os novos negócios e empresas que estão em fase de crescimento é investir tempo e recursos na formulação de uma boa estratégia e exigir de seus executivos uma competente implantação e controle com esforço focado na conquista das metas pré-estabelecidas. O futuro é construído hoje a cada ação e investimento feitos pela empresa; não planejar é construir um futuro do qual não fazemos a menor ideia.

O planejamento estratégico é uma excelente ferramenta que auxilia na elaboração da estratégia do negócio contribuindo no apontamento que a empresa deve seguir abrindo mão de outros caminhos julgados como não pertinentes para o negócio ou para o momento vivido. Vale lembrar que o planejamento estratégico deve levar em consideração o momento vivido pela empresa, isto é, o estágio que ela se encontra frente ao ambiente interno e externo.

Da Silva, Borger e Moraes (2013) afirmam que a falta de estratégia bem formulada e bem implementada dificulta decisões de investimento e o resultado pode ser olhar em direções menos interessantes e levar a empresa para um caminho sinuoso e sem horizonte. Nada mais perigoso para empresas de pouco tempo de vida.

O planejamento estratégico deve também considerar os recursos disponíveis, tanto financeiros quanto tecnológico e de pessoas. Tudo isso para focar a empresa no alcance dos objetivos e metas definidos entre os integrantes e este plano deve ser informado para todos os integrantes da organização, desde os gestores até os colaboradores operacionais.

Muitas empresas julgam desnecessário despender atenção para a construção do seu planejamento estratégico tanto por não terem tempo como por não acharem realmente necessário. Outras empresas entendem da importância, mas não empregam porque não querem inserir mais uma atribuição num ambiente já lotado, pois, na maioria das pequenas empresas, o responsável pela gestão é o dono e/ou sócios. Já em para outras, a dificuldade fica por conta da falta de recursos financeiros para a contratação de profissionais qualificados para a construção e aplicação do planejamento estratégico.

Nesse aspecto, Silva (2007) explica que na maioria das pequenas empresas a atenção se direciona para as demandas de atividades do cotidiano, destacando que os profissionais integrantes dessas pequenas empresas são multifuncionais e destaca também que o processo de gestão fica a cargo dos sócios proprietários.

De Almeida (1994, p. 49) afirma que “[…] os empresários são eficientes, ou seja, compram bem, vendem bem, administram o processo produtivo de forma adequada, mas que apenas esses procedimentos não são suficientes”. É necessário que dediquem parcela maior de seu tempo para as tarefas importantes ou estratégicas.

Independentemente do setor e do porte da empresa, a estratégia é extremamente importante e isso podemos verificar por diversos autores. No que se refere ao processo de construção de um planejamento estratégico vários autores trazem uma perspectiva diferente, Tavares (2010) destaca que o processo de planejamento estratégico está ligado diretamente com alguns aspectos da empresa, como cultura, o clima, o porte, a natureza e a forma de gestão.

Já em relação ao método para desenvolvimento do planejamento o autor aponta as seguintes etapas:

– Delimitação do negócio;

– Desenvolvimento da missão;

– Estabelecimento da visão;

– Análise Ambiental;

– Definição dos objetivos;

– Elaboração das Estratégias;

– Implementação das Estratégias;

– Avaliação e Controle.

Todavia, o SEBRAE (2006) afirma que os gestores devem seguir quatro fases para a elaboração do seu planejamento estratégico: a primeira fase envolve a análise externa, análise interna e a avaliação estratégica da empresa; a segunda consiste em analisar o negócio por meio de análises de potencialidades e fragilidades; a terceira considera analisar a concorrência e montar estratégias, e a quarta fase consiste na implementação e avaliação dos resultados.

Em suma, fica claro o quanto imprescindível se torna o planejamento estratégico para a sustentabilidade empresarial e, principalmente, para as pequenas empresas, haja vista a alta limitação de recursos. Os pequenos empreendedores que administram suas empresas tendo como norte um plano estratégico bem estruturado estará sempre atento aos pequenos sinais de mudanças, a novas tendências mercadológicas, o que levará a agir de forma antecipada a fim de aproveitar novas oportunidades ou se proteger de eventuais situações que possam impactar a empresa de forma negativa.

