PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIA EMPRESARIAL: A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO PARA A SAÚDE DO NEGÓCIO.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8349007


Gabriela Hülse Farias De Machado
Igor Jóse Gomes Duarte
Luiz Felipe Lindoso De Lucas Simon
Maria Carolina De Medeiros Vitalino
Orientador: Prof. Karla Theonila


RESUMO

A saúde financeira de um negócio é um fator determinante para o seu sucesso ou fracasso. Além disso, guia o planejamento de metas e orçamento para investimentos, treinamentos, marketing e demais áreas da organização. Por isso, a realização de um planejamento financeiro é imprescindível para o desenvolvimento da empresa independente da fase que o negócio se encontra. Desde CNPJs recém-criados, de MEIs a multinacionais, todos, sem exceção, necessitam de uma estratégia para gerir seus recursos pecuniários, buscando melhores alternativas de crédito, controle de dívida, margem líquida, receita estimada e metas de faturamento.

Palavras-chave: Planejamento. Estratégia. Finanças. Aplicação. Recursos. Crescimento.

ABSTRACT

The financial health of a business is a determining factor in its success or failure. In addition, it guides the planning of goals and budget for investments, training, marketing and other areas of the organization. Therefore, carrying out financial planning is essential for the development of the company, regardless of the stage in which the business is. From newly created EINs, from sole proprietorships (SPs) to multinationals, all, without exception, need a strategy to manage their pecuniary resources, seeking better credit alternatives, debt control, net margin, estimated revenue and billing targets.

Keywords: Planning. Strategy. Finance. Application. Resources. Growth.

1 INTRODUÇÃO

O termo futuro gera incertezas no âmago de muitas pessoas, pois as mesmas não se sentem preparadas para encarar as situações que estão por vir, e, de fato, quem não se prepara para diversos cenários futuros tende a sofrer diante de mudanças significativas.

Dentre as áreas mais importantes para se preparar, tem-se a área financeira, focada na boa gestão dos recursos disponíveis, pois, segundo Warren Buffet, um dos maiores investidores americanos, “risco vem de você não saber o que está fazendo. Controle o seu dinheiro”. Nesse ponto também pode-se ressaltar a importância do estudo e do conhecimento para a aplicação de recursos pecuniários, já afirmou Ayn Rand (1957) que “dinheiro é apenas uma ferramenta. Ele irá levá-lo onde quiser, mas não vai substituí-lo como motorista”.

“A diferença entre um homem de sucesso e outro orientado para o fracasso é que um está aprendendo a errar, enquanto o outro está procurando aprender com seus próprios erros” (CONFÚCIO, 497 a.C.), eis a importância de estudar e conhecer os diversos métodos de gestão, para que haja melhor aproveitamento do seu dinheiro.

O processo de enriquecimento e crescimento do negócio exige, segundo Benjamin Franklin, que a empresa pense em poupar com o mesmo anseio que deseja gerar mais recursos, esse é o segredo do sucesso das empresas que trabalham de maneira equilibrada, racional, planejada e organizada. Ele afirma isso ao citar na sua obra, The Way to Wealth, a seguinte frase: Se você almeja ser rico, pense em poupar assim como você pensa em ganhar dinheiro (FRANKLIN, 1758).

Desse modo, o objetivo deste trabalho é analisar a importância do planejamento financeiro para a saúde do negócio e as consequências de negligenciar esse recurso, para as empresas, a partir de casos reais.

2 PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIA EMPRESARIAL

Planejar é elaborar um plano de ação antes de tomar ações e decisões guiadas, e para que o planejamento seja efetivo é preciso saber qual estratégia deve ser usada para melhor aproveitamento dos recursos disponíveis. Agir estrategicamente requer que a empresa tenha um objetivo bem definido para que haja uma maior assertividade nas etapas estabelecidas pelo planejamento estratégico.

Mas para melhor entender como desenvolver o planejamento estratégico de uma empresa, abrangendo todas as suas áreas, primeiramente é necessário saber um pouco mais sobre o que cada um desses conceitos significa separadamente.