Metodologia

Este trabalho se baseou no referencial da pesquisa bibliográfica que leva em conta a análise da literatura científica para levantamento e estudo do que foi produzido sobre o tema desta pesquisa. De acordo com Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é conduzida utilizando materiais pré-existentes, que compreendem predominantemente livros e artigos acadêmicos.

Inicialmente foi feita uma revisão bibliográfica que é o momento em que se faz uso de diferentes trabalhos publicados para que sirva de base para as análises. Garcia (2016) explica que uma revisão bibliográfica, frequentemente confundida com a pesquisa bibliográfica, constitui um componente essencial de todas as formas de investigação acadêmica, pois serve como base teórica e encapsula os avanços contemporâneos dentro do domínio sob investigação.

Para a construção desta pesquisa foi utilizado livros eletrônicos, artigos científicos, teses de doutorado da literatura nacional por meio de pesquisa realizado no Google Acadêmico e na plataforma Scielo. Para tanto, foram utilizadas as palavras chave “planejamento estratégico empresarial”, “planejamento estratégico” e “planejamento estratégico micro e pequenas empresas”. Com a primeira palavra-chave foram encontradas 451.000 (quatrocentos e cinquenta e um mil) resultados. Na segunda palavra-chave 1.080.000 (um milhão e oitenta mil) resultados encontrados. Por fim, na última palavra chave foi encontrado apenas 1 (um) resultado.

Posteriormente a isso, foram feitas as seleções, compilação, análises, fichamentos e a interpretação das informações dentro de um recorte entre os anos de 1996 para 2018, selecionando 30 matérias que trouxeram o planejamento estratégico focado em micro e pequenas empresas com abordagem da ferramenta SWOT a fim de investigar historicamente os estudos a cerca desse tema.

Nesses trabalhos pesquisados dentro do recorte mencionado foram excluídos trabalhos com pequenas empresas fora do território Brasileiro, visto que o cenário econômico brasileiro é diferente, assim como as questões burocráticas que os empresários enfrentam no dia a dia empresarial e também a falta de conhecimento da maioria da importância de se ter um planejamento estratégico bem estruturado para melhorar a sustentabilidade da sua empresa.

Por fim, focou-se a pesquisa nas micro e pequenas empresas percebendo o nível de importância que elas têm para o desenvolvimento econômico do Brasil em especial a geração de emprego e renda, além de quem escassas pesquisas foram encontradas no que tange ao tema proposto.

Análise dos resultados

Matriz SWOT como ferramenta de Análise estratégica

A ferramenta de análise SWOT, muito utilizada nas grandes empresas dentro do processo de planejamento estratégico, é pouco conhecida entre os empresários e empreendedores das pequenas empresas, apesar de ser considerada uma ferramenta da administração clássica.

A palavra SWOT é uma sigla que está em inglês com os seguintes significados: Strengths (pontos fortes), Weaknesses (pontos fracos), Opportunities (oportunidades) e Thereats (ameaças). Esta ferramenta busca analisar os impactos que variáveis do ambiente externo e interno impactam de forma positiva e/ou negativa a empresa, isto é, os pontos fortes e fracos se referem ao ambiente interno, concomitantemente as oportunidades e ameaças são variáveis do ambiente externo (da Silva, 2018).

A aplicação concentrada da estrutura SWOT ajuda a discernir as competências fundamentais e os principais desafios de uma organização, facilitando assim o planejamento estratégico e as iniciativas projetadas para sustentar e capitalizar essas vantagens (Coman et al., 2009). A Figura 1 representa as 4 etapas da análise SWOT, de acordo com Junior (2015).

Figura 1: Matriz Swot

Fonte: Junior (2015).