2.1 Planejamento

Planejar é o processo de tomada de decisões sobre o futuro (MAXIMIANO, 2004); ou até mesmo o processo de elaborar o plano escrito, sendo o planejamento a ação, e, o plano, o resultado e representação física do mesmo (PASQUALE, 2012). Planejar está relacionado com a preparação, organização e estruturação para atingir um determinado objetivo e melhores resultados. Tornando-se um auxílio essencial nas tomadas de decisões.

2.1.1 Características

As características típicas do planejamento (ROVINA, 2018), que guiam a lógica e racionalidade das decisões, fazem com que o planejamento seja:

  • Gerencial: A criação de um base para cada uma das funções a serem realizadas- organização, liderança, direcionamento e controle- no momento que o plano é posto em prática. É no planejamento onde a pessoa responsável por gerenciar o processo irá recorrer para garantir que cada etapa está sendo devidamente elaborada. Os planos são realizados para gerenciar e ordenar as atividades de um processo.
  • Orientado por metas: O foco do planejamento é definir metas para a organização e operacionalização das ações que precisam ser realizadas em cada etapa do projeto, ao mesmo tempo que são as metas que determinam a efetividade ou não do plano de ação. No aspecto humano, as metas são a gasolina para o trabalho humano, pois ninguém trabalha sem saber o alvo do seu esforço.
  • Pervasivo: Planejar não é um trabalho de um único segmento da empresa, todas as áreas e níveis devem ter um plano único. A área de abrangência de cada plano desenhado vai mudar de acordo com o setor e nível de responsabilidade.
  • Continuo: Planejamento é específico e por tempo limitado, por isso exige constantes atualizações, valendo-se de frequentes análises da efetividade, execução, limitações e adaptações. Aqui estamos tratando de um processo contínuo no que tange a ação e também a revisão do processo pré planejado, e de preferência registrado.
  • Intelectual: Marcado por um exercício mental, requer um raciocínio lógico e inovador para que o negócio beneficiado por ele possa atuar com eficácia e efetividade, gerando reconhecimento pelo seu bom desempenho.
  • Futurístico (visionário): Se preparar para o futuro e para fazer parte dele são uma etapa imprescindível do planejamento. Ser uma empresa futurística requer visão sistêmica, análise e previsão, para que a organização seja capaz de enfrentar os obstáculos com excelência e preparo. Visão agregada à organização estão entre os principais fatores do planejamento, principalmente nos âmbitos tático e estratégico.
  • Decisório: Decisão é uma escolha que busca levar a empresa ao alcance do objetivo, por meio de uma atitude adequada à situação. No processo de tomada de decisão as alternativas são analisadas para saber qual delas trará o retorno mais positivo para a organização. Algumas táticas para saber qual a decisão mais apropriada a ser tomada, são: identificar a presente condição e buscar formas de atingir a posição esperada no futuro, buscar em cases de sucesso a melhor alternativa a ser tomada no caso específico, realizar o ciclo PDCA (plan- planejar, do- fazer, check- checar, action- agir) e aprender por meio dos erros, além de outras estratégias.

2.1.2 Processo

O planejamento, para que a perspectiva de futuro seja assertiva e realista, é elaborado em algumas etapas:

  • Análise de oportunidades: A análise de oportunidades é o processo inicial de pesquisa e busca de uma brecha de mercado. Nessa fase inicial a atividade principal é o estudo, para que o empreendedor tenha um profundo conhecimento do público da região e seu estilo de vida.
  • Definição de objetivos: Definir objetivos é saber onde se espera que sua empresa chegue ao longo do tempo e traçar um caminho, isso a partir da análise da presente situação, para que um plano realista e efetivo seja desenhado. Efetividade provém da simplicidade e clareza do planejamento, uma vez que tais objetivos são criados para guiar a instituição como um todo.

Um adendo sobre a definição de metas é o fato delas serem estipuladas em ordem de longevidade, primeiramente é realizado no nível estratégico, de longo prazo, e com uma visão macro do processo; em seguida são criados objetivos de médio prazo, referentes ao nível tático e gerencial da empresa; por fim, é elaborado um plano relativo a cada operação pormenorizada que é realizada dentro de uma empresa, esse tipo de planejamento é de curto prazo e o que mais depende da presente situação para acontecer.

  • Análise situacional: A análise situacional coopera para a criação de um futuro brilhante baseado em escolhas estratégicas de curto prazo, pois o presente é mais acessível e pode ser visto no dia a dia. Ter um futuro planejado com base em dados estatísticos e conhecimento dos costumes e hábitos é um grande diferencial entre os players do mercado.
  • Desenvolvimento de premissas: Ao desenvolver premissas, busca-se evitar problemas futuros mediante o conhecimento de possíveis obstáculos e busca de solução para os mesmos.

O caminho para o sucesso nunca é fácil, e um dos meios principais para superar os desafios é conhecer os perigos que podem se dispor no caminho e estar preparado para os possíveis percalços, todas essas informações devem ser consideradas quando as alternativas e caminhos forem definidos. Um dos marcos da profissionalização é estabelecer caixa e capacidade produtiva para quaisquer situações que a empresa possa passar.

  • Identificação de alternativas: Ao desenvolver premissas, os gestores de uma organização estão prontos para colocar o planejamento na ponta do lápis, aí se inicia o processo PDCA (Plan, Do, Check, Action), como se encontra melhor explicitado abaixo:
    • Plan (planejar): traçar possíveis caminhos para a empresa seguir, tendo por alvo o objetivo, e por direcionamento a análise da realidade e os possíveis empecilhos.
    • Do (agir): o ato de registrar, tirar do papel e colocar na prática o que foi planejado.
    • Check (checar): observar os resultados gerados pelo plano e buscar melhorias, checar se tudo está sendo realizado como planejado e certificar-se que a equipe está engajada.
    • Action (ação): quando o trabalho permanece sendo realizado, mas simultaneamente acata os aprimoramentos da checagem para testar a hipótese e atualizar o planejamento.

Entre algumas informações importantes para se considerar na estruturação das alternativas estão: os recursos disponíveis, os possíveis obstáculos (ter pelo menos duas alternativas para cada situação), e o tempo necessário para cada operação. Vale constar que nessa etapa do planejamento uma técnica muito eficaz é o brainstorming, pois esse método é capaz de trazer soluções mais criativas e com alto potencial de diferenciação.

  • Aprofundamento de alternativas: Aprofundamento e detalhamento são muito importantes na hora de elaborar um plano, tanto que clareza é uma das características do planejamento para que o mesmo seja efetivo para iluminar caminhos.
    Contudo o detalhamento de cada plano é relativo ao seu nível:
    • Operacional: mais específico e detalhado, planejamento de curto prazo;
    • Tático: apresenta alguns detalhes porém é mais voltado para uma área como um todo, do que para as operações em si, sendo ele de médio prazo;
    • Estratégico: o qual analisa a empresa numa visão macro e tem definições de longo prazo.
  • Seleção da melhor estratégia: Depois de buscar alternativas, por meio do brainstorming e outras discussões que visam uma solução para questões futuras, há um afunilamento das ideias, finalmente o caminho a ser seguido é estabelecido e compartilhado com o resto da empresa para que seja seguido à risca.
  • Revisão: Uma das principais etapas do planejamento, pois o mundo é volátil, e como afirmou Lavoisier que “na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, assim também são as ações humanas. De tempos em tempos o plano elaborado inicialmente precisa ser reestruturado para se adaptar aos hábitos, costumes, e mercado, assim como a revisão também se faz importante para que seja analisada a efetividade e alcance de objetivos do caminho anteriormente imaginado.

Por fim, o processo de planejamento se inicia novamente, uma vez que o custo de estar atualizado e se destacar no mercado requer bastante conhecimento, estudo, análise, metrificação e adaptabilidade.

2.2 Estratégia

Estratégia é o caminho, ou ação, formulado para alcançar uma meta ou objetivo, de forma que a empresa tenha um posicionamento diferenciado, com certo destaque, no ambiente que está situado (OLIVEIRA, 2003).

Esse termo tem origem no meio militar e significa “arte de vencer uma guerra”, e começou a ser popularmente utilizado quando Sun Tzu escreveu “A Arte da Guerra”, um tratado militar escrito no século IV A.C., que tratava das estratégias- inteligência e planejamento aplicados à ação, na busca de diferenciação- que eram utilizadas naquela época. Na administração, o termo ganhou força quando começaram a surgir as teorias da administração, gestão e produção de bens e serviços.