Carneiro (2012) explica que deve ser utilizado como parâmetro no levantamento dos pontos fortes e fracos os principais concorrentes de forma comparativa. Concomitantemente a isso, o autor destaca que a avaliação dessas forças e fraquezas devem ser feitas pelos responsáveis por cada departamentos administrativos construindo um documento relatando seus pontos fortes e seus pontos fracos, a fim de que, com a junção de todos, possa ser construído o plano estratégico da empresa. A seguir, ainda Carneiro (2012) exemplifica os dados que os departamentos devem levar em conta na construção do seu relatório.

Departamento financeiro: deve calcular e analisar os índices financeiros da organização, tais como: lucratividade, endividamento, liquidez, eficiência operacional, nível de estoques, percentual de perdas com clientes inadimplentes, etc. Departamento de RH: deve levantar os percentuais de turnover (rotatividade) e absenteísmo (faltas), as características do plano de carreira e de cargos e salários, o processo de treinamento e avaliação dos funcionários, etc.

Departamento de produção: capacidade produtiva, estado das máquinas e equipamentos, nível de produtividade dos funcionários, localização da organização, percentual de produtos com defeitos, processo de compras, etc. Departamento de marketing: canais de distribuição e de divulgação dos produtos ou serviços, satisfação dos clientes, embalagem, assistência técnica, devolução de mercadorias, cadastro de clientes e outros.

Todavia, além dos fatores do ambiente interno e externo, conforme vimos anteriormente, a ferramenta SWOT leva em consideração a responsabilidade social e os valores gerenciais para a criação da estratégia a ser utilizada como norma pela empresa. Ao elaborar as possíveis estratégias, o momento posterior é para a definição de qual estratégia será escolhida como caminho a seguir.

Considerações finais

A pesquisa identificou que pequenas empresas frequentemente enfrentam alta taxa de mortalidade nos primeiros cinco anos e a ausência de planejamento estratégico. No entanto, devido a restrições de tempo e orçamento, o estudo não pôde aprofundar a coleta de dados primários diretamente das empresas, limitando a compreensão mais detalhada das razões para a falta de planejamento estratégico.

O estudo avançou ao mostrar que muitas pequenas empresas não utilizam o planejamento estratégico, especialmente a matriz SWOT, que é amplamente usada por empresas de médio e grande porte. Foi demonstrado que o planejamento estratégico é crucial para a sustentabilidade das pequenas empresas, ajudando a reduzir a taxa de falências e a melhorar a posição no mercado.

Os resultados confirmam que a aplicação da matriz SWOT pode ser vital para as pequenas empresas. A análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças proporciona uma base sólida para a formulação de estratégias que podem aumentar a competitividade e a sustentabilidade das empresas no mercado.

Como continuidade do trabalho, sugere-se realizar pesquisas in loco com amostras de pequenos negócios para obter dados mais específicos e compreender melhor os obstáculos enfrentados na implementação do planejamento estratégico. Esse aprofundamento poderia revelar insights adicionais sobre a prática e as barreiras para a adoção de estratégias eficazes.

A pesquisa confirmou a hipótese de que a falta de planejamento estratégico, particularmente com o uso da matriz SWOT, contribui para uma maior probabilidade de falência das pequenas empresas. O estudo enfatiza a importância do planejamento estratégico para melhorar a sustentabilidade e o sucesso das pequenas empresas no mercado.

Futuras pesquisas podem focar em entender como diferentes tipos de planejamento estratégico são aplicados em contextos variados e como essas práticas influenciam o desempenho das empresas. Por fim, sugere-se que a ampliação da investigação para incluir dados primários permitirá uma análise mais profunda dos fatores que afetam a implementação do planejamento estratégico e suas consequências para a sobrevivência das pequenas empresas.


3Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm?origin=instituicao. Acesso em: 17 ago. 2024.

Referências

BOECHAT, M. N. Planejamento Estratégico: aplicação nas micro e pequenas empresas. 2008. Tese de Doutorado.