2.3 Planejamento estratégico

Segundo Philip Kotler, (1992), “o planejamento estratégico é uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela organização, visando maior grau de interação com o ambiente”. Diante disto, o planejamento ocorre por meio do raciocínio lógico e decisões racionais a respeito do direcionamento, e é seguido pela ação.

Já Peter Drucker traz um conceito ainda mais profundo, “planejamento estratégico é um processo contínuo para, sistematicamente e com o maior conhecimento possível do futuro considerado (horizonte de planejamento), tomar decisões atuais que envolvam riscos; organizar sistematicamente as atividades necessárias à execução destas decisões e, através de uma retroalimentação organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões em confronto com as expectativas alimentadas”.

O processo de planejamento faz bastante uso da ferramenta 5W2H, um checklist de perguntas a serem respondidas com o objetivo tornar o caminho mais claro, mensurável e produtivo: What (o que será feito?), Why (por que será feito?), Where (onde será feito?), When (quando será feito?), Who (por quem será feito?), How (como será feito?), How much (quanto vai custar?).

2.3.1 Importância

Caso a importância do planejamento, agregado à estratégia, metrificação e conhecimento de mercado não tenha ficado claro, tudo irá ficar mais fácil a partir de agora que o objetivo é focar na importância de todo esse processo.

A estratégia está presente em todos os setores da economia e áreas da vida, pois vivemos num mundo de incertezas e mesmo assim precisamos buscar prever o futuro para amenizar as mudanças que ocorrem devido a avanços tecnológicos, hábitos, e rotinas de trabalho. Portanto, planejar é um requisito para que um negócio possa sobreviver num mundo hostil, crescer com saúde e ter sucesso no alcance dos seus objetivos.

De forma específica, o planejamento estratégico: melhorar performance futura do negócio, ao estabelecer objetivos e definir ações que levam ao sucesso dos objetivos, automaticamente a organização se beneficia com essas práticas; minimiza riscos e incertezas, ao examinar o futuro com certa antecedência; facilita a coordenação de atividades, com um maior controle no tempo que cada uma é realizada e eliminação da improdutividade; provê direcionamento para a ação, tanto no presente quanto no futuro; descobre e identifica possíveis oportunidades e ameaças; estabelece padrões de controle e busca constantes aprimoramentos; além de analisar a performance atual e calcular o esforço necessário para corrigir erros cometidos no processo.

3 PLANEJAMENTO FINANCEIRO

O planejamento financeiro é indispensável para que se possa ter uma visão estratégica a respeito do negócio e enxergar suas perspectivas e desafios para o curto, médio e longo prazo. A falta ou ineficiência de um plano pode levar qualquer negócio à ruína. Portanto, todas as empresas necessitam de uma boa estratégia nessa área, independente de seu tamanho, número de funcionários e faturamento. Em suma: devem-se traçar os objetivos do do empreendimento e elaborar caminhos para alcançá-los.

Apesar de ser extremamente importante para a saúde do negócio, o planejamento financeiro não é algo complexo e acessível apenas às grandes corporações com orçamentos robustos e equipe qualificada no setor. Ao contrário, é um procedimento relativamente simples e pode ser reproduzido em uma planilha de excel para controle e gestão de micro e pequenas empresas, por exemplo, organizando e controlando seus gastos.

Para a execução de um bom planejamento financeiro são necessários identificar alguns fatores, como o momento atual que a empresa vive e onde ela almeja chegar, principalmente para empresas que estão começando, tornando-se estritamente necessárias a adoção de mecanismos da administração como uma análise SWOT e ciclo PDCA. Desse modo, devem-se constar algumas informações importantes que, documentadas, tornem possível um ganho na qualidade da estratégia a ser adotada. São elas: Controle das finanças do negócio, metas a curto, médio e longo prazo, considerando concorrência e cenário econômico e investimentos ou empréstimos.

3.1 Controle das finanças do negócio

“Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia” (DEMING, 1950). Essas foram algumas palavras do engenheiro, estatístico e professor americano cooperou para as melhorias de processos produtivos focados em qualidade, sendo imprescindível para Sistema Lean Toyota de Produção.

O legado de Deming nos mostrou a importância do controle para o planejamento, uma vez que por meio de indicadores é mensurado o tamanho e as causas do problema da empresa, contudo mais importante do que metrificar e monitorar um problema já exposto é ter ferramentas de controle capazes de identificar possíveis dificuldades antes mesmo que elas venham à tona. Muito já foi falado dos benefícios do controle de qualidade para gerenciar problemas, entretanto os mesmos mecanismos também podem ser vistos como soluções para que a empresa consiga se adaptar mais rapidamente a mudanças, estar financeiramente preparada para as mesmas, e fazer com que melhores resultados sejam alcançados. Com as metas e métricas à vista, melhores estratégias de gestão dos recursos podem ser aplicadas, pois há alinhamento com o objetivo da empresa.

Abaixo tem-se algumas ferramentas que podem ser utilizadas para o controle das finanças e eficiência nas ações realizadas pelo negócio.

3.1.1 Tipos de indicadores

Os indicadores utilizados pela instituição podem ser quantitativos ou qualitativos, para o mundo financeiro o tipo de controle mais utilizado é o quantitativo pelo simples fato da área trabalhar com números, tornando-a parte de uma ciência majoritariamente exata.

Em outra categorização pode-se dividir os indicadores por área e nível de decisão, sendo eles, deste modo, divididos em 3 tipos: operacional (metas pessoais), tático (partes menores do planejamento estratégico), estratégico (relacionado ao planejamento estratégico de longo prazo).

3.1.2 Ferramentas

As ferramentas utilizadas para realizar o controle financeiro, conforme os métodos utilizados por uma empresa de referência no Porto Digital, a Procenge, são:

  • Gestão à vista: É muito mais sobre o método de disposição das informações apuradas do que a ferramenta em si, as pessoas responsáveis pela gestão a vista o fazem por meio da elaboração de critérios e relatórios de simples compreensão a respeito do andamento das atividades dentro da empresa. No setor financeiro pode ser aplicada por meio de relatórios de faturamento, custos, nível de produtividade por funcionário da área, etc. Essa transparência é importante porque, ainda segundo Deming, “A avaliação de desempenho alimenta o medo. Onde existe o medo, existem números errados. Quando um trabalhador coloca sua produção sob controle estatístico, ele não pode fazer mais nada.”
    Exemplos de plataformas que se utilizam desse recurso são ERPs, sendo o principal deles o SAP. O mais interessante desse método é a transparência de informações, a demonstração dos indicadores de desempenho, o aumento na produtividade e eficiência nos processos, e clareza nos objetivos almejados.
    O que é mostrado nesses sistema, especificamente no setor financeiro, é o orçamento esperado, faturamento realizado, comparativo de resultados, OKR (objectives and key results) para o período, entre outros KPIs (key performance  indicators).
  • Fluxo de caixa (FDC): O fluxo de caixa mostra o momento ideal para tomar determinada ação, composto pelo registro de todas as entradas e saídas de caixa, ao mostrar as áreas da empresa que estão demandando mais custos para permitir que o gestor possa tomar decisões prudentes, racionais e realistas, portanto, para que as decisões tomadas em cima do FDC sejam acertadas, é necessário muita fidelidade e transparência de informações.
  • Demonstrativo de resultados (DRE): O demonstrativo de resultados indica a situação financeira do negócio, considerando receita, custos, tributos e lucro, e permite a realização de um benchmarking assertivo. Para análise da DRE são subtraídos do faturamento os custos e despesas para que se possa deduzir o faturamento e lucro líquido. Muito útil para assimilar conceitos que podem criar um diferencial de mercado.
  • Balanço patrimonial (BP): O balanço patrimonial sinaliza a saúde financeira da empresa a partir do controle ativo (bens e direitos) – passivo (obrigações) e sua relação com o patrimônio líquido (recursos dos sócios). É importante saber como está a solvência do negócio para que a sequência de atividades não seja interrompida por desorganização, e com o BP é possível ter parâmetros seguros para avaliar a situação em que o empreendimento se encontra em termos contábeis, financeiros e econômicos.
  • Auditoria interna: Um meio de garantir melhores práticas e correção de erros é a auditoria interna, responsável por checar como estão as condições financeiras da empresa e garantir a confiabilidade dos procedimentos. Geralmente realizado por uma equipe diversificada e via análise de múltiplos documentos, importante para evitar fraudes, dar mais segurança aos gestores e ter parâmetros confiáveis de avaliação a respeito do atual momento da companhia.
  • Sistemas de cobrança: Automatizar sistemas de cobrança facilita sua gestão pois a inadimplência pode causar incertezas quanto a rentabilidade de investimentos uma vez que o dinheiro, apesar de ser um ativo e direito da empresa, passa a ser uma garantia duvidosa. Para isso, a automatização de sistemas de cobrança e clareza na apresentação de dados pode ser muito útil para o crescimento do faturamento e agilidade nos processos de cobrança.
  • Conciliação bancária: A conciliação bancária entre os dados financeiros e contábeis é um recurso estratégico para a gestão, uma vez que quanto mais reais os dados melhores as previsões e planejamento de curto, médio e longo prazo da empresa, assim como garantem a confiabilidade dos dados e informações geradas no relatório gerencial.
  • Controle de custos: No controle de custos é realizado uma verificação de todas as despesas, as variações entre os gastos previstos e os reais, uma análise a respeito da evolução das vendas, custos, lucro e do capital investido nos produtos e serviços da empresa. Ele ajuda a identificar saídas que tenham comprometido o caixa, cooperando para a discriminação de despesas e fornecendo informações sobre a rentabilidade e o desempenho da empresa. Com esse controle, a gestão pode avaliar se o orçamento e os valores cobrados estão dentro da realidade da companhia ou se precisam ser reavaliados.