CARNEIRO, M. Administração de organizações: teoria e lições práticas. São Paulo: Atlas, 2012.

CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. Ed. Manole, 2014.

COELHO, J.M. GONZAGA, R.M.; Administração Científica de Taylor: O Homem do Tempo. Disponível em: http://www.administradores.com.br/producao-academica/administracao-cientifica-de-taylor-o-homem-do-tempo/318/. Acesso em: 8 set. 2015.

COMAN, A., & Ronen, B. (2009). Focused SWOT: diagnosing critical strengths and weaknesses. International Journal of Production Research, 47, 5677 – 5689. https://doi.org/10.1080/00207540802146130.

DA SILVA, A. L. Ferramentas do planejamento estratégico: aplicabilidade nas micro e pequenas empresas. Revista de Iniciação Científica da Universidade Vale do Rio Verde, v. 8, n. 1, 2018.

DA SILVA, G. M.; BORGES, R. F.; MORAES, J. P. M. A importância do planejamento estratégico para pequenas empresas. Revista Gestão, Inovação e Negócios, n. 4, p. 01-21, 2013.

DE ALMEIDA, M. I. R. Desenvolvimento de um modelo de planejamento estratégico para grupos de pequenas empresas. 1994. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

DE OLIVEIRA, D. de P. R. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 30. ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2012.

GARCIA, E. Pesquisa bibliográfica versus revisão bibliográfica-uma discussão necessária. Línguas & Letras, v. 17, n. 35, 2016.

GARCIA, M. E.; DE VASCONCELLOS, M. A. S. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2002.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. Editora Atlas SA, 2002.

JUNIOR, M. R. Planejamento estratégico fundamentado na análise empresarial: estudo de caso da Empresa Têxtil Rober LTDA. 2015. Tese de Doutorado. [sn]

LONGENECKER, J. G.; MOORE, C. W.; PETTY, J. W. Administração de pequenas empresas, tradução de Oxbridge Centro de Idiomas; revisão técnica de Álvaro Mello, Carlos Tasso Eira de Aquino e Raul Ribas. São Paulo: Thomson, 2007.

PORTER, M. E. Vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

PORTER, M.E. O que é estratégia. Harvard Business Review, v. 74, n. 6, p. 61-78, 1996.

SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Coleção de Manuais de Controles Básicos para micro e pequenas empresas. 2006.

SILVA, G.M.; BORGES, R. F. & MORAES, J. P. M. A importância do planejamento Estratégico para pequenas empresas. Revista de Administração e Economia da UFG, v.3, n.2, ago 2007, Goiânia, GO, p.17-38.

SILVA, L. M. Controladoria pública: modelo para o controle interno integrado no setor público. Rev Bras Contabilidade. Brasília. Conselho Federal de Contabilidade, v.24, n.95, set/out 1995, p.24-34.Disponível em: <https://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/micro-e-pequena-empresa/#o-que-e> Acesso em: 20 mar. 2024.

SOUZA, W. Diretrizes Metodológicas para Expansão do Conceito de Plano de Negócio Aplicado às Pequenas Empresas.2006. 97 Págs. Dissertação de Mestrado em Sistemas de Gestão. Departamento de Engenharia de Produção. Universidade Federal Fluminense / RJ.

SOUZA, W.; QUALHARINI, E. O planejamento estratégico nas micro e pequenas empresas. In: III Workshop Gestão Integrada: Riscos e Desafios. Senac. 2007.

STEINER, G. A; Miner, J. B. Política e Estratégia Administrativa. Rio de Janeiro: Interciência, 1981.

TAVARES, M. C. Gestão estratégica. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2010.


1ORCID: https://orcid.org/0009-0001-2748-088X; Instituto Federal de Alagoas, Docente externo, Santana do Ipanema, Alagoas, Brasil. E-mail: gustavo_vinicius01@hotmail.com

2ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6730-9390; Universidade Federal de Sergipe, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência da Propriedade Intelectual – PPGPI, Brasil. E-mail: stonnynash@gmail.com