3.2 Metas de curto, médio e longo prazo

As metas têm diferentes prazos e conteúdos a depender do seu nível gerencial: operacional, tático ou estratégico.

3.2.1 Metas de curto prazo

As metas de curto prazo pertencem ao nível operacional, o nível mais pessoal do negócio, essas metas são estabelecidas tendo como prazo um período de tempo mais curto.

3.2.2 Metas de médio prazo

As metas de médio prazo pertencem ao nível tático, que é basicamente um fator intermediário entre o estratégico e o operacional, e suas metas são estabelecidas tendo como prazo um período de tempo entre 1 e 3 anos.

3.2.3 Metas de longo prazo

As metas de longo prazo pertencem ao nível estratégico, atividade realizada pela diretoria das empresas pois são eles que tem a visão do negócio e conhecimento mais profundo a respeito de diversas áreas, essas metas são estabelecidas tendo como prazo um período de tempo entre 3 e 10 anos.

3.3 Investimentos ou empréstimos

No mundo corporativo é essencial distinguir investimento de empréstimo, a depender do objetivo pela qual o dinheiro está sendo tomado

O dinheiro mais caro é o seu próprio dinheiro

4 METODOLOGIA

Segundo Barros e Lehfeld (2000), a metodologia de pesquisa é o estudo de procedimentos e análises das técnicas de pesquisa, tal como a geração ou confirmação de novas maneiras de captação e análise de informações, resultando na solução do problema abordado. Os autores complementam que o método da pesquisa consiste na resolução dos objetivos, bem como na geração de novos conhecimentos.

1. MÉTODO

O método dedutivo segundo Cruz e Ribeiro (2003, p.34) consiste em: “A dedução é um método válido, porém não é infalível, que através de um fato geral conhecido, podemos dividi-lo e conhecer as suas partes”.

2. UNIVERSO

Neste trabalho ressalta-se ainda mais a importância do planejamento, especialmente do financeiro, a partir do que foi extraído ao entrevistar um empreendedor que, ao longo de sua jornada, já teve uma empresa no setor de chocolateria que encerrou as atividades por falta de planejamento e, em 2016, montou um novo negócio no mesmo segmento e desta vez com êxito, pois aprendeu a importância e o papel do planejamento estratégico e financeiro. O empresário em questão não quis se identificar, mas concordou com a publicação de sua entrevista no artigo e, portanto, utilizou-se o pseudônimo de Rubens Martins.

3. TIPOLOGIA DA PESQUISA

Segundo Creswell (2010), a pesquisa qualitativa é uma forma de pesquisar e compreender o significado com o qual os indivíduos ou grupos se referem a uma questão social ou humana. A pesquisa qualitativa envolve as questões e técnicas que surgem, os fatos caracteristicamente coletados no ambiente do indivíduo, a análise dos fatos indutivamente elaborada através das particularidades para os assuntos gerais, e o entendimento feito pelo pesquisador a respeito das definições dos dados.

De acordo com Sampieri, Collado e Lucio (2006), a pesquisa qualitativa utiliza a coleta de dados e não considera dados estatísticos ou numéricos para constatar ou melhorar questões de pesquisa, tendo essa capacidade de provar ou não hipóteses em seu processo de interpretação de dados.

Segundo Gil (2007), o delineamento informa as diretrizes da pesquisa em sua dimensão mais ampla, incluindo também a diagramação quanto à previsão de análise e interpretação de coleta de dados. O autor ainda menciona que um delineamento é identificado através da forma de coleta de dados, sendo assim, o autor define dois grandes grupos de delineamentos: aqueles onde a busca é feita através de livros e artigos científicos, ou seja, é realizada uma pesquisa bibliográfica, e a pesquisa documental. No segundo grupo, enquadram-se a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento e o estudo de caso.

4. INSTRUMENTO DE COLETA DOS DADOS

Segundo Gil (2007), a pesquisa exploratória fornece maior familiaridade com o problema, com objetivo de torná-lo mais explícito e apto a elaborar hipóteses. O autor complementa que essa pesquisa aprimora ideias e ajuda também na descoberta de intuições. A pesquisa em questão trata-se de um estudo de análise de mercado de uma organização num segmento de comércio de chocolates.

5  ANÁLISE DE DADOS

Nesta etapa do trabalho, será apresentada a entrevista realizada para que seja realizada a devida análise de dados. Por ter uma experiência digna de relato, decidiu-se entrevistar um empreendedor que, ao longo de sua jornada, já teve uma empresa no setor de chocolateria que faliu por falta de planejamento porém em 2016, montou um novo negócio no mesmo segmento e desta vez com êxito, pois aprendeu a importância e o papel do planejamento estratégico e financeiro (Apêndice A). Logo abaixo está relacionada às perguntas formuladas para a entrevista.

4.1  Análise da entrevista

4.1.1  Lições aprendidas

Lição Aprendida 1: Inexperiência empreendendo

Rubens aprendeu que ser habilidoso na produção de um produto não garante sucesso nos negócios. Ele reconhece que empreender é diferente de simplesmente produzir, envolvendo gestão, planejamento e outras variáveis.

Lição Aprendida 2: Falta de planejamento

Rubens percebeu que a falta de planejamento afetou sua primeira chocolateria. Ele não considerou custos fixos, como aluguel, impostos, marketing e outros, o que resultou em prejuízos e problemas financeiros.

Lição Aprendida 3: Misturar dinheiro pessoal com o da empresa

Rubens percebeu que misturar suas finanças pessoais com as da empresa foi um erro grave. Ele entende que é fundamental separar as finanças da empresa das pessoais para garantir a saúde financeira do negócio.

Lição Aprendida 4: Busca de conhecimento

Após o fracasso do primeiro negócio, Rubens buscou conhecimento e orientação ao optar por uma franquia. Ele entendeu a importância de aprender com especialistas e adquirir “know-how” para evitar cometer os mesmos erros.

Lição Aprendida 5: Foco em paixões pessoais

Rubens decidiu continuar no segmento de chocolateria porque sempre foi apaixonado por fazer chocolates. Ele percebeu que o amor pelo que fazia o motivava a superar desafios e persistir no negócio.

Lição Aprendida 6: Vantagens das franquias

Rubens reconhece que, para quem está começando e não tem experiência, uma franquia oferece suporte e know-how valiosos. Ele destaca a importância desse apoio para evitar erros e garantir o sucesso.

Lição Aprendida 7: Planejamento financeiro

Rubens aprendeu a importância do planejamento financeiro, considerando aspectos como fluxo de caixa, custos invisíveis, metas financeiras, confusão patrimonial e ponto de equilíbrio.

4.1.2  Aplicação prática (baseadas nas lições aprendidas)

Aplicação Prática 1:

Essa lição mostra a importância de adquirir conhecimento em empreendedorismo antes de iniciar um negócio. Fazer cursos, estudar sobre administração e buscar orientação de especialistas pode evitar problemas decorrentes da inexperiência.

Aplicação Prática 2:

A lição destaca a importância de um planejamento abrangente. É crucial considerar todos os aspectos do negócio ao criar um plano estratégico, incluindo custos fixos e variáveis, fluxo de caixa, marketing e desenvolvimento de público-alvo.

Aplicação Prática 3:

A lição ensina a importância de manter finanças separadas para evitar problemas de fluxo de caixa e comprometer a estabilidade da empresa. Manter contas bancárias separadas e aderir a um pró-labore adequado são medidas essenciais.

Aplicação Prática 4:

A lição destaca a importância da busca por mentoria, treinamento e conhecimento antes de iniciar um negócio. Aprender com a experiência de outros empreendedores e buscar orientação especializada pode fazer a diferença no sucesso do empreendimento.

Aplicação Prática 5:

A lição ressalta que escolher um negócio relacionado à paixão pessoal pode ser uma motivação extra para enfrentar os desafios. Além do lucro, a realização pessoal pode ser uma força motriz poderosa.

Aplicação Prática 6:

A lição indica que, para empreendedores novos, uma franquia pode ser uma opção interessante devido ao suporte oferecido. No entanto, empreendedores experientes podem preferir negócios próprios para evitar o pagamento de royalties.

Aplicação Prática 7:

A lição destaca que um planejamento financeiro sólido é fundamental para a saúde financeira do negócio. Considerar detalhes como fluxo de caixa, custos ocultos e metas financeiras contribui para uma gestão eficaz.

5 CONCLUSÃO

O planejamento e a estratégia empresarial desempenham papéis cruciais no sucesso e na sustentabilidade das organizações. Esses temas envolvem reconhecer a importância de uma abordagem sistemática e direcionada para alcançar objetivos a longo prazo, adaptando-se ao ambiente em constante mudança dos negócios e aproveitando as oportunidades. Uma abordagem equilibrada entre a definição de metas claras e a flexibilidade para se ajustar às circunstâncias é essencial para alcançar o sucesso sustentável nos negócios.

O planejamento financeiro é uma parte fundamental para o sucesso de qualquer negócio, ele envolve a análise, projeção e gestão de recursos financeiros com o objetivo de alcançar metas e objetivos empresariais de forma eficaz e sustentável.

Ele é uma ferramenta essencial para orientar as decisões financeiras de um negócio, garantindo sua estabilidade, crescimento e sustentabilidade ao longo do tempo. Empresas que dedicam tempo e esforço para desenvolver e executar um plano financeiro sólido estão em uma posição melhor para enfrentar os desafios do mercado e aproveitar as oportunidades que surgem.

Após tanto estudo e mediante a análise de casos reais, é possível perceber a eficácia de um sistema financeiro completo, na qual as métricas fidedignas mostram a realidade e permitem uma tomada de decisão mais assertiva.

O empresário em questão, Rubens Martins, pôde sentir intensamente essas mudanças, uma vez que o planejamento estratégico, métricas, e metas de curto e longo prazo, principalmente no setor financeiro, o ajudaram muito na organização da sua empresa e preparação para que ele superasse as crises que ocorreram a partir de então: os custos invisíveis começaram a desaparecer, as metas de futuro começaram a ser estipuladas e cumpridas, não ocorreram mais confusões patrimoniais, e o ponto de equilíbrio passou a ser conhecido e superado.

Essa organização de ideias é muito importante pois a estruturação e controle da vida financeira e profissional permite maior serenidade e credibilidade ao tratar de questões pessoais e interpessoais, características muito importantes para a firmeza de relacionamentos- além dessas características também podemos citar a inteligência emocional e disposição para cuidar da saúde.

REFERÊNCIAS

